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Profª. Ma.

Márcia Teixeira-Silva
Introdução
• Reprodução;

• Os seres humanos são sexualmente dimórficos [di, dois + morphos, forma], isto é,
homens e mulheres são fisicamente distintos;

• Biologia da reprodução e do desenvolvimento humano;

• Gametas que se fundem para formar o ovo fertilizado, ou zigoto;

• Quando o zigoto começa a se dividir (estágio de 2 células, 4 células, etc.), torna-se


primeiro um embrião (0 a 8 semanas de desenvolvimento) e depois um feto (a partir
da 8ª semana de desenvolvimento até o nascimento).
Determinação do sexo
• Os órgãos sexuais de homens e mulheres consistem em três conjuntos de
estruturas:

• gônadas – são os órgãos que produzem os gametas (oócitos e espermatozoides) que se


unem para formar um novo indivíduo. Testículos e ovários;

• genitália interna - consiste em glândulas acessórias e ductos que conectam as gônadas


com o meio externo

• genitália externa - inclui todas as estruturas reprodutivas externas


A diferenciação sexual ocorre no início do desenvolvimento

• Antes da diferenciação, os tecidos embrionários são considerados bipotenciais


porque não podem ser morfologicamente identificados como masculino ou
feminino;

• Sob a influência do sinal de desenvolvimento, a medula irá se desenvolver


formando um testículo. Na ausência desse sinal, o córtex irá se diferenciar em
tecido ovariano;

• A determinação do sexo depende da presença ou ausência da região


determinante do sexo do cromossomo Y, ou gene SRY.
Fertilização
• A fertilização, processo pelo qual os gametas masculino e feminino se fundem, ocorre
na região ampular da tuba uterina – porção mais larga da tuba e próxima ao ovário;

• Os espermatozoides podem permanecer viáveis no sistema genital feminino por vários


dias;

• Apenas 1% do esperma depositado na vagina penetra o colo do útero, onde os


espermatozoides podem sobreviver por muitas horas;

• O movimento deles do colo do útero para a tuba uterina ocorre pelas contrações
musculares do útero e da tuba uterina, e muito pouco por sua própria propulsão;

• A viagem desde o colo do útero até o oviduto pode ocorrer rapidamente, em 30 min
ou até 6 dias.
Fertilização
• Após alcançarem o istmo, os espermatozoides se tornam menos móveis e
param sua migração;

• Na oocitação, eles se tornam móveis novamente, talvez por causa dos


quimiotáticos produzidos pelas células do cúmulo que cercam o oócito e nadam
pela ampola, onde a fertilização normalmente ocorre;

• Os espermatozoides não são capazes de fertilizar o oócito imediatamente após a


chegada ao sistema genital feminino; em vez disso, eles devem sofrer
capacitação e reação acrossômica para adquirirem essa capacidade.
Transporte do óvulo
• O transporte do ovócito pela tuba geralmente leva 3 a 4 dias, se ocorrer ou não
a fertilização;

• O transporte do ovócito tipicamente ocorre em duas fases: transporte lento na


ampola (aproximadamente 72 horas) e uma fase mais rápida (8 horas) durante a
qual o ovócito ou o embrião passa através do istmo e entra no útero;

• Por um mecanismo mal compreendido, possivelmente o edema local ou a


reduzida atividade muscular, o ovócito é temporariamente impedido de entrar
na parte do istmo da tuba, mas sob a influência da progesterona, a junção
uterotubárica relaxa e possibilita a entrada do ovócito.
Transporte do espermatozoide
• O transporte dos espermatozoides ocorre em ambos os tratos reprodutivos,
masculino e feminino;

• No trato reprodutivo masculino, o transporte dos espermatozoides está


intimamente ligado à sua maturação estrutural e funcional, enquanto no trato
reprodutivo feminino, é importante para os espermatozoides a passagem para a
parte superior da tuba uterina, onde eles podem encontrar o ovócito ovulado.
Após a espermiogênese nos túbulos seminíferos, os
espermatozoides são morfologicamente maduros, mas são
imóveis e incapazes de fertilizarem um óvulo;

Os espermatozoides são transportados passivamente, via


líquido testicular, a partir dos túbulos seminíferos para a
cabeça do epidídimo através da rede testicular e dos
dutos eferentes;

Os espermatozoides passam cerca de 12 dias no duto


epididimário, durante esse tempo eles sofrem a
maturação bioquímica;

O período de maturação está associado às mudanças nas


glicoproteínas da membrana plasmática da cabeça dos
espermatozoides. No momento em que os
espermatozoides alcançam a cauda do epidídimo, eles são
capazes de fertilizar o óvulo.
Dentro de cerca de 10 segundos, o pH da parte
superior da vagina aumenta de 4,3 para 7,2.

O efeito de tamponamento dura apenas alguns


minutos em humanos, mas proporciona tempo
suficiente para os espermatozoides se
aproximarem do colo do útero em um ambiente
(pH 6,0 a 6,5) ideal para a motilidade dos
espermatozoides.
A composição e a viscosidade do muco cervical variam consideravelmente ao longo do ciclo
menstrual;

Composto por mucina cervical (uma glicoproteína com uma alta composição de carboidratos) e
componentes solúveis, o muco cervical não é facilmente penetrado;

Entre os dias 9 e 16 do ciclo, entretanto, o seu conteúdo de água aumenta, e essa mudança
facilita a passagem dos espermatozoides pelo colo do útero em torno do período da ovulação;
tal muco é às vezes chamado de muco E.

Após a ovulação, sob a influência da progesterona, a produção de muco cervical aquoso cessa, e
um novo tipo de muco pegajoso, que possui um conteúdo de água muito menor, é produzido.
Esse muco progestacional, às vezes chamado de muco G, é quase completamente resistente à
penetração do espermatozoide.
Capacitação
• A capacitação é um período de condicionamento no sistema genital feminino
que, nos seres humanos, dura aproximadamente 7 horas;

• Assim, chegar logo à ampola não é uma vantagem, uma vez que a capacitação
ainda não ocorreu e esses espermatozoides não conseguem fertilizar o oVócito;

• A maior parte desse condicionamento durante a capacitação acontece na tuba


uterina e envolve as interações epiteliais entre os espermatozoides e a superfície
mucosa da tuba.
Uma fase da capacitação é a remoção do colesterol da superfície dos espermatozoides;

O colesterol é um componente do sêmen e atua para inibir a capacitação prematura;

A próxima fase da capacitação consiste na remoção de muitas das glicoproteínas que


foram depositadas na superfície dos espermatozoides durante a sua detenção no
epidídimo.
Fertilização
• Durante esse período, uma camada de glicoproteínas e proteínas plasmáticas
seminais é removida da membrana plasmática que recobre a região acrossômica
do espermatozoide;

• Apenas os espermatozoides capacitados podem passar pelas células da coroa


radiada e sofrer a reação acrossômica;

• A reação acrossômica, que ocorre após a ligação à zona pelúcida, é induzida por
proteínas da mesma. Essa reação culmina na liberação das enzimas necessárias
para a penetração da zona pelúcida, incluindo substâncias semelhantes à
acrosina e à tripsina.
Fertilização
• As fases da fertilização incluem:

■ Fase 1: penetração da coroa radiada

■ Fase 2: penetração da zona pelúcida

■ Fase 3: fusão entra as membranas do ovócito e do espermatozoide.


Fertilização
■ Fase 1: penetração da coroa radiada:

• Dos 200 a 300 milhões de espermatozoides normalmente depositados no


sistema genital feminino, apenas 300 a 500 alcançam o local de fertilização, e
somente um deles fertiliza o ovócito;

• Acredita-se que os outros espermatozoides ajudem o fertilizador a penetrar as


barreiras que protegem o gameta feminino. Os espermatozoides capacitados
atravessam livremente as células da coroa.
Fertilização
■ Fase 1: penetração da coroa radiada:

• Os espermatozoides capacitados em contato com as células da corona radiata,


sofrem mudanças moleculares complexas que resultam no desenvolvimento de
perfurações no acrossomo;

• Fusão da membrana plasmática com a membrana externa do acrossomo;

• Promovendo aberturas liberando enzimas, hialuronidase e acrosina.


Fatores que contribuem para dispersão das
células da corona radiata:

1 – Ação da enzima hialuronidase;

2- Enzimas da mucosa tubária;


3 – Movimentos da cauda do espermatozoide.
Fertilização
■ Fase 2: penetração da zona pelúcida

• A zona pelúcida é uma camada de glicoproteínas que cerca o oócito, facilita e mantém
a ligação do espermatozoide e induz a reação acrossômica;

• Tanto a ligação quanto a reação acrossômica são mediadas pelo ligante ZP3, uma
proteína da zona;

• A liberação das enzimas acrossômicas (acrosina) possibilita que os espermatozoides


penetrem a zona, entrando em contato com a membrana plasmática do oócito;

• A permeabilidade da zona pelúcida se altera quando a cabeça do espermatozoide


contata a superfície do oócito.
A liberação das enzimas acrossômicas: acrosina (proteolítica), esterase, neuraminidase.
Fertilização
■ Fase 2: penetração da zona pelúcida

• Esse contato resulta na liberação das enzimas lisossomais dos grânulos corticais
que estão alinhados na membrana plasmática do oócito;

• Por sua vez, essas enzimas alteram as propriedades da zona pelúcida (reação da
zona), para evitar a penetração do espermatozoide e inativar os locais de
receptores específicos de espécies para o espermatozoide na superfície da zona.

• Outros espermatozoides são encontrados imersos na zona pelúcida, mas parece


que apenas um é capaz de penetrar o oócito.
Fertilização
■ Fase 3: fusão entra as membranas do oócito e do espermatozoide:

• A adesão inicial do espermatozoide ao oócito é mediada parcialmente pela interação


entre integrinas do oócito e seus ligantes, desintegrinas, no espermatozoide;

• Após a adesão, as membranas plasmáticas do espermatozoide e do oócito se fundem;

• Como a membrana plasmática que cobre a cabeça acrossômica desaparece durante a


reação acrossômica, a fusão de fato é alcançada entre a membrana do oócito e a
membrana que recobre a região posterior da cabeça do espermatozoide;

• Nos seres humanos, tanto a cabeça quanto a cauda do espermatozoide entram no


citoplasma do oócito, mas a membrana plasmática é deixada para trás, na superfície
do oócito.
Fertilização
• Tão logo o espermatozoide entre no oócito, este responde de três maneiras:

1. Reações cortical e de zona - liberação dos grânulos corticais dos oócitos, que
contêm enzimas lisossomais, a membrana do oócito se torna impenetrável a
outros espermatozoides, e a zona pelúcida altera sua estrutura e sua composição
para evitar a ligação e a penetração do espermatozoide;

Essas reações evitam a poliespermia (penetração de um ou mais


espermatozoides no oócito).
Fertilização
• Tão logo o espermatozoide entre no oócito, este responde de três maneiras:

2. Continuação da segunda divisão meiótica. O oócito termina sua segunda


divisão meiótica imediatamente após a entrada do espermatozoide. Uma das
células-filhas, que recebe pouco ou nenhum citoplasma, é conhecida como
segundo corpúsculo polar; a outra é o oócito definitivo ou óvulo. Seus
cromossomos (22 mais X) se dispõem em um núcleo vesicular conhecido como
pró-núcleo feminino;

3. Ativação metabólica do óvulo. O fator de ativação provavelmente é carregado


pelo espermatozoide.
Fertilização
• Enquanto isso, o espermatozoide se move para frente até que fique próximo do
pró-núcleo feminino;

• Seu núcleo se torna aumentado e forma o pró-núcleo masculino, a cauda se


desprende e degenera;

• Durante o crescimento dos pró-núcleos masculino e feminino (ambos


haploides), cada pró-núcleo deve replicar seu DNA;

• Se isso não ocorrer, cada célula do zigoto no estágio de duas células terá apenas
metade da quantidade normal de DNA.
Fertilização
• Imediatamente após a síntese de DNA, os cromossomos se organizam no fuso
em preparo para a divisão mitótica normal;

• Os 23 cromossomos maternos e os 23 paternos (duplicados) separam-se


longitudinalmente no centrômero, e as cromátides-irmãs se movem para polos
opostos, fornecendo às duas primeiras células do zigoto a quantidade diploide
de cromossomos e de DNA;

• Conforme as cromátides-irmãs se movem para polos opostos, aparece um sulco


profundo na superfície da célula, dividindo o citoplasma gradualmente em duas
partes.
Singamia. Os pronúcleos estão muito próximos um do outro no centro da célula-ovo e perdem suas cariotecas;

Anfimixia (cariogamia). Por fim, os cromossomos voltam a se condensar e se localizam no plano equatorial da célula,
do mesmo modo que fazem isso em uma metáfase mitótica comum;
Visão em contraste de fase do estágio pró-nuclear de um oócito humano fertilizado com pró-
núcleos masculino e feminino. B. Estágio de duas células do zigoto humano.
Fertilização
■ Os principais resultados da fertilização são:

■ Restauração da quantidade diploide de cromossomos, metade do pai e


metade da mãe. Assim, o zigoto contém uma nova combinação cromossômica
diferente de ambos os pais

■ Determinação do sexo do novo indivíduo. Um espermatozoide carregando um


X produz um embrião feminino (XX), e um espermatozoide carregando um Y
produz um embrião masculino (XY). Assim, o sexo cromossômico do embrião é
determinado na fertilização

■ Início da clivagem. Sem a fertilização, geralmente o oócito degenera 24 h após


a oocitação.
Clivagem
• Uma vez que o zigoto tenha alcançado o estágio de duas células, ele passa por
uma série de divisões mitóticas, aumentando o número de células;

• Essas células, que se tornam menores a cada divisão de clivagem, são


conhecidas como blastômeros;

• Até o estágio de oito células, elas formam um grupo sem associações entre si;

• Entretanto, após a terceira clivagem, os blastômeros maximizam seus contatos


uns com os outros, formando uma bola compacta de células mantidas unidas
por junções de oclusão.
Clivagem
• Esse processo, a compactação, segrega as células internas, que se comunicam
intensamente por junções comunicantes, das células externas;

• Aproximadamente 3 dias após a fertilização, as células do embrião compactado


se dividem novamente, formando uma mórula de 16 células (que lembra uma
amora);

• As células internas da mórula constituem a massa celular interna, e as células


circunjacentes compõem a massa celular externa;

• A massa celular interna origina os tecidos do embrião em si e a massa celular


externa forma o trofoblasto, que mais tarde contribui para a formação da
placenta.
Formação do blastocisto
• Por volta do período em que a mórula entra na cavidade uterina, um fluido
começa a penetrar os espaços intercelulares da massa celular interna através da
zona pelúcida;

• Gradualmente, esses espaços intercelulares se tornam confluentes e,


finalmente, é formada uma única cavidade, a blastocele;

• Nesse período, o embrião é denominado blastocisto;

• As células da massa celular interna, chamada agora de embrioblasto, estão em


um polo, e as da massa celular externa, ou trofoblasto, achatam-se e formam a
parede epitelial do blastocisto.
As culturas formadas por células retiradas da massa interna do blastocisto
conservam a capacidade de proliferar indefinidamente e manter seu
potencial de diferenciar-se, ou não, em qualquer um dos tipos celulares
que compõem um indivíduo. Essas características definem as células-
tronco embrionárias.
Formação do blastocisto
• A zona pelúcida desaparece, possibilitando que a implantação comece;

• Nos seres humanos, as células trofoblásticas sobre o polo do embrioblasto


começam a penetrar entre as células epiteliais da mucosa uterina por volta do
sexto dia;

• Estudos recentes sugerem que a selectina L nas células trofoblásticas e seus


receptores de carboidratos no epitélio uterino medeiem a ligação inicial do
blastocisto ao útero;

• Assim, até o final da primeira semana do desenvolvimento, o zigoto humano já


passou pelos estágios de mórula e de blastocisto, e teve início a implantação na
mucosa uterina.
Resumo
• A cada ciclo ovariano, alguns folículos primários começam a crescer, mas, em geral, somente um alcança a
maturidade plena e apenas um oócito é liberado na oocitação;

• Na oocitação, o oócito está em metáfase na segunda divisão meiótica e está cercado pela zona pelúcida e por
algumas células granulosas . O movimento das fímbrias tubais carrega o oócito para a tuba uterina.

• Antes que os espermatozoides possam fertilizar o oócito, têm de passar por:

■ Capacitação, período no qual uma capa de glicoproteínas e de proteínas plasmáticas seminais é removida da
cabeça do espermatozoide;

■ Reação acromossômica, durante a qual são liberadas substâncias semelhantes à acrosina e à tripsina, para
penetrar a zona pelúcida.

• Durante a fertilização, o espermatozoide precisa penetrar na:


■ Coroa radiada
■ Zona pelúcida
■ Membrana celular do oócito
Resumo
• Tão logo o espermatozoide penetre no oócito:
■ O oócito termina sua segunda divisão meiótica e forma o pró-núcleo feminino
■ A zona pelúcida se torna impenetrável a outros espermatozoides
■ A cabeça do espermatozoide se separa da cauda, incha e forma o pró-núcleo
masculino.
• Após os pró-núcleos replicarem seus DNAs, os cromossomos paterno e materno
se misturam, dividem-se longitudinalmente e passam por uma divisão mitótica,
dando origem ao estágio de duas células. Os resultados da fertilização são:
■ Restauração do número diploide de cromossomos
■ Determinação do sexo cromossômico
■ Início da clivagem.
Questões
1. Faça um resumo do processo gametogênese (masculina e feminina).
2. Qual é o papel do corpo lúteo e qual é a sua origem?
3. Explique a capacitação e a reação acrossômica.
3. Quais são as três fases da fertilização e quais reações ocorrem uma vez que
a fusão entre as membranas do espermatozoide e o oócito tenha ocorrido?
4. Explique as diferenças entre fecundação e implantação.
5. Faça um resumo da primeira e segunda semana do desenvolvimento
embrionário.
6 – Explique a grastulação e sua importância para o desenvolvimento
embrionário.
Orientação clínica:
Uma mulher de 42 anos de idade, após anos de tentativas, finalmente
engravida. Ela estava preocupada com o desenvolvimento do seu bebê.

- O que você diria a essa mulher?

- Uma mulher com mais de 40 anos pode ter bebês normais?

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