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Conceitos em Dietética:
Historicamente, o termo “dieta” esteve ligado à restrição de nutrientes, visando suprir carências
ou eliminar excessos. Quando associada a doenças, a dieta caracteriza-se por alterações na
consistência e inclusão ou exclusão de alimentos. No entanto, o conceito e a utilização do termo
têm se modificado muito ao longo dos anos.
No final da década de 90, o termo “dieta” foi adotado para conceituar uma alimentação
adequada e que atende as necessidades nutricionais do indivíduo. Passou a ser utilizado tanto
na Nutrição Clínica, quanto para caracterizar uma alimentação saudável.
Por onde começar? Relembrando o que devemos considerar ao elaborar um plano alimentar:
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✓ Habilidades culinárias e locais onde as refeições são realizadas
✓ Fatores psicossociais, emocionais e comportamentais (como se come?)
✓ A percepção do outro sobre seus sinais de fome e saciedade, mas validando também o
comer por prazer
✓ Identificar em que estágio de prontidão para mudança de hábitos e comportamento o
outro se encontra
✓ O foco deve ser em bem estar e saúde, não apenas no peso corporal (a perda de peso
vem como consequência de uma alimentação saudável)
✓ Partir de uma proposta colaborativa, baseada em escuta ativa, com o nutricionista
ouvindo mais do que falando. É essencial saber ouvir as necessidades e queixas do
indivíduo para quem a dieta está sendo planejada.
Nesse contexto, se faz necessária a leitura do capítulo 3 do Guia Alimentar (“Dos Alimentos
à Refeição), que traz orientações sobre como combinar alimentos na forma de refeições. Essas
orientações se baseiam em refeições consumidas por uma parcela substancial da população
brasileira que ainda baseia sua alimentação em alimentos in natura ou minimamente
processados e em preparações culinárias feitas com esses alimentos. Conhecer os grupos de
alimentos que constituem as refeições e as principais fontes alimentares de macro e
micronutrientes é essencial ao planejamento dietético.
Passo 1:
Qual o diagnóstico nutricional do indivíduo para quem o plano alimentar será realizado? Calcular
o IMC e classificar segundo os critérios a seguir.
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Passo 2:
OBS: Para o cálculo do “peso ideal” (teórico!), considere o IMC médio de eutrofia: 20,8 kg/m2
para mulheres e 22 kg/m2 para homens. Ou justifique qualquer outro peso utilizado!
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Passo 3:
A partir valor energético total (VET) calculado para um plano alimentar, vamos calcular a
quantidade (em g) de macronutrientes (CHO, PTN e LIP) que podemos sugerir, de acordo com
as recomendações nutricionais da FAO/OMS (2003)?
CHO = 55 a 75% de 2.500 kcal = 1375 a 1875 kcal vem de CHO = (÷4) 343,75 a 468,75g de CHO.
PTN = 10 a 15% de 2.500 kcal = 250 a 375 kcal vem de PTN = (÷4) 62,5 a 93,75g de PTN.
LIP = 15 a 30% de 2.500 kcal = 375 kcal a 750 kcal vem de LIP = (÷9) 41,7 a 83,3g de LIP.
Passo 4:
Não é regra, mas podemos nos orientar pela recomendação a seguir, desde que essa distribuição
faça sentido para o indivíduo para quem o plano alimentar está sendo realizado!
(Philippi, 2013)
Ao distribuir as 2.500 kcal do exemplo acima em 5 refeições, por exemplo, podemos sugerir:
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Passo 5:
Sugerir os alimentos e preparações culinárias que podem compor cada uma das refeições do
plano alimentar (com base no capítulo 3 do Guia), com a indicação de quantidades (em medidas
caseiras, preferencialmente), de modo a atingir as recomendações nutricionais (inicialmente
trabalharemos para alcançar a adequação percentual de ingestão de macronutrientes, de
acordo com a FAO/OMS 2003). Considerar sempre a apresentação da dieta em relação a
consistência, cor, sabor e temperatura dos alimentos.
Exercício de exemplo:
Paciente do sexo feminino, sedentária, 58 anos de idade, 1,62m de estatura e 85 kg. Foi
recentemente encaminhada ao Ambulatório de Nutrição de um Hospital Universitário. Durante
a consulta, foi possível obter informações diversas sobre a composição das refeições realizadas,
horários, preferências, aversões, habilidades culinárias e outras informações sobre hábitos e
rotina alimentar. A partir da aplicação de questionários de consumo alimentar, foi constatada
uma ingestão energética de aproximadamente 2.800 kcal/dia, distribuídas em 4 refeições
diárias. Além disso, a paciente relatou baixa ingestão de frutas e hortaliças e elevado consumo
de alimentos ultraprocessados. Sugira um rascunho de plano alimentar para essa paciente,
seguindo os passos acima.
Passo 1:
Passo 2:
Outra possibilidade:
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(2) *Cálculo utilizando o peso “ideal” baseado no IMC máximo de eutrofia (24,9 kg/m 2)
O valor energético total (VET) do plano alimentar deve ser baseado do cálculo da necessidade
de energia diária (NED) do indivíduo. Nesse caso, qual dos valores devemos utilizar?
Considerando o estado nutricional da paciente e a ingestão energética relatada (cerca de 2800
kcal/dia), que está acima da sua necessidade diária, poderíamos utilizar o valor obtido no
segundo cálculo (2256 kcal). Assim, haverá restrição energética, porém menos severa do que se
considerássemos o peso “ideal” de 54,4 kg no cálculo na NED (primeiro cálculo). Nesse caso,
poderíamos considerar até mesmo a possibilidade de utilizar na fórmula um peso compatível
com IMC na faixa de sobrepeso (lembrando que a paciente tem obesidade, costuma ingerir 2800
kcal/dia e pode ser difícil fazer uma restrição energética maior em um primeiro momento). Ou
seja, outras possibilidades de cálculo podem ser aceitas desde que devidamente justificadas.
Veja o exemplo a seguir.
(3) *Cálculo utilizando o peso “ideal” baseado no IMC máximo de sobrepeso (29,9 kg/m 2)
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(1) Utilizando o peso “ideal” baseado no IMC médio de eutrofia (54,4 kg)
(2) Utilizando o peso “ideal” baseado no IMC máximo da faixa de eutrofia (65,2 kg)
(3) Utilizando o peso “ideal” baseado no IMC máximo da faixa de sobrepeso (78,3 kg)
Se a paciente costuma ingerir 2800kcal/dia, qual dos valores acima se aproxima mais dessa
ingestão (para que a restrição energética seja a menos severa possível, o que pode promover
melhor adesão ao plano alimentar sugerido)?
Com base nessa justificativa, o valor de 2434 kcal (arredondado) pode ser o estabelecido para o
VET.
Passo 3:
60% para CHO; 15% para PTN; 25% para LIP (ou outros valores dentro da faixa de referência)
- 60% de 2434 kcal = 1460,4 kcal proveniente de CHO = 365,1g de CHO (= 1460,4 ÷ 4)
- 15% de 2434 kcal = 365,1 kcal proveniente de PTN = 91,3g de PTN (= 365,1 ÷ 4)
- 25% de 2434 kcal = 608,5 kcal proveniente de LIP = 67,6g de LIP (= 608,5 ÷ 9)
Passo 4:
Como distribuir o VET de 2434 kcal, nas quatro refeições que a paciente relata fazer ao longo do
dia (lembrando que podemos sugerir um fracionamento maior, com mais refeições)?
Por exemplo, digamos que a paciente realize o café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar.
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- Café da manhã (refeição principal): 20% de 2434 kcal = 486,8 kcal
Outras faixas de distribuição % do VET entre as refeições podem ser utilizadas, seguindo as
orientações do roteiro.
Passo 5:
Cada aluno pode elaborar a sua sugestão de plano alimentar para este caso. Faremos uma
demonstração de como adequar, que será disponibilizada em breve.