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AULA 08

DETERMINAÇÃO DO SEXO NA
ESPÉCIE HUMANA

GENÉTICA
Profa. Dra. Daniela Granella Gomes Guidoti
E-mail: danielaguidoti@live.com
HUMANA
INTRODUÇÃO

►Os cromossomos X e Y são alvos de intenso estudo desde 1950,


quando se descobriu o envolvimento deste par cromossômico com
a determinação do sexo.
►A investigação desses cromossomos se intensificou e, atualmente,
já se conhece como acontece a determinação do sexo a nível
molecular.
►Em diversas espécies, machos e fêmeas apresentam o mesmo
número de cromossomos.
►No entanto, as células das fêmeas contêm dois cromossomos
sexuais do mesmo tipo, os cromossomos X (sexo homogamético).
►Já as células dos machos contêm dois tipos de cromossomos
sexuais: o X e o Y (sexo heterogamético - metade de seus gametas
tem um cromossomo X e a outra metade, um cromossomo Y).
INTRODUÇÃO
O Y É O DETERMINANTE

O cromossomo Y é o responsável pela determinação do sexo


masculino e a sua ausência é que determina o sexo feminino. Isto
acontece em virtude da presença do gene SRY no cromossomo Y:

Região SRY
Região Determinante do Sexo no Cromossomo Y

►Até a nona semana, o sexo do embrião é indeterminado,


independentemente do cariótipo sexual (XX ou XY).

►Após esta data, as células primordiais se agrupam e constituem


as gônadas bipotenciais.
O Y É O DETERMINANTE

Estruturas sexuais indiferenciadas cujo


desenvolvimento resulta nos aparelhos
reprodutores feminino e masculino
resultantes.

Até a 6ª semana de desenvolvimento


embrionário, as estruturas sexuais são
indiferenciadas.

Daí em diante, se forem sintetizados


hormônios androgênicos desenvolver-se-á um
aparelho reprodutor masculino; se não o
forem, desenvolver-se-á um aparelho
reprodutor feminino.

Ductos de Wolff: gônada potencialmente


masculina.
Ductos de Müller: gônada potencialmente
feminina.
O Y É O DETERMINANTE

►Por volta da 12ª semana gestacional, se


o embrião possuir o cromossomo Y,
ocorrerá a formação dos testículos
(expressão do SRY).
►Após este processo, o testículo inicia a
produção de hormônios masculinizantes
que atuarão na formação da genitália
masculina.
►Quando o embrião não apresenta o
cromossomo Y, a gônada bipotencial é
convertida em ovário e a genitália
externa se torna feminina.
EM SÍNTESE

Y presente Y ausente
(SRY:TDF)

Testículo Ovário

Andrógenos

Genitália Genitália
Masculina Feminina
TRANSTORNOS DO DESENVOLVIMENTO SEXUAL

► A diferenciação de um feto em menino ou


menina é um processo complexo,
constituído de vários eventos que atuam
em cadeia.
► Como vimos, se o feto for masculino (46,
XY), os genes presentes no cromossomo Y
induzem as gônadas fetais a se
desenvolver em testículos; no feto
feminino (46, XX) não ocorre essa indução,
e as gônadas dão origem aos ovários.

As diferenças externas surgem após a décima semana, depois que os testículos passam a
produzir alguns hormônios, entre os quais a testosterona. Esses hormônios, induzem o
desenvolvimento dos órgãos genitais masculinos.
TRANSTORNOS DO DESENVOLVIMENTO SEXUAL

► Algumas vezes, o processo de diferenciação sexual pode levar à formação


de genitais ambíguos, cuja aparência não permite dizer se são femininos
ou masculinos, caracterizando um grupo chamado de intersexo.
► O nome “hermafroditismo” vem de Hermafrodito, filho de Hermes e
Afrodite, deuses mitológicos.
► Hermafrodito se relacionou
com Salmacis nas águas de um
lago, e seus corpos fundiram-
se, tornando-se um só
organismo, com uma face e
uma forma, nem masculina,
nem feminina, mas possuindo
ambas as características.
HERMAFRODITISMO VERDADEIRO

► Condição rara em que um indivíduo tem tecidos testicular e ovariano,


frequentemente associados à genitália ambígua (2-10%). Pode ser encontrado um
ovário em um lado e um testículo no outro lado do corpo, ou ainda, haver uma
mistura de tecidos ovariano e testicular em uma gônada chamada de ovoteste,
que pode ser uni ou bilateral.
► A maioria dos paciente tem
cariótipo 46, XX (sequências
derivadas do Y). Uma pequena
fração constituiu quimeras com
linhagens celulares 46, XX/46, XY.
►O desenvolvimento dos
testículos se deve a alterações
nos genes, tais como SRY.
Genitais externos de dois portadores de hermafroditismo verdadeiro: a) 46, XX/46XY, com ovoteste à esquerda e ausência de
tecido gonadal à direita; b) 46, XX com testículo, à esquerda, e ovoteste à direita.
HERMAFRODITISMO VERDADEIRO

► Quando diagnosticados em idade precoce, a melhor opção de criação é a do sexo


feminino, tentando-se, quando possível, preservar a porção ovariana das gônadas
com possibilidade de puberdade feminina espontânea, bem como fertilidade,
especialmente nos pacientes com constituição cromossômica 46,XX.
► Nestes casos, todo o tecido testicular deve ser removido, e a confirmação desta
remoção é feita com dosagem de testosterona.
► Pode-se pensar na opção de sexo masculino nos indivíduos com quimerismo ou
46,XY, especialmente quando houver bom desenvolvimento fálico, ausência de
útero ou vagina e presença de testículo de um lado e ovário contralateral.
► Apesar do risco de malignização gonadal, pode ser tentada a manutenção do
tecido testicular na região escrotal.
► Independentemente da opção de sexo de criação, a realização das cirurgias são
necessárias para correção da genitália interna e, especialmente, da externa, de
acordo com a opção feita, torna-se fundamental.
► A reposição hormonal adequada, quando necessária, deve ser realizada na época
da puberdade.
PSEUDO-HERMAFRODITISMO MASCULINO

► Há tecido gonadal de um único sexo, mas a genitália


externa pode ser ambígua ou do sexo oposto ao dos
cromossomos sexuais presentes. Os afetados não se
reproduzem.
► Os indivíduos afetados têm cariótipo masculino (46, XY),
mas apresentam genitália externa feminina, sendo na
maioria das vezes criados como meninas.
► Internamente, a vagina tem fundo cego e o útero e as
tubas uterinas estão ausentes. Os genitais externos
possuem aspecto feminino, com clitóris grandes e
pequenos lábios.
► O defeito básico nessa síndrome está na ausência de Pseudo-hermafroditismo masculino
por ausência de receptores celulares
receptores celulares nos tecidos-alvo para a testosterona. para os hormônios androgênicos.
Cariótipo: 46, XY. É de caráter
Em consequência, existem testículos, geralmente recessivo ligado ao sexo. B) três
irmãos, criados como mulheres,
localizados no canal inguinal ou no abdômen, onde são mostrando características sexuais
secundárias típicas do sexo feminino.
chamados erroneamente por hérnias inguinais. Fonte: Burns, 1976.
PSEUDO-HERMAFRODITISMO MASCULINO

► Na puberdade, os seios se desenvolvem bastante, mas geralmente, há poucos


pelos pubianos e axilares. O diagnóstico, em geral, só é feito após essa fase,
quando os pacientes procuram tratamento por causa da amenorreia.

► Antes dessa época, eles são diagnosticados apenas quando os testículos não
tiverem localização abdominal.

► A orientação psicossexual desses pacientes é feminina e demonstram instinto


maternal.

► O risco de malignização dos testístulos é de 3,6% aos 25 anos, crescendo muito a


partir dessa idade. Por isso, indica-se a orquiectomia, ao redor dos 20 anos. Antes
disso, é desaconselhável, pois representam a única fonte de estrógenos desses
pacientes. Após a cirurgia, eles deverão receber estrógenos, sob
acompanhamento médico, para a longo prazo, evitar a osteoporose.
PSEUDO-HERMAFRODITISMO FEMININO

► Cariótipo feminino 46, XX, apresenta genitália virilizada podendo se


assemelhar a de um homem normal ou ser ambígua.
► A causa mais importante nessa condição é a hiperplasia adrenal
congênita ou síndrome adrenogenital.
► Ocorre mutações no gene presente no braço curto do cromossomo 6
levando à deficiência de uma enzima, que impede a síntese do
hormônio cortisol pelas suprarrenais.
► Com a falta desse hormônio, a hipófise é acionada e intensifica a
produção de hormônio corticotrófico, estimulante das suprarrenais,
assim elas aumentam de tamanho e produzem mais testosterona.
► Isso leva à masculinização dos fetos femininos, com anomalias da
genitália externa.
PSEUDO-HERMAFRODITISMO FEMININO

► Pode ser causada também pelo uso de anabolizantes e


andrógenos ingeridos pela gestante para evitar aborto.
► Causas genéticas: ocorre 1 a cada 17 mil nascimentos. As
mulheres nascem com clitóris hipertrofiado, que lembra um
pênis e uma bolsa escrotal sem testículos, que recobre
totalmente a vagina.

A. Genitália externa de uma menina de 6 anos, mostrando clitóris


aumentado e grandes lábios fundidos, que formaram uma
estrutura semelhante a escroto. A seta indica a abertura urogenital.
Esta masculinização extrema é resultado da hiperplasia adrenal
congênita. Cortesia do Dr. Heather Dean, Department of Pediatric
and Child Health, University of Manitoba, Winnipeg, Canada).

B. Pseudo-hermafroditismo feminino. Cariótipo: 46, XX. Indivíduo


do sexo feminino, mostrando baixa estatura, distribuição de pelos
no corpo do tipo masculino e mamas não desenvolvidas. Genitália
externa ambígua. Fonte: Burns, 1976.
A B
PSEUDO-HERMAFRODITISMO FEMININO

► O tratamento da hiperplasia congênita é com hormônio corticoide, sendo


necessário reposição hormonal por toda a vida, pois se trata de um defeito
enzimático.
► Podem apresentar amenorreia, apesar de possuírem ovário e útero, pois os
ovários apresentam fibrose e diminuição do número de folículos.
► E os casais que têm um filho com este problema devem fazer aconselhamento
genético antes de planejar futuras gestações, pois o risco de repetição é de 25%
em cada nova gestação.
► Também há intervenções cirúrgicas, decididas caso a caso e, evidentemente,
acompanhamento psicológico.
► Atualmente, mudou-se a visão de tratamento desses pacientes. Há trinta anos
atrás, cirurgiões pediátricos faziam cirurgias corretivas agressivas sem ouvir a
opinião dos pais e sem equipe multidisciplinar de apoio. Só se faz a correção da
parte que prejudica a função da criança (urinar). As definitivas ficam para mais
adiante, sempre com psicólogos dando apoio à criança e aos pais.

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