Você está na página 1de 14

Nova Iguaçu

Protocolo de
atendimento
nutricional para
pacientes com
diabetes mellitus

Material desenvolvido pela profª Emília Delesderrier Franco


(Bolsista Pesquisa e Produtividade - UNESA)
Alunos de iniciação científica:
Gustavo Miranda; Hemily Valentim; Isabela Motta.
Protocolo de atendimento nutricional para
pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2

Critérios diagnóstico de DM2 e Pré-DM

É necessário que 02 exames estejam alterados.


O diagnóstico de DM é feito quando houver sintomas de
hiperglicemia (poliúria, polidipsia, polifagia)

Metas laboratoriais no DM
Parâmetro de meta Parâmetros de meta
Critério laboratorial
(adultos) (crianças)

HbA1c <7% <7%

Glicemia de jejum 80-130 mg/dL 70-130 mg/dL

Glicemia pós prandial <180 mg/dL <180 mg/dL

<100 mg/dL ou <70


LDL-colesterol <100 mg/dL
mg/dL (risco CV alto)

HDL-colesterol >40 mg/dL >35 mg/dL

Triglicerídeos <150 mg/dL <150 mg/dL

Objetivos da terapia nutricional no DM


Atender às necessidades nutricionais
Atingir metas glicêmicas
Obter e manter peso saudável
Contribuir para controle da PA e lipídeos séricos
SBD, 2022.
SBC, 2019.
Protocolo de atendimento nutricional para
pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2

Energia
Pré-diabetes e diabetes tipo 2
Pré-DM com sobrepeso/obesidade: estimular restrição calórica +
atividade para perda de peso;

Perda de peso de 5% (no mínimo) do peso corporal inicial para


melhora do controle glicêmico.

Se adulto obeso com DM: perda de peso ≥5%


Se adulto obeso com DM: realizar o déficit de 500-750 kcal/dia

Atenção: NÃO há estratégia alimentar universal para prevenir ou


tratar o início do DM. Indicado: plano alimentar individualizado
com redução calórica, redução de gorduras saturadas e aumento
do aporte de fibras.

Carboidratos
Pré-diabetes
Reduzir bebidas açucaradas;
Fibras: 25-30g/dia.

Diabetes
Recomendação: 45-60% do VET;

Sacarose: máximo 5-10% do VET;

Priorizar carboidratos ricos em fibra e minimamente processados;


priorizar alimentos com menor índice glicêmico como vegetais, legumes,
frutas, laticínios e grãos integrais.

Priorizar o uso de carboidratos com fibras e laticínios para reduzir o


índice glicêmico das refeições.

Atenção - dietas "Low carb" (ofertam <100g de carboidratos/dia,


podendo chegar até 50g/dia de carboidratos):
dietas muito pobres em carboidratos podem resultar em cetose.

SBD, 2022.
Protocolo de atendimento nutricional para
pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2

Fibras
Fibra alimentar: mínimo 25g/dia ou 14g/1000 kcal/dia para melhor
controle glicêmico e reduzir hiperglicemia pós prandial;

Fibras solúveis (aveia, feijões, cevada, psyllium, entre outros): efeitos


benéficos na glicemia pós prandial e no metabolismo dos lipídios.

Fibras insolúveis (folhosos, cascas das frutas e legumes): contribuem


para a saciedade e para o controle de peso.

aveia (solúvel) linhaça (insolúvel)


folhosos (insolúvel)

Proteínas
Recomendação: 15-20% do VET ou 1,0-1,5g de proteína/Kg
Peso/dia.

Importantes para estimular o balanço nitrogenado positivo;


Prevenção de sarcopenia;
Manutenção de massa muscular;
Estimular saciedade;

carnes vermelhas
(até 500g/semana)

peixes (preferir gordurosos) aves (sem pele)

ovos leites e derivados


SBD, 2022. (menor teor de gordura) leguminosas
Protocolo de atendimento nutricional para
pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2

Gorduras
Recomendação: 20-35% do VET;

Priorizar ácidos graxos monoinsaturados: oleaginosas (castanhas,


nozes, amêndoas, avelã), abacate e azeite de oliva.

Priorizar ácidos graxos poli-insaturados (ênfase em ômega-3): fontes


vegetais (chia e linhaça) e fontes animais (peixes gordurosos - 02
porções de peixes/semana)

Oleaginosas Azeite de oliva Abacate


(AG monoinsaturados) (AG monoinsaturado) (AG monoinsaturado)

Peixes gordurosos Chia Linhaça


(AG poli-insaturados) (AG poli-insaturados (AG poli-insaturados
ômega-3) ômega-3)

Reduzir o consumo de ácidos graxos saturados: até 10% do VET;

Carnes vermelhas
(AG saturado)

Aves com pele Leites e derivados


(AG saturado) (AG saturado)

Ovos SBD, 2022.


(AG saturado)
Protocolo de atendimento nutricional para
pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2

Vitaminas e minerais
A deficiência é freqüente em indivíduos com DM - causas: perdas na urina,
↓ ↓
capacidade intestinal de absorção e ingestão dietética;

Recomendação: mesmas da população sem diabetes

Recomendação: 02 – 04 porções de frutas, pelo menos uma rica em vitamina


C (frutas cítricas);
Recomendação: 03 – 05 porções de hortaliças cruas e cozidas;

Atenção para pacientes em uso prolongado de metformina: depleção de vitamina


B12 associado à neuropatia periférica.

Vitamina D – deficiência no DM e relacionada com o mau controle glicêmico. Atua


na sensibilidade a insulina e a sua secreção, bem como a modulação do estado
pró-inflamatório. Suplementar em casos de deficiência.

Sem evidências do benefício da suplementação de vitaminas e


minerais em indivíduos com DM que não apresentem
deficiência.

Sódio
Recomendação: <2.300mg/dia

Padrão alimentar DASH para controle de pressão arterial:


Frutas, legumes e verduras
Produtos lácteos com baixo teor de gordura
Grãos integrais/oleaginosas
Carnes magras (aves, peixes)
Consumo reduzido de gorduras saturadas e carnes vermelhas
Redução do consumo de alimentos ricos em sódio

SBD, 2022.
SBD, 2019.
Protocolo de atendimento nutricional para
pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2

Álcool
Interfere na ação da insulina, dos secretagogos de insulina e
do glucagon, aumentando o risco de hipoglicemia.

A ingestão diária de álcool deve ser limitada (15g de etanol/dia):


01 dose para mulheres
02 doses para homens

Equivalentes a 01 dose:
150 mL de vinho (uma taça) ou
360 mL de cerveja (uma lata pequena) ou
45 mL de destilados (uma dose com dosador-padrão)

Edulcorantes
Aprovados pela ANVISA - BRASIL:
sorbitol, manitol, isomaltitol, maltitol, sacarina, ciclamato,
aspartame, estevia, acessulfame-K, sucralose, neotame,
taumatina, lactitol, xilitol e eritritol.

ATENÇÃO: SEM EVIDÊNCIA SOBRE EFEITO BENÉFICO OU


DELETÉRIO COM O USO DE EDULCORANTES NO CONTROLE
GLICÊMICO NO DM2.

Pode ser utilizado em substituição ao açúcar no intuito de


reduzir o valor calórico e reduzir o consumo de sacarose.
Mas deve-se consumir com controle.
Preferir alimentos sem adoçar!

SBD, 2022.
SBD, 2019.
Protocolo de atendimento nutricional para
pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2

Alimentação, atividade física e diabetes


Exercício:
Melhora a sensibilidade à insulina
Reduz fatores de risco cardiovasculares ( CT e ↓ ↑HDL)
Controle do peso

ADA: 150 minutos/semana de atividade aeróbica


SBD, 2023: para DM2 é recomendado mínimo de 150 min de atividade física
aeróbia de moderada intensidade e o mínimo de 7% de redução ponderal,
seguido de manutenção do peso perdido.

Para usuários de insulina:


Adicionar 15g de CH para cada 30 min de atividade física
Lanche é necessário se a glicemia antes do exercício for <100mg/dL

Para atletas com diabetes:

Em dias que antecedem uma competição (5 a 7 dias): aumentar o aporte de carboidratos


para síntese adequada de glicogênio.

A ingestão combinada de proteínas e carboidratos 3 a 4 horas antes do exercício é mais


vantajosa do que a oferta isolada de carboidrato:
Carboidrato: 1 a 2 g de carboidrato/kg de peso
Proteína: 0,15 a 0,25 g de proteína/kg de peso

Antes da atividade física:


0,7 a 1,1 g de carboidrato/kg por hora.
Se, a glicemia estiver baixa, deverão ser ingeridos de 10 a 15 g de carboidratos ou efetuados
ajustes na insulina para prevenir hipoglicemia.

Após a atividade física:


Para a boa recuperação dos músculos e para a diminuição dos episódios de hipoglicemia, é
crucial o consumo de carboidrato com proteína até 30 minutos após o término da
atividade física. Deve-se fornecer 1 a 1,5 g de carboidrato/kg em relação 4:1 (carboidrato x
proteína).

SBD, 2022.
SBD, 2019.
Estratégias para planejamento dietético

1) Método alimentar por porções

Baseada na distribuição energéticados macronutrientes por


refeição.

Nesse método utiliza-se listas de substituição com base no


valor calórico dos alimentos.

Associação Americana de Diabetes (ADA): recomenda a


seguinte distribuição energética:

Desjejum e lanche: 10-15% VET


Colação e ceia: 5-10% VET
Almoço e jantar: 20-30% VET

Porções ajustadas de
acordo com estilo de
vida/faixa etária

2) Método de contagem de carboidratos

Estratégia mais recomendada, com aplicabilidade mais


consolidada, principalmente no DM1.

Consiste na contabilização de carboidratos em gramas a


serem consumidos nas refeições.

Objetivo: aperfeiçoar o controle glicêmico em função das


maiores variações glicêmicas.

Nesse método é possível estabelecer relação entre a


quantidade de carboidratos ingerida por refeição e a dose de
insulina administrada SBD, 2022.
SBD, 2019.
Estratégias para planejamento dietético

2) Método de contagem de carboidratos

Na prática clínica, tem-se a proposta:

Quantidade de insulina para quantidade de


Faixa etária
carboidrato

Lactente 1 unidade de insulina para cada 30-45g de CHO

Pré-escolar 1 unidade de insulina para cada 20-30g de CHO

Escolar 1 unidade de insulina para cada 15-30g de CHO

Adolescente 1 unidade de insulina para cada 5-15g de CHO

Adulto 1 unidade de insulina para cada 15g de CHO

Melhora controle glicêmico, reduz


hemoglobina glicada, reduz episódios de
hipoglicemia, sem influência negativa no IMC.

PARA QUE HAJA SUCESSO NO


MÉTODO É NECESSÁRIA A ATUAÇÃO
DO NUTRICIONISTA NA EDUCAÇÃO
NUTRICIONAL!

Prioriza o total de carboidratos consumidos por


refeição, considerando que a quantidade é a maior
determinante da resposta glicêmica pós-prandial!

Permite flexibilidade nas escolhas alimentares!


SBD, 2022.
Estratégias para planejamento dietético

2) Método de contagem de carboidratos

O que conta como


carboidrato?

Pães, biscoitos e cereais


Macarrão, arroz e grãos
Leite
Frutas
Açúcar, mel e alimentos
contendo açúcar

o que NÃO CONta


como carboidrato?

Vegetais
Queijo
Carnes
gordura

SBD, 2019.
Estratégias para planejamento dietético

2) Método de contagem de carboidratos

Métodos:
lista de equivalentes ou substitutos - 1
porção de carboidrato equivale a 15g

contagem em gramas – leitura de rótulos

Materiais de apoio para


contagem de carboidratos:

SBD, 2019.
Orientando complicações do diabetes...

1) Hipoglicemia (complicação aguda)

Nível 1 (leve): 54 a 70 mg/dL


Nível 2 (severamente baixa): <54 mg/dL
Nível 3: comprometimento cognitivo com necessidade de terceiros
para recuperação, sem limites glicêmicos definidos.

Mais frequente no tratamento com insulina.

Sintomas:
-Leves e moderados: tremor, visão turva, palpitação e fome.
-Graves: mudanças de comportamento, confusão mental, convulsões
e coma.

2) Doença renal crônica (complicação crônica)

Doença renal diabética sem diálise (albuminúria e/ou taxa de


filtração glomerular reduzida): 0,8 g de proteína/kg de peso
corporal/dia. Com diálise: individualização (se DM+DRC
diálise+desnutrição = aumentar aporte protéico)

Não é indicado diminuir a quantidade de proteína dietética para


dieta hipoprotéica (<0,8g ptn/Kg): não altera glicemia, risco
cardiovascular, nem a taxa de filtração glomerular.

Priorizar alimentos protéicos ricos em aminoácidos essenciais, como a


leucina (compensa a perda muscular, promove BN+, reduz sarcopenia)
SBD, 2022.
SBD, 2019.
Nova Iguaçu

Material desenvolvido pela profª Emília Delesderrier Franco

(Bolsista Pesquisa e Produtividade - UNESA)

Alunos de iniciação científica:

Gustavo Miranda; Hemily Valentim; Isabela Motta.

Você também pode gostar