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Direito Penal I

Aula 5

dr. Muhamad Inguane


Estrutura da Apresentação

1. Resumo da aula anterior;


2. Aplicação da lei penal no tempo
Principio da não retroactividade da lei penal e suas
excepções;
Excepções ao princípio da não retroactividade da lei
penal não previstas no CP moçambicano.
Resumo da aula anterior (aula 4)
• Interpretar a lei penal significa perceber o seu
alcance ou sentido;

• Há elementos de interpretação usados pelos sujeitos


que interpretam (legislador – interp. autentica, juiz –
interp. jurisprudencial, autores – interp. doutrinária);

• O DP observa reservas em relação à interpretação


extensiva (nas normas incriminadoras) e não admite
a analogia – art. 18 CP e casos de enumeração
taxativa na lei penal.
Aplicação da lei penal no tempo
Principio da não retroactividade da lei penal
• As normas jurídicas só devem aplicar-se, em
principio, àqueles factos que tenham lugar depois da
sua entrada em vigor e por conseguinte nunca antes
da sua promulgação (Correia, p. 153)

• A CRM (2004) consagra este principio nos termos dos


artigos 57 e 60 nº2, desde logo, estabelecendo
excepção em relação aos casos em que a lei
beneficiar o destinatário (arguido).
cont
Por seu turno, o CP prevê o principio da não
rectroactividade da lei penal com as respectivas
excepções nos termos do disposto no artigo 6º.

 Leitura integral do art. 6º CP


Excepções do art. 6º CP
1ª Lei que elimina uma norma penal
Se uma lei nova elimina a incriminação, o facto não é
mais punível. Neste caso, se tiver já havido
condenação, ainda que transitada em julgado, cessam
a execução e os seus efeitos penais (Da Silva, pp 275 -
276)
Excepção da presente excepção
• Em caso de leis temporárias (excepcionais ou de
emergência – devido a certas circunstancias
especificas/anormais) não se aplica a 1ª excepção
porque as leis temporárias valem para factos
praticados no período da sua vigência.
Cont.
2ª Lei que modifica uma norma penal
Neste caso, aplica-se sempre a norma que se mostrar
em concreto mais favorável ao delinquente, seja a lei
que vigorava à data do facto ou qualquer outra
posterior de conteúdo mais favorável (Da Silva, p.
281)
O juiz deve verificar qual a pena que caberia ao agente
pelo facto praticado em face de cada um dos
sistemas e comparar os resultados concretos assim
obtidos (Correia, p. 159)
Cont.
• NB: atende-se à comparação do resultado da pena
faces as duas leis em causa, de forma concreta (circs.
atenuantes, agravantes, prazos de prescrição…) não
em abstrato (mera comparação das molduras penais)
3ª Lei que modifica os efeitos das penas (condenação)
Os efeitos da condenação são previstos nos arts 74º e ss
CP.
Se uma lei nova modificar os efeitos das penas aplica-se a
lei mais favorável ao delinquente, salvo no que se
refere aos direitos dos terceiros (estes são
salvaguardados)
Excepções ao princípio da não retroactividade da lei
penal não previstas no CP moçambicano
De acordo com Correia (pp 161 - 163)
1. Quando a lei nova passa a exigir novas condições de
imputabilidade
• Aplica-se retroactivamente, na sequência da
exclusão da incriminação.
• Mas se a lei nova deixar de exigir certos requisitos
para a imputabilidade, não pode ser aplicada a um
facto praticado anteriormente
2. Circunstâncias agravantes e atenuantes
• Aplica-se rectroactivamente a lei que estabelece
atenuante (pena mais leve)
Cont.
3. Prazos de prescrição
• Prescrição do procedimento criminal: confrontar os
§ 2º, 3º e 4º do art. 125º CP.
• Prescrição da pena: confrontar os § 3º, 4º e 5º do
art. 126º CP
Se uma nova lei alterar os prazos de prescrição aplica-se
a nova lei, pois não há um problema de
retroactividade, mas sim aplicar a lei a uma causa
que está a decorrer…De igual modo, não há nesta
situação algum direito adquirido pelo delinquente
(Correia, p. 162)
Cont.
• O posicionamento do professor Eduardo Correia
acima exposto é contraditório com o do professo
Germano Marques da Silva.
• Com efeito, para Da Silva (pp 288 - 289) no caso de
uma nova lei que altera os prazos de prescrição deve
aplicar-se a lei mais favorável ao arguido.
• Quanto a nós, somos de concordar com Da Silva na
medida em que o seu posicionamento vai ao
encontro com a doutrina dominante. Ademais, é um
posicionamento que alcança às razoes da aplicação
retroactiva da lei.
Referências Bibliográficas

• ALVES Silva e RODRIGUES, Luís Barbosa (2006)


Código Penal e legislação Complementar de
Moçambique. Coimbra: Livraria Almedina
• CORREIA, Eduardo (2010) Direito criminal. Coimbra:
Livraria Almedina
• DA SILVA, Germano Marques (2001) Direito Penal
Português (2ª edição). Editorial Verbo

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