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Rastreamento e diagnóstico do diabetes mellitus

Capítulo 6 - Rastreamento e diagnóstico do diabetes mellitus

Critérios Diagnósticos do diabetes mellitus

Atualmente são três os critérios aceitos para o diagnóstico de DM com utilização


da glicemia:

1. Sintomas de poliúria, polidipsia e perda ponderal acrescidos de glicemia casual


≥ 200 mg/dl. Entende-se por glicemia causal aquela realizada a qualquer hora
do dia, independente do horário das refeições.
2. Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dl.
3. Glicemia de 2h pós sobrecarga de 75g de glicose ≥ 200mg/dl.

Tabela 11: Valores de glicose plasmáticas (em mg/dl) para diagnóstico de diabetes
mellitus (DM) e seus estágios pré-clínicos.
2h após 75g de
Categoria Jejum* Casual*
glicose
Glicemia normal < 100 < 140
Glicemia de jejum
≥ 100 e < 126 < 140
alterada¹
Tolerância à
glicose ≥ 100 a < 126 ≥ 140 a < 200
diminuída²
≥ 200 com
Diabetes mellitus ≥ 126 ≥ 200 sintomas
clássicos**

*O Jejum é definido como falta de ingestão calórica por no mínimo 8h e a glicemia casual é aquela
realizada a qualquer hora do dia, sem considerar o intervalo desde a última refeição.
**Os sintomas clássicos do DM incluem poliúria, polidipsia e perda de peso não explicada.
NOTA: o diagnóstico do DM deve sempre ser confirmado pela repetição do teste em outro dia, a
menos que haja hiperglicemia inequívoca com descompensação metabólica aguda ou sintomas
óbvios de DM.
1 e 2: As duas situações são também conhecidas por pré-diabetes ou risco aumentado para DM.
Fonte: Adaptado de Diretrizes Sociedade Brasileira de Diabetes, 2017-2018.

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O exame de Hemoglobina glicada (HbA1c) sofre interferência de algumas


situações, como anemia, hemoglobinopatias e uremia, além disso para diagnóstico de
DM o exame deve ocorrer por método padronizado e o laboratório deve ser certificado
pelo National Glycohemoglobin Stardandization Program. No município este exame é
feito por diferentes prestadores, portanto, recomenda-se que o exame da hemoglobina
glicada não seja usado no munícipio como rotina de rastreamento e diagnóstico, e sim
como um exame de acompanhamento do controle metabólico.

Certas situações como, trauma físico ou emocional, medicamentos, infecções,


podem alterar o metabolismo de carboidratos. O indivíduo deve manter-se em repouso
e não fumar durante o teste oral de tolerância à glicose (TTG). Nas crianças o TTG é
necessário apenas esporadicamente e a dose recomendada é de 1,75g de glicose/kg
de peso até no máximo de 75g. Os critérios diagnósticos são os mesmos que para
adultos não gestantes.

Os sinais clássicos do diabetes, embora presentes do DM tipo 2, são mais


agudos no tipo 1, podendo progredir para cetose, desidratação e acidose metabólica,
especialmente na presença de estresse agudo.

No DM tipo 2, o início é insidioso e muitas vezes a pessoa não apresenta


sintomas. Frequentemente, a suspeita é feita pela presença de uma complicação tardia.
Os elementos clínicos que levantam a suspeita de DM incluem: fraqueza, letargia,
astenia, boca seca, visão turva, emagrecimento rápido, sinais e sintomas relacionados
a complicações do diabetes (proteinúria, neuropatia periférica, retinopatia, ulcerações
crônicas nos pés, impotência sexual, infecções urinárias e vulvovaginite de repetição).

Rastreamento do diabetes mellitus

Algumas ações podem prevenir o diabetes e suas complicações. Essas ações


podem ter como alvo rastrear quem tem alto risco para desenvolver a doença
(prevenção primária) e assim iniciar cuidados preventivos; além de rastrear quem tem
diabetes, mas não sabe (prevenção secundária), a fim de oferecer o tratamento mais
precoce. O público-alvo para rastreamento do DM preconizado está apresentado na
tabela 12.

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Tabela 12: Critérios para o rastreamento do DM em adultos assintomáticos


Excesso de peso (IMC ≥ 25 Kg/m²);
Idade ≥ 45 anos;
Exame prévio de HbA1c ≥ 5,7%, tolerância à glicose diminuída ou glicemia de jejum
alterada;
História de pai ou mãe com diabetes;
História de diabetes gestacional;
História de doença cardiovascular;
Risco cardiovascular moderado ou alto.
Hipertensão arterial (≥ 140/90mmHg ou terapia anti-hipertensiva);
Dislipidemia: triglicérides > 250mg/dl ou HDL-C < 35mg/dl;
Síndrome de ovários policísticos;
Inatividade física (associado a pelo menos mais um critério);
Outras condições clínicas associadas a resistência insulínica (Exemplo: obesidade
severa e Acantose nigricans);

Fonte: American Diabetes Association, 2017.

A consulta de rastreamento também pode ser realizada pelo Enfermeiro com o


objetivo de conhecer a história pregressa, avaliar as condições de saúde e solicitar os
exames laboratoriais necessários, encaminhando para o médico, em um segundo
momento, os casos suspeitos que necessitem de confirmação. Seguir o fluxograma de
rastreamento e diagnóstico do DM2.

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DM: Diabetes mellitus; MEV: Mudança de Estilo de Vida; TTG: Teste de


Tolerência à Glicose.
Fonte: Adaptado de Cadernos da Atenção Básica, n. 36, Ministério da Saúde,
2013.

Figura 9: Fluxograma de rastreamento e diagnóstico do diabetes mellitus Tipo 2 (DM2)

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Figura 10: Fluxograma do diagnóstico e acompanhamento do diabetes gestacional


* Relação albumina/creatinina urinária
Fonte: Protocolo Diabetes Gestacional – Protocolo colaborativo Programa Saúde da Mulher e
Programa de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas não Transmissíveis. 2017

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