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CONFISSÕES DE UMA ADOLESCENTE GRÁVIDA S17P1

OBJETIVOS:
1. Compreender as alterações fisiológicas no corpo da mulher grávida.
2. Entender a importância do pré-natal.
3. Listar as orientações acerca da gravidez na adolescência.

FERTILIZAÇÃO

o A fertilização, processo pelo qual os gametas masculino e feminino se fundem, ocorre na região ampular da tuba uterina –
porção mais larga da tuba e próxima ao ovário. Os espermatozoides podem permanecer viáveis no sistema genital feminino
por vários dias.
o Apenas 1% do esperma depositado na vagina penetra o colo do útero, onde os espermatozoides podem sobreviver por
muitas horas. O movimento deles do colo do útero para a tuba uterina ocorre pelas contrações musculares do útero e da
tuba uterina, e muito pouco por sua própria propulsão. A viagem desde o colo do útero até o oviduto pode ocorrer
rapidamente, em 30 min ou até 6 dias. Após alcançarem o istmo, os espermatozoides se tornam menos móveis e param sua
migração. Na oocitação, eles se tornam móveis novamente, talvez por causa dos quimiotáticos produzidos pelas células do
cúmulo que cercam o oócito e nadam pela ampola, onde a fertilização normalmente ocorre. Os espermatozoides não são
capazes de fertilizar o oócito imediatamente após a chegada ao sistema genital feminino; em vez disso, eles devem
sofrer capacitação e reação acrossômica para adquirirem essa capacidade.
o A capacitação é um período de condicionamento no sistema genital feminino que, nos seres humanos, dura
aproximadamente 7 horas. Assim, chegar logo à ampola não é uma vantagem, uma vez que a capacitação ainda não ocorreu
e esses espermatozoides não conseguem fertilizar o oócito. A maior parte desse condicionamento durante a capacitação
acontece na tuba uterina e envolve as interações epiteliais entre os espermatozoides e a superfície mucosa da tuba.
Durante esse período, uma camada de glicoproteínas e proteínas plasmáticas seminais é removida da membrana plasmática
que recobre a região acrossômica do espermatozoide. Apenas os espermatozoides capacitados podem passar pelas células
da coroa radiada e sofrer a reação acrossômica.
o A reação acrossômica, que ocorre após a ligação à zona pelúcida, é induzida por proteínas da mesma. Essa reação culmina
na liberação das enzimas necessárias para a penetração da zona pelúcida, incluindo substâncias semelhantes à acrosina e à
tripsina.
o As fases da fertilização incluem:
• Fase 1: penetração da coroa radiada
• Fase 2: penetração da zona pelúcida
• Fase 3: fusão entra as membranas do oócito e do espermatozoide.

FASE 1 – PENETRAÇÃO DA COROA RADIADA


o Dos 200 a 300 milhões de espermatozoides normalmente depositados no sistema genital feminino, apenas 300 a 500
alcançam o local de fertilização, e somente um deles fertiliza o oócito. Acredita-se que os outros espermatozoides ajudem o
fertilizador a penetrar as barreiras que protegem o gameta feminino. Os espermatozoides capacitados atravessam
livremente as células da coroa

FASE 2 – PENETRAÇÃO DA ZONA PELÚCIDA


o A zona pelúcida é uma camada de glicoproteínas que cerca o oócito, facilita e mantém a ligação do espermatozoide e induz
a reação acrossômica. Tanto a ligação quanto a reação acrossômica são mediadas pelo ligante ZP3, uma proteína da zona. A
liberação das enzimas acrossômicas (acrosina) possibilita que os espermatozoides penetrem a zona, entrando em contato
com a membrana plasmática do oócito.
o A permeabilidade da zona pelúcida se altera quando a cabeça do espermatozoide contata a superfície do oócito. Esse
contato resulta na liberação das enzimas lisossomais dos grânulos corticais que estão alinhados na membrana plasmática
do oócito. Por sua vez, essas enzimas alteram as propriedades da zona pelúcida (reação da zona), para evitar a penetração
do espermatozoide e inativar os locais de receptores específicos de espécies para o espermatozoide na superfície da zona.
Outros espermatozoides são encontrados imersos na zona pelúcida, mas parece que apenas um é capaz de penetrar o
oócito.

FASE 3 – FUSÃO ENTRE AS MEMBRANAS DO OÓCITO E DO ESPERMATOZOIDE


o A adesão inicial do espermatozoide ao oócito é mediada parcialmente pela interação entre integrinas do oócito e seus
ligantes, desintegrinas, no espermatozoide.

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o Após a adesão, as membranas plasmáticas do espermatozoide e do oócito se fundem. Como a membrana plasmática que
cobre a cabeça acrossômica desaparece durante a reação acrossômica, a fusão de fato é alcançada entre a membrana do
oócito e a membrana que recobre a região posterior da cabeça do espermatozoide. Nos seres humanos, tanto a cabeça
quanto a cauda do espermatozoide entram no citoplasma do oócito, mas a membrana plasmática é deixada para trás, na
superfície do oócito. Tão logo o espermatozoide entre no oócito, este responde de três maneiras:
1. Reações cortical e de zona. Como resultado da liberação dos grânulos corticais dos oócitos, que contêm enzimas
lisossomais, a membrana do oócito se torna impenetrável a outros espermatozoides, e a zona pelúcida altera sua
estrutura e sua composição para evitar a ligação e a penetração do espermatozoide. Essas reações evitam
a poliespermia (penetração de um ou mais espermatozoides no oócito)
2. Continuação da segunda divisão meiótica. O oócito termina sua segunda divisão meiótica imediatamente após a
entrada do espermatozoide. Uma das células-filhas, que recebe pouco ou nenhum citoplasma, é conhecida
como segundo corpúsculo polar; a outra é o oócito definitivo ou óvulo. Seus cromossomos (22 mais X) se dispõem em
um núcleo vesicular conhecido como pró-núcleo feminino.
3. Ativação metabólica do óvulo. O fator de ativação provavelmente é carregado pelo espermatozoide. A ativação inclui
eventos moleculares e celulares associados ao início da embriogênese.
o Enquanto isso, o espermatozoide se move para frente até que fique próximo do pró-núcleo feminino. Seu núcleo se torna
aumentado e forma o pró-núcleo masculino; a cauda se desprende e degenera. Morfologicamente, os pró-núcleos
masculino e feminino não são distinguíveis e, por fim, ficam em contato íntimo e perdem seus envelopes nucleares. Durante
o crescimento dos pró-núcleos masculino e feminino (ambos haploides), cada pró-núcleo deve replicar seu DNA. Se isso não
ocorrer, cada célula do zigoto no estágio de duas células terá apenas metade da quantidade normal de DNA. Imediatamente
após a síntese de DNA, os cromossomos se organizam no fuso em preparo para a divisão mitótica normal. Os 23
cromossomos maternos e os 23 paternos (duplicados) separam-se longitudinalmente no centrômero, e as cromátides-irmãs
se movem para polos opostos, fornecendo às duas primeiras células do zigoto a quantidade diploide de cromossomos e de
DNA. Conforme as cromátides-irmãs se movem para polos opostos, aparece um sulco profundo na superfície da célula,
dividindo o citoplasma gradualmente em duas partes.

RESULTADOS DA FERTILIZAÇÃO
o Os principais resultados da fertilização são:
• Restauração da quantidade diploide de cromossomos, metade do pai e metade da mãe. Assim, o zigoto contém uma
nova combinação cromossômica diferente de ambos os pais
• Determinação do sexo do novo indivíduo. Um espermatozoide carregando um X produz um embrião feminino (XX), e
um espermatozoide carregando um Y produz um embrião masculino (XY). Assim, o sexo cromossômico do embrião é
determinado na fertilização
• Início da clivagem. Sem a fertilização, geralmente o oócito degenera 24 h após a oocitação.

FATORES HORMONAIS NA GRAVIDEZ

Na gravidez, a placenta forma quantidade especialmente grandes de gonadotropina coriônica humana, estrogênios,
progesterona e somatotropina coriônica humana, e as três primeiras, e provavelmente também a quarta, são essenciais à
gravidez normal.
A gonadotropina coriônica humana começa a ser secretada pela placenta em torno da quinta semana de gestação.

GONADOTROFINA CORIÔNICA
Causa persistência do corpo lúteo e evita menstruação.
• A secreção de gonadotropina coriônica humana pelos tecidos embrionários em desenvolvimento evita a descamação
do endométrio.
• Simultaneamente ao desenvolvimento das células trofoblásticas do ovo recém-fertilizado, o hormônio gonadotropina
coriônica humana é secretado pelas células trofoblásticas sinciciais para os líquidos maternos. A secreção aumenta em
torno do 8° e 9° dias após a ovulação, atingindo o pico em torno de 10 a 12 semanas de gestação, e diminuindo
novamente a valor mais baixo, por volta de 16 a 20 semanas, continuando nesse nível pelo restante da gestação.
Função da Gonadotropina Coriônica Humana
• É uma glicoproteína que tem como função mais importante evitar a involução do corpo lúteo ao final do ciclo sexual
feminino mensal. Sendo assim, em vez da involução, faz com que o corpo lúteo secrete quantidades ainda maiores de
seus hormônios sexuais – estrogênio e progesterona – pelos próximos meses. Esses hormônios, então, impedem a
menstruação e fazem com que o endométrio continue a crescer armazene grandes quantidades de nutrientes.

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• Por conseguinte, as células semelhantes às células deciduais, que se desenvolvem no endométrio durante o ciclo sexual
feminino normal, transformam-se, na verdade, em células deciduais verdadeiras mais ou menos na mesma época que o
blastocisto se implanta.
• A gonadotropina coriônica também exerce efeito estimulador das células intersticiais nos testículos do feto masculino,
resultando na produção de testosterona em fetos masculinos até o nascimento.

ESTROGÊNIO

• A produção diária de estrogênio placentário aumenta, perto do final da gestação.


• Os estrogênios secretados pela placenta não são sintetizados de novo a partir de substratos básicos da placenta. Em
vez disso, eles são formados quase inteiramente dos compostos esteroides androgênicos, desidroepiandrosterona e 16-
hidroxidesidroepiandrosterona, formados tanto nas glândulas adrenais da mãe quanto nas glândulas adrenais do feto.
• Esses fracos androgênios são transportados pelo sangue para a placenta e convertidos pelas células trofoblásticas em
estradiol, estrona e estriol.
Funções do estrogênio na gravidez
• Aumento do útero materno
• Aumento das mamas maternas e crescimento da estrutura dos ductos da mama
• Aumento da genitália externa feminina da mãe
• Relaxamento dos ligamentos pélvicos da mãe

PROGESTERONA
É secretada em quantidades moderada pelo corpo lúteo no início da gravidez, e é secretada posteriormente em quantidades
enormes pela placenta.

Efeitos da progesterona na gravidez:

• Faz com que as células deciduais se desenvolvam no endométrio uterino. Essas células tem papel importante de
nutrição do embrião inicial.
• Diminui a contratilidade do útero grávido, evitando, assim, que contrações uterinas causem aborto espontâneo.
• Contribui para o desenvolvimento do concepto mesmo antes da implantação, pois especificamente aumenta as
secreções das trompas de Falópio e do útero, proporcionando material nutritivo apropriado para o desenvolvimento da
mórula e do blastocisto,
• Ajuda o estrogênio a preparar as mamas da mãe para a lactação.

SOMATOTROFINA CORIÔNICA HUMANA

• Tem fracas ações semelhantes às do hormônio do crescimento.


• Diminui a sensibilidade à insulina e a utilização de glicose pela mãe, disponibilizando, assim, quantidades maiores de
glicose ao feto.
• Promove a liberação de ácidos graxos livres das reservas da mãe, assim, proporcionando essa fonte alternativa de
energia para o metabolismo materno durante a gravidez.

OUTROS FATORES HORMONAIS NA GRAVIDEZ

• Secreção hipofisária à a hipófise anterior da mãe aumenta, aumentando a produção de corticotropina, tirotropina e
prolactina. Secreção de FSH e de LH é quase totalmente suprimida.
• Secreção de corticoesteroide aumentada à é possível que esses glicocorticoides ajudem a mobilizar aminoácidos dos
tecidos maternos, de maneira que possam ser usados na síntese de tecidos no feto.
• Secreção da glândula tireoide aumentada à aumenta a produção de tiroxina.
• Secreção da glândula paratireoide aumentada à causa a absorção de cálcio dos ossos maternos, mantendo assim, a
concentração normal de íons cálcio no líquido extracelular materno, mesmo quando o feto remove cálcio para ossificar
seus próprios ossos.
• Secreção de relaxina pelos ovários e pela placenta à amolece o colo uterino da gestante no momento do parto.
Acredita-se que atue também como um vasodilatador, contribuindo para aumentar o fluxo sanguíneo.

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ALTERAÇÕES CARDIORESPIRATÓRIAS

o Anatomicamente, observa-se a elevação do músculo diafragma devido ao aumento do útero e da resistência da


musculatura abdominal. Consequentemente, o coração é deslocado para a esquerda e para cima, tomando uma posição
horizontalizada em relação ao coração da mulher não grávida. Esse aumento aparente no tamanho do coração, que pode
ser observado em radiologia, ocorre devido à hipertrofia do ventrículo esquerdo, dificultando o diagnóstico de cardiopatias
em mulheres grávidas.
o Na gravidez há desenvolvimento acentuado da rede vascular do útero, provocado pela ação dos hormônios estrógenos, a
fim de manter a irrigação adequada da placenta e do feto.
o O trabalho cardíaco aumenta cerca de 40% antes da 15ª semana de gestação. Vários fatores contribuem direta ou
indiretamente para esse aumento, entre eles, aumento da volemia, aumento da relação volume-minuto e o aumento do
peso corporal materno. O aumento do volume sangüíneo ocorre entre a 10ª e 20ª semanas, e se dá principalmente, pelo
aumento do volume plasmático e da pré-carga (volume de sangue que chega do retorno venoso ao coração). Como
conseqüência ocorre aumento da demanda sangüínea para o útero, protegendo a mãe quanto ao retorno venoso
prejudicado pela posição ereta, e preparando-a para os efeitos adversos da perda de sangue no parto.
o O volume-minuto aumenta em média 27 a 64%, devido ao aumento da freqüência cardíaca e aumento do condicionamento
das fibras cardíacas devido a ação dos estrógenos.
o Com o aumento da freqüência cardíaca e do débito cardíaco dever-se-ia esperar o aumento da pressão arterial, entretanto,
isso não acontece devido à queda da resistência vascular periférica (pelo aumento na complacência dos vasos), ação
natriurética da progesterona e a queda da vasopressina. A pressão venosa se altera pouco nos membros superiores durante
a gestação, porém aumenta muito nos membros inferiores. Há dilatação e estase das paredes venosas, o que faz aumentar
a predisposição ao aparecimento de varizes, que tendem a se agravar nas gestações subseqüentes. A compressão das veias
pélvicas causa um aumento de até três vezes na pressão venosa dos membros inferiores, o que pode gerar edema. Este tipo
de edema ocorre em cerca de 50% das gestantes normais.
o A Síndrome da Hipotensão Supina se dá quando a gestante está em decúbito dorsal, quando o enchimento cardíaco fica
reduzido devido ao peso do útero, que comprime a veia cava inferior, diminuindo ainda mais o débito cardíaco e
provocando uma hipotensão postural, que pode causar vertigens e até inconsciência. Portanto, quando isso ocorre deve-se
colocar a mulher em decúbito lateral, de preferência esquerdo.
o Outras manifestações clínicas ocorrem pelo aumento da pressão venosa como, dispnéia (pela resposta ventilatória
insuficiente às demandas), diminuição da PCO2 alveolar (pela hiperventilação devido à elevação do diafragma) e taquicardia
no repouso e durante exercícios.
o Do ponto de vista hematológico, entre o terceiro e quinto mês de gestação a quantidade de hemoglobina começa a cair,
atingindo níveis mais baixos entre o quinto e o oitavo mês. O volume dos eritrócitos aumenta durante a gravidez. Pode
haver leucocitose (de neutrófilos polimorfonucleares e linfócitos). Observa-se tendência à hipercoagulabilidade sangüínea
pelo aumento de quase todos os fatores de coagulação. Durante a gestação também ocorre diminuição do número de
plaquetas, e da atividade fibrinolítica no plasma, o que volta ao normal logo após o parto.
o Nos rins, útero, pele e outros órgãos pélvicos há aumento de fluxo sangüíneo, enquanto no cérebro, fígado e músculos
esqueléticos não há alteração. Na pele o aumento do fluxo se dá principalmente em antebraços, mãos e pé.
o Quanto às alterações respiratórias na gravidez ocorre o aparecimento de eritema e edema em toda a mucosa do aparelho
respiratório, podendo causar obstrução nasal, alterações na voz e tendência a processos broncopulmonares infecciosos. O
diâmetro antero-posterior da caixa torácica aumenta cerca de 2 a 3 cm e a circunferência total aumenta em média 6 cm.. O
diafragma eleva-se durante a gravidez em decorrência do útero aumentado, o que afeta as costelas, fazendo-as dilata.
o No período gravídico o nível de progesterona circulatória aumenta, sensibilizando o centro respiratório da medula. Como a
gestação exige maior demanda de oxigênio, esses dois fatores juntos estimulam a ventilação.

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ALTERAÇÕES DIGESTÓRIAS

o Na boca observa-se hiperatividade das glândulas salivares, o que pode levar à sialorréia. A diminuição da estabilidade dos
dentes pode ser conseqüência da falta de ácido ascórbico e cálcio, e as cáries, se aparecerem não são por descalcificação,
mas sim por falta de flúor ou má higiene.
o O apetite pode diminuir no início da gravidez e começa a aumentar a partir do terceiro trimestre. Náuseas e vômitos são
freqüentes.
o O estômago pode mudar sua posição pela compressão do útero. Ocorre aumento no tempo de esvaziamento gástrico e
pode ocorrer aumento na pressão intragástrica, além de hipersecreção com hipoacidez e hipocloridria, não aumentando o
poder fermentativo.
o O esôfago diminui de tamanho, há relaxamento da cárdia e se houver aumento da pressão intra-abdominal pode acontecer
refluxo esofágico. É muito comum verificar a presença de pirose (azia) nas grávidas, e isso ocorre devido à somatória de
alguns fatores, como refluxo de secreções acidógenas para o esôfago e diminuição da pressão intra-esofagiana.
o O fígado desloca-se para cima, para a direita e para trás, ficando escondido sob o gradil costal. Ele sofre grandes alterações
funcionais e pela ação dos estrógenos podem ocorrer teleangiectasias e eritema.
o A vesícula biliar pode ficar hipotônica e lentificar seu esvaziamento, o que pode causar uma estase biliar e aumento da
saturação de colesterol. Consequentemente, pode ocorrer o aparecimento de cálculos e espessamento da bile.
o O intestino delgado desloca-se e tem seu tônus e mobilidade diminuídos, prolongando o esvaziamento gástrico e o trânsito
intestinal. Esse quadro pode provocar constipação e dificuldade em expulsar as fezes. Somando-se a isso há um aumento da
pressão nas veias abaixo do nível do útero, o que provoca hemorróidas em muitas grávidas.
o A média de ganho de peso é de 10 a 12 kg (1,2 de sangue, 0,5 de mamas, 3 de feto, 0,6 de placenta, 0,8 de líquido
amniótico, 0,9 de útero dilatado, 4,0 de depósitos de gordura e 1,3 de fluido extra-celular.

ALTERAÇÕES URINÁRIAS

o Observa-se aumento no suprimento de sangue renal desde o início da gravidez. Os rins aumentam de peso e tamanho,
sofrem dilatação da pélvis renal, aumento da taxa de filtração glomerular no primeiro trimestre e aumento da função dos
túbulos. Nestes há retenção gradual de sódio e água. Se a gestante permanece em decúbito dorsal, há queda do filtrado
glomerular e retenção sódica.
o Há gestantes normais que excretam glicose durante a gestação, embora não se deve descartar a hipótese de diabetes. Foi
demonstrado que na excreção urinária da grávida há quantidade aumentada de nutrientes. Ocorre perda de vitaminas
hidrossolúveis e aminoácidos muito maior que nas mulheres não-grávidas. Observa-se aumento da capacidade ureteral com
coluna de urina mais estática pela diminuição do tônus e do peristaltismo. Com maior armazenamento e estagnação de
urina, há predisposição a infecções urinárias na gravidez.
o Antes do quarto mês de gestação há alterações anatômicas significativas na bexiga, e a partir dessa ocasião o volume
aumentado do útero juntamente com a hiperemia que afeta os órgãos pélvicos, eleva o trígono e produz espessamento de
sua margem posterior ou intra-uretérica

ALTERAÇÕES DERMATOLÓGICAS

o As alterações na pele e anexos durante a gravidez ocorrem principalmente pela ação dos hormônios e pelo aumento do
metabolismo. O aumento no fluxo sangüíneo para a pele leva a maior atividade das glândulas sebáceas e sudoríparas. As
aréolas aumentam de volume e aparecem como pequenas pápulas castanhas chamadas tubérculos de Montgomery.
o O efeito sobre a acne é imprevisível e em alguns casos a mulher desenvolve acne pela primeira vez durante a gravidez.
o Pode ocorrer hiperpigmentação na face, aréolas mamárias, linha alba e região vulvoperineal. Alterações de pigmentação
ocorrem em resposta ao hormônio melanotrófico estimulante e normalmente tendem a desaparecer após o parto.
o Estrias podem aparecer sobre nádegas, abdome e mamas. Não há provas de que a utilização de óleos para prevenção seja
eficaz, mas pode aliviar a sensação de estiramento da pele. O ganho de peso materno e fetal parecem influenciar no
desenvolvimento de estrias
o Podem aparecer outras alterações vasculares, como teleangiectasias eritema palmar, edema não desprezível, varicosidades,
instabilidade vasomotora, púrpura e hiperemia gengival. Pode haver também queda de cabelos e neoformação de pêlos em

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locais antes inexistentes. As unhas podem apresentar sulcos transversos, fragilidade, onicólise distal e hiperqueratose
subungueal.

ALTERAÇÕES MUSCULOESQUELÉTICAS

o Alterações hormonais induzem a um aumento generalizado nas articulações, favorecendo entorses de tornozelo. Outras
articulações que ficam com a mobilidade aumentada são sacroilíaca, sacrococcígea e pubiana. Na segunda gestação ocorre
um maior aumento de flexibilidade articular em relação à primeira gestação. No período pós-parto, normalmente, a
mobilidade articular regride para valores semelhantes ao da pré-gravidez, o que pode demorar até seis meses.
o Conforme o útero cresce, o abdome dilata e a mulher muda seu centro de gravidade (CG) tendo seu peso anteriorizado.
Para manter o equilíbrio, é necessário adaptar a postura e a musculatura responsável por esta. Ocorre aumento das curvas
torácica e lombar, alteração no eixo da bacia, afastamento dos ombros em relação ao corpo, tendência à hiperextensão de
joelhos e rebaixamento dos arcos longitudinais dos pés. Um estudo detectou aumento da lordose cervical, aumento da
lordose lombar e protração e hiperextensão dos ombro. Na maioria das mulheres há aumento das curvas torácica e lombar
e 50% delas apresentam dor nas costas. Em contrapartida, outro estudo detectou não haver alterações signifi cativas nas
curvas torácica e lombar, mas observou aumento signifi cativo da extensão de quadril e de cabeça e diminuição da distância
de maléolo e de joelho em relação à linha de prumo, com inclinação posterior do corpo.
o A ocorrência de lombalgia em gestantes como única complicação é muito comum e pode ser de causa lombar ou sacroilíaca.
A dor lombar pode ocorrer com ou sem irradiação para os membros inferiores e relaciona-se com alterações biomecânicas
e hormonais. A dor sacroilíaca é referida distal e lateralmente à coluna lombar, podendo irradiar para membros inferiores e
estar associada à infecção urinária. A dor lombar pode ser causada por aumento da lordose lombar, frouxidão ligamentar,
pressão direta do feto na região do nervo lombossacro e tensão dos músculos antigravitacionais quando os abdominais
estão fracos. Outro fator relacionado seria o ganho de peso que sobrecarrega a lombar.
o O andar da mulher grávida é característico, lembra a deambulação de gansos. No entanto, a análise de marcha em grávidas
não revelou alteração significativa. Observou-se que o alargamento da pelve é compensado por um aumento na adução
máxima do quadril, que assim mantém os pés alinhados durante o apoio simples, evitando que haja aumento da base de
sustentação. Observou-se ainda que a coordenação entre as rotações é afetada na gestação, provavelmente devido à dor.
Outro estudo concluiu que a marcha é normal nas gestantes sem dor, com pequena alteração na coordenação pelve/tórax.
o Em relação às alterações na parede abdominal, as fibras musculares abdominais permitem estiramento, mas o colágeno (da
aponeurose, das bainhas fibrosas, interseções e da linha alba) provavelmente sofre mudança estrutural em resposta aos
hormônios. Ocorre dilatação dos músculos retos abdominais durante toda a gravidez, o que aumenta a distância entre eles
e em alguns casos pode haver separação da linha alba sob esforço, a chamada diástase abdominal.
o As articulações pélvicas sofrem grandes transformações, pois há aumento da vascularização e hidratação das cartilagens
internas à articulação, fazendo com que os ligamentos articulares desta região fiquem mais distendidos. O relaxamento
cartilaginoso mais importante que ocorre é o da sínfise púbica, que vai amolecendo conforme a gestação avança. A cintura
pélvica alarga e os dois ligamentos da sínfise relaxam. Quando a dilatação da sínfise é ampla demais aparecem dores, como
se fossem abdominais, que podem não ser reconhecidas facilmente.
o No terceiro trimestre há aumento na retenção de água, que pode ocasionar edema nos pés e tornozelos das gestantes. O
edema pode levar ainda a compressão nervosa, como a síndrome do túnel do carpo. Outra explicação para essa fraqueza e
dor em membros superiores é a postura adotada nos últimos trimestres da gestação, quando a lordose lombar aumentada,
juntamente com uma flexão anterior do pescoço e depressão da cintura escapular, geram tração nos nervos cubital e
mediano. Um estudo de caso chamou a atenção para a compressão do nervo femoral devido à gestação.

PRÉ-NATAL

o A realização do pré-natal representa papel fundamental na prevenção e/ou detecção precoce de patologias tanto maternas
como fetais, permitindo um desenvolvimento saudável do bebê e reduzindo os riscos da gestante. Informações sobre as
diferentes vivências devem ser trocadas entre as mulheres e os profissionais de saúde. Essa possibilidade de intercâmbio de
experiências e conhecimentos é considerada a melhor forma de promover a compreensão do processo de gestação.

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VANTAGENS

o Permite identificar doenças que já estavam presentes no organismo, porém, evoluindo de forma silenciosa, como a
hipertensão arterial, diabetes, doenças do coração, anemias, sífilis, etc. Seu diagnóstico permite medidas de tratamento
que evitam maior prejuízo à mulher, não só durante a gestação, mas por toda sua vida;
o Detecta problemas fetais, como más formações. Algumas delas, em fases iniciais, permitem o tratamento intraútero que
proporciona ao recém-nascido uma vida normal;
o Avalia aspectos relativos à placenta, possibilitando tratamento adequado. Sua localização inadequada pode provocar graves
hemorragias com sérios riscos maternos
o Identifica precocemente a pré-eclâmpsia, que se caracteriza por elevação da pressão arterial, comprometimento da função
renal e cerebral, ocasionando convulsões e coma. Esta patologia constitui uma das principais causas de mortalidade no
Brasil.

CADERNETA DA GESTANTE
https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/agosto/31/Caderneta-da-Gestante-2018.pdf

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