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Recebimento dos originais: 09/06/2022

Aceitação para publicação: 11/08/2022

Cuidados aplicados aos neonatos caninos e felinos após o


parto natural – revisão de literatura

Care applied to canine and feline neonates after natural


childbirth – literature review

Reggyane Maria Souza Napoleão


Graduação
Instituição: Universidade Federal do Piauí (UFPI)
Endereço: Ininga, Teresina - PI, CEP: 64049-550
E-mail: reggyane05@gmail.com

RESUMO
Os cuidados básicos e intensivos com a saúde do neonato têm importância
fundamental para a redução da mortalidade neonatal observada em caninos e
felinos que demonstra extrema fragilidade observada nesse período de vida.
Nesse período ocorre diversas adaptações simultaneamente ao
desenvolvimento de funções vitais que são fundamentais para assegurar a
sobrevivência extrauterina. A assistência neonatal precoce é essencial para
reduzir perdas, combatendo os principais pontos vulneráveis do neonato canino
e felino, nos quais consistem de termorregulação deficiente, risco de
desidratação e de hipoglicemia, e imaturidade imunológica. A presente revisão
tem o objetivo de relatar sobre cuidados básicos e intensivos com neonato
canino e felino após o parto.

Palavras-chave: neonatos, canino, felino, parto.

ABSTRACT
Basic and intensive care with the health of the neonate is of fundamental
importance for the reduction of neonatal mortality observed in canines and
felines, which demonstrates extreme fragility observed in this period of life.
During this period, several adaptations occur simultaneously to the development
of vital functions that are essential to ensure extrauterine survival. Early neonatal
care is essential to reduce losses, combating the main vulnerable points of the
canine and feline neonate, which consist of deficient thermoregulation, risk of
dehydration and hypoglycemia, and immunological immaturity. The present
review aims to report on basic and intensive care with canine and feline neonates
after delivery.

Keywords: neonates, canine, feline, childbirth.

Europub Journal of Health Research, Portugal, v.3, n.4, p. 959-964, Ed. Esp., Nov., 2022 959
1 INTRODUÇÃO
Neonatologia é definida como a ciência responsável pelo estudo
concorrente aos recém nascidos (SILVA et al., 2009). As doenças neonatais
representam um grande desafio para o clínico de pequenos animais por conta
das consideráveis perdas, entre 20 a 30%, devido a imaturidade fisiológica e
imunológica que torna o paciente neonato particularmente sensível ao ambiente,
aos agentes infecciosos e parasitários e pela sintomatologia clínica comum que
ele apresenta a diversas afecções (SORRIBAS, 2004).
Os cuidados básicos e intensivos com a saúde do neonato têm
importância fundamental para a redução da mortalidade neonatal observada em
caninos que demonstra extrema fragilidade observada nesse período de vida.
Nesse período ocorre diversas adaptações simultaneamente ao
desenvolvimento de funções vitais que são fundamentais para assegurar a
sobrevivência extrauterina. A assistência neonatal precoce é essencial para
reduzir perdas, combatendo os principais pontos vulneráveis do neonato canino,
nos quais consistem de termorregulação deficiente, risco de desidratação e de
hipoglicemia, e imaturidade imunológica. O presente trabalho tem o objetivo de
relatar os cuidados básicos e intensivos com neonato canino e felino após o
parto.

2 METODOLOGIA
O presente artigo trata-se de uma revisão de literatura, entre 2015 e 2021,
ressalvo artigos históricos, sendo os mesmos em inglês e/ou português, das
bases de dados veterinary neonatology, PubVet, SciELO, utilizando para
pesquisa as palavras: neonato, canino, felino, parto.

3 REVISÃO DE LITERATURA
Para o neonato, a gestação é um período determinante, já que nessa fase,
erros nutricionais, tratamentos inadequados ou qualquer doença, pode vir a
causar alguma reabsorção embrionária, mortalidade perinatal ou até mesmo
aborto (PRATS et al., 2005). Para evitar situações como essas, é necessário que

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o proprietário procure um veterinário para fazer uma investigação genética
adequada, uma imunização apropriada e também o controle parasitário antes da
gestação da cadela e da gata (DAVIDSON et al., 2013).
A transição de um ambiente líquido, fechado e com uma temperatura
estável para outro seco, aberto e que possui uma temperatura inconstante, irá
exercer uma grande influência sobre o organismo do recém-nascido. Mesmo que
nas melhores situações, o nascimento vai forçá-lo a experimentar uma série de
mudanças fisiológicas
(metabólica, circulatória, imunológica e respiratória). Isto faz com que o
neonato seja considerado frágil e dependente de cuidados. Os reflexos
neuromusculares dos filhotes são deficientes até o sétimo dia de idade e por
conta disso, é recomendado a observação constante dos mesmos, com o intuito
de diminuir a mortalidade (DOMINGOS et al., 2008).
A abordagem emergencial do neonato é bem diferente do paciente adulto
por conta das suas particularidades. Por conta do tamanho, rápidas mudanças
dos parâmetros e também dificuldade de monitoramento, a reanimação do
paciente neonato é de maior dificuldade para o médico veterinário.
Primeiramente deve-se desobstruir as vias aéreas, realizando uma compressão
suave na região do tórax para que se estimule a ventilação, deve-se fornecer
oxigênio por máscara, cateter nasal ou incubadora. Caso esteja ocorrendo
apneia, recomenda-se a administração sublingual de doxapram a 20mg/mL para
que ocorra o estímulo respiratório (CRESPILHO et al., 2007).
Logo após o parto, a mãe produz um tipo especial de leite, denominado
colostro, que é de vital importância para a imunidade dos filhotes, pois no
colostro encontram-se as imunoglobulinas e outros fatores imunológicos que
estão sendo passadas de forma passiva pelo leite e absorvidos pela mucosa
intestinal do filhote, o período máximo de absorção das imunoglobulinas na cão
e no gato corresponde às primeiras 12 horas de vida e isso irá conferir proteção
ao neonato perante um determinado número de doenças infecciosas. A não
ingestão ou falha na absorção do colostro resulta em imunodeficiência neonatal
e predispõe à diversas infecções. Caso não tenha ocorrida a ingestão do

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colostro, deve ser providenciada ao neonato a fonte de imunoglobulinas, como
soro hiperimune ou plasma de um animal adulto saudável e vacinado.
Algumas ninhadas são desprovidas do leite materno, seja por morte da
mãe ou por conta da falta de produção de leite, que pode ser nula (agalactia),
insuficiente (hipogalactia) ou tóxica (mamite) e então surge o problema de qual
alimentação seria a mais adequada. Na falta do leite materno, a melhor solução
é o leite adotivo (HOSKINS, 2008) mas, se não for possível, deve-se
proporcionar uma alimentação através de um substituto com a composição
nutricional correta (COFFMAN, 2001).
Por conta de o neonato ter uma alta taxa metabólica, reduzida reserva de
gordura corporal, uma baixa reserva de glicogênio hepático, e uma limitada
capacidade metabólica para produzir glicose a hipoglicemia é desenvolvida com
facilidade (LAREDO, 2009). Sendo assim, o neonato depende da alimentação
para manter níveis normais de glicogênio. Portanto, intervalos de 2 a 3 horas de
jejum podem resultar em hipoglicemia neonatal (glicemia inferior a 35 mg/dL) a
qual se manifesta por sucção débil, letargia, incoordenação, flacidez, fraqueza
ou coma (MOON et al., 2001).
Deve-se observar os sinais de hipotermia que o neonato possa
apresentar, como frieza ao tato, flacidez muscular, frequência cardíaca
diminuída, e gemidos constantes, que podem resultar em hipoglicemia e morte.
Os neonatos podem perder temperatura facilmente sem demonstrar nenhum
sintoma num intervalo de 48 horas (JHONSTON, 2001). É recomendado um
aquecimento artificial com panos, incubadora ou lâmpadas (20 a 40W) que são
as melhores para manter a temperatura do filhote, além disso, pode-se utilizar
bolsas térmicas ou luvas de borracha com água quente, mas levar em
consideração o excesso de calor que pode ser prejudicial ao animal
(PATITUCCI, 2001).
Na avaliação clínica dos neonatos, deve-se inicialmente realizar a
anamnese e o exame físico. Feito a anamnese, o exame físico deve ser realizado
de forma sistemática e em superfície aquecida. O exame deve prosseguir de
forma suave e progressiva (HOSKINS, 2008). No exame clínico, deve-se

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observar com cuidado, as respostas do animal ao meio ambiente, como o estado
geral do filhote, atividade mental, postura, locomoção e padrão respiratório, e
qualquer uma alteração é de grande importância (DAVIDSON, 2003).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sendo assim, fica clara que a assistência neonatal precoce é essencial
para reduzir a mortalidade e o manejo adequado da fêmea parturiente e seus
filhotes é a principal medida de prevenção dos problemas neonatais.

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REFERÊNCIAS

CRESPILHO, A. M.; MARTINS, M. I. M.; SOUZA, F. F.; LOPES, M. D.; PAPA, F.


O. Abordagem terapêutica do paciente neonato canino e felino: Aspectos
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COFFMAN, M. Care and feeding of the lactating bitch. Canine Reproduction and
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DAVIDSON, A.P. Approches to reducing neonatal mortality in dogs. In: Recent


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DOMINGOS, T. C. S.;CUNHA, I. C. N; ROCHA, A. A. Cuidados básicos com a


gestante e o neonato canino e felino: revisão de literatura. In: J. Bras. Cienc.
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HOSKINS, J. D. Emergency in neonatology. In: INTERNATIONAL CONGRESS


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59, Rimini, Italia: SCIVAC, 2008p.255-266.

JOHNSTON, S. D.; KUSTRITZ, M. V. R.; OLSON, P. N.S. Canine and Feline


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MOON PF, Massat BJ, Pascoe PJ. Neonatal critical care. Vet Clin North Am:
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PATITUCCI, F. C. Neonatos de cães - cuidados básicos. In: Revista Nosso


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PRATS, A. Período neonatal. In: Neonatologia e pediatria: canina e felina. São


Caetano do Sul: Interbook, 2005. p.30-41.

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