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EXAMES BIOQUÍMICOS RELACIONADOS

A ALTERAÇÕES RENAIS – PARTE 2

Profª Drª Arissa Felipe Borges


Dosagem de Uréia
• Ureia: Principal metabólito nitrogenado derivado da degradação de
proteínas pelo organismo;

• 90% excretados pelos rins e correspondendo a aproximadamente


75% do nitrogênio não-protéico excretado
• Após a lise das proteínas em aminoácidos, a biossíntese da ureia se
dá exclusivamente em processo hepático intracelular, no qual o
nitrogênio contido no aminoácido é convertido em ureia por um
ciclo enzimático.
• ureia é transportada pelo plasma até os rins - é filtrada pelos
glomérulos - excretada na urina
• 40% a 70% são reabsorvidos por difusão passiva pelos túbulos.
• Um quarto da ureia é metabolizado no intestino para formar
amônia e CO2 pela ação da flora bacteriana normal. Essa amônia é
reabsorvida e levada ao fígado, onde é reconvertida em ureia.
Dosagem de Ureia
Nível de uréia no plasma é afetado:
Valores de referência:
 pela função renal Adultos: 16 a 40 mg/dL
 pelo conteúdo proteico da dieta Recém-nascidos: de 8 a 26 mg/dL
pelo teor do catabolismo proteico Crianças : de 11 a 38 mg/dL
 pelo estado de hidratação do paciente
pela presença de sangramento intestinal.

Nível de uréia serve como um índice preditivo da insuficiência renal


sintomática e no estabelecimento de diagnóstico na distinção entre
várias causas de insuficiência renal.

Mas, a principal utilidade clínica da uréia parece estar na


determinação em conjunto com a creatinina.
Hiperurinemia:
Enfermidades renais (glomerular, tubular, intersticial ou vascular) causam
aumento dos teores de uréia plasmática. Uréia como indicador da
função renal é limitado (vários fatores não renais).
Uremia pré-renal. Distúrbio funcional resultante da perfusão inadequada
dos rins - filtração glomerular diminuída em presença de função renal normal.
Aumento da ureia plasmática sem a concomitante elevação da creatinina
sanguínea
Uremia renal. A filtração glomerular está diminuída, com retenção de ureia
em consequência da insuficiência renal aguda ou crônica resultante de lesões
nos vasos sanguíneos renais, nos glomérulos, nos túbulos ou no interstício.
Uremia pós-renal. Resulta da obstrução do trato urinário com a reabsorção
da ureia pela circulação. Como a obstrução uretral: (cálculos, coágulos,
tumores de bexiga, hipertrofia prostática, compressões externas e necrose
papilar) e a obstrução na saída da bexiga: (bexiga neurogênica, hipertrofia
prostática, carcinoma, cálculos, coágulo e estenose uretral)
Depuração de Uréia - urina
 Amostra: urina de 24 horas

-Não é muito útil na avaliação da taxa de filtração glomerular,


devido a variações na filtração, reabsorção renal, síntese hepática
e dieta.

Para a determinação da depuração da ureia em urina de 24 horas,


deve-se:
- Realizar a dosagem de uréia na amostra de urina diluída
- Realizar a dosagem sérica de ureia
- Cálculos: uréia sérica x fator de diluição (50) x volume urinário
(minutos) / uréia sérica

- VR na urina: 12-34g/24horas
Dosagem de Creatinina
 creatinina é um produto residual da creatina.

Transformação de creatina em creatinina acontece no tecido


muscular: 1%-2% da creatina livre se converte espontâneamente e
irreversivelmente em creatinina todos os dias.

Quantidade de creatinina produzida é dependente da massa


muscular e não apresenta grandes variações diárias.

Creatinina não é reutilizada no metabolismo corporal (É apenas um


produto dos resíduos de creatina).

A creatinina se difunde do músculo para o plasma, de onde é


removida quase que inteiramente e em velocidade
relativamente constante por filtração glomerular.
Dosagem de Creatinina
• Dependendo da A quantidade de creatinina excretada
ingestão de carne na diariamente é proporcional à massa
dieta, pode existir muscular e não é afetada por dieta
alguma (exceto em caso de excesso de
variação em sua carne), idade, sexo ou exercícios, e
concentração no sangue. correspondente a 2% das reservas
corpóreas da creatina-fosfato.
• Em presença de teores Mulher excreta menos creatinina do
marcadamente que o homem devido a menor massa
elevados de creatinina muscular
no plasma, parte da
mesma é também
excretada pelos túbulos
renais
Dosagem de Creatinina
• Taxa de excreção da creatinina é relativamente constante
→ excelente medida para avaliar a função renal.

• Creatinina sérica sofre influências de condições pré-renais:

- intensa atividade ou alteração muscular e, também, devido à


hipovolêmica que leva à diminuição da filtração glomerular
- -creatinina é excretada pelo rim - quando a função renal está
prejudicada, a creatinina sanguínea aumenta

o achado de depuração reduzida da


creatinina e creatinina sérica aumentada é
indicativo de comprometimento da função
renal
Hipercreatinemia
Qualquer condição que reduza a taxa de filtração glomerular
promove menor excreção urinária de creatinina, com o
consequente aumento em sua concentração plasmática

Valores aumentados indicam a deterioração da função renal, com o


nível sérico geralmente acompanhado, paralelamente, a gravidade
da enfermidade.

Por conseguinte, níveis dentro de faixa não implicam


necessariamente em função renal normal.

Valores de referência:
Nas mulheres, entre 0,5 a 1,1 mg/dL
Nos homens, entre 0,6 a 1,2 mg/dL
Causas de Hipercreatinemia
 Pré-renais. Aumentos significativos são comuns na necrose
muscular esquelética ou atrofia (traumatismos, distrofias musculares
progressivamente rápidas, poliomielite, esclerose, miastenia grave).
Também: depleção de sais e água associada ao vômito, diarreia ou
fístulas gastrointestinais, diabetes melito não controlado, uso
excessivo de diuréticos, etc

 Renais. Incluem lesão do glomérulo, dos túbulos, dos vasos


sanguíneos, ou do tecido intersticial renal

 Pós-renais. São frequentes na hipertrofia prostática, nas


compressões extrínsecas dos ureteres, nos cálculos e nas
anormalidades congênitas que comprimem ou bloqueiam os
ureteres.
Taxa de filtração glomerular (TFG)
Medida da depuração de uma substância que é filtrada livremente pelos
glomérulos e não sofre reabsorção ou secreção tubular, por isso é
comumente usada como a medida padrão da avaliação da função renal.

Não informa sobre a causa da doença renal.


É um indicador importante para detecção, avaliação e tratamento da doença
renal crônica e, na prática clínica, a investigação de rotina ocorre através da
determinação das concentrações de creatinina sérica, urinária e da cistatina C.

Um marcador ideal para medir a TFG deve ter uma taxa de produção
constante, ser livremente filtrada, não ser reabsorvida e nem secretada pelos
túbulos renais e não ser metabolizada ou eliminada por vias extrarrenais.

A concentração sérica da creatinina não deve ser utilizada como índice isolado
de avaliação da função renal e existem as equações que utilizam na fórmula a
creatinina sérica e a cistatina C.
Taxa de filtração glomerular (TFG)
Para realização do exame:
- Coletar urina de 24 horas
- Avaliar volume urinário
- Avaliar quantidade de creatinina na urina (mg∕dL)
- Realizar dosagem de creatinina plasmática
- Calcular a depuração pela seguinte fórmula:

DEPURAÇÃO =
UxV U = concentração urinária de creatinina
P = concentração plasmática de creatinina
P V= volume urinário nas 24 horas

VR:
CRIANÇAS: DE 70 A 140 mL/min/1,73 m2
HOMENS : DE 85 A 125 mL/min/1,73 m2
MULHERES: DE 75 A 115 mL/min/1,73 m2
Cistatina C
Proteína cuja concentração sérica depende quase que
exclusivamente da capacidade de filtração glomerular.

É expresso em todas as células nucleadas e tem ritmo constante


de produção.
Depois de filtrada, ela é completamente reabsorvida e
metabolizada, não sendo excretada na urina nem retornando à
corrente circulatória. Sendo assim, esse marcador endógeno
poderia estimar a TFG sem a necessidade de dosagem urinária,
dispensando a coleta minutada de urina e solucionando um dos
principais problemas dos outros marcadores endógenos da TFG.
Sua concentração independe da massa muscular, do sexo ou da
alimentação.
Limitação: CUSTO ELEVADO

VALOR DE REFERÊNCIA: DE 0,6 A 1,1 mg/L


Dosagem de Sódio
• Sódio: cátion predominante no líquido extracelular
• É o principal responsável pela osmolaridade no plasma.
• Exerce importante papel na excitabilidade neuromuscular

Desordens na homeostase :
excessiva perda, ganho ou retenção de sódio
excessiva perda, ganho ou retenção de água

Dieta normal fornece 4 a 5g de sódio (e Cl-) por dia - quase


completamente absorvidos pelo intestino delgado - rapidamente se
difunde pelo corpo;

parte permanece no líquido extracelular, mesmo contra gradiente


de concentração (o teor de sódio no líquido extracelular é maior
que no líquido intracelular).
Dosagem de Sódio
Concentrações de sódio são
mantidas pela atividade da “bomba”
iônica de Na+, K+-ATPase, localizada
na membrana celular e que expulsa o
sódio das células, enquanto promove
a captação ativa de potássio

concentração do sódio plasmático depende, primariamente, da


ingestão e da excreção de água e, em menor extensão, da capacidade
renal de excretar o sódio, quando ocorre excessiva ingestão do sal; e de
conservá-lo, quando a ingestão é baixa.
Os rins têm a capacidade de conservar ou excretar
grandes quantidades de sódio, dependendo do
conteúdo deste no líquido extracelular e do volume
sanguíneo. Normalmente, 60% a 75% do Na+ filtrado
são reabsorvidos no túbulo proximal
Hiponatremia
Anormalidade eletrolítica importante e comum encontrada
isolada ou associada com outras condições médicas.

Ocorre quando níveis séricos estão abaixo de 136 mmol/L e é


considerada severa quando os teores são menores que
120 mmol/L.

o organismo responde à redução da osmolaridade


com a diminuição da sede. Assim, a hiponatremia
ocorre somente quando alguma condição impede
tanto a excreção normal de água livre como o
mecanismo normal da sede ou ambos.

VR=137-145mEq/L
Hipernatremia
aumento nos níveis de sódio no soro: acima de 150 mmol/L.

Todos os estados hipernatrêmicos são hiperosmolares, ocasionando


a perda de água de tecidos.
Fatores de risco: idade acima de 65 anos, incapacidade mental ou física,
hospitalização (intubação, função cognitiva reduzida), cuidados
inadequados da equipe multiprofissional, defeito na concentração da
urina (diabetes insípido), diurese osmótica (diabetes melito), terapia
diurética
Diagnóstico baseia-se na concentração elevada do sódio sérico.
Outros dados laboratoriais, como os eletrólitos e a osmolaridade urinária, são de
grande utilidade.
Na hipernatremia, a osmolaridade urinária está aumentada. A hipernatremia
com redução da osmolaridade urinária ocorre quando o diabetes insípido está
presente. A diurese do diabetes melito promove aumento da perda de água e
hipernatremia
VR=137-145mEq/L
Dosagem de Potássio VR=3,6-5,0mEq/L

• cátion com maior concentração intracelular (2% do potássio total se


encontram no líquido extracelular).

Tanto o aumento (hiperpotassemia), quanto a diminuição (hipopotassemia)


do podem produzir alterações cardiológicas graves, reveláveis ao ECG.

Hiperpotassemia: insuficiência renal aguda, choque transfusional,


insuficiência cardíaca congestiva.

Hipopotassemia: perda do mesmo através do trato gastrointestinal


(vômitos, diarreias e fístulas), pelo uso de diuréticos, etc

Hiperpotassiúria (aumento da excreção urinária de potássio) surge nos


processos de inanição, no aldosteronismo primário ou secundário e na
síndrome de Cushing.
Os eletrólitos têm um papel importante na manutenção da homeostase no
organismo. Nos mamíferos, os líquidos e eletrólitos estão distribuídos nos
compartimentos intra e extracelular, cuja manutenção de volume e
composição, é essencial para processos metabólicos fundamentais à vida, como
a distribuição normal de água e a pressão osmótica das células.

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