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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO - UFMA

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE - CCBS


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FISIOLÓGICAS - DCF
RELATÓRIO FINAL PIBIC/UFMA

Orientanda: Vanessa Rodrigues Freire

Orientadora: Prof. Drª Sueli Ismael Oliveira da Conceição

TÍTULO DO PLANO DE TRABALHO DO BOLSISTA: Insegurança Alimentar


associada à anemia em crianças atendidas pela Estratégia de Fortificação da
Alimentação – NutriSUS em creches públicas da Região Metropolitana de São Luís
(MA).

VINCULADO AO PROJETO DE PESQUISA: Avaliação da Estratégia de Fortificação


da Alimentação Infantil com Micronutrientes em Pó – NutriSUS em creches públicas
da Região Metropolitana de São Luís (MA).

São Luís
2022
1
Informações do bolsista
Nome: Vanessa Rodrigues Freire
Telefone: (98) 98166-5644
E-mail: freire.vanessa@discente.ufma.br

Informações da Instituição/Departamento
Nome: Universidade Federal do Marnhão
Endereço: Av. Dos Portugueses, 1966 – Vila Bacanga, São Luís – MA.
Telefone: (98) 3272-8004
E-mail: reitoria@ufma.br

Informações do(a) professor(a) orientador(a)


Nome: Prof. Drª Sueli Ismael Oliveira da Conceição
Telefone: (98) 99974-9706
E-mail: sueli.ismael@ufma.br

2
RESUMO

A (In)segurança Alimentar e Nutricional é uma condição que atinge grupos vulneráveis


socioeconômicamente, dentre eles as crianças, e pode desencadear distúrbios
nutricionais na infância, a exemplo da anemia, devido ao consumo da alimentação
insuficente em energia e nutrientes. Avaliar as condições de Insegurança Alimentar
Nutricional associada à anemia em crianças matriculadas nas creches e Unidades
Básicas de Ensino (UEBs) públicas de São Luís (MA). Estudo transversal e
observacional, desenvolvido 144 com crianças de dois a cinco anos de idade,
matriculadas em seis creches e UEBs, das zona urbana e rural, da rede pública de
ensino de São Luis (MA). Aplicou-se às mães os responsáveis um formulário para a
coleta de informações socioedemográficas e de (In)Segurança Alimentar e Nutricional.
Dosou-se a hemoglobina da criança por punção digital para identificar a presença de
anemia. O Teste Exato de Fischer avaliou a associação entre as variáveis com
significância de 5%. A prevalência de Insegurança Alimentar nos domicílios das
crianças foi de 65,5%, com o predomínio da Insegurança Alimentar Leve (35,9%).
Observou-se maior frequência de Insegurança Alimentar Leve (51,3%) quando a mãe
era a chefe da família (p = 0,032). A Segurança Alimentar foi mais elevada (43,8%)
quando o chefe da família trabalhava ou era aposentado e quando o(a) chefe era
dono(a) de casa houve maior prevalência de Insegurança Alimentar Grave (27,2%)
(p<0,001). Dentre as crianças, 28,9% apresentaram anemia, com o predomínio do
grau leve (32,9%). Não se observou associação estatística significante entre a
Insegurança Alimentar e Nutricional e os graus de anemia em crianças (p>0,05). A
prevalência de Insegurança Alimentar e Nutricional nos domícilios e da anemia em
crianças foram elevadas, sendo necessário implementar medidas de intervenção para
combater e controlar esta deficiência nutricional e voltadas para a proteção social,
com a finalidade de reverter a condição de desigualdade social enfrentada pelas
crianças e suas famílias.

Palavras-chave: Criança. Segurança Alimentar. Anemia.

3
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5
2 JUSTIFICATIVA .......................................................................................................6
3 OBJETIVOS ............................................................................................................. 7
3.1 Objetivo Geral................................................................................................... 7
3.2 Objetivos Específicos ...................................................................................... 7
4 METODOLOGIA ...................................................................................................... 7
5 RESULTADOS ................................................................................................. ......11
6 CONCLUSÃO..........................................................................................................14
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 15
1 INTRODUÇÃO

A Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) consiste na garantia de


acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e em quantidade
suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais,
tendo como princípios básicos o Direito Humano à Alimentação Adequada
(DHAA) e a soberania Alimentar (BRASIL, 2006).
Em 2014, o Brasil saiu do Mapa da Fome, cumprindo com
compromissos perante a Organização das Nações Unidas. Este foi resultado
da combinação entre políticas públicas implementadas, controle social
atuante nas diferentes esferas de governo e o esforço da sociedade civil
brasileira (REDE PENSSAN, 2021), de modo a garantir a disponibilidade e o
acesso da população em vulnerabilidade social à alimentos adequados e
saudáveis (VASCONCELLOS e MOURA, 2018).
Como reflexo das ações de combate à fome no Brasil, a Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios realizada em 2013, registrou o menor nível
de insegurança alimentar de toda a série histórica no país (22,6%) (IBGE,
2014). Apesar dos avanços, a partir de 2016, o número de famílias brasileiras
em situação de fome aumentou, com repercussões na piora da condição de
Insegurança Alimentar e Nutricional (IAN), cuja prevalência atingiu 36,7%
(IBGE,2020).
Em 2020, a IAN se agravou no Brasil, com a ocorrência em 55,2% dos
domicílios (REDE PENSSAN, 2021). No Maranhão, a prevalência de IAN é de
60,9% e, de acordo com os grupos etários, é mais elevada (30,8%) nos
domicílios que residem crianças menores de quatro anos de idade,
evidenciando um importante problema de saúde pública (IBGE, 2014).
Atribui-se que o aumento da IAN no Brasil é reflexo da crise econômica e
política vivida dos últimos anos (GALINDO et al., 2021), em que a fragilidade
de políticas públicas de proteção social aos grupos vulneráveis aprofundou
ainda mais as desigualdades sociais e econômicas da população,
especialmente no contexto da pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV2)
(REDE PENSSAN, 2021).
Considerando que a IAN se caracteriza como uma limitação dos
indivíduos ao acesso à alimentos de qualidade e em quantidades suficientes
5
para atender às suas necessidades básicas, a permanência nessa condição
pode afetar a saúde de diversas maneiras (CARMICHAEL, 2007). Para a
saúde da criança, a IAN pode estar associada à anemia (PARK et al., 2009),
à deficiência de vitamina A (LIMA et al., 2018), à ingestão inadequada de
energia e proteínas (COOK et al., 2004), à obesidade (KEPPLE e SEGALL-
CORREA, 2011) e à desnutrição (LANG et al., 2011). Portanto, as crianças
menores de cinco anos, representam um grupo de risco muito sensível à IAN,
por estarem em processo de crescimento e desenvolvimento acelerados
(POBLACION et al., 2014).
No mundo, a prevalência de anemia em crianças de seis meses a cinco
anos de idade é de 42% (WHO, 2020). No Brasil, essa é a deficiência
nutricional de maior magnitude na população, sendo considerado um
problema de saúde pública (BRASIL, 2015a). Em inquérito nacional
desenvolvido no país, em 2019, observou-se que 10% das crianças brasileiras
de seis a 59 meses de idade apresentam anemia (UFRJ, 2020). No Estado do
Maranhão, a anemia acomete 51,6% das crianças com menos de cinco anos
(FROTA, 2013), revelando um problema de saúde pública de grande
magnitude entre as crianças maranhenses (WHO, 2017).
Com o objetivo de reduzir a anemia no país, o Ministério da Saúde do
Brasil adotou estratégias mundialmente reconhecidas e, dentre elas, a
Estratégia de Fortificação da Alimentação Infantil com Micronutrientes em Pó
– NutriSUS, no ano de 2015 (BRASIL, 2015a). Esta Estratégia consiste na
suplementação infantil, por meio da adição de sachês contendo 15
micronutrientes em pó (vitaminas e minerais) a uma refeição diária servida às
crianças com seis a 49 meses de idade, nas creches públicas do país
(BRASIL, 2015b).

2 JUSTIFICATIVA
Considerando que a implementação da Estratégia NutriSUS no Brasil é
recente e que ainda são escassos estudos sobre a sua operacionalização e os
efeitos na saúde de pré-escolares, este estudo teve por objetivo avaliar a IAN
associada à anemia em crianças de dois a cinco anos de idade, matriculadas
em creches públicas e Unidades de Ensino Básicas (UEBs) dos municipios de

6
São Luís e que integram à referida Estratégia.
Assim sendo, considerando que a IAN pode agravar ou impossibilitar a
reversão do quadro de anemia nas crianças e que no estado do Maranhão
existe escassez de investigações sobre a Estratégia NutriSUS, este trabalho
é relevante. Desse modo, as informações que foram geradas poderão
contribuir para subsidiar o aprimoramento da implementação de ações
voltadas à atenção da saúde das crianças maranhenses, para que alcancem
seu pleno crescimento e desenvolvimento.

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral


Determinar a prevalência de Insegurança Alimentar e Nutricional e de
anemia em crianças de dois a cinco anos de idade atendidas pela Estratégia
de Fortificação da Alimentação Infantil com Micronutrientes em Pó – NutriSUS
em creches públicas, no munícipio de São Luís (MA).

3.2 Objetivos Específicos

- Caracterizar as condições sociodemográficas das crianças;


- Identificar a prevalência de Insegurança Alimentar e Nutricional nas famílias
das crianças;

- Identificar a concentração sanguínea de hemoglobina da criança;

- Verificar a associação entre a Insegurança Alimentar e Nutricional e a anemia


nas crianças.

3 METODOLOGIA

Este estudo é transversal, observacional e foi desenvolvido com


crianças de dois a cinco anos de idade, matriculadas em creches e Unidades
Básicas de Ensino (UEBs) públicas do município de São Luís.
Foram identificadas em São Luís, 87 creches e UEBs na rede pública
de ensino, com 12.534 crianças matriculadas, com faixa etária de dois a cinco
anos de idade. Em Paço do Lumiar, haviam 23 creches e UEBs públicas, com
1.503 crianças matriculadas, com mesma faixa etária, totalizando 14.037
7
crianças e 110 creches e UEBs, em ambos os municípios.
A fórmula utilizada para determinar o tamanho da amostra foi dada
por:

N sendo o tamanho da população de crianças; P a prevalência esperada;


Q=1-P; e CV o coeficiente de variação das estimativas de prevalência dentro
do estrato. A prevalência esperada de anemia foi de 8,4% (UFRJ, 2019) e o
coeficiente de variação foi de 4%. Para a estimativa final, um efeito de design
de 2 foi adicionado. Assim, o tamanho da amostra foi estimado em 267
crianças, em ambos os municípios. Prevendo perdas, o tamanho da amostra
foi aumentado em 12%, resultando em 300 crianças, sendo 150 em cada
município investigado.
Foi utilizada amostragem por conglomerados, com estratificação por
área de localização dos estabelecimentos de ensino, sendo sorteadas 12
escolas no primeiro estágio, seis em cada município e sendo três no estrato
de creches e UEBS da zona urbana e três no estrato de creches e escolas da
zona rural. Em cada estrato realizou-se a amostragem aleatória simples, com
reposição dos estabelecimentos de ensino. No segundo estágio foi realizada
o sorteio das turmas existentes nos turnos matutino e vespertino, sendo a
investigação realizada em três turmas, por unidade escolar. No terceiro
estágio, tendo como base a listagem dos alunos nos diários de classe, foi
realizada amostragem aleatória simples, sem reposição. Foram sorteadas
nove crianças em cada turma, totalizando 27 por unidade escolar. Foram
excluídas do sorteio as crianças infrequentes nas creches e UEBs.
Considerou-se elegíveis para este estudo as crianças de dois a cinco
anos de idade que estavam matriculadas nas creches e UEBs públicas do
município de São Luís.
Não foram incluídas no estudo as crianças que não se insiram na faixa
etária de idade, crianças gêmeas, crianças que apresentaram anemia
falciforme e aquelas que não possuíam autorização do responsável legal para
participar do estudo. No decorrer deste estudo ocorreram 4% de perdas,
devido ao não comparecimento das mães ou responsáveis pelas crianças

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sorteadas à coleta de dados. Desse modo, a amostra final totalizou 144 no
município de São Luís.
Antecedendo a coleta de dados foi realizado o estudo piloto com sete
crianças entre dois e cinco anos, em uma UEB de São Luís que não fez parte
da amostra original. A finalidade do estudo piloto foi verificar a adequação
dos instrumentos e a logística do estudo e realizar os seus ajustes, se
necessário.

Por meio de calendário definido com os dirigentes dos estabelecimentos


de ensino e antecedendo o dia da coleta de dados, foram realizadas reuniões
com os pais ou responsáveis legais da criança para apresentar o estudo e
convidá-los à participar da pesquisa juntamente com a criança. Uma equipe
treinada conduziu as entrevistas com os pais ou responsáveis pelas crianças
que autorizaram formalmente a sua participação e a da criança no estudo. A
coleta de dados ocorreu no periodo de junho a agosto de 2022, em cada
creche ou UEB.
Para caracterização da amostra foram coletadas informações
socioeconômicas, demográficas, de IAN e de anemia das crianças. Um
formulário estruturado abordou as seguintes questões: grau de anemia (sem
anemia, anemia leve e anemia moderada), perfil socioeconômico e
demográfico como o total de moradores ( até 4 e 5 a 13), chefe da família (mãe
da criança, pai da criança, avô (ó), outras pessoas), tempo de estudo do chefe
em anos (menos de 9, 9 a 11, 12 a 15 e 16 ou mais), situação empregaticia
do chefe (trabalha/aposentado, desempregado e dono(a) de casa) e classe
econômica das famílias (A e B, C, e D).
Para a identificação da classe econômica da família das crianças foi
utilizado o Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB), o qual foi
categorizadA em A/ B; C; D/E , sendo a A/B a mais rica e a D/E a mais pobre
(ABEP, 2021).

Para o diagnóstico da situação de IAN foi utilizada a Escala Brasileira


de Insegurança Alimentar e Nutricional (EBIA) (SEGALL-CORREA, 2009). O
questionário foi composto por 14 perguntas fechadas com respostas positivas
e negativas. Para cada resposta positiva foi atribuído o valor 1 e para cada
resposta negativa foi atribuída o valor zero, resultando num escore final entre
9
zero e 15 pontos que foi utilizado para classificar a situação de IAN nos
domicílios em quatro níveis: Segurança alimentar – 0 pontos; IAN leve – 1 a 5
pontos; IAN moderada – 6 a 9 pontos e IAN grave – 10 a 14 pontos.
Em local reservado da escola foi realizada a colheita de sangue para a
determinação da concentração de hemoglobina das crianças. A colheita de
sangue foi realizada mediante punção capilar e leitura imediata, por meio do
hemoglobinômetro portátil HemoCue Hb 301®, de acordo com instruções do
fabricante.

O diagnóstico de anemia foi realizado com base no padrão da OMS,


considerando como anêmicas as crianças com concentração de hemoglobina
abaixo de 11,0 g/dL (WHO, 2001). A severidade da anemia foi classificada de
acordo com os seguintes níveis (DE MAYER, 1989): < 7,0 g/dL = anemia
grave; 7,0 – 8,9 g/dL = anemia moderada e 9 – 10,9 g/dL= anemia leve.

Ao final da última fase da coleta de dados os pais ou responsáveis


pelas crianças receberam orientações com base em material educativo do
Ministério da Saúde sobre a promoção da alimentação saudável, de modo a
contribuir com a adoção de práticas de alimentação infantil adequadas e
saudáveis e, consequentemente, prevenir e combater as doenças decorrentes
da má alimentação nas crianças.
Os dados coletados, inicialmente, foram armazenados em um banco
de dados no Excel® e após, exportados para análise no Programa STATA®
versão 14.0. Foi realizada uma análise descritiva utilizando-se frequências
absoluta e relativa e medidas de tendência central com seus respectivos
valores de dispersão, com objetivo de descrever o comportamento das
principais variáveis avaliadas no estudo. Foi aplicado o teste Kolmogorov
Smirnoff para verificação do padrão de normalidade das variáveis estudadas.
As variáveis quantitativas com distribuição normal foram apresentadas
por meio de médias e desvios padrão e as variáveis com distribuição não
normal, por meio de medianas e percentis. As variáveis qualitativas foram
apresentadas por meio de frequências absolutas e porcentagens. Foi utilizado
o Teste Exato de Fischer. A associação entre as variáveis será considerada
significante quando o valor de p for menor que 0,05.
O projeto de pesquisa o qual este plano deriva foi aprovado pelo
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Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Maranhão, sob os
pareceres consubstanciados números 4.022.985 e 5.246.898. Todas as mães
ou responsáveis assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,
autorizando a sua participação e a da criança no estudo
Cabe esclarecer que os sachês com micronutrientes em pó utilizados
para a suplementação da alimentação escolar das crianças brasileiras e que
integram a Estratégia NutriSUS, eram importados pelo Ministério da Saúde,
até o ano de 2019, Em 2020, iniciou o processo de licitação para a aquisição
deste insumo e que seria produzido no Brasil. Contudo, devido aos problemas
decorrentes do processo de produção industrial dos sachês, o Ministério da
Saúde informou, recentemente, a necessidade de descontinuar
temporariamente a implementação da Estratégia NutriSUS, nos anos de 2022
e 2023, no país. Sendo assim, este estudo não pode avaliar a implementação
da Estratégia NutriSUS nos estabelecimentos de ensino e se limitou em
analisar a condição de (In)segurança alimentar e sua associação com a
anemia nas crianças, conforme consta no Plano de trabalho do estudante.

4 RESULTADOS

O estudo mostrou que a prevalência de IAN nos domicílios das


familias das crianças participantes deste estudo foi de 65,5% e, de acordo
com os graus, houve o predomínio da IAN leve, com 35,9%. (Tabela 1)

Tabela 1 – Condição de (In)Segurança Alimentar e Nutricional nos domicílios com crianças


de 2 a 5 anos de idade, matriculadas em creches e UEBs públicas.São Luís, MA, 2022.

Condição de Insegurança Alimentar n* %


Segurança Alimentar e Nutricional 49 34,5

Insegurança Alimentar leve 51 35,9

Insegurança Alimentar moderada 25 17,6

Insegurança alimentar grave 17 11,9

Total 142 100,0


*Variação da amostra decorrente de uma eventual perda de informação

A análise da Tabela 2 mostrou que 28,9% das crianças apresentaram


anemia e, de acordo com os graus, houve o predomínio da anemia leve

11
(23,9%). Domicilios com 5 a 13 moradores representam 47,9% dos
entrevistados. Predominou o pai da criança como chefe da família (52,8%) e
dentre os chefes, o tempo de estudo foi de 12 a 15 anos, representando 55,8%
e 73,6 % deles trabalhavam ou eram aposentados. A classe econômica
prodominante das famílias das crianças foi a D/E (50,6%).

Tabela 2 – Graus de anemia e condições sociodemográficas de crianças de 2 a 5 anos de


idade matriculadas em creches e UEBs públicas. São Luís, MA, 2022.

Variavéis n %
Grau de anemia (n = 142)*
Sem anemia 101 71,1
Anemia leve 34 23,9
Anemia moderada 7 5,0
Total de moradores no domicilio
Até 4 75 52,1
5 a 13 69 47,9
Chefe da família
Mãe da criança 38 26,4
Pai da criança 76 52,8
Avô(ó) da criança 20 13,9
Outras pessoas 10 6,9
Tempo de estudo do chefe (anos) (n=136)*
Menos de 9 3 2,2
9 a 11 55 40,5
12 a 15 76 55,8
16 ou mais 2 1,5
Situação empregatícia do chefe
Trabalha/ aposentado 106 73,6
Desempregado 27 18,8
Dono de casa 11 7,6
Classe econômica da família
AeB 11 7,7
C 60 41,7
DeE 73 50,6
Total 144 100,0
*Variação da amostra decorrente de uma eventual perda de informação

Na Tabela 3 pode se perceber que quando o chefe da família era a mãe,


houve o predomínio da IAN leve nos domícilios das crianças, com 51,3% (p =
0,032). Quando o chefe da família trabalhava ou era aposentado, maior
frequência das famílias estavam em SAN (43,8%). A maior prevalência de IAN
grave foi evidenciada nas famílias cujo(as) chefes eram donos(as) de casa
(27,2%) (p<0,001).
Não foi possivel observar associação estastística significante entre a IAN
12
e as seguintes variáveis: grau de anemia, total de moradores no domicílio,
tempo de estudo do chefe e classe econômica da família (p>0,05).

Tabela 3 – Prevalência de Insegurança alimentar e nutricional, segundo graus de anemia e


condições sociodemográficas e econômicas. São Luís, MA, 2022.

Condições de Insegurança Alimentar e Nutricional


Variáveis SAN** InSAN** InSAN** InSAN** p-valor***
% leve moderada grave
% % %
Graus de anemia * 0,285
Sem anemia (38) 8,4 (32) 32,3 (16) 16,2 (13) 13,2
Anemia leve (7) 20,6 (14) 41,2 (9) 26,5 (4) 11,7
Anemia moderada (3) 42,7 (4) 57,2 (0) 0,0 (0) 0,0
Total de moradores* 0,587
Até 4 (25) 33,8 (30) 40,5 (12) 16,2 (7) 9,5
5 a 13 (24) 35,3 (21) 30,9 (13) 19,1 (10) 14,7
Chefe da família* 0,032
Mãe da criança (4) 10,8 (19) 51,3 (9) 24,3 (5) 13,5
Pai da criança (30) 39,4 (23) 30,2 (14) 18,4 (9) 11,8
Avô(ó) (10) 50,0 (7) 35,0 (1) 5,0 (2) 10,0
Outras pessoas (5) 55,5 (2) 22,2 (1) 11,1 (1) 11,1
Tempo de estudo do chefe 0,612
(anos)*
Menos de 9 (0) 0,0 (2) 66,6 (1) 33,3 (0) 0,0
9 a 11 (15) 27,7 (19) 35,1 (10) 18,5 (10) 18,5
12 a 15 (29) 38,6 (27) 36,0 (12) 16,0 (7) 9,3
16 ou mais (1) 50,0 (1) 50,0 (0) 0,0 (0) 0,0
Situação empregatícia do 0,001
chefe*
Trabalha/ aposentado (46) 43,8 (33) 31,4 (17) 16,1 (9) 8,5
Desempregado (2) 7,6 (12) 46,1 (7) 26,9 (5) 19,2
Dono(a) de casa (1) 9,0 (6) 54,5 (1) 9,0 (3) 27,2
Classe econômica* 0,328
AeB (6) 54,5 (3) 27,2 (2) 18,1 (0) 0,0
C (25) 41,6 (19) 31,6 (10) 16,6 (6) 10,0
DeE (18) 25,3 (29) 40,8 (13) 18,3 (11) 15,4
*Variação da amostra decorrente de uma eventual perda de informação
** SAN= Segurança Alimentar e Nutricional – INSAN – Insegurança Alimentar e Nutricional
*** Teste Exato de Fisher

13
5 CONCLUSÃO

A prevalência de IAN nos domícilios das famílias das crianças foi elevada,
com o predomínio da IAN leve quando a mãe era a chefe da família e com maior
frequência da IAN grave, quando o chefe da família era o(a) dono(a) da casa.
A prevalência de anemia nas crianças foi elevada e conforme a magnitude com
que atingiu o grupo avaliado classificou-se como moderada. Não se observou
associação estatística significante entre a IAN e a anemia nas crianças.
Os achados apontam a necessidade de se implementar ações de
intervenção na saúde, para combater e controlar a anemia nas crianças e
também a adoção de medidas de proteção social das suas famílias, com a
finalidade de reverter a condição de desigualdade social e asseguar a
Segurança Alimentar e Nutricional.

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REFERÊNCIAS

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Critério de Classificação Econômica Brasil. Brasil, 2021. Disponível em:
<http://www.abep.org/criterio-brasil >. Acesso em: 25 de abril 2022.

BRASIL. Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006. Cria o Sistema


Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – SISAN com vistas
em assegurar o direito humano à alimentação adequada e dá
outras providências. 2006. Disponível
em:<http://www4.planalto.gov.br/consea/conferencia/documentos/lei-de-
seguranca-alimentar-e- nutricional> Acesso em: 24 de abril 2021.

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Saúde da Criança e da Mulher - PNDS 2006: dimensões do processo
reprodutivo e da saúde da criança. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.
298p

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em pó: manual operacional. Ministério da Saúde, Ministério da
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BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento


de Atenção Básica. NutriSUS: guia de evidências: estratégia de
fortificação da alimentação infantil com micronutrientes (vitaminas e
minerais) em pó. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde,
Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2015a. 50 p.

CARMICHAEL, SL et al. Maternal food insecurity is associated with


increased risk of certain birth defects. The Journal of Nutrition. [s.l],
v.137, n. 9, p. 2087- 2092, Set. 2007.

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DE MAEYER, E. M. et al. Preventing and controlling iron


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GALINDO, E. et al. Efeitos da pandemia na alimentação e na


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