Você está na página 1de 4

Gametogênese

No homem, os espermatozoides são formados e liberados através do sêmen em plena


maturidade. A meiose que é realizada para formação do gameta masculino resulta na
transformação da espermatogônia em 4 espermatozoides com 23 cromossomos (22+X ou
22+Y). Esse processo se dá em média no prazo de 75 dias.
Nas mulheres o processo é mais lento e complexo, sendo que a partir de uma ovogônia será
formado apenas um gameta com 23 cromossomos.
O processo meiótico possui algumas fases importantes. Ele é iniciado a partir de uma
duplicação dos cromossomos, em uma fase conhecida como interfase, da qual se seguirá a
meiose I e a meiose II.
Na prófase I, da meiose I, temos o processo mais importante: o crossing over, momento no
qual os cromossomos realizam a troca de material genético, formando cromossomos
diferentes. Após esse processo, esses cromossomos se afastam em duplas, formando duas
novas células com material genético duplicado prontas para iniciar a meiose II.
Na meiose II, as fases mais importantes são a metáfase e anáfase II, momento no qual cada
uma das duas célula com cromátides irmãs, depois de se alinharem (metáfase), sofreraão a
quebra dos centrômeros e são levadas para os polos opostos (anáfase), formando 4 células
filhas, sendo duas duplas de células iguais, terminando a meiose II.
Esse processo se renova continuadamente na vida do homem a partir de estímulos hormonais.
A mulher começa sua vida reprodutiva desde a fase embrionária e suas ovogônias são
formadas exclusivamente durante a vida intrauterina. Ao nascer, as células reprodutivas já se
encontram na fase de ovócitos primários, que chegaram até a prófase I.
A cada mês, a mulher irá madurar um desses ovócitos até a forma de ovócito secundário
(chega até a metáfase II) para ser liberado na trompa uterina no 14º dia do ciclo menstrual.
Nesse processo de desenvolvimento, são formadas duas células com 23 cromossomos, porém,
uma delas é o corpúsculo polar, que não possui capacidade de fecundação.
A formação do óvulo efetivamente, com a conclusão da meiose II, ocorre apenas em um
momento posterior, quando o espermatozoide encontra o ovócito e libera seu material
genético no interior do citoplasma do gameta feminino. É nesse exato momento que ocorre
uma nova divisão e a mulher forma uma célula viável
e o segundo corpúsculo polar, que também será
descartado.
Concluída a meiose II na mulher com um óvulo (com
23 cromossomos) viável e o espermatozoide no seu
citoplasma, o material genético das células gaméticas
passa a se espessar, formando o que chamamos de
pronúcleos (feminino e masculino). Eles se
encontrarão no centro e se juntam. É nesse exato
momento que aconteceu a fecundação, formando uma
célula com 46 cromossomos.
Assim, a fertilização acontece em até 24h após a
ovulação.
A dinâmica da gametogênese feminina demonstra que
o ovócito sempre terá a idade da mulher, enquanto os
espermatozoides estão sempre “jovens”. Nesse
sentido, os problemas relacionados com alterações
genéticas no feto estão diretamente correlacionados
com a idade biológica da mulher, o que se explica por
diversos motivos.
Além da diminuição da qualidade dos óvulos com a idade, há uma maior exposição a fatores
ambientais pela mulher que podem danificar o DNA (tais como radiação, toxinas e produtos
químicos), além do processo de envelhecimento natural, que diminui a capacidade de reparo
do material genético.

Ciclo uterino
O ciclo uterino da mulher é fundamental para a fecundação e eventual gestação. Os hormônios
ovarianos causam alterações cíclicas nas estruturas do sistema genital, notadamente no
endométrio.
O 1º dia da menstruação é contado como início do ciclo. A camada funcional do endométrio
descama e é expelida durante o sangramento, que dura de 3 a 5 dias. Após esta fase, o
estrogênio estimula novamente o crescimento do endométrio, com a multiplicação das células
do estroma. Com o pico do LH, estimula-se a ovulação no 14º dia.
O processo de ovulação consiste no rompimento do folículo ovariano que armazena o gameta
feminino, que é liberado cercado de células que garantirão sua proteção (conhecidas como
zona pelúcida e corona radiata).
Nesse momento, passa a prevalecer a ação do hormônio progesterona, com o intuito de
preparar o corpo da mulher para eventual gestação. Nessa fase, imprescindível a ação do corpo
lúteo para manutenção do estímulo hormonal.
Se o óvulo não é fertilizado, o corpo lúteo degenera e a queda hormonal resulta em alterações
vasculares com a isquemia da camada funcional do endométrio, seguida da descamação para
início de um novo ciclo.
Em caso de gravidez, o ciclo menstrual dá lugar ao ciclo gravídico, com a evolução embrionária
do feto.

Fecundação e início da vida


Com a ovulação, há uma espécie de explosão que dá o impulso inicial ao ovócito. Em seguida,
as fímbrias auxiliam na varredura do ovócito para dentro do infundíbulo, até que ele chegue na
parte ideal para fecundação: a ampola da tuba.
O espermatozoide, quando ejaculado, encontra um ambiente favorável para se movimentar.
Primeiramente, o endométrio altamente nutrido liberará um muco que facilita o
deslocamento. Além disso, o líquido seminal bloqueia a acidez da vagina e propicia a
coagulação, para evitar o refluxo do espermatozoide. As prostaglandinas presentes no líquido
seminal estimulam pequenas contrações no útero. E, por fim, a frutose também presente é
fonte de energia para o espermatozoide fazer uso de sua cauda em direção ao óvulo.
Quando o espermatozoide chega na região ampolar, encontra o ovócito, uma grande célula
protegida por uma camada de células do folículo (corona radiata) e por sua zona pelúcida.
O espermatozoide possui em sua cabeça diversas enzimas que auxiliam atravessar essas
barreiras, até chegar efetivamente no interior da célula correspondente ao gameta feminino,
onde ocorrerá a fusão dos pronúcleos.
Importante pontuar que vários espermatozoides liberam enzimas para ultrapassar a corona
radiata, porém, quando um deles chega até a membrana do ovócito a ser fecundado, acontece
uma reação de zona, espécie de reação química que evita que outro espermatozoide também
realize a fecundação.
Ocorrida a fecundação, forma-se um zigoto ou ovo. Nesse processo, já se inicia a duplicação de
DNA, porém, ainda de forma lenta, levando aproximadamente 30h para concluir a duplicação
inicial, formando os primeiros blastômeros.
No 3º dia após a fertilização, o ovo com 16 ou mais blastômeros é denominado mórula e
penetra na cavidade uterina.
No 4º dia, uma cavidade se forma na mórula, que se converte em blástula ou blastocisto. Em
um polo estarão os blastômeros e outro com líquido de nutrição, sendo chamado de cavidade
blastocística.
No 5º dia, o blastocisto encosta no endométrio funcional e, a partir do contato, haverá a perda
da zona pelúcida e as secreções uterinas ingressam no citoplasma, estimulando a implantação
até o 7º dia.
Obs: Não é esse líquido que virará o líquido amniótico.
Entre o encontro dos dois pronúcleos (fertilização) e a implantação (nidação), conclui-se a
primeira semana.
Concluída a implantação, ao redor do blastocisto teremos células de proteção, que são os
trofoblastos; e, o grupamento de células em um dos polos do blastocisto serão chamados de
embrioblastos, que darão origem ao embrião.
As células do trofoblasto penetram no endométrio em busca de nutrição, especificamente nas
artérias espiraladas, ligando-se a elas. Assim, o oxigênio e os nutrientes maternos conseguem
ser transferidas ao embrião, formando a circulação uteroplacentária primitiva.
Muitos abortos acontecem nessa fase. Estima-se que em média 15% dos abortos acontecem
diante da dificuldade de implantação (seja por áreas de fibrose na cavidade uterina, frustração
na tentativa de se ligar com as artérias espiraladas, entre outros).
Ainda na segunda semana, o trofoblasto do polo embrionário se diferencia em duas camadas:
o sinciciotrofoblasto, que será o responsável por invadir o epitélio endometrial e realizar a
conexão com as artérias espiraladas, e outra que fica ao redor de todo o blastocisto, chamado
de citotrofoblasto, para proteger o desenvolvimento inicial do embrião.
O sinciciotrofoblasto é o responsável por produzir Beta HCG, hormônio que será responsável
por manter o corpo lúteo produzindo progesterona, até que a placenta fique adulta e dispense
o endométrio para nutrição e segurança do feto.
Durante a evolução do embrioblasto, forma-se uma quantidade de líquido entre ele e o
sinciciotrofoblasto, formando uma nova cavidade: cavidade amniótica. É essa cavidade que
dará origem ao líquido amniótico.
Nessa fase, o embrioblasto será diferenciado conforme a proximidade com o líquido amniótico:
epiblasto (de cima e mais próxima da cavidade amniótica) e hipoblasto (debaixo e mais
distante), formando um disco embrionário bilaminar.
No 12º dia, a fase bilaminar se completa.
Por volta do 14º dia, as células do hipoblasto se tornam cilíndricas com a formação da placa
pré-cordal, local onde no futuro será formada a boca e organizada a região da cabeça do feto.
Assim é concluída a segunda semana de gestação.

Na terceira semana de gestação, o disco embrionário irá se transformar em trilaminar: o


epiblasto se divide em três camadas (ectoderma, mesoderma e endoderma) e o hipoblasto
encapsula a vesícula formada.
Essas lâminas celulares formam invaginações e dobras, de modo a formarem os tubos que
temos no corpo.
O endoderma é a origem embrionária, portanto, do revestimento digestório e respiratório. O
ectoderma dará origem à epiderme e sistema nervoso e o mesoderma ao restante (músculos,
ossos, vasos sanguíneos etc.).
No disco trilaminar, haverá uma compactação das células do ectoderma para formação da
notocorda (que dará origem à coluna vertebral).
Sequencialmente, haverá a formação do primeiro sistema que alcança estado funcional, o
sistema cardiovascular, com a formação dos vasos sanguíneos. A formação do sangue, no
embrião, somente se inicia no 2º mês, mas a circulação sanguínea tem início no fim da 3ª
semana.
Na 4ª semana de desenvolvimento o corpo do embrião começa a tomar forma. É nesse
momento que a estrutura até então plana irá dobrar-se lateralmente e no eixo céfalo-caudal. O
tubo neural começa diferenciar em cérebro e medula espinhal. Também surgirá o intestino
primitivo.

Você também pode gostar