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A reprodução é um evento temporal, com isso quer-se dizer que ocorre de forma
periódica em grande parte dos organismos, no qual os seres vivos produzem
descendentes, garantindo assim a continuidade da espécie. No caso específico da espécie
humana essa reprodução se dá de forma sexuada, isso implica dizer que é necessário a
combinação do material genético do macho e da fêmea. Para que ocorra a partilha desse
material genético, contido nos gametas masculino (espermatozoide) e feminino
(ovócito), é necessário um período de maturação e capacitação dos órgãos e células
envolvidos na reprodução.
Nos homens ocorre, também na puberdade, uma série de eventos, coordenados por
hormônios hipofisários e androgênicos, que irá habilitar a sua capacidade reprodutiva.
A fertilização é dependente da ovulação do ovócito secundário, que ocorre no ciclo
ovariano, e da posterior fecundação deste pelo espermatozoide. Entre um evento –
ovulação – e outro – fecundação – há um longo processo que envolve a capacitação
espermática, nidação, formação do zigoto até a implantação do blastocisto no útero e
seu subsequente desenvolvimento ao decorrer da gestação. Tem-se também uma série
de alterações no corpo feminino que irão garantir à mulher as condições fisiológicas para
o sustento do feto em sua vida intrauterina e também após o nascimento. Nesse capítulo
serão abordados todos esses processos, desde a fecundação, perpassando pela
coordenação hormonal na gestação, até o fim da gravide com o parto e a lactação.
FERTILIZAÇÃO E CAPACITAÇÃO
O ciclo ovulatório, o qual ocorre em períodos que duram de 28 à até 45 dias, é responsável pela
maturação dos folículos ovarianos, ao final deste clico tem-se a formação de um ovócito
secundário, parado em meiose II, pronto para ser fecundado pelo espermatozoide. Antes de
ocorrer a ovulação o ovário encontra-se produzindo altos níveis de estrógeno e, em
concentrações mais baixas, de progesterona.
O ovócito que é liberado durante a ovulação é rodeado pelas células do cumulus, também
chamada de corona radiata. Esse ovócito secundário é então capturado pelas fimbrias da tuba
uterina e se locomove através dela pelos movimentos ciliares da própria tuba. Essas etapas da
fertilização duram aproximadamente 6 dias, de modo que a implantação do blastocisto se dará
no dia 22 do ciclo menstrual.
Após a ovulação ocorre a formação do corpo lúteo que tem como função manter o útero viável
durante toda a gravidez. Essa viabilidade uterina é garantida pela ação da progesterona (P) que
está presente em altas concentração durante a fase lútea.
A fertilização é o processo no qual ocorre a junção do material genético presente nos gametas
masculino e feminino, esse evento acontece na parte distal da tuba uterina, também chamada
de ampola da tuba uterina. Entretanto para que ocorra a fertilização é necessário que o
espermatozoide passe antes por um processo de capacitação que o permita penetrar o ovócito
e assim realizar a fecundação com sucesso.
No ato do coito, o gameta masculino presente no sêmen, é ejaculado na vagina da mulher, onde
sofrerá uma série de reações que o capacitarão para nadar até o ovócito e realizar a fecundação.
Milhões de espermatozoides são liberados durante a ejaculação, entretanto apenas 1% do
esperma depositado na vagina alcança a região do colo do útero, e somente 100 chegam à região
da ampola e apenas 1 fecunda o ovócito. O transporte do espermatozoide através da vagina até
as tubas uterinas é auxiliado por contrações do útero e das próprias tubas.
O útero e as tubas uterinas são estimuladas pelas prostaglandinas presente no sêmen masculino,
já o orgasmo da mulher induz a liberação de ocitocina pela hipófise posterior, essas duas
substancias, como já dito, causam contrações que favorecem o movimento dos espermatozoides.
Agora que o espermatozoide se encontra na região da tuba uterina, ele movimenta-se, auxiliado
por flagelos, em direção a ampola, onde pode encontrar o ovócito secundário liberado durante a
ovulação. Acredita-se que moléculas quimioatratoras sinalizem para os espermatozoides,
auxiliando-os a encontrar os ovócitos prontos para serem fecundados. Ao ocorrer a fecundação
tem-se a última parte da meiose e a formação do zigoto. Cabe notar que, antes que ocorra a
fecundação o espermatozoide deve passar pelo processo de capacitação.
Para que o espermatozoide possa realizar suas funções ele precisa sofrer a degradação das
proteínas plasmáticas presentes no sêmen, ou seja, remoção do fluido seminal. A evidência que
o espermatozoide está capacitado é sua hiperatividade, observada pelos movimentos rápidos e
progressivos do flagelo. Agora que sofreram a capacitação os espermatozoides são capazes de
penetrar a corona radiata, essa reação consiste na degradação da matriz extracelular do cumulus
pela proteína hialuronidase PH-20. Após a capacitação ocorre a reação acrossômica (RA), esta
acontece mediante a ligação do espermatozoide à zona pelúcida sendo induzida pela própria
zona pelúcida. Nessa reação são liberadas enzimas que garantem a penetração do
espermatozoide na zona pelúcida. De forma mais detalhada tem-se as seguintes
etapas(FIGURAX), incluindo capacitação e reação acrossômica:
Etapa 1: Espermatozoide penetra o cumulus do ovário. Reação catalisada pelas hialuronidase que
culmina na degradação da matriz extracelular da cumulus.
Etapa 4: Nessa etapa tem-se um influxo de Ca++ intracelular que irá desencadear uma cascata de
sinalização culminando na “ativação” do ovócito que encontrava-se parado em meiose II. Esse
processo permite que o desenvolvimento embrionário inicie-se.
Etapa 5: Vesículas preenchidas com grânulos corticais sofrem exocitose em decorrência da
cascata de sinalização desencadeada pelo Ca++, essas vesículas encontram-se na parte cortical
do ovócito não fertilizado. Esses grânulos são semelhantes a lisossomos e ao serem liberados na
região externa do ovócito provocam modificações nas receptores ZP3 e ZP2 impedindo que
ocorra a capacitação e a reação acrossômica, essas reações que causam alterações químicas e
físicas nos receptores da zona pelúcida é denominada de reação de zona. Como consequência
última da reação de zona, tem-se o bloqueio da polispermia em mamíferos, ou seja, apenas um
espermatozoide penetrará o ovócito. Todavia há casos onde mais de um espermatozoide pode
penetrar o ovócito maduro, nesse caso tem-se uma célula triploide que não conseguirá dar
prosseguimento ao seu desenvolvimento.
REFERENCIA
KOEPPEN, B. M. & STANTON, B. A. (2009). Berne & Levy: Fisiologia, 6ª ed., Ed. Elsevier, Rio de
Janeiro, RJ.
HALL, J. E. (2011) Guyton & Hall: Tratado de Fisiologia Médica, 12ª ed., Ed. Elsevier, Rio de
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SILVERTHORN, D. U. (2010) Fisiologia Humana – uma abordagem integrada, 5ª ed., Ed.
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SADLER, Thomas W.(2013) Langman embriologia médica, 12ª ed., Ed. Guanabara Koogan, Rio
de Janeiro, RJ. Guanabara Koogan.