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De que se trata quando se fala de metodologia teológica? Qual é a natureza própria desse
assunto?
Para começar, importa saber que aqui não se discute sobre teorias teológicas (tratados), mas
mais precisamente sobre a prática teológica. Por outras, trata-se do ato teológico ou do exercício de
fazer teologia. O interesse aqui não é a teologia, mas o teologizar, a teologiz-ação.
A metodologia analisa o processo teológico: os elementos que aí estão em jogo e as regras de
sua articulação. Por analogia, é como se trabalhássemos com um dicionário (elementos) e com uma
gramática (articulação). De um lado, devemos estabelecer os elementos constitutivos da teologia e,
do outro, o modo de seu uso ou a forma de sua combinação.
Mais: a metodologia teológica procura também dar razão de tudo isso. Isto é, tenta fundar e
justificar por que se usam tais elementos e por que devem ser assim combinados. Esse é o nível
mais profundo da metodologia, o de sua crítica epistemológica.
Teologia não se faz de qualquer jeito. Fazer teologia tem algo a ver com um processo judiciário.
Há que seguir um procedimento definido. Há um percurso a se obedecer. E, semelhantemente ao
direito, pode-se perder a causa porque não se encaminhou bem a questão, embora se tenha razão.
Assim, além dos erros teológicos de conteúdo, pode haver erros teológicos de forma. E é justamente
o caso quando não se segue um método teológico.
ELEMENTOS ARTICULADORES
Entre os elementos que entram na articulação teológica podemos estabelecer uma dúzia:
a Fé,
a Escritura,
a Igreja,
o Senso dos fiéis,
a Tradição,
O Dogma,
o Magistério,
a Prática Pastoral,
as Outras teologias,
a Razão,
a Linguagem,
a Filosofia,
as Ciências.
Como se vê, o discurso teológico põe em ação uma pluralidade de instâncias. São como
os pivôs sobre os quais a teologia se apoia.
a Fé deve ter a primazia absoluta na teologia;
a Biblia é o primeiro testemunho a ser ouvido;
a Razão deve estar a serviço da compreensão do dado revelado;
a Prática é uma fonte de teologia, assim como uma de suas finalidades;
a Linguagem da teologia é a da analogia, pois só ela se adequa ao Mistério;
o Magistério é critério de autenticidade. E assim por diante.
Para fazer uma teologia correta é necessário estudar as regras de seu método. A
propósito, sirva aqui uma metáfora ousada, que São Boaventura usou:
Aqueles que não estudam de modo ordenado se parecem com os potros que
correm o tempo todo aqui e ali. Mas ojumento, com o mesmo passo, tanto mais
avança quanto mais regular é seu andar.
1. Nível das técnicas. Falamos aqui dos recursos que usa a teologia, ou seja, dos meios
e modos que entram no seu exercício. Tais são, por exemplo, a pesquisa, a leitura, a interpretação
dos textos, a análise e aprofundamento das questões, a organização do material, a elaboração das
ideias, etc. Esse é o plano mais superficial do método, o plano, por assim dizer, da "tecnologia
teológica".
2. Nível do método propriamente dito. Trata-se das etapas por que passa o processo
da prática teológica em seus elementos articuladores, tais como: a ausculta da Palavra, sua
interpretação crítica, a recuperação da Tradição da fé, o direcionamento para a vida e assim por
diante.
3. Nível da epistemologia. É o "discurso do método" em teologia: a bus ca de sua
fundamentação crítica e de sua justificação racional, assim como de seu alcance e de seus
limites.
4. Nível do espírito teológico. Por trás da prática teológica existe um espírito que
atravessa e sustenta tudo. É a busca por entender o Mistério. É, no fim, essa "vontade de conhecer"
a Deus que se confunde com a própria fé em sua dinâmica interna. Ser teólogo é muito mais que
manipular técnicas, usar métodos ou discutir epistemologias. É ser possuído pela paixão de
"compreender qual é a largura, comprimento, altura e profundidade" do Mistério divino (cf. Ef 3,
18). Essa é a alma secreta de todo o labor teológic0.