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MÓDULO III

Cuidado nutricional no DM1


INTRODUÇÃO
• A importância da terapia nutricional (TN) no
tratamento do diabetes mellitus já é ressaltada há
bastante tempo.
• Evidências científicas têm mostrado que a
intervenção nutricional apresenta impacto
importante na redução da HbA1c em pessoas com
diabetes e que, quando associado a outros
componentes do cuidado em diabetes, o
acompanhamento nutricional pode melhorar ainda
mais os parâmetros clínicos e metabólicos, em
virtude da melhor adesão ao plano alimentar
prescrito.
OBJETIVOS DA TERAPIA NUTRICIONAL NO DM1
• Alcançar níveis glicêmicos normais ou próximos da
normalidade.
• Prevenir complicações agudas e crônicas.
• Assegurar ingestão alimentar adequada de
nutrientes e de calorias (obtenção e/ou manutenção
do peso adequado).
• Diminuir fatores de risco cardiovascular.
• Promover a saúde, através da nutrição adequada.
• Melhorar a qualidade de vida.
AVALIAÇÃO CLÍNICO-NUTRICIONAL
• Os métodos utilizados na avaliação do estado nutricional em
indivíduos com DM1 deverão ser os mesmos daqueles para a
população sem diabetes (nada específico).
• Quanto aos exames bioquímicos, atenção maior para glicemia
capilar e HbA1c, assim como às provas de função tireoidiana
(todos estes tanto para o diagnóstico quanto no
acompanhamento).
• Também faz parte da rotina de acompanhamento, o perfil
lipídico e provas de função renal (em especial a
microalbuminúria e a creatininúria).
• Ainda, para aqueles pacientes com variabilidade glicêmica
persistente, utiliza-se o rastreamento para Doença Celíaca
(DC).
AVALIAÇÃO CLÍNICO-NUTRICIONAL
• Parâmetros mais utilizados na prática clínica:
- Peso (atual, habitual, ideal, ajustado)
- Altura
- IMC
- Circunferência abdominal (risco cardiovascular)
- Dobras cutânea tricipital
- Exame físico nutricional
- Inquéritos alimentares (R24h; HD; DA)
- Marcadores bioquímicos (glicemia e HbA1c; perfil
lipídico; função renal; microalbuminúria e
creatininúria, marcadores nutricionais).
Determinação das necessidades nutricionais

• Não há requerimento nutricional específico para a


criança diabética, a não ser aquela requerida para um
adequado crescimento e desenvolvimento.
• O cálculo da oferta calórica deve seguir a regra de
Holiday:
- 100 kcal/kg ate 10 kg de peso corpóreo;
- 1.000 + (kg − 10) x 50 em crianças com massa entre 10 e 20 kg;
- 1.500 + (kg − 20) x 20 em crianças com mais de 20 kg.
-Acrescentar de 10% a 20%  atividade física mais intensa
OUTRAS OPÇÕES...

Fonte: American Diabetes Association (ADA), 1994.


Determinação das necessidades nutricionais

Método Prático - ADULTOS

Condição Kcal/Kg/dia
Obesos/sedentários 20
Mulheres ativas > 55 anos 25
Homens sedentários > 55 anos 25
Homens ativos e mulheres muito ativas 30
Homens muito ativos ou atletas 40

Fonte: American Diabetes Association (ADA).


Importância da monitorização do peso corporal...

• Ganho de peso inadequado ou diminuição da


velocidade de crescimento:
– Restrição calórica
– Mau controle glicêmico
– Insulinização inadequada
– Anomalias tireoidianas
– Síndromes de má absorção
– Diabulimia
Importância da monitorização do peso corporal...

• Ganho de peso excessivo:


– Ingestão calórica excessiva
– Hipertratamento de hipoglicemias
– Hiperinsulinização
– Hipotireoidismo
– Sedentarismo
PRESCRIÇÃO DIETÉTICA
• A terapia nutricional é um dos componentes
essenciais no tratamento do diabetes, juntamente
com:
– Terapia medicamentosa
– Atividade física
– Monitorização glicêmica
– Educação continuada
Considerações nutricionais importantes...

• A ingestão de carboidrato influencia


diretamente os níveis de glicose pós-
prandial, sendo o macronutriente de
maior preocupação no manejo glicêmico.
• As escolhas alimentares promovem
efeito direto sobre o equilíbrio
energético e, portanto, sobre o peso
corporal, níveis pressóricos e de lipídios
plasmáticos.
Considerações nutricionais importantes...

• As proteínas e os lipídios também


elevam a glicemia, mas em menor
proporção que os carboidratos e em
tempo pós-prandial maior.
• Acompanhamento e avaliações
continuas apoiam mudanças de estilo
de vida em longo prazo, bem como
possibilitam analisar resultados e
modificar intervenções, quando
necessário.
X
DIETA
Palavra com sentido de “proibição”

PLANO ALIMENTAR
Instituição de uma alimentação equilibrada, do ponto de
vista de macro e micronutrientes, proporcionando
alimentação de alta qualidade, que contemple as
necessidades e promova peso corporal saudável.
Principal objetivo do plano alimentar:
Traduzir a essência do planejamento
dietoterápico, com o intuito de
contemplar os requerimentos
nutricionais e proporcionar
satisfação/prazer.

Instituição de uma alimentação


equilibrada, do ponto de vista de
macro e micronutrientes, que
contemple as necessidades e promova
peso corporal saudável.
Como deve ser o plano alimentar...

Individualizado
Acessível à realidade do paciente
Ajustado para situações específicas:
– Idade e estado nutricional
– Complicações agudas e crônicas
– Doenças associadas: Doença Celíaca
– Programa de atividade física
Fracionamento do plano alimentar...

• Semelhante à população em geral:


– Desjejum: de 10% a 20%
VARIAÇÕES
– Colação: de 5% a 10% CONFORME ROTINA E
– Almoço: de 20% a 30% TIPO DE TRATAMENTO
– Lanche da tarde: de 10% a 15% (média de 2h30m a
4hs de intervalo entre
– Janta: de 20% a 30% as refeições)
– Ceia: de 5% a 10%
Também podem ser dois lanches à tarde. Caso a janta
ocorra após as 21hs, não há necessidade de ceia.

Sempre observar o tipo de insulina basal utilizada...


Composição nutricional do plano alimentar
Nutrientes Ingestão recomendada/dia
Carboidratos (CHO) Carboidratos totais: 45 a 60%, não
inferiores a 130 g/dia.
Sacarose Até 5%
Frutose Não se recomenda adição nos alimentos
Fibra alimentar Mínimo 14 g/1.000 kcal
Gordura total (GT) 20 a 35% do VET
Ácidos graxos saturados (AGS) < 6% do VET
Ácidos graxos poli-insaturados (AGPI) Completar de forma individualizada
Ácidos graxos monoinsaturados (AGMI) 5 a 15% do VET
Colesterol < 300 mg/dia
Proteína 15 a 20% do VET
Vitaminas e minerais Segue as recomendações da população
sem diabetes
Sódio Até 2.000 mg (ou 5g de NaCl)
Fonte: Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2017-2018.
IMPORTANTE...

 Bebidas alcoólicas: 2 doses/dia (H) e 1 dose/dia (M)


(principais riscos: hipoglicemia e ganho ponderal)
 Fracionamento: 5-6 ref/dia (3 principais e 3 lanches)
 Alimentos Diet/Light/Zero: não utilizar de forma
exclusiva. Respeitar as preferências e poder aquisitivo
 Forma de preparo dos alimentos: assado, cozido,
grelhado, ou cru.
 Suplementos à base de ervas/Fitoterápicos: Não
existe nenhuma evidência que justifique a utilização
de nenhum desses compostos para o tratamento do
DM.
PLANO ALIMENTAR – ALGUMAS CONSIDERAÇÕES...

Uma abordagem mais simples para o planejamento de


refeições, enfatizando controle de porções e escolhas
alimentares saudáveis, pode ser uma alternativa eficaz
à contagem de carboidratos para alguns pacientes na
melhora do controle glicêmico.

Todos os dias, deve-se assegurar variedade de


alimentos, contemplando todos os grupos
alimentares (“prato colorido”). Deve-se limitar a
ingestão de gordura saturada, álcool e sal/açúcar
adicionados. Ainda, é preciso evitar bebidas
açucaradas.
PLANO ALIMENTAR – ALGUMAS CONSIDERAÇÕES...

Carboidratos:
A monitoração da quantidade de carboidratos
das refeições é estratégia útil para melhorar os
níveis glicêmicos pós-prandiais e a sensibilidade à
insulina.

Índice glicêmico:
Dieta de baixo IG pode ser uma estratégia
primária para o melhor controle do diabetes.
Porém, seu efeito parece se relacionar
diretamente com a ação das fibras.
PLANO ALIMENTAR – ALGUMAS CONSIDERAÇÕES...

Fibras:
Atuam na glicemia e no metabolismo dos lipídios
(solúveis), além de contribuírem para maior
saciedade e o controle de peso (insolúveis). Ainda,
ambas atuam na preservação da saúde intestinal.

Contagem de Carboidratos:
Importante ferramenta no
tratamento e controle do diabetes
e deve ser inserida no contexto
de uma alimentação saudável.
PLANO ALIMENTAR – ALGUMAS CONSIDERAÇÕES...

Alimentação X Esquema Insulínico:


A organização alimentar sempre deverá levar em
consideração os tipos das insulinas utilizadas.
Pode-se ter tratamento convencional, ou com
doses fixas, ou com contagem de CHO.

Edulcorantes:
Não são essenciais ao tratamento do diabetes,
mas podem favorecer o convívio social e a
flexibilidade do plano alimentar. Quando
utilizados, sugere-se o rodízio no uso das
versões sintéticas.
CAFÉ DA MANHÃ E
CAFÉ DA TARDE Entre 25 e 45g CHO

07h30 ou 08hs Café da Manhã (38g de CHO):


1 iogurte light ou 1 xícara de café com leite (200ml de leite integral + café preto) ou 1 copo de 200ml de
leite semidesnatado puro (ou com 2 colheres de chá de achocolatado diet)
2 fatias de pão de centeio/integral/sanduíche ou 1 pão cacetinho ou 6 bolachas água e sal ou integral ou 5
torradinhas ou 6 colheres de sopa de granola diet ou flocos de cereais sem açúcar ou 4 colheres de sopa de
farinha para tapioca ou 1 fatia média de bolo simples.
Complementos para o pão: margarina ou geleia dietética ou requeijão light ou patê ou 1 fatia de queijo ou 1
fatia de presunto magro ou peito de peru ou mortadela sem gordura.
COLAÇÃO E
LANCHE DA TARDE Entre 10 e 15g CHO

10h00 Colação (15g de CHO):


1 fruta média ou 1 iogurte light ou 300ml de leite semidesnatado puro
ALMOÇO e JANTAR
Entre 45 e 80g CHO

12h00 ou 12h30 Almoço (65g de CHO):


Arroz/Batata/Polenta/Aipim/Milho = 6 colheres de sopa ou 3 pegadores de massa
Feijão/Lentilha/Ervilha = 5 colheres de sopa do grão (o caldo é à vontade)
Carne magra (qualquer tipo) = 1 porção média ou 4 colheres de sopa de guisado ou 1 ovo cozido
Verduras (folhosos, tomate, pepino, couve-flor, brócolis, pimentão, cebola, berinjela) = 3 pegadores
Legumes (beterraba, cenoura, chuchu, moranga, vagem, abobrinha) = 3 colheres de sopa
Sobremesa = 1 fruta pequena (10 g CHO)
CEIA Entre 10 e 25g CHO

22h00 Ceia (15g de CHO):


1 fruta média ou 1 iogurte light ou 1 copo de batida de frutas (200ml de leite
semidesnatado + 1 colher de sopa de fruta picada) ou 200ml de leite
semidesnatado + 1 colher de sopa de aveia em flocos finos

22h00 Ceia (24g de CHO):


1 xícara de café com leite (200ml de leite semidesnatado + café preto)
3 bolachas água e sal ou ½ pão cacetinho com margarina OU
1 iogurte natural + 2 colheres de sopa de aveia em flocos finos
Conduta na
hiperglicemia:

Conduta na hipoglicemia: Hipoglicemia leve (50 a 70 mg/dL):


adiantar a refeição mais próxima, ou fazer um lanche (15 a 30g
CHO). Já em hipoglicemias graves (< 50 mg/dL), oferecer
líquido “doce” (ou sachê de glicose) e uma refeição em
seguida (30g CHO). Caso o paciente esteja inconsciente,
passar mel, açúcar ou glicose nas bochechas/língua.

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