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Unidade II
3 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PRÉ‑NATAL DE BAIXO RISCO E NO PARTO
Lembrete
Durante o pré‑natal, o enfermeiro deve ser cauteloso em relação ao risco a que cada mulher pode
estar exposta. Risco é um termo relacionado com probabilidade, ou seja, a probabilidade de existir um
fator de risco que pode desencadear um dano (BRASIL, 2013b).
É importante ressaltar que a identificação de uma situação ou de fatores de risco não implica
necessariamente a referência da gestante para o acompanhamento de pré‑natal de alto risco, no
entanto, o médico deverá avaliar a situação.
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PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
Avaliar:
Amenorreia, náuseas e aumento • ciclo menstrual
do volume abdominal. • data da última menstruação (DUM)
• atividade sexual
Amenorreia em mulheres
com atividade sexual
Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2013b), existem quatro principais fatores de riscos que
podem acometer as gestantes: características individuais e condições sociodemográficas desfavoráveis,
história reprodutiva anterior, intercorrências clínicas crônicas e doença obstétrica na gravidez atual.
— Ocupação que exija esforço físico excessivo, carga horária extensa, rotatividade de horário,
exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, e a estresse.
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Unidade II
— Abortamento habitual.
— Esterilidade/infertilidade.
— Intervalo interpartal menor do que dois anos ou maior do que cinco anos.
— Nuliparidade e multiparidade.
— Síndromes hemorrágicas.
— Pré‑eclâmpsia/eclâmpsia.
— Macrossomia fetal.
— Cardiopatias.
— Pneumopatias.
— Nefropatias.
— Hemopatias.
— Epilepsia.
— Infecção urinária.
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PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
— Pré‑eclâmpsia/eclâmpsia.
— Amniorrexe prematura.
— Hemorragias da gestação.
— Isoimunização.
— Óbito fetal.
Os casos não previstos para tratamento na Unidade Básica de Saúde deverão ser encaminhados pelo
médico ou enfermeiro à atenção especializada que, após avaliação, deverá devolver a gestante à Atenção
Básica com as recomendações para o seguimento da gravidez ou deverá manter o acompanhamento
pré‑natal nos serviços de referência para gestação de alto risco. Nesse caso, a equipe da Atenção Básica
deverá manter o acompanhamento da gestante, observando a realização das orientações prescritas pelo
serviço de referência (BRASIL, 2013b).
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Unidade II
Realizar anamnese, avaliação nutricional, exame físico geral e específico, solicitar exames,
prescrever suplementação de ferro e ácido fólico e realizar a avaliação do risco gestacional.
Enfermeiro(a)/médico(a)
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O cartão da gestante será preenchido, serão anotados o número do SisPreNatal, os dados da Unidade
Básica de Saúde e do hospital de referência e o dados da gestante. É importante relembrar que os dados
anotados no cartão da gestante também devem ser anotados em seu prontuário.
O Ministério da Saúde (BRASIL, 2013b) recomenda que a primeira consulta ocorra no primeiro trimestre.
Na primeira consulta o enfermeiro deve realizar a anamnese, o exame físico geral e o específico,
solicitar os exames complementares, realizar a avaliação nutricional e prescrever ferro e ácido fólico,
orientar a imunização e avaliar o risco gestacional, conforme recomendado pelo Ministério de Saúde
(BRASIL, 2006b; BRASIL, 2013b; BRASIL, 2016).
Anamnese
• Identificação:
— nome;
— número do SisPreNatal;
— idade;
— cor;
— naturalidade;
— procedência;
— endereço atual;
— unidade de referência.
• Dados socioeconômicos.
• Grau de instrução.
• Profissão/ocupação.
• Estado civil/união.
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Unidade II
• Renda familiar.
• Antecedentes familiares:
— hipertensão arterial;
— diabetes melito;
— doenças congênitas;
— gemelaridade;
— hanseníase;
— doença de Chagas;
• Antecedentes pessoais:
— diabetes melito;
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— epilepsia;
— malária;
— alergias;
— transfusões de sangue.
• Antecedentes ginecológicos:
— uso de métodos anticoncepcionais prévios (quais, por quanto tempo e motivo do abandono);
• Sexualidade:
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Unidade II
• Antecedentes obstétricos:
— isoimunização Rh;
— mortes neonatais precoces: até sete dias de vida (número e motivo dos óbitos);
— mortes neonatais tardias: entre sete e 28 dias de vida (número e motivo dos óbitos);
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• Gestação atual:
— hábitos alimentares;
— ocupação habitual (esforço físico intenso, exposição a agentes químicos e físicos potencialmente
nocivos, estresse);
— aceitação ou não da gravidez pela mulher, pelo parceiro e pela família, principalmente se for
adolescente;
Exame físico
— ausculta cardiopulmonar;
— exame do abdômen;
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— ausculta dos batimentos cardíacos fetais (com sonar, entre 9 e 12 semanas e com estetoscópio
de Pinard, após 24 semanas);
— exame especular e toque vaginal de acordo com a necessidade, orientados pela história e
queixas da paciente, e quando for realizada coleta de material para exame colpocitológico.
Exames complementares
— sorologia para hepatite B (HBsAg), de preferência próximo da 30ª semana de gestação, quando
houver disponibilidade para realização;
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— colpocitologia oncótica: muitas mulheres frequentam os serviços de saúde apenas para o pré‑natal.
Assim, é imprescindível que, nessa oportunidade, seja realizado esse exame, que pode ser feito em
qualquer trimestre, embora sem a coleta endocervical, seguindo as recomendações vigentes;
Deve‑se recomendar uma alimentação saudável, considerando que a gestante deve fazer, pelo
menos, seis refeições diárias, ou seja, café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde,
jantar e ceia.
Durante as refeições, deve dar preferência a alimentos considerados saudáveis como frutas, verduras
e legumes. Ingerir pelo menos 2 l de água por dia, evitar o excesso de sal e alimentos fritos ou gordurosos
nas refeições.
Também, em caso de queixas da gestante relacionadas aos hábitos alimentares, deve‑se orientar quais
alimentos ela deve ingerir a fim de minimizar essas queixas que podem ser, por exemplo, azia, enjoos e
mal‑estar.
A prescrição do ácido fólico é realizada pelo médico ou pode ser realizada pelo enfermeiro, caso
tenha‑se um protocolo institucional orientando para este aspecto.
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Unidade II
• Ácido fólico 5 mg, por via oral, 1 comprimido por dia, assim que diagnosticada a gravidez.
Geralmente, o acido fólico é prescrito até a 14ª semana a fim de contribuir na formação
do tubo neural do feto. Caso a gestante esteja tentando engravidar e tenha história de
malformação do tubo neural em outras gestações ou esteja utilizando anticoncepcional
combinado hormonal oral ou algum anticonvulsivante, o ácido fólico deve ser prescrito três
meses antes da gestação.
O ferro é recomendado logo que se descobre a gestação até o terceiro mês após o parto. A prescrição
do ferro por via oral diariamente tem a finalidade de reduzir o risco de baixo peso no nascimento, a
anemia materna e a deficiência de ferro. Geralmente, é prescrito pelo médico, mas o enfermeiro também
pode prescrevê‑lo caso haja protocolo institucional orientando isso.
A dose oral de ferro para gestantes com hemoglobina (Hb) normal é de 30 mg/dia, durante, pelo
menos, três meses e até seis semanas após o parto, para reabastecer os estoques de ferro. No pós‑parto,
recomenda‑se prescrever 65 mg/dia de ferro para a puérpera e, após 8 semanas, repetir a dosagem de
Hb e soro teste de ferritina.
Imunização
A prevenção do tétano neonatal se dá por meio da atenção pré‑natal de qualidade, com vacinação
das gestantes e atendimento higiênico ao parto. O uso de material estéril para o corte, para o
clampeamento do cordão umbilical e para o curativo do coto umbilical, utilizando solução de álcool
70%, é fundamental.
A vacina contra a hepatite B (vacina recombinante), para não vacinadas anteriormente, é recomendada
e a vacina com vírus vivo atenuado tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola) deve ser realizada
de preferência em até 30 dias antes da gestação.
Caso a gestante não complete seu esquema vacinal durante a gravidez, ele deverá ser concluído no
puerpério ou em qualquer outra oportunidade.
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• Controles maternos:
— pesquisa de edema;
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• Controles fetais:
— ausculta dos batimentos cardíacos, sendo que com 9 a 12 semanas é utilizado o sonar doppler
e após 24 semanas, o Pinard;
— avaliação dos movimentos percebidos pela mulher e/ou detectados no exame obstétrico.
• Condutas:
— interpretação dos dados de anamnese, do exame obstétrico e dos exames laboratoriais com
solicitação de outros, se necessário;
— orientação alimentar;
O número mínimo de consultas de pré‑natal deve ser seis, preferencialmente, da seguinte maneira:
Geralmente, do 1º ao 7º mês, as consultas são realizadas uma vez por mês, no 8º mês, são quinzenais
e, no 9º mês, são semanais. Caso necessário, essas consultas podem ser antecipadas.
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Desde a graduação o enfermeiro se torna apto para realizar atividades educativas com os pacientes
e a população. Durante o pré‑natal, ele também tem a função de educador, a fim de promover a saúde
da gestante e do bebê focando aspectos importantes que vão do pré‑natal ao parto e puerpério.
Durante as consultas de pré‑natal, esse papel de educador deve ser exercitado, focando o
ensino‑aprendizagem, de modo que o enfermeiro e a gestante compartilhem dúvidas e conhecimentos.
Dentre os aspectos educativos que devem ser abordados pelos enfermeiros, seguem descritos
os principais:
• Orientar que a atividade sexual pode ser realizada durante o período gestacional e incluir a
orientação sobre a prevenção das doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e da síndrome de
imunodeficiência adquirida (Aids).
• Relatar os sinais de alerta e o que fazer nessas situações (sangramento vaginal, dor de cabeça,
transtornos visuais, dor abdominal, febre, perdas vaginais, dificuldade respiratória e cansaço).
• Orientar sobre o impacto e os agravos das condições de trabalho sobre a gestação, o parto e
o puerpério.
• Orientar sobre os cuidados após o parto com a mulher e o recém‑nascido, estimulando o retorno
ao serviço de saúde e às consultas de puerpério.
Vale ressaltar que é de suma importância explicar os benefícios do leite materno e da amamentação para
a mãe e para o bebê, visto que aumenta o vínculo entre mãe e filho e reduz a possibilidade da ocorrência
de doenças na criança já que possui substâncias nutritivas e de defesa. Além disso, reduz o sangramento
uterino após o parto e serve como um método contraceptivo, além de ser econômico e prático.
A data exata do parto não pode ser mensurada precisamente, pois não se sabe realmente quando o
óvulo foi fecundado, mas por meio da DUM essa data pode ser presumida.
Dessa forma, a data provável do parto pode ser calculada pela fórmula de Naegele, da seguinte
maneira:
• DUM que ocorreu de abril a janeiro: somam‑se 7 dias ao dia da DUM, subtraem‑se 3 do mês dessa
data, e soma‑se 1 ao ano. Veja o exemplo a seguir:
Exemplo 1
DUM = 05/05/2016
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• DUM que ocorreu de janeiro a março: somam‑se 7 dias ao dia da DUM, e somam‑se 9 ao mês
dessa data. Veja o exemplo a seguir:
Exemplo 2
DUM = 10/02/2016
• DUM conhecida.
• DUM desconhecida.
Quando a DUM é desconhecida, mas a mulher sabe o período do mês em que ocorreu a menstruação,
deve ser considerado o seguinte:
Depois, deve‑se proceder ao cálculo de forma semelhante à explicação anterior, quando a DUM
é conhecida.
Se a DUM é desconhecida, a idade gestacional (IG) deve ser avaliada por meio da medida da altura
do fundo do útero e do toque vaginal. Também pode ser avaliada pela data do início dos movimentos
fetais que ocorrem de 18 a 20 semanas de gestação. Recomenda‑se que a ultrassonografia obstétrica
seja realizada o mais precocemente possível, para que auxilie nesses cálculos.
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Unidade II
A medida da altura uterina é realizada pelo enfermeiro utilizando a fita métrica, a partir da 12a
semana de gestação.
A mensuração deve ser realizada considerando‑se a distância da borda superior da sínfise púbica até
o fundo uterino. Essa técnica é realizada com a gestante em decúbito dorsal, sendo que o enfermeiro
fica à direita, e por meio da palpação, fixa a extremidade inicial (0 cm) da fita métrica na borda superior
da sínfise púbica, passando a fita entre os dedos indicador e médio, procede à leitura quando a borda
cubital da mão atingir o fundo uterino.
Isso possibilita identificar o crescimento normal do feto e suas alterações, além de determinar a
idade gestacional.
Quando for verificada a altura uterina, a fim de determinar a idade gestacional, espera‑se que a
gestante apresente o fundo uterino nas seguintes posições:
• 40ª semana: para as primíparas, volta para a posição da 32ª ou 34ª semana e, para a multíparas
pode continuar no mesmo nível.
Observação
Para identificar se o crescimento do feto está dentro da normalidade, é utilizada como padrão de
referência a curva desenhada pelo Centro Latino‑Americano de Perinatologia (Clap) que utiliza como
referência o valor da altura uterina em relação à idade gestacional.
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A situação fetal é o conhecimento da relação existente entre o grande eixo do feto e o grande eixo
da mãe. Ela pode ser longitudinal, transversal e oblíqua.
Na situação longitudinal o grande eixo do feto está paralelo ao grande eixo da mãe. Na situação
transversa o grande eixo do feto está perpendicular ao grande eixo da mãe. Na situação oblíqua os eixos
estão cruzados, mas no parto torna‑se longitudinal ou transversal.
A apresentação fetal é definida como a parte do corpo do feto que está mais próxima do canal do
parto e que se palpa quando o toque vaginal é realizado.
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PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
— face: a face está mais anterior no canal de parto. Toca‑se o nariz e a boca.
As posições transversa e pélvica no final da gestação podem significar risco de parto. Dessa forma,
recomenda‑se o parto hospitalar em vez do domiciliar.
O diagnóstico da situação e da apresentação fetal é realizado por meio dessa palpação. Essa avaliação
deve ser realizada de forma sistemática, por meio das manobras de Leopold.
• Exploração do fundo uterino: palpar o fundo uterino para determinar a posição fetal e a extensão
do útero.
• Exploração dos flancos: palpar as laterais do útero para determinar o dorso do feto.
• Exploração da mobilidade cefálica: o polegar é afastado dos outros dedos, colocado acima da
sínfise pubiana e é aplicada leve pressão para confirmar a posição do feto e o grau de descida fetal
(flutuante ou encaixado).
• Exploração da escava: com ambas as mãos, palpar a parte inferior do abdômen materno para
determinar a flexão da cabeça do feto.
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Unidade II
A B
C D
Pesquisa de edema
O edema é caracterizado quando o enfermeiro realiza uma pressão sobre um determinado local e,
após a retirada dos dedos, ocorre a presença de uma depressão.
Em gestantes, é recomendado que o edema seja investigado pelo enfermeiro nas seguintes regiões:
nos membros inferiores, na região sacral, na face e nos membros superiores.
Nos membros inferiores, a gestante deve ser posicionada em decúbito dorsal ou sentada, a perna
deve ser pressionada na região perimaleolar e no terço médio da perna na face anterior. É válido lembrar
que o edema em membros inferiores é considerado fisiológico para as gestantes.
Para minimizar esse edema, o enfermeiro pode recomendar repouso e também que a gestante erga
os membros inferiores,.
Na região sacral, o enfermeiro deve pressionar o local com o dedo polegar a fim de identificar o edema.
Na face e nos membros superiores, o edema deve ser investigado por meio da inspeção. Os edemas
nessas regiões podem ocorrer como um sinal da pré‑eclâmpsia ou eclâmpsia.
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PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
A ausculta do BCF visa avaliar a vitalidade fetal e constatar a presença, o ritmo, a frequência e a
normalidade dos batimentos cardíacos fetais. É considerada normal a frequência cardíaca fetal de 120
a 160 batimentos por minuto (bpm).
• Estetoscópio de Pinard: a ausculta com esse instrumento é possível após a 24ª semana de gestação.
• Sonar doppler: a ausculta pode ser realizada entre a 9ª e 12ª semanas de gestação.
Para a realização da ausculta com o Pinard, o enfermeiro deve executar a técnica da seguinte maneira:
• Perguntar à gestante qual o lado que há mais movimentação do feto, pois no lado oposto estará
o dorso fetal.
• Colocar a parte mais ampla do Pinard sobre o dorso e colocar a orelha na parte oposta do Pinard.
• Procurar o local no qual os sons dos BCF são mais nítidos e descartar a possibilidade desses sons
serem da gestante.
Toque vaginal
O toque vaginal é realizado por meio da palpação, visando palpar as paredes vaginais, o colo uterino
e as estruturas que o circundam, sendo realizado com dois dedos de uma das mãos.
É uma técnica utilizada tanto na ginecologia quanto na obstetrícia. Na obstetrícia, visa avaliar o
trabalho de parto a fim de identificar a evolução da dilatação, ou seja, o quanto o enfermeiro consegue
abrir os dedos dentro desse colo, corresponde o quanto tem de dilatação.
Somente o enfermeiro obstetra pode realizar esta técnica de toque vaginal em gestantes, a fim de
avaliar o trabalho de parto.
O objetivo da coleta de material biológico para pesquisa de estreptococos do grupo B visa orientar a
antibioticoprofilaxia de infecção neonatal adquirida durante o trabalho de parto. Geralmente, é colhido
entre a 35ª e 37ª semanas de gestação e deve‑se proceder da seguinte maneira:
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Unidade II
• Realizar coleta de amostras com o mesmo swab, primeiramente do terço externo da vagina e
depois retal, introduzindo o swab até ultrapassar o esfíncter, colocado em meio de transporte.
• Encaminhar o swab o mais rápido possível para o laboratório de análises clínicas, onde será
semeado em meio específico.
Existem vários tipos de parto, como o parto normal, o fórceps, o parto de cócoras, o parto na água,
o parto humanizado e a cesárea.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define parto normal como “aquele cujo início é espontâneo e
sem risco identificado no início do trabalho, assim permanecendo até o nascimento” (BRASIL, 1998, p. 13).
A partir da 37ª a 42ª semanas, o bebê em posição cefálica, nasce espontaneamente, sem a interferência
de instrumentos, medicamento ou equipamento.
O parto fórceps também é um parto por via baixa, semelhante ao parto normal, mas o fórceps é
utilizado para extrair a cabeça do feto em certas condições.
É indicado quando o processo de trabalho de parto é interrompido e pode representar risco de vida
para a mãe e o bebê.
Isso ocorre quando o feto tem sinais de sofrimento, manifestando‑se por mudanças no padrão ou
no ritmo dos BCF. Também quando ocorre baixo progresso da cabeça fetal pelo canal de parto devido a
contrações ineficazes da musculatura uterina e abdominal ou pela resistência dos músculos perineais
ou, até mesmo, por falha na rotação da cabeça do feto. Com relação à mãe, há sinais de toxemia, doença
cardíaca, doença pulmonar e exaustão na hora de expulsão do feto.
O parto de cócoras é semelhante ao parto normal, ocorre por via baixa e a gestante permanece na
posição de cócoras, facilitando a descida natural e normal do feto para fora da cavidade uterina.
O parto na água é o parto normal realizado com a gestante submersa na água. Muitas vezes é
realizado em domicilio e com suporte de um profissional de saúde capacitado.
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PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
O parto humanizado não é um novo tipo, mas um parto que pode ser realizado no centro cirúrgico,
no centro obstétrico ou no domicílio desde que seja respeitada a fisiologia do parto e a forma como a
mulher deseja tê‑lo, no qual ela se torna protagonista desse momento único em sua vida.
Saiba mais
Alguns procedimentos são realizados de forma rotineira nos partos, mas devem ser evitados como a
tricotomia, a episiotomia, o enema ou lavagem intestinal, o soro com ocitocina para acelerar o trabalho
de parto, a posição da mulher de barriga para cima durante o parto, a proibição de ingerir líquidos ou
alimentos leves durante o trabalho de parto e a manobra de Kristeller, ou seja, um empurrão dado na
barriga da mulher com o objetivo de levar o bebê para o canal de parto.
Além disso, o enfermeiro e sua equipe podem utilizar estratégias que diminuem a dor e facilitam o
trabalho de parto como:
• Hidroterapia: banho de imersão ou aspersão, pois ajuda a liberar a tensão muscular e fornece
sensação de bem‑estar.
• Deambulação e mudança de posição: mudando de posição a cada 30 minutos para ajudar a aliviar
a dor.
• Bola de parto: também conhecida como bola suíça ou bola de Bobath, permite a mudança
de posição, diminuindo a sensação dolorosa da contração uterina e possibilita movimentos
espontâneos para frente e para trás, ajuda na rotação e descida fetal.
No Brasil, a taxa de partos normais é menor do que a de cesáreas. Sabe‑se que quando a cesárea não
for indicada de forma correta, os riscos para a mulher e o bebê aumentam.
No parto cesárea, a liberação do feto ocorre por via cirúrgica por meio de uma incisão abdominal
baixa, próxima ao útero, podendo ser eletiva ou de urgência. As principais indicações de partos cesáreas
são em casos de:
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Unidade II
• Desproporção cefalopélvica.
• Anormalidades de apresentação.
• Disfunção uterina.
• Hemorragias.
• Pré‑eclâmpsia.
• Aclaramento: ocorre devido ao movimento do útero para baixo e para diante, quando a parte do
feto que se apresenta passa para dentro da pelve.
• Dores do falso trabalho de parto: surgem contrações irregulares que não afetam a dilatação do
colo. São chamadas de contrações de Braxton Hicks e geralmente são irregulares, indolores em
que a gestante sente a barriga endurecer. Pode estar presente em toda a gestação e iniciar com
maior amplitude 3 ou 4 semanas antes do parto.
• Vestígios de sangue: o tampão mucoso forma‑se devido à secreção de muco pelas glândulas
cervicais. É acumulado durante a gravidez a fim de fechar a abertura que leva à cavidade
uterina. Quando o trabalho de parto está prestes a começar, ocorre a expulsão do tampão
mucoso. A mulher identifica um corrimento vaginal mucoide e viscoso, de cor rósea ou com
raias de sangue. O trabalho de parto, geralmente, inicia‑se de 24 a 48 h após a perda do tampão
mucoso pela gestante.
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PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
• Dilatação.
• Expulsão.
• Dequitação.
• De Greenberg.
• Fase latente: é a fase inicial e mais lenta da dilatação do colo de até 3 cm.
• Fase ativa: inicia‑se com 4 cm de dilatação do colo e vai até a dilatação completa, geralmente,
com 10 cm já é possível a passagem do feto. Nesse período ocorrem de 2 a 3 contrações uterinas
em 10 minutos, cada uma com duração entre 30 a 90 segundos, de intensidade moderada a forte,
e o colo dilata aproximadamente 1 a 1,5 cm por hora.
Esse período pode durar até 12 h nas nulíparas e 9 h nas multíparas, é nesse período que se rompem
as membranas.
Nas nulíparas, o apagamento acontece antes da dilatação e a fase de dilatação é mais prolongada.
Nas multíparas, o apagamento e a dilatação ocorrem juntos e a fase de dilatação é mais rápida.
Observação
Inicia‑se com a dilatação completa do colo e termina com a expulsão total do feto. Dura em média
60 minutos na primeira gestação e de 15 a 30 minutos nas gestações seguintes.
A descida do feto para a pelve provoca o desejo de evacuar e é nessa fase que ocorre o rompimento
da bolsa das águas, caso isso ainda não tenha ocorrido.
O mecanismo de parto divide‑se em seis tempos: insinuação, descida ou progressão, rotação interna
da cabeça, extensão ou desprendimento cefálico, rotação externa da cabeça, expulsão ou desprendimento
dos ombros e tronco.
• Descida ou progressão: é a passagem da cabeça fetal do estreito superior da bacia para o estreito
inferior. Esse tempo se dá simultaneamente com a rotação interna da cabeça. Clinicamente, para
avaliar o grau de descida fetal, usa‑se o plano de De Lee.
–3
–2
–1
0
+1
+2
+3
Conforme apresentado na figura anterior, o plano zero (ponto de partida) refere‑se à descida da
cabeça fetal, no nível das espinhas isquiáticas. Acima do plano zero, a descida da cabeça é representada
por ‑1, ‑2, ‑3, no plano de De Lee, quando a cabeça se encontra no plano De Lee ‑3, se pode considerar
uma apresentação alta. Abaixo do plano zero, a cabeça está em +1, +2, +3, e a partir de +3, inicia‑se a
exteriorização da cabeça pela vulva.
• Rotação interna da cabeça: começa no nível das espinhas isquiáticas (plano zero de De Lee),
completando‑se quando a cabeça fetal atinge a pelve inferior.
• Extensão da cabeça: a cabeça fetal atinge o assoalho pélvico, posicionando o occipício fetal na
arcada púbica e realizando um movimento de deflexão para finalmente exteriorizar‑se na vulva.
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PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
• Rotação externa da cabeça: movimento que a cabeça exteriorizada faz para voltar à posição
anterior à rotação interna da cabeça.
Fontanela posterior
D
A
Fontanela posterior
Fontanela posterior
E
B
F
C
Inicia‑se imediatamente após a expulsão do feto e termina com a expulsão da placenta. Após o
parto, as contrações cessam, mas durante esse período, que dura em torno de 30 minutos, ocorrem duas
ou três contrações para expelir a placenta.
O deslocamento da placenta ocorre devido à contração uterina, a descida ocorre pela ação da
gravidade causada pelo seu próprio peso. A expulsão da placenta e das membranas pode ser espontânea,
o que leva um tempo maior, ou pode ser provocada por meio de medicamento (ocitocina ou misoprostol)
para reduzir o tempo e o sangramento. É esperada uma perda sanguínea de 300 a 500 ml.
• Lateral (Duncan‑Varnekes): ocorrem em 15% dos casos, o sangue sai primeiro e depois, a placenta.
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Unidade II
Inicia‑se após a dequitação da placenta e dura uma hora. Durante esse tempo a equipe de saúde
monitora a mulher, pois o útero continua a se contrair e é importante atentar para a possível ocorrência
de sangramento ou hemorragia.
• Avaliar a dinâmica uterina se a intensidade das contrações é fraca, moderada ou forte; a frequência,
ou seja, o número de contrações em 10 minutos; e a duração das contrações.
• Avaliar o estado do líquido amniótico se a bolsa estiver rota, pois a liberação do mecônio tinge de
verde esse líquido que deve estar claro e com presença de grumos.
• Incentivar a deambulação.
• Orientar a gestante a ficar em decúbito lateral esquerdo se ela quiser permanecer deitada.
• Providenciar medidas de conforto para relaxamento e para alívio da dor, além de banho e
higiene íntima.
A rotura da bolsa das águas pode ser: prematura, quando ocorre antes da gestante entrar em
trabalho de parto; precoce, ocorre no início do trabalho de parto; oportuna, ocorre entre 6 a 8 cm de
dilatação; tardia, após 8 cm de dilatação. O feto pode nascer com a bolsa amniótica, quando isso ocorre,
denomina‑se de empelicado.
• Proporcionar repouso.
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PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
Todo o material necessário para a reanimação deve ser preparado, testado e estar disponível, em
local de fácil acesso, antes do nascimento. Esse material é destinado à manutenção da temperatura, à
aspiração de vias aéreas, à ventilação e à administração de medicamentos.
• vácuo;
• oxigênio;
• campos pré‑aquecidos;
• máscara facial;
• ambu;
• estetoscópio infantil;
• sondas de aspiração;
• laringoscópio infantil;
• tubos endotraqueais;
• seringas;
• agulhas;
A sala de parto deve ser mantida numa temperatura de 26 ºC e o recém‑nascido deverá ser mantido
em ambiente aquecido até a estabilização da temperatura.
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Unidade II
Cabe ao enfermeiro, juntamente com a equipe médica, avaliar a vitalidade fetal ao nascer. Para isso,
o enfermeiro deve fazer as seguintes perguntas em relação ao recém‑nascido:
• Gestação a termo?
• Ausência de mecônio?
• Respirando ou chorando?
Se a resposta for sim a todas as perguntas, considera‑se que o recém‑nascido esta com boa vitalidade
e não necessita de manobras de reanimação.
• Respiração.
• Frequência cardíaca.
O boletim de Apgar é uma ferramenta utilizada que auxilia na identificação da vitalidade fetal e
avalia a adaptação do recém‑nascido à vida extrauterina. É aplicado no primeiro e quinto minuto de
vida, geralmente.
Quadro 2
72
PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
O boletim de Apgar não deve ser utilizado para determinar o início da reanimação nem as manobras
a serem instituídas no decorrer do procedimento.
Se o escore de Apgar for inferior a 7 no quinto minuto de vida do recém‑nascido, recomenda‑se sua
aplicação a cada cinco minutos, até 20 minutos de vida.
• Verificar a presença de duas artérias e de uma veia umbilical, pois a existência de artéria umbilical
única pode estar associada a anomalias congênitas.
• Aspirar o excesso de secreções da boca e do nariz com sonda de aspiração traqueal, se houver
mecônio ou necessidade de reanimação neonatal.
• Prevenir a oftalmia gonocócica pelo método de Credé se autorizado: retirar o vérnix da região
ocular com gaze seca ou umedecida com água, afastar as pálpebras e instilar uma gota de nitrato
de prata a 1% no fundo do saco lacrimal inferior de cada olho. Massagear suavemente as pálpebras
deslizando‑as sobre o globo ocular para fazer com que o nitrato de prata banhe toda a conjuntiva.
73
Unidade II
• Colocar o recém‑nascido para ser amamentado na primeira hora de vida, conforme recomendado
pela OMS, essa prática está associada a menor mortalidade neonatal, pois quanto maior o período
de amamentação, melhor interação mãe‑bebê e menor o risco de hemorragia materna.
• Manter os recém‑nascidos estáveis com suas mães e transportá‑los juntos ao alojamento conjunto.
Caso haja a necessidade de transporte do recém‑nascido para outra unidade neonatal, antes do
transporte, ele sempre deve ser mostrado à mãe novamente.
O exame físico deve ser realizado por meio de uma avaliação geral do recém‑nascido. Deve‑se
realizar a inspeção a fim de avaliar a respiração e verificar a frequência respiratória, a circulação, as
condições de vitalidade, as malformações grosseiras e a maturidade presumível.
Verifica‑se a existência de anormalidades nas extremidades e o número de dedos nos pés e nas mãos,
examina‑se a genitália feminina ou masculina e o ânus buscando identificar permeabilidade.
Na palpação, avaliam‑se as fontanelas e suturas. A palpação do abdômen deve ser realizada após a
ausculta, buscando identificar anormalidades.
Realiza‑se a ausculta pulmonar nos espaços intercostais, a ausculta cardíaca nos focos aórtico,
pulmonar, tricúspide e mitral e verifica‑se a frequência cardíaca no foco mitral com o estetoscópio
pediátrico. Recomenda‑se a verificação da frequência respiratória e da cardíaca quando a criança estiver
em repouso, pois o choro pode alterar os resultados.
A ausculta do abdômen é realizada após a palpação e percussão a fim de evitar alterações nos
ruídos hidroaéreos.
74
PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
A temperatura axilar deve ser verificada por pelo menos 3 minutos, sendo considerada normotermia
a temperatura do recém‑nascido de 36 a 37 oC. A hipotermia (temperatura inferior a 36 oC) deve ser
identificada e a criança deve receber cuidados para evitá‑la logo após o nascimento.
Os dados da antropometria como peso, estatura, perímetro cefálico, perímetro torácico e abdominal
também são verificados pelo enfermeiro e anotados na caderneta de saúde, pois servirão de referência
para acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança, posteriormente.
Lembrete
A atenção à mulher e ao recém‑nascido no pós‑parto imediato e nas primeiras semanas após o parto
é fundamental para a saúde materna e neonatal. O retorno da mulher e do recém‑nascido ao serviço de
saúde, depois do parto, deve ser incentivado desde o pré‑natal e na maternidade.
75
Unidade II
Inicia‑se imediatamente após a expulsão da placenta e suas membranas e termina de oito meses a
um ano após o parto.
• Puerpério imediato: tem início após a dequitação e vai até o 10° dia após o parto.
• Puerpério remoto: vai do 46° dia até a completa recuperação das alterações no organismo da
mulher provenientes da gestação.
O Ministério da Saúde (BRASIL, 1998) recomenda que a puérpera passe em consulta pelo menos uma
vez após o parto.
Cabe ao enfermeiro identificar alterações físicas e psicológicas que podem alterar a vida da mulher,
que, naquele momento, estará se adaptando ao novo membro da família. Para isso, o profissional de
enfermagem deve coletar dados de como a puérpera está se sentindo e realizar o exame físico a fim de
identificar alterações.
• Condições da gestação.
• Se recebeu aconselhamento e realizou testagem para sífilis ou HIV durante a gestação e/ou parto.
• Planejamento familiar (desejo de ter mais filhos, desejo de usar método contraceptivo, métodos
já utilizados, método de preferência).
76
PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
• Condições sociais (apoio de familiares e amigos, enxoval do bebê, condições para o atendimento
de necessidades básicas).
• Temperatura corporal:
— Nas primeiras 24 horas após o parto, a elevação da temperatura pode ocorrer devido ao esforço
físico, à desidratação e à invasão de agentes infecciosos.
— Dois episódios de hipertermia (acima de 38 °C) nos primeiros 10 dias após o parto é indicativo
de infecção puerperal.
• Frequência respiratória:
77
Unidade II
• Pressão arterial:
— Verificar e avaliar se a pressão arterial mantém‑se estável após o parto. A hipotensão pode
estar relacionada à perda volêmica durante o trabalho de parto, e a hipertensão arterial, à
hipertensão gravídica.
Mamas
Realizar a inspeção estática e dinâmica da mama a fim de identificar alterações como fissuras e
ingurgitamento mamário que ocorrem devido à estase láctea, levando a aumento do volume, dor,
hipertermia e hiperemia, entre outras intercorrências mamárias possíveis durante a amamentação. O
ingurgitamento mamário pode levar à mastite, ou seja, à inflamação da mama, nesse caso, é necessário
o acompanhamento médico.
Na palpação identificar a presença de dor. É considerada normal a mama sem pontos dolorosos. A
mama ingurgitada, como mencionado, apresenta pontos dolorosos.
O enfermeiro deve realizar a expressão dos mamilos observando a presença do conteúdo lácteo.
A apojadura, ou seja, a descida do leite, deve ser observada pelo enfermeiro, da mesma forma que a
transição do colostro para o leite materno, nos primeiros dias do puerpério.
Abdômen
Na ausculta, deve‑se identificar a presença dos ruídos hidroaéreos que podem estar diminuídos,
após o trabalho de parto ou cirurgia. Geralmente, após três ou quatro dias do parto, a mulher recupera
seus hábitos intestinais.
Além disso, o enfermeiro deve realizar a inspeção do aparelho reprodutor feminino. A vulva pode
apresentar edema e coloração violácea, deve ser identificada a presença de algum tipo de lesão. Se o
orifício da vagina apresentar dilatação, pode ser um sinal de aumento na pressão intra‑abdominal.
78
PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
A perda vaginal pós‑parto é produto da descamação do útero e sangue. A coloração dessa perda é
denominada de lóquios:
Os lóquios possuem odor característico de menstruação, logo, o odor fétido indica infecção.
Geralmente, a mulher elimina 225 a 500 ml de lóquios após o parto e, posteriormente, esse volume
diminui até cessar.
Até o 5° dia, após o parto, espera‑se a eliminação de 2 a 3 litros de líquidos acumulados durante
a gestação. A retenção urinária pode ocorrer devido à edema, aos traumatismos e à anestesia. Cabe
ao enfermeiro avaliar sinais de infecção de urina como dor lombar discreta, retenção urinária, disúria,
polaciúria e febre.
Os membros inferiores devem ser inspecionados e palpados. Pode haver a presença de edema e
varizes. Recomenda‑se a deambulação precoce, após o parto, a fim de evitar tromboembolismo.
Adaptação psicológica
Frequente alteração de humor devido à alteração hormonal, conflitos sobre o papel materno,
insegurança, desconforto e cansaço podem ocorrer no puerpério.
O enfermeiro deve atentar à ocorrência de depressão puerperal. Também pode ocorrer a psicose
puerperal, que é uma forma confuso‑delirante que ocorre entre o 2° e 15° dia pós‑parto, levando a
mulher a um estado confusional seguido de delírio alucinatório auditivo ou visual com crises agudas
frequentes na fase vespertina. As crises são, em geral, precedidas de manifestações depressivas e apáticas.
79
Unidade II
A amamentação deve ser recomendada logo após o parto e em livre demanda, ou seja, a criança
deve mamar sempre que desejar, sem horários estabelecidos, seja durante o dia ou durante a noite.
Em cada mamada, ambas as mamas poderão ser oferecidas, dependendo da necessidade da criança.
Deve‑se deixar que a criança sugue o peito durante o tempo que desejar e que o solte espontaneamente
para depois oferecer a outra mama. Na mamada seguinte, deve‑se começar pela mama que o bebê
mamou por último. Há, entretanto, alguns bebês que não aceitam o segundo peito. Daí a importância de
ensinar à mulher as técnicas de ordenha, desde o pré‑natal, no pós‑parto e nas consultas de seguimento,
para evitar o ingurgitamento.
Posicionamento
A mãe pode estar sentada, deitada ou em pé. O bebê pode permanecer sentado, deitado ou até
em posição invertida (entre o braço e o lado do corpo da mãe). O fundamental é que ambos estejam
confortáveis e relaxados. Existem quatro sinais indicativos da posição correta da criança:
• O corpo e a cabeça devem estar alinhados, de modo que a criança não necessite virar a cabeça
para pegar a mama.
• O corpo do bebê deve estar encostado ao da mãe (abdômen da criança em frente ao abdômen da mãe).
• A criança deve ser apoiada pelo braço da mãe, que envolve a cabeça, o pescoço e a parte superior
do seu tronco. Em casos de crianças muito pequenas, a mãe deve apoiar também suas nádegas
com a mão.
Pega
Para que haja uma sucção efetiva, a criança deve abocanhar não só o mamilo, mas, principalmente,
toda ou a maior parte da aréola.
Essa pega correta proporciona a formação de um grande e longo bico que toca o palato e, assim,
inicia‑se o processo de sucção.
Os ductos lactíferos terminais, situados embaixo da aréola, são pressionados pela língua contra o
palato, iniciando‑se a saída do leite, ajudada pelo reflexo de ejeção mediado pela ocitocina. Caso a pega
seja só no mamilo, pode haver erosão e/ou fissura mamilar por fricção continuada. A criança pode ficar
80
PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
inquieta, largar o peito, chorar ou se recusar a mamar, pois sem a pressão dos ductos lactíferos contra o
palato, não há saída adequada de leite, levando a mulher a acreditar que tem pouco leite, ocasionando
dor, o que pode desencadear o processo de desmame precoce.
Sucção efetiva
• A boca do bebê deve estar bem aberta para abocanhar toda ou quase toda a aréola.
• O lábio inferior deve estar voltado para fora e cobrir quase toda a porção inferior da aréola,
enquanto a parte superior da aréola pode ser visualizada.
• A criança deve parecer tranquila com sucção lenta, profunda e ritmada e com períodos de
atividade e pausa.
Antes de iniciar a pega, a mulher deverá ser orientada a palpar a aréola, caso ela esteja túrgida,
deve‑se ordenhar um pouco de leite para facilitar a pega. Se a mulher tiver mamas muito volumosas,
ela pode pressioná‑la contra a parede torácica, segurando‑a e erguendo‑a com a mão oposta (mama
direita com a mão esquerda), colocando os quatro dedos juntos por baixo da mama e o polegar acima
da aréola – pega da mama em C.
Não há necessidade de afastar a mama do nariz do bebê, ele mesmo o fará se precisar, pendendo a
cabeça levemente para trás. Por essa razão, a mulher deve ser orientada, quando necessário, a segurar
a mama longe da aréola.
O enfermeiro deve orientar os seguintes cuidados para auxiliar na amamentação efetiva e diminuir
intercorrências mamárias:
• O uso de sutiãs é necessário para manter a mama sempre elevada, prevenindo possíveis
acotovelamentos de ductos e sua troca deve ser diária.
• Banho de sol nos mamilos continua recomendado pela manhã, entre 8 e 10 horas, ou à tarde, após
às 16 horas, por 5 a 15 minutos, com o objetivo de aumentar a resistência da região mamilo‑areolar.
• Deve ser feita a hidratação da região mamilo‑areolar apenas com o leite materno.
• Após a apojadura, por meio da palpação, a mãe deve encontrar pontos dolorosos e retirar o
excesso de leite por ordenha manual.
81
Unidade II
A higiene dos mamilos com água, sabão e qualquer outra substância antes ou após as mamadas
não é recomendada, assim como o uso de bombas tira‑leite, a aplicação de calor seco ou úmido ou a
utilização de bolsa de gelo.
Para que haja retirada satisfatória de leite do peito, é preciso começar com massagens circulares
com as polpas dos dedos indicador e médio, na região mamilo‑areolar, progredindo até as áreas mais
afastadas e intensificando nos pontos mais dolorosos.
Para a retirada do leite, é importante garantir o posicionamento dos dedos indicador e polegar, no
limite da região areolar, seguido por leve compressão do peito em direção ao tórax ao mesmo tempo em
que a compressão da região areolar deve ser feita com a polpa dos dedos.
Intercorrências mamárias
Trauma mamilar
A lesão mamilar é um termo que engloba ferimento ou mudança patológica da pele do mamilo, nem
sempre é relacionada à amamentação e pode ser classificada da seguinte maneira:
• Mamilo sensível ou doloroso: quando a puérpera sente ardor após e no intervalo das mamadas.
• Fissuras: quando o mamilo apresenta na sua estrutura anatômica uma úlcera do tipo linear ou
fenda, com comprometimento da epiderme ou da derme.
• Escoriação: os mamilos semiprotusos apresentam‑se esfolados ou com a epiderme levantada,
deixando a derme descoberta. Pode apresentar sangramento e dor durante a mamada.
• Erosão: desgaste do relevo ou remoção de toda a epiderme ou derme que ocorre nos mamilos
invertidos ou pseudoinvertidos, ocasionando dor durante a mamada.
Manter as mamas secas, não usar sabonetes, cremes ou pomadas também ajudam na prevenção
desses tipos de traumas mamilares.
Recomenda‑se tratar as lesões com leite materno do fim das mamadas, banho de sol e correção da
posição e da pega. Pode ser utilizado emoliente de lanolina a fim de auxiliar no processo de cicatrização.
Ingurgitamento mamário
É o processo em que a produção de leite é maior que a demanda, ocorrendo estase láctea e/ou
congestão veno‑linfática. A estase láctea nos alvéolos leva à distensão alveolar, com consequente
82
PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
compressão de ductos, obstrução do fluxo do leite, piora da distensão alveolar e aumento da obstrução.
Secundariamente, aparecerá edema devido à estase vascular e linfática.
O ingurgitamento mamário acontece, habitualmente, nas mulheres, do terceiro ao quinto dia após o
parto. As mamas ingurgitadas são dolorosas, edemaciadas (a pele fica brilhante), às vezes, avermelhadas
e a mulher pode ter febre.
Para evitar ingurgitamento, a pega e a posição para a amamentação devem estar adequadas e,
quando houver produção de leite superior à demanda, as mamas devem ser ordenhadas manualmente.
Sempre que a mama estiver ingurgitada, a expressão manual ou ordenha manual do leite deve ser
realizada para facilitar a pega e evitar traumas.
Mastite
É um processo inflamatório ou infeccioso que pode ocorrer na mama lactante, habitualmente, a partir
da segunda semana após o parto. Geralmente, é unilateral e pode ser consequente a um ingurgitamento
indevidamente tratado.
É o conjunto de ações que permitem às mulheres e aos homens escolherem quando ter um filho,
quantos filhos querem ter e o intervalo entre o nascimento dos filhos, caracterizando a maternidade ou
paternidade responsável.
Essas ações visam promover a dupla proteção, ou seja, evitar simultaneamente, a gravidez indesejada
e as doenças sexualmente transmissíveis.
Os métodos anticoncepcionais podem ser classificados em reversíveis, aqueles que quando deixarem
de ser utilizados pela mulher ou pelo parceiro permitirão uma gravidez, e em irreversíveis, aqueles que
são praticamente irreversíveis e envolvem uma intervenção cirúrgica.
Os métodos reversíveis são classificados em naturais ou não naturais. Os métodos naturais baseiam‑se
no conhecimento do período fértil da mulher e na abstenção de relação sexual nesse período. São menos
83
Unidade II
eficazes em relação aos outros métodos. Alguns exemplos desses métodos são: o método do calendário ou
Ogino, o método da temperatura basal, o método de Billings ou do muco cervical e o coito interrompido.
O método do calendário ou Ogino tenta determinar o período fértil da mulher por meio do
conhecimento da data da próxima menstruação. Se a mulher tiver o ciclo menstrual regular, ele pode
ser eficaz, se a mulher não tiver o ciclo regular, ele é ineficaz.
Considerando que a mulher tenha um ciclo menstrual regular de 28 dias e que a sua próxima
menstruação será dia 31 de agosto, deve‑se encontrar o dia da ovulação subtraindo‑se 14 dias do
primeiro dia da menstruação, ou seja, 31‑14. Dessa forma, a mulher terá a ovulação no dia 16.
Para encontrar o período fértil, devem ser considerados cinco dias antes da ovulação e dois dias
depois, dessa forma, considerando o exemplo dado, o período fértil seria do dia 11 ao dia 18 de agosto.
O método da temperatura basal baseia‑se na medição da temperatura retal que deve ser avaliada
antes de se levantar e em jejum, por pelo menos seis meses, verificando que a temperatura sobe em
torno de 0,5 graus no período fértil. Não é um método muito eficaz, pois a oscilação da temperatura
pode ocorrer não apenas pela ovulação.
O método de Billings ou do muco cervical envolve observar regularmente o muco cervical que
durante a ovulação torna‑se mais abundante, mais líquido e transparente, parecendo a clara do ovo.
Deve‑se evitar a relação nesse período até o muco se tornar mais espesso e de cor amarelada.
O coito interrompido consiste em retirar o pênis da vagina antes da ejaculação. Esse método é ineficaz,
pois o homem libera o líquido pré‑ejaculatório antes da ejaculação e ele contém espermatozoides.
Os métodos não naturais são classificados em químicos ou mecânicos. Os métodos químicos envolvem a
administração de substâncias que irão evitar uma gravidez, os mecânicos envolvem a utilização de dispositivos
que podem ou não liberar substâncias que evitam a gravidez, impedindo a fecundação ou a nidação.
• Pílula: são medicamentos na forma de comprimidos produzidos por meio de hormônios sintéticos
que imitam a ação dos estrogênios e da progesterona impedindo a ovulação e consequentemente a
gravidez. É um método eficaz, desde que a mulher não se esqueça de tomar. A ocorrência de vômito
ou diarreia, assim como a interação com outros medicamentos podem diminuir sua eficácia.
• Pílula do dia seguinte ou contracepção de emergência: é uma pílula com alta concentração de hormônios
que deve ser utilizada em situação de emergência, até 72 horas após o ato sexual, a fim de evitar uma
gravidez. É eficaz, mas seu uso como rotina deve ser evitado devido à alta concentração hormonal.
84
PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
• Injeções hormonais: são medicamentos administrados por via intramuscular à base de hormônios
sintéticos que podem ser ministrados mensalmente ou a cada três meses.
• Implante: é uma pequena vareta constituída por hormônios, inserida sob a pele, no lado interno
do braço, a fim de evitar que o esperma alcance o útero. Tem eficácia, geralmente, por três anos.
• Adesivos: trata‑se de um adesivo fino e bege que pode ser utilizado em quatro regiões do corpo da
mulher, nas nádegas, no tórax anterior ou posterior e na parte externa dos membros superiores.
O adesivo deve ser colocado a cada 7 dias, em partes do corpo diferentes, e libera hormônios que
evitarão a ovulação. Devem ser utilizados por três semanas, depois se realiza uma pausa, a fim de
que ocorra a menstruação.
• Espermicidas: são produtos químicos que podem ser apresentados na forma de espuma, creme
ou óvulos. Destroem ou imobilizam os espermatozoides, inibindo sua passagem para o útero e,
dessa forma, devem ser introduzidos antes da relação sexual na vagina. Tem baixa eficácia, mas se
utilizados juntos com o preservativo, são mais eficazes.
• Diafragma: é uma cúpula de borracha com anel de metal flexível, recoberto de borracha, que é
introduzido na vagina pela mulher, no colo do útero, antes da relação sexual, impedindo que o
espermatozoide que está no útero chegue até as trompas de falópio.
• Preservativo masculino: saco de borracha, fino, de látex, que é colocado no pênis ereto e impede o
espermatozoide de chegar às trompas de falópio. É o único método que evita gravidez e também
as doenças sexualmente transmissíveis.
85
Unidade II
A associação da amenorreia à lactação exclusiva com livre demanda tem alta eficácia como método
contraceptivo nos primeiros seis meses após o parto, ou até que apareça a primeira menstruação
pós‑parto.
A mulher que passa da amamentação exclusiva para a parcial deve iniciar o uso de outro método
se o parto tiver ocorrido há mais de 45 dias, pois, nessa circunstância, aumenta‑se o risco de gravidez.
Logo, a mulher que está amamentando e necessita ou deseja proteção adicional para prevenir a
gravidez deve, primeiramente, considerar os métodos sem hormônios (DIU e preservativos).
O DIU pode ser uma boa opção para a mulher na fase de amamentação. Ele pode ser inserido
imediatamente após o parto ou a partir de quatro semanas após este. É contraindicado em casos de
infecção puerperal, até três meses após a cura.
O anticoncepcional hormonal oral apenas de progesterona (minipílula) é boa opção para a mulher
que está amamentando e pode oferecer proteção extra, se a mulher assim o desejar. O seu uso deve ser
iniciado após seis semanas do parto. Geralmente, esse é o método mais recomendado por médicos.
O anticoncepcional hormonal oral combinado não deve ser utilizado em lactantes, pois interfere na
qualidade e na quantidade do leite materno, e pode afetar adversamente a saúde do bebê.
Os métodos comportamentais (tabelinha, método billings etc.) só poderão ser usados após a
regularização do ciclo menstrual.
A laqueadura tubária, por ser um método definitivo, deve respeitar os preceitos legais e, se indicada,
a sua realização deverá ser postergada para após o período de aleitamento e, nessa situação, deve ser
introduzido o método contraceptivo transitório.
A gestante classificada como de baixo risco está sujeita a intercorrências que podem afetar o curso
da gestação, são elas:
Hiperêmese
Apoio psicológico, ações educativas desde o início da gravidez e reorientação alimentar são as
melhores maneiras de evitar os casos mais complicados e nas situações de êmese persistente, devem ser
prescritos antieméticos.
Síndromes hemorrágicas
Anemia
É considerada anemia quando os valores de hemoglobina são iguais ou menores que 11 g/dl. Mesmo
as mulheres saudáveis apresentam redução das concentrações de hemoglobina durante a gravidez não
complicada. Essa redução manifesta‑se em torno da 8ª semana, progride lentamente até a 34ª semana
e, então, permanece estabilizada até o parto.
87
Unidade II
Diabetes gestacional
Os sintomas clássicos de diabetes são: poliúria, polidipsia, polifagia e perda involuntária de peso
(os “4 Ps”). Outros sintomas que levantam a suspeita clínica são: fadiga, fraqueza, letargia, prurido
cutâneo e vulvar e infecções de repetição.
Os testes laboratoriais mais comumente utilizados para suspeita de diabetes ou regulação glicêmica
alterada são:
• Teste oral de tolerância à glicose (TOTG 75 g) – a paciente recebe uma carga de 75 g de glicose
anidra em 250‑300 ml de água, após um período de jejum entre 8 e 14 horas; a glicemia é medida
antes, com 60 minutos e 120 minutos após a ingestão.
Considera‑se diabetes quando duas glicemias de jejum apresentarem valor maior ou igual a 126 mg/
dL, ou dois valores estiverem alterados no TOTG 75 g (2 horas).
É fundamental manter controle metabólico adequado, o que pode ser obtido com terapia nutricional
(baseada nos mesmos princípios de uma alimentação saudável), aumento da atividade física, suspensão
do fumo, associados ou não à insulinoterapia.
A insulina deve ser mantida para todas as pacientes que já faziam uso dela, assim como deve ser
iniciada para diabéticas tipo 2 que faziam uso prévio de hipoglicemiantes, ou para diabéticas gestacionais
que não obtiveram controle satisfatório com dieta e exercícios físicos.
Essas orientações nutricionais iniciais podem ser dadas pelo profissional de saúde da unidade básica,
enquanto se providencia a transferência da gestante para uma unidade de alto risco. Os hipoglicemiantes
orais são contraindicados na gestação, devido ao risco aumentado de anomalias fetais.
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PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
Complicações hipertensivas na gravidez são a maior causa de morbidade e mortalidade materna e fetal no
Brasil. É fundamental classificar a síndrome hipertensiva, diferenciando da pré‑eclâmpsia, que é uma síndrome
de vasoconstrição aumentada com redução da perfusão, de uma hipertensão primária ou crônica pré‑existente.
• Hipertensão gestacional: hipertensão detectada apenas após a 20ª semana de gravidez, sem
proteinúria significativa. É denominada “transitória” quando o estado hipertensivo desaparece
após a 12ª semana pós‑parto.
• Pré‑eclâmpsia sobreposta a HAC: diagnóstico de proteinúria significativa, podendo acometer até 30% das
grávidas com HAC. Deve‑se suspeitar dessa complicação quando ocorrer piora súbita dos níveis tensionais e
dos valores de proteinúria, surgimento de plaquetopenia e/ou anormalidades dos valores das transaminases.
Será considerado estado hipertensivo o valor de PAS ≥ 140 mmHg ou PAD ≥ 90 mmHg, repetido em
duas medidas da pressão arterial separadas por um intervalo mínimo de 4 horas entre elas.
É importante também que a equipe multiprofissional saiba reconhecer os elementos que caracterizam
a pré‑eclâmpsia grave:
• Oligúria.
89
Unidade II
• Plaquetopenia (<100.000).
• Oligodramnia.
Em pacientes com pré‑eclâmpsia que apresentam convulsões e/ou coma, é diagnosticada eclâmpsia.
A gestante deverá ser removida imediatamente para o hospital de referência após contato prévio,
implementando‑se os cuidados:
• Não se ater à convulsão instalada; é necessário atuar de maneira sistematizada e rápida, evitando
intervenções como venóclise durante a crise.
• Manter vias aéreas pérvias (evitar risco de aspiração; se necessário, aspirar secreções).
• Administrar anticonvulsivante.
• Evitar politerapia.
A administração dessa droga deve ser seguida por monitorização da frequência respiratória e do
reflexo patelar para propiciar o diagnóstico precoce de eventuais sinais de intoxicação, como apneia
e parada respiratória. Esses parâmetros clínicos devem ser controlados juntamente com a diurese, que
expressa o ritmo de excreção renal desse fármaco, até a transferência da gestante para o serviço hospitalar,
onde deverá continuar a vigilância. A unidade deve dispor de gluconato de cálcio a 10%, antídoto do
sulfato de magnésio, que deve ser aplicado por via intravenosa em bolus, se houver necessidade de
tratamento agudo de efeitos colaterais.
Saiba mais
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Unidade II
Resumo
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PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
Exercícios
Questão 1. (FUNDEP 2015, adaptada) O diagnóstico de gravidez baseia‑se na história, no exame físico
e nos testes laboratoriais. Assinale a alternativa que apresenta os sinais de probabilidade de gravidez.
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: as manifestações clínicas são atraso menstrual, náuseas, vômitos, tonturas, salivação
excessiva, mudança de apetite, aumento da frequência urinária e sonolência.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: a presença dos batimentos cardíacos fetais são detectados pelo sonar a partir de 12
semanas de gestação e pelo Pinard a partir de 20 semanas. Com o ultrassom, o saco gestacional pode
ser observado a partir de 4 a 5 semanas de gestação. Esses fatos demonstram a ocorrência de gravidez,
e não a sua probabilidade.
C) Alternativa correta.
D) Alternativa incorreta.
E) Alternativa incorreta.
A) Pós‑datismo.
B) Macrossomia fetal suspeita (peso fetal estimado entre 4.000 e 4.500 g).
D) Gestação gemelar.
A) Alternativa incorreta.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: macrossomia fetal suspeita deve levar ao parto cesariana na atual gestação, porém não
é contraindicado o parto normal em outras gestações da mesma parturiente.
C) Alternativa correta.
Justificativa: a placenta prévia cobre a abertura do colo do útero da mãe e essa condição não permite
um segundo parto que não seja cesárea. Alguns fatores de risco da placenta prévia são parto prematuro,
idade acima dos 35 anos e histórico de cirurgias anteriores, como cesárea e remoção de fibroide uterino.
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PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: a gestação gemelar é de gêmeos e não impede a mãe de numa próxima gestação fazer
um parto normal.
E) Alternativa incorreta.
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