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Marcadores da

função renal

Prof. Genilson Júnior


Néfron
Néfron
A Doença renal crônica (DCR) é um dos
quadros patológicos que mais tem
crescido globalmente.

Acreditamos por aproximação que


Doença renal temos 20 milhões de brasileiros nessa
crônica (DCR) condição.

A vida é incompatível com a falta da


função renal.
Costuma ser silenciosa nos estágios
iniciais...

Doença renal
crônica (DCR) O diagnóstico:
- Alterações da taxa de filtração
glomerular (TFG)
- Marcadores de lesão da estrutura
renal.
Taxa de filtração Glomerular (TGF)

• Os métodos considerados padrão ouro na avaliação da TFG baseiam-se na


depuração de substâncias exógenas - Inulina, iohexol, iotalamato ou o
radiofármaco DTPA (pentetato de sódio).

• Estas substâncias preenchem os pré-requisitos de um marcador ideal da TFG,


pois são completamente filtrados e não são reabsorvidos, secretados ou
metabolizados pelos túbulos renais .

• Porém...
Taxa de • Na prática clínica, a avaliação da TFG é realizada
filtração empregando-se substâncias de produção
endógena e que são eliminadas pelos rins.
Glomerular
(TGF)
Taxa de filtração Glomerular (TGF)

Rim filtra 120 mL/min de sangue e


o depura de produtos finais do
metabolismo protéico, enquanto A TFG pode diminuir devido à
previne a perda de solutos redução do número de néfrons,
específicos, proteína como acontece na DRC, ou por
(particularmente a albumina) e os diminuição na TFG em cada néfron.
componentes celulares
encontrados no sangue.
Biomarcadores da taxa
de filtração glomerular
UREIA

• Em 1903, o nitrogênio uréico sanguíneo foi utilizado pela primeira vez como teste
diagnóstico clínico da função renal.
• Em 1929, introduziu-se o conceito de depuração da uréia.
• Embora a uréia ainda hoje seja utilizada amplamente na prática clínica
• Variáveis da uremia...
• Na maioria dos laboratórios, o valor normal de uréia varia de 20-40mg/dL .
• A creatinina é derivada principalmente do
metabolismo da creatina muscular e a sua
produção é diretamente proporcional à
massa muscular.
CREATININA
• O ensaio tradicional para a medida da
SÉRICA creatinina baseia- se no método do picrato
alcalino.

• Faixa de normalidade tão ampla da


creatinina sanguínea, 0,6 a 1,3mg/dL.
• O valor acima do normal adotado
pela maioria dos laboratórios de
análises clínicas (1,3mg/dL) só
ocorre a partir de diminuição da
CREATININA SÉRICA ordem de 50-60% da TFG.
DEPURAÇÃO DA CREATININA
• Calculada pela fórmula:

Dcr= (Ucr x V) / Pcr

- Dcr = depuração da creatinina;


- Ucr = níveis urinários de creatinina (em mg/dL);
- V = volume de urina colhido em 24 horas;
- Pcr = creatinina plasmática
• Uma estratégia para melhorar a performance
da depuração da creatinina na urina de 24
horas é realiza-la na vigência de bloqueio
tubular da secreção de creatinina com
cimetidina (Dcr/cim).

DEPURAÇÃO DA • Existem vários diferentes protocolos de cálculo


da Dcr/cim;
CREATININA - Um dos mais utilizados é de 2.400 mg de
cimetidina sendo fracionada sua administração
em 3 momentos durante 24 horas.
Relação ureia/creatinina

Pode ser útil A uréia é reabsorvida pelo


Em condições normais, a
particularmente quando se túbulo renal após o processo
relação uréia/creatinina é
avaliam pacientes com de filtração, o que não
em média de 30.
quedas abruptas da TFG. acontece com a creatinina.

Qualquer condição que Ex: desidratação,


estimule a reabsorção insuficiência cardíaca
tubular de sódio irá levar ao congestiva, estados febris
aumento sérico de ureia prolongados e uso
desproporcionalmente ao inadequado de
da creatinina. diureticoterapia venosa.
CISTATINA C
• Durante décadas, as proteínas de baixo peso
molecular, tais como a ß2-microglobulina, a α1-
microglobulina e a cistatina C, têm sido
consideradas como potenciais marcadores
endógenos da TFG .

• A cistatina C é um inibidor de proteinase de


baixo peso molecular, pertencente a
superfamília das cistatinas, é produzida em
todas as células nucleadas e o seu nível
sanguíneo é constante e independe da massa
muscular.
• Filtrada livremente através do glomérulo, é
reabsorvida e metabolizada nos túbulos
proximais.

• A concentração sanguínea de cistatina C

CISTATINA depende quase que inteiramente da TFG

• Não é afetada pela dieta, estado nutricional,


C inflamação ou doenças malignas.

• Se mostrado um marcador de função glomerular


com maior sensibilidade para detectar
diminuições leves da TFG na DRC do que a
creatinina e outras moléculas de baixo peso
molecular.
CISTATINA C
Conclusões entre a utilização dos marcadores

A DRC é um problema de grande relevância clínica, cuja evolução depende da


qualidade do tratamento ofertado precocemente no curso da doença. Um
importante componente da nova definição da DRC, adotada em todo mundo,
baseia-se na determinação da TFG.

A recomendação atual para os programas de rastreio e acompanhamento clínico


da DRC é estimar a TFG através de equações que utilizam a creatinina.

Por outro lado, estudos mais recentes têm demonstrado ser a cistatina C um
marcador mais precoce do que a creatinina na identificação de pequenas
diminuições da TFG.
Biomarcadores na Injuria Renal Aguda (IRA)
Biomarcadores na Injuria Renal Aguda (IRA)
• O termo abrange alterações renais que incluem desde elevação
mínima na creatinina sérica até falência renal e anúria.

• Sua classificação define três classes de gravidade da IRA: risco


(estádio 1), lesão (estádio 2) e falência (estádio 3), baseado em três
critérios:
Aumento relativo da creatinina sérica (estádio 1);
Queda da filtração glomerular (GFR) (estádio 2);
Diminuição do fluxo urinário por quilo de peso (estádio 3).
Biomarcadores na Injuria Renal Aguda (IRA)

• O modelo conceitual de IRA identifica quatro componentes:


- Risco (RIM normal e risco aumentado);

- Fase intermédia (lesão funcional);

- IRA (com diminuição da filtração glomerular e insuficiência renal);

- Desfechos (insuficiência renal e morte).


Biomarcadores na Injuria Renal Aguda (IRA)
Dados sugerem que creatinina sérica não é um biomarcador fidedigno
para detectar disfunção renal moderada em pacientes IRA.

Pacientes graves, o balanço hídrico acumulado positivo é outro fator


associado à diminuição da sensibilidade da creatinina sérica como um
parâmetro de diagnóstico da disfunção renal.

Contudo, o uso da Cr corrigida para o balanço hídrico positivo permite a


identificação mais precoce e pode melhor estimativa da gravidade da IRA.
Biomarcadores precoces do IRA

Diagnóstico da lesão
renal ocorre Biomarcadores precoces A análise proteômica está
somente na fase da poderiam ajudar a sendo utilizada para
diminuição da identificação da lesão determinar o perfil de
filtração glomerular antes do decréscimo na diferentes proteínas
e aumento da TFG detectado pela envolvidas nas fase inicial
creatinina sérica. creatinina. da lesão renal.
Eletroforese 2D (bidimensional)

A análise dessas proteínas candidatas a biomarcadores


precoces pode ser feita pela medida da expressão de
RNAm.
Eletroforese 2D (bidimensional)
Eletroforese 2D (bidimensional) Passo 1
Eletroforese 2D
(bidimensional)
Passo 2
Eletroforese 2D
(bidimensional)
Eletroforese 2D
(bidimensional)
Resultado
Eletroforese 2D (bidimensional) Resultado
A origem estrutural do biomarcador; citoplasmática,
lisossômica ou membranosa fornece a informação da
precoces do (IRA) natureza lesão celular.
Biomarcadores

As glutationas S transferase são enzimas


citoplasmáticas encontradas nas células epiteliais
tubulares proximais e distais. O aumento da excreção
destas proteínas está associado a necrose celular.

O aumento da excreção da N-acetyl-glucosamidase


(NAG), uma enzima lisossômica encontrada
predominantemente no túbulo proximal, esta
aumentado em nefrotoxicidade.
• Quando há lesão da borda em escova
ocorre diminuição da reabsorção e
aumento da excreção de várias proteínas de
Biomarcadores baixo peso molecular normalmente
filtradas.
precoces do (IRA) • Como a fosfatase alcalina e a alanina
amino-peptidase (ambas da borda de
escova).

• A relação entre essas enzimas e a


creatinina urinária podem ser utilizadas
para detectar precocemente injúria renal
aguda.
Biomarcadores precoces do
(IRA)

• Cistatina C
• Lipocalina Associada com Gelatinase de
Neutrófilos Humanos (NGAL)
• N-acetil -Β-D-glucosaminidase (NAG)
• KIM-1 Kidney Injury Molecule-1
• IL-18
Conclusão

• Muitos outros fatores além de taxa de filtração glomerular interferem com a elevação dos biomarcadores:
Heterogeneidade das apresentações clínicas;
Comorbidades e características clínicas dos pacientes;
Gravidade da doença de base e fatores associados a diminuição da função renal.

-Dessa forma, é mais provável que um painel de biomarcadores venha a proporcionar uma melhor
compreensão da natureza e da gravidade de um insulto renal do que a avaliação pontual de um único
biomarcador.
-Em breve o uso clínico dos biomarcadores será uma realidade, e serão novos parâmetros para a
estratificação de risco, o diagnóstico precoce, e orientação terapêutica da injúria renal aguda.

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