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Abortamento
Hemorragia no 1º trimestre da gravidez é uma
ameaça de abortamento até prova em
contrário.
A OMS, define aborto como a expulsão de
um embrião ou feto com peso < a 500 gramas
ou < de 20 semanas de gestação contadas a
partir da DUM.
Incidência
25 % das mulheres grávidas podem Figura 1 - Nomenclatura
apresentar hemorragia no 1º trimestre da
gravidez. 12,5% termina em aborto.
Avanços tecnológicos:
• Ultrassonografia de alta resolução por via transvaginal;
• Determinação quantitativa seriada de hCG por radioimuno ensaio;
• Dados obtidos dos programas de fertilização in vitro;
• Amostras de vilosidades coriónicas obtidas nas curetagens uterinas.
O diagnóstico precoce permite estabelecer que, entre 12% a 20% das gestações comprovadas clinicamente,
terminam em abortos espontâneos. Do total de abortos, mais de 90% ocorrem antes da 12ª semana,
aumentando o risco à medida que aumenta a paridade, assim como a idade materna.
Transtornos genéticos
Abortos < 8 semanas = ovos com anomalias genéticas. Em 80% são detetadas anomalias cromossómicas.
Trissomias autossómicas (50%):
• Trissomia 16;
• Bolsa amniótica vazia.
Monossomia X:
• 20% – 25% dos casos;
• 1 de 15 fetos chegam a termo: síndrome de Turner.
Triploidia e tetraploidia:
• 15% e 10% dos casos.
Polissomia cromossómica sexual:
• 1,3% dos casos.
Aborto espontâneo – causas
Maior na proporção direta com a idade materna e é mais frequente com > 40 anos. O número de abortos
euploides é aproximadamente o dobro do que numa mulher de 20 anos.
As infeções encontram-se relacionadas com os eventos de abortamento, sendo os agentes mais frequentes:
Clamydia, citomegalovírus, toxoplasma gondii, Listeria monocytogenes, Herpes vírus, Mycoplasma, Brucella.
Toda a doença crónica, que comprometa seriamente a saúde da mulher grávida, encontra-se associada a
um aumento na incidência de aborto: hemoglobinopatias, cardiopatias, diabetes, hipertensão, transtornos
endócrinos.
Outras causas: anomalias uterinas, incompetência cervical, fatores imunológicos.
Abortamento – etiologia
Os fatores envolvidos na patogénese do abortamento variam.
Patologia da Mulher e da Criança | MARIA JOÃO GUERRA
2º ANO | 2º SEMESTRE
Tratamento cirúrgico:
• Cirurgia por Laparoscopia;
• Técnicas conservadoras: salpingostomia linear (aspiração do conteúdo ovular);
• Salpingectomia total: trompa muito danificada, gravidez ectópica recorrente;
• Instabilidade hemodinâmica: laparotomia urgente.
Doença trofoblástica gestacional
Definição:
Conjunto de patologias interrelacionadas com origem no epitélio trofoblástico da placenta. Processos benignos
e malignos que resultam de uma proliferação anormal do trofoblasto (hiperplasia) associadas a alterações
cromossómicas.
São blastomas originários do tecido de revestimento das vilosidades coriais (trofoblasto) que apresentam
crescimento anárquico, do ponto de vista histopatológico e suscetíveis a exibir alterações degenerativas no
estroma.
OMS – ISG Definição
Mola Vilosidades coriónicas com degeneração hidrópica avascular do
Hidatiforme cito e do sinciciotrofoblasto.
completa Ausência de tecido embrionário ou fetal. Estádio 0 não
Padrão 46 XX (96%) ou 46 XY. metástico
Mola Vilosidades coriónicas com degeneração hidrópica do
Hidatiforme parcial sinciciotrofoblasto.
Presença de tecido embrionário ou fetal.
Padrão de triploidia (69 XXY, 68 XXX, 69 XYY).
Neoplasia trofoblástica gestacional com vilosidades coriónicas que
Mola crescem no endométrio. De difícil diagnóstico. Perante uma
Invasora hemorragia severa vaginal ou peritoneal considera-se esta
situação.
Neoplasia trofoblástica gestacional maligna de proliferação rápida
que forma uma massa circunscrita que invade os vasos Estádio I,
Coriocarcinoma sanguíneos determinando o seu caráter metástico aos pulmões II..
(50%), vagina (30-40%), pélvis, fígado ou cérebro. metástico
Mola Hidatiforme
Placenta anormal não invasiva caraterizada por vilosidades coriónicas
aumentadas, edematosas e vesiculares acompanhadas de quantidade
variável de trofoblasto proliferativo.
Divide-se em mola completa (75%) ou parcial (25%).
• Hidatiformes vesículas = gotas de água (grego – hidátide);
• Complicação comum da gravidez/gestação, 1 de cada 1000 a
200 gravidezes (+ oriente);
• Proliferação anormal de tecido trofoblástico associado à gravidez/gestação.
Mola Hidatiforme Completa
Feto, cordão e membranas sempre ausentes. As vilosidades do 1º trimestre medem entre 1 e 8 mm
de diâmetro e as do 2º trimestre, entre 1,5 e 20 mm, não sendo jamais anotada a presença de
vilosidades normais.
• Alterações em todo o tecido trofoblástico
• Vilosidades coriónicas em forma de cisternas
• Não tem tecido embrionário ou fetal
Os cromossomas Molares são de origem paterna. 3% transformam-se em coriocarcinomas.
Mola Hidatiforme Parcial
Carateriza-se pela presença de pequenas vesículas hidrópicas até 5 mm, porém, em alguns exemplos
quando a gestação até à sua metade, alcançam até 20 mm. No meio dessas vesículas há tecido trofoblástico
normal, existência de feto e/ou âmnio.
• Vilosidades coriónicas de tamanho variável em tumefação hidatiforme focal, cavitação e hiperplasia
trofoblástica;
• Inclusões trofoblásticas proeminentes no estroma;
• Tecidos embrionários ou fetais identificáveis.
Genética:
• Cariótipo triploide (69 cromossomas);
• O jogo extra de cromossomas deriva do pai.
Manifestações Clínicas
Hemorragia vaginal em 84% dos casos:
• Desde uma escassa hemorragia a uma hemorragia severa; de forma intermitente ou durante
semanas.
Tamanho do útero:
• Cresce com maior rapidez apresentando uma altura uterina superior ao esperado para a IG;
• Consistência branda.
Atividade fetal:
• Não se detetam batimentos cardíacos fetais
Hipertensão gestacional:
• Identificada antes das 24 semanas = mola hidatiforme ou degeneração molar extensa.
Hiperémese:
• Náuseas e vómitos intensos – desidratação.
Tireotoxicose:
• Níveis aumentados da tiroxina (hipertiroidismo clínico).
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2º ANO | 2º SEMESTRE
Embolização:
• Células trofoblásticas, corrente venosa (evacuação molar) = embolia pulmonar aguda ou edema
pulmonar.
Diagnóstico
Hemorragia vaginal:
• Presente em 97% dos casos;
• 5% das mulheres apresentam anemia.
Exploração:
• Tamanho uterino grande/excessivo em 28% das mulheres (SINAL CLÁSSICO);
• Expulsão de vesículas (patognomónico, mas pouco frequente).
Ecografia:
• Trofoblasto com vesículas;
• Ausência de Batimentos Cardíacos Fetais;
• Quistos tecaluteínicos ováricos.
Analiticamente:
• β-hCG sérica (valores > 100.000 UI/ml são compatíveis com mola).
Tratamento
• Quimioterapia profilática;
• Esvaziamento molar por curetagem por sucção;
• Acompanhamento da mulher (deve evitar uma nova gravidez por um período não inferior a 1 ano):
• Utilização de contraceção – terapia hormonal – deve evitar uma nova gravidez por
um período não inferior a 1 ano
• Quantificação analítica da gonadatrofina coriónica (β-hGC) com intervalos semanais
após esvaziamento uterino, até obtenção de três dosagens consecutivamente
negativas;
• Quantificação analítica da β-hGC, depois de negativar, mensalmente durante 6 meses
e cada 2 meses após 1 ano;
• Dosagem de gonadotrofina coriónica (β-hCG) com intervalos semanais após esvaziamento uterino,
até obtenção de três dosagens consecutivamente negativas;
• Administração de Metrotezate;
• Histerectomia.
Seguimento:
• Determinação dos níveis de β-hGC nas 48 horas após o esvaziamento;
• Determinação dos níveis β-hGC semanais até conseguir 3 resultados normais consecutivos, e
depois mensalmente durante 6 – 12 meses, ou em cada mês até aos 3 meses, aos 3 meses, e
por último aos 6 meses;
• Deve realizar-se uma exploração bimanual para determinar o tamanho uterino cada três semanas
até obter ausência de níveis de β-hGC.
Coriocarcinoma
Definição:
Neoplasia maligna das células trofoblásticas.
Muito invasivo produzindo rapidamente metástases.
• Carcinoma do epitélio coriónico;
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2º ANO | 2º SEMESTRE
Riscos específicos:
• Acretismo placentário (5-25%);
• Hemorragia antenatal (2oe/ou 3o trimestre);
• Hemorragia pós-parto.
Sintoma mais frequente:
• Hemorragia genital indolor recorrente no 2º ou 3º trimestre da gravidez.
Diagnóstico:
• Ecografia trans-abdominal e trans-vaginal
• Exame com espéculo
Placenta prévia
(central total, central parcial, marginal ou a <2 cm do OCI)
Procedimentos:
• Abstinência sexual;
• Repouso no leito no 3º trimestre;
• Se hemorragia abundante - cesariana emergente;
• Se hemorragia moderada - repouso com hospitalização no 3º trimestre;
Pode haver hemorragia abundante quando da dilatação cervical (descolamento) - opção pela Cesariana
eletiva a termo (de risco).
Desprendimento/descolamento prematuro da placenta
normalmente inserida (DPPNI)
“Separação da placenta na sua zona de inserção normal,
de maneira total ou parcial, depois das 20 semanas de
gestação e antes do nascimento”
Incidência: 0,52-1,29%
Reincidência: 5-10%
Mortalidade perinatal: 15-35%
Etiopatogenia
“Desconhecida”
“Possível defeito na decídua e nos vasos uterinos que favorece a disrupção a nível uteroplacentária”
Hipertensão arterial (HTA) materna:
• Fatores genéticos;
• Idade materna e paridade;
• Carências nutricionais;
• Traumatismos;
• Rotura Prematura de Membranas (RPM);
• Trombofilias;
• Hábitos tóxicos;
• Miomatose uterina;
• Uso de Misoprostol.
Clínica
Hemorragia Genital - 80% dos casos
• Não há razão entre o sangue que se exterioriza e a perda total
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2º ANO | 2º SEMESTRE
• Sangue escuro
Dor Abdominal - 60% dos casos
• Por irritação miometrial e extravasamento sanguíneo;
• Lancinante, aparição brusca.
Hipertonia Uterina - 50% dos casos
• Irritação de fibras musculares produz tetania brusca;
• Útero endurecido que dificulta auscultar FCF.
Fisiopatologia
Descolamento
• Auto-limitado;
• Progressivo;
• Central (útero de Couvelaire);
• Bordo (metrorragia de sangue vivo ou vinoso)
Diabetes Gestacional
Intolerância aos hidratos de carbono de grau variável iniciada ou diagnosticada pela primeira vez durante a
gravidez e que pode ou não persistir após o parto. Tem uma prevalência de 3% a 13% das gestações.
A OMS em 1999 e ADA em 2000 definiram diabetes gestacional como a intolerância a carboidratos, em
qualquer grau, identificado durante o período gestacional, podendo ou não persistir depois do parto.
Diabetes “gestacional” implica doença induzida pela gestação, provavelmente, devido as grandes mudanças
fisiológicas ocorridas nesse período.
Fatores de risco da diabetes gestacional:
• Idade >25 anos;
• Presença de hipertensão arterial;
• Antecedentes familiares de diabetes;
• Obesidade (IMC ≥ 30) e excesso de peso;
• Síndrome do ovário policístico;
• Aumento excessivo de peso durante a gestação;
• Complicações obstétricas prévias;
• Tabagismo;
• Baixa estatura;
• Diabetes gestacional em gravidez anterior;
• Existência de familiares em 1o grau com diabetes;
• Gravidez anterior com feto macrossómico ou com malformação;
• Presença de hidrâmnios.
Fatores protetores da diabetes gestacional:
• Idade < 25 anos;
• Peso normal antes da gestação;
• História familiar negativa de diabetes;
• Ausência de complicações obstétricas prévias.
Epidemiologia
População mundial – 7%
Europa – 5%
Portugal – 2,81% (2004)
Afeta 150000 a 250000 mulheres das 5000000 mulheres que dão à luz anualmente na Europa.
Etiologia
Hipótese – hormonal:
• Durante a gravidez, a placenta produz uma grande quantidade de hormonas antagonistas da ação
da insulina;
• Aumento da resistência à insulina nos dois últimos trimestres de gestação.
Hipótese – genética:
• Diabetes gestacional – resistência à insulina semelhante ao que ocorre no diabetes tipo 2;
• As mulheres que desenvolvem diabetes durante a gestação têm maior probabilidade de algum dia
vir a desenvolver o diabetes tipo 2.
• Os genes responsáveis pelos diabetes tipo 2 e pelo diabetes gestacional, serão semelhantes
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2º ANO | 2º SEMESTRE
Hipótese – obesidade:
• Diabetes gestacional é mais comum em grupos em que a obesidade está presente
Metabolismo fisiológico dos carboidratos – fisiopatologia
No 1º trimestre e na fase inicial do 2º trimestre ocorre, fisiologicamente, um aumento da sensibilidade à
insulina.
A partir das 24-28 semanas de gestação, aumenta gradualmente a resistência à insulina, que pode
alcançar os níveis que se observam nos diabéticos tipo 2.
Quase todas as mulheres têm um certo grau de intolerância à glicose durante o período gestacional
resultado das intensas trocas hormonais.
A média dos níveis glicémicos podem estar além do normal, mas não o suficiente para ser diagnosticada
diabetes.
Produção hormonal:
Unidade feto-placenta (estrogénios, progesterona, HLP)
Grávida (cortisol, prolactina) - Hiperinsulinismo materno (estimulação células β-pancreáticas) -
Insulinorresistência - Aumento produção de insulina
A elevação da glicose durante o período gestacional faz com que o pâncreas tente diminuí-la aumentando
os seus níveis de insulina.
Geralmente o pâncreas materno é capaz de produzir três vezes mais que o de uma mulher não grávida.
No entanto, se esse aumento não for o suficiente para controlar as trocas hormonais, os níveis glicémicos
aumentam resultando no diabetes gestacional.
Insulino – resistência própria da gravidez - Diminuição da tolerância à glicose - Hiperglicemia materna -
Hiperglicemia fetal - Hiperinsulinismo fetal (hiperplasia células β pancreáticas).
Identificam-se na gestação de duas fases distintas:
• Uma fase anabólica – caraterizada por uma diminuição da glicemia por maior armazenamento da
glicose;
• Uma fase catabólica – uma diminuição da glicemia por maior consumo fetal.
1ª fase ¢ até às 20 semanas de gestação
• Aumento da sensibilidade à insulina;
• Aumento da deposição de gordura materna;
• Diminuição da glicemia basal.
2ª fase ¢ após as 20 semanas de gestação
• Aumento da resistência à insulina;
• Aumento da secreção da insulina;
• Aumento da produção da hormona lactogénio placentário.
• Aumento da produção de cortisol e estrogénio.
Insulino resistência fisiológica
Objetivo: Satisfazer as necessidades maternas e do feto em crescimento
• Estrogénios, progesterona, hormona lactogénica placentar, cortisol, prolactina, leptina, TNF-α.
Compensação: secreção insulina (pâncreas) - normal tolerância à glicose.
Falha no mecanismo (3-6%) - Diabetes Gestacional.
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2º ANO | 2º SEMESTRE
Medicação:
• Insulina é o tratamento standard na diabetes gestacional;
• Metformina (usada > 25 anos, não é teratogénica, pode ser alternativa à insulina);
• Glibenclamida (não é teratogénica, pode ser alternativa à insulina);
• Outros agentes terapêuticos: tiazolidiadonas são contraindicadas na gravidez.
Referenciação e vigilância da grávida com diabetes gestacional
Quando o diagnóstico de DG ou provável diabetes prévia for
feito no primeiro trimestre ou às 24-28 semanas de
gestação a grávida deve ser referenciada a uma Consulta
Hospitalar de Medicina Materno-Fetal para a Diabetes, num
Hospital de Apoio Perinatal (HAP) ou Hospital de Apoio Perinatal
Diferenciado (HAPD).
A grávida deve ser informada dos riscos
maternos e perinatais e receber aconselhamento sobre
modificações no seu estilo de vida, de uma forma individualizada
e culturalmente sensível.
Reclassificação no pós-parto
• Todas as mulheres a quem foi diagnosticada uma DG devem, 6 a 8 semanas após o parto, realizar
uma PTGO com sobrecarga de 75 g de glicose com duas determinações: às 0 e às 2 horas
• A prova é negativa quando os valores de glicemia em jejum forem <110 mg/dl (6,1 mmol/L) e <140
mg/dl (7,8 mmol/L) 2 horas após a sobrecarga de glicose
• Estas mulheres deverão fazer uma vigilância de saúde regular com determinações anuais da
glicemia plasmática em jejum, uma vez que têm um risco aumentado para desenvolverem Diabetes
Mellitus
• As mulheres classificadas durante a gravidez com “provável diabetes prévia” devem também ser
reavaliadas 6 a 8 semanas após o parto. A confirmação do diagnóstico deverá ter como base a
definição de diabetes na população em geral
• Nesta consulta a mulher deve ser avisada da importância da consulta pré- concepcional caso
pretenda voltar a engravidar
Puerpério
Logo após o parto, há um grande decréscimo da libertação de insulina, revertendo a resistência à insulina
que carateriza a gravidez.
Puérpera:
• Suspender perfusão de soros glicosados após alimentação PO e fazer pesquisas de glicemia antes
do pequeno-almoço, almoço e jantar;
• Se glicemia < 120 mg/dl em 3 determinações sucessivas, suspende pesquisas;
• Se glicemia > 120 mg/dl em 2 determinações, contatar médico.
Recém-nascido:
• Realizar pesquisas de glicemia antes das 3 primeiras mamadas;
• A amamentação deve ser incentivada em mulheres diabéticas.
NOTA – hipoglicemia: glicemia < 40-45 mg/d nas primeiras horas
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2º ANO | 2º SEMESTRE
Hiperémese Gravídica
A ocorrência ocasional de náuseas e vómitos até 14 semanas de gestação, mais comum no período da
manhã, é rotulada como êmese gravídica e pode ser considerada normal, estando presente em mais da
metade das gestantes.
A persistência de náuseas e vómitos com início antes da 20a semana de gestação, associada com perda
de peso, desidratação, distúrbio hidraeletrolítico, cetonúria, define a hiperémese gravídica.
Náuseas e vómitos incoercíveis e consequentes distúrbios nutricionais e hidroelectrolíticos (hiponatrémia,
hipopotassémia e hipoclorémia)
• Perda de peso;
• Desidratação;
• Cetose e cetonúria;
• Alterações a nível hepático (elevação das transaminases), neurológicas e renais.
Etiologia
Fatores endócrinos:
• A gonadotrofina coriónica humana parece
estar relacionada com o quadro. O pico de sua
secreção ocorre entre 12 e 14 semanas de
gestação, o que coincide com a exacerbação
clínica da hiperémese;
• O estrogênio pode ser coadjuvante ou
causador dos sintomas;
• A progesterona também tem seu papel pois
dificulta o esvaziamento gástrico.
Náuseas frequentes no 1o trimestre em gravidez normal – desaparecem normalmente pelas 16 semanas de
gestação.
Fatores imunológicos:
• O concepto produziria uma substância antigénica que desencadearia reação materna no centro do
vómito e no TGI.
Fatores psicossomáticos:
• Podem atuar no desencadeamento e evolução da doença: rejeição da gravidez, não aceitação da
maternidade, rejeição ao pai, imaturidade.
a
1 etapa: desidratação – perda de água e eletrólitos, principalmente o cloro, presente no suco gástrico (ácido
clorídrico) = alcalose metabólica hipoclorémica. Em casos mais graves pode ocorrer hipopotassemia.
A desnutrição ocorre como uma consequência da redução da ingestão alimentar.
Ocorre em 0,2 a 1.6 grávidas por cada 1000 partos
Mais frequente:
• Nas caucasianas;
• Mulheres imaturas e dependentes;
• 1a gravidez – primigestas.
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2º ANO | 2º SEMESTRE
Investigação clínica
• Tira teste - análise a urina (pesquisa de cetonúria);
• Ionograma – análise sanguínea;
• Função hepática e renal;
• Função tiroideia.
São úteis: hemograma, ureia e creatinina, glicose, eletrólitos séricos, gasimetria arterial, urina, USG obstétrica
(gravidez gemelar ou doença trofoblástica gemelar).
Diagnóstico diferencial: apendicite, colecistite, gastroenterite, cetoacidose diabética, obstrução intestinal,
pancreatite
Tratamento
Terapêutica de 1ª linha (emese gravídica):
• Medidas dietéticas – alimentos de fácil digestão e ricos em hidratos de carbono, dieta multifracionada
- Nausef.
Terapêutica de 2ª linha (hiperémese gravídica):
• Soluções hidroeletrolíticas EV
• Antieméticos – prometazina, metoclopramida
Internamento – início da terapia medicamentosa e afastamento do stress
• Controle do peso e diurese diário
• Suspensão das medicações à base de ferro para controlar a anemia na gravidez, pois exacerbam
as náuseas, vómitos
• Critérios de alta – restabelecimento do equilíbrio hidroeletrolítico, bom estado nutricional e ausência
de sintomas
Reposição hidroeletrolítica com Ringer Lactato ou Solução Salina. Usar soluções glicosadas com cautela, e
administrar tiamina venosa;
• Medicações antieméticas – plasil, zofran, benzodiazepínicos, piridoxina, etc.
Alimentação – jejum de 24 a 48 horas, com progressão da dieta após estabilização.
• Ingestão de pouca quantidade de alimentos a cada 3 horas;
• Dieta pobre em lipídios e rica em carboidratos.
Patologia da Mulher e da Criança | MARIA JOÃO GUERRA
2º ANO | 2º SEMESTRE
Consequência do contacto com eritrócitos “estranhos” (fetais), que têm na sua superfície antígenos
desconhecidos, com o sistema imunológico do recetor (mãe), como consequência produz anticorpos
destinados a destruir os eritrócitos “estranhos”.
Incompatibilidade ABO – presença de um feto com tipo ABO diferente do organismo materno
Incompatibilidade Rh – presença de um feto Rh positivo num organismo materno Rh negativo sem existir
passagem de glóbulos vermelhos/hemácias fetais para o organismo materno, por contato entre as duas
circulações sanguíneas ¢ sem sensibilização do organismo materno.
Isoimunização – produção de anticorpos maternos como resposta a uma exposição aos antigenes de
glóbulos vermelhos diferentes dos próprios.
NOTA: a partir da 6ª semana de gestação, existem na circulação fetal os carateres antigenes Rh do embrião/feto.
Isoimunização materno-fetal
A isoimunização consiste na produção materna de anticorpos perante a presença de antigenes nas
membranas das hemácias fetais, ausentes nas hemácias maternas, como resposta a uma sensibilização
(contato) prévia.
Fisiopatologia:
• Os antigenes Rh aparecem na 6ª semana de vida embrionária;
• Os linfócitos B maternos ao contatar com o RhD, reconhecem como estranhos, provocando uma
reação imunológica produzindo a IgM IgM anti-D.
Resposta Materna Primária
Durante o primeiro trimestre da gravidez normal, os eritrócitos fetais cruzam a placenta e entram na
circulação sanguínea materna em cerca de 5% dos casos.
A quantidade de sangue capaz de produzir uma resposta imune é de somente 1 ml, no entanto
quantidades menores podem reforçar uma imunidade secundária ou adquirida.
Uma vez estabelecida a isoimunização, a mãe pode produzir grandes quantidades de anticorpos anti-Rh
em resposta à passagem transplacentária de quantidades mínimas de células fetais Rh positivas (resposta
imune secundária).
Causas
• Transfusões maternas - Parto
§ Hemorragia
§ Morte fetal in útero
• Processos patológicos - Aborto
§ Gravidez ectópica
§ Traumatismo abdominal
• Transfusões sanguíneas
• Procedimentos obstétricos
§ Biópsia vilosidades coriónicas
§ Amniocentese
§ Cordocentese
§ Extração manual de placenta
§ Cesariana
§ Cerclaje
Doença hemolítica fetal/resposta materna secundária
Eritroblastose fetal
Também conhecida como Doença hemolítica do recém-nascido:
• Incompatibilidade sanguínea do Fator Rh entre o sangue materno e o sangue fetal.
As hemácias do feto, que carregam o Fator Rh positivo, desencadearão um processo no qual o
organismo da mãe começará a produzir anticorpos. Estes anticorpos chegarão até à circulação do feto,
destruindo as suas hemácias.
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2º ANO | 2º SEMESTRE
Prevenção e tratamento
Identificação das grávidas/mulheres com risco de Isoimunização Rh
• Tipagem de grupo de sangue a todas as grávidas/mulheres na 1º consulta prénatal;
• Grávida/mulher Rh (-), homem/progenitor Rh (+).
§ Pedir tipagem para grupo de sangue e fator Rh de ambos os progenitores e dos filhos
existentes.
Identificação das grávidas/mulher isoimunizadas:
• Antecedentes obstétricos
• Determinação da presença de anticorpos maternos (Ac) contra fator D do sistema Rh na membrana
eritrociária fetal
§ Titulação de anticorpos (Ac) – teste de Coombs Indireto
Deteção/avaliação da gravidade de Isoimunização Rh
• Grau de anemia perinatal e das suas complicações2
História clínica:
• Transfusões
• Gravidez anterior (ocorrência):
§ Icterícia;
§ Fototerapia;
§ Exsanguíneo transfusão;
§ Evolução neonatal;
§ Óbitos;
§ Hidropisia fetal;
§ Administração de imunoglobulina.
Titulação de anticorpos
Identificar se existe isoimunização materna -
Deteção de anticorpos maternos - métodos de
aglutinação imunológica.
Teste de Coombs indireto – deteta anticorpos
antieritrocitários no soro materno – anticorpos anti-
Rh (D) em grávida Rh (-)
Teste de Coombs direto – deteta anticorpos na
membrana das hemácias fetais
Profilaxia da
Isoimunização materna
Administração de Ig anti-D humana em grávidas
Rh (-) não sensibilizadas.
Em que situações?
1. Durante as primeiras 72 horas após o
parto de um feto Rh (+), ou na situalão
de aborto (espontâneo ou induzido),
gravidez ectópica ou metrorragia
2. Às 28 semanas de gestação, se o
progenitor é Rh (+)
Patologia da Mulher e da Criança | MARIA JOÃO GUERRA
2º ANO | 2º SEMESTRE
3. Durante a 1ª metade da gravidez nas mulheres previamente sensibilizadas ou com fatores de risco
Aplicação de gamoglobulina anti-D (RhOGAM)
Dose utilizada: dose de 150-300 meg UM para neutralizar 25-30 ml de sangue
• Em cada procedimento invasivo
• Em cada evento obstétrico
• A Imunoglobulina anti-D (RhO) é uma solução injetável que contém anticorpos específicos para o
antigéno D (RhO) do tipo Imunoglobulina G (IgG)
Tratamento
1. Tratamento materno
§ Diminuição de anticorpos
maternos;
§ Imunoglobinas endovenosas;
§ Plasmaferese
2. Transfusão intrauterina
§ Tratamento de eleição nas
situações de anemia fetal grave;
§ Realiza-se através de
cordocentese;
§ Transferência de sangue. O Rh (-);
§ Aplicação de amaglobulina anti-D (RhoGAM).
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2º ANO | 2º SEMESTRE
Fisiopatologia
Agressão ao “Endotélio Vascular” (mediada por Mecanismos Imunológicos).
O dano endotelial causa:
• Vasoconstrição;
• Elevação da Resistência Periférica - Hipertensão Arterial.
Alteração da Permeabilidade Vascular – Edema.
Ativação do Sistema de Coagulação – Coagulopatia.
Doença em 2 estágios:
• Placentação defeituosa - hipoxia placentária
• Disfunção endotelial sistémica
Útero/placenta– diminuição do fluxo - insuficiência uteroplacentária
Coagulação – plaquetas diminuídas ¢ menos de 100000
Diagnóstico
Critérios:
• Elevação da PA:
§ 30 mmHg na PA diastólica
§ 15 mmHg na PA sistólica
• Edema:
§ Ganho ponderal acima de 100g por semana
§ Edema que não cede com o repouso
• Proteinúria
§ 300 mg/l em urina de 24h
§ 1g em amostra isolada, confirmada mais de uma vez
Critérios para DHEG grave:
1. PA diastólica > 110 mmHg
2. Cefaleias associadas à hipertensão arterial
3. Distúrbios visuais relacionados com HÁ
4. Dor epigástrica ou no hipocôndrio direito
5. Proteinúria – 1g/litro/24h ( 1 ou mais em fita)
6. Oligúria (volume urinário – 600 ml/24h)
7. Creatinina – 1mg/dl
8. Edema Pulmonar
9. Plaquetas – 100000
10. Bilirrubinas
11. Enzimas hepáticas
Alterações Orgânicas na Pré-Eclâmpsia
1. Renais:
• Endoteliose capilar glomerular – espessamento endotelial e aumento do volume e
vacuolização dos glomérulos;
• Dano glomerular – aumento da permeabilidade às proteínas (proteinuria);
• Hiperuricemia (marcador de gravidade).
2. Cardiovasculares:
• Disfunção endotelial – HAS;
Patologia da Mulher e da Criança | MARIA JOÃO GUERRA
2º ANO | 2º SEMESTRE
• Planeamento familiar – aferido de acordo com o tipo de HTA, valores tensionais e desejo da
mulher
Exclusão de trombofilias 12 semanas após o parto, sempre que:
• PE grave ou em idades gestacionais muito precoces
• Síndrome de HELLP
• DPPNI
Remissão dos problemas até à 6a semana – ocasionalmente até às 12 semanas
• Se persistência de qualquer alteração será provavelmente HTA crónica
Patologia da Mulher e da Criança | MARIA JOÃO GUERRA
2º ANO | 2º SEMESTRE
Infeções na Gravidez
Generalidades
Formas de contaminação fetal:
• Circulação sanguínea via transplacentária;
• Infeção materna no trato genital;
• Após realização de procedimentos invasivos.
INFEÇÃO MATERNA
Passagem do agente
por pinocitose ou
Placentite
diapedese de leucócitos
maternos infetados
Os agentes atingem
diretamente o feto
Infeções TORCHS
Sigla que agrupa os diversos agentes etiológicos da síndrome que tem o mesmo nome.
Síndrome TORCHS é um conjunto de sinais e sintomas que apresenta o recém-nascido afetado por uma
infeção congénita.
T – toxoplasma gondii;
O – outras: sífilis, hepatites;
R – rubéola;
C – citomegalovirus;
H – herpes:
S – SIDA
TORCHS – toxoplasmose
Doença infeciosa ocasionada por um protozoário parasita intracelular. Pode causar lesões leves e
assintomáticas, assim como infeções mortais que afetam principalmente o feto, ocasionando a chamada
toxoplasmose congénita.
Também pode apresentar maior gravidade quando afeta os recém-nascidos, idosos e as pessoas vulneráveis
pela sua condição de deficit na imunidade.
Toxoplasma Gondii:
• Existe na forma de oocisto, taquizoíto e bradizoíto (forma intracística)
Epidemiologia:
• Tem uma distribuição mundial;
Patologia da Mulher e da Criança | MARIA JOÃO GUERRA
2º ANO | 2º SEMESTRE
Em imuno
Eritema Corioretinite
Linfadenopatias Cefaleia comprometidos:
maculopapular Leucograma
Febre Mialgias Compromisso
Hepatomegalia Lifocitose e linfócitos
Mal estar geral Odinofagia pulmonar
Esplenomefalia Atípicos
Compromisso do SNC
Na gestação, 90% das infeções são assintomáticas, reforçando a necessidade de triagem serológica no
acompanhamento durante a vigilância pré-natal.
Risco de infeção e de lesões fetais na toxoplasmose aguda durante a gravidez:
Infeção Materna Probabilidade Infeção Fetal Lesões Graves
(idade gestacional) Manifestação
1º trimestre 10 a 25% Sintomática 80%
2º trimestre 30 a 54% Sintomática 30%
3º trimestre 60 a 80% Assintomática < 5%
Resultados neonatais devido à infeção materna por trimestre:
Resultados neonatais 1º trimestre 2º trimestre 3º trimestre
Toxoplasmose congénita 9 a 0% 27 a 0% 59 a 0%
Subclínica (no nascimento) 22 a 2% 74 a 4% 89 a 8%
Clinicamente evidente 77 a 8% 15 a 6% 10 a 2%
Morte perinatal ou natimorte 5 a 0% 2 a 0% 0%
• Cerca de metade de todos os fetos infetados durante a gestação morrem pouco antes ou após o
parto
• Os recém-nascidos que sobrevivem desenvolvem sintomas da doença precocemente ou sífilis
tardia, se não receberem tratamento
• Risco de infeção aumenta com IG
• A sífilis causa morte fetal precoce e perinatal em 40% dos fetos afetados
• As fases precoces de sífilis estão associadas a elevadas taxas de transmissão (30 a 50%)
O tratamento adequado cura a sífilis na mãe e no feto.
Prova serológica VDRL não treponémica:
• VDRL reativo – necessita de confirmação por prova serológica treponémica
• VDRL reativo e prova treponémica – não se toma qualquer medida (falso positivo)
• Todas as gravidas com serologia positiva devem ser consideradas afetadas
Tratamento – penicilina benzatínica IM (1 vez por semana)
TORCHS – varicela
Vírus Varicela Zoster – grupo herpes vírus
• 95% das mulheres em idade reprodutiva estão imunizadas
A transmissão faz-se por contato direto entre indivíduos, através de secreções respiratórias ou lesões
cutâneas vesiculares.
• Não parece haver qualquer risco para o feto quando a infeção materna ocorre durante o 2º
trimestre da gravidez
• O momento em que ocorre a infeção primária na gravidez determina as manifestações no recém-
nascido
• A infeção primária pode causar a morte fetal
em qualquer momento da gravidez
• 30% dos recém-nascidos com síndrome de
varicela congénita morrem durante o
primeiro ano de vida
Infeção ocorre antes das 20 semanas de gestação:
• Morte fetal
• Síndrome de variela congénita (SVC)
• Sinais no feto:
§ Atrofias músculo-esqueléticas
§ Deformações das extremidades
§ Lesões do SNC, autónomo e
periférico
§ Lesões oftalmológicas – cataratas e
corioretinites
Infeção ocorre após as 20 semanas de gestação:
• Assintomática ou pode originar a zona na
infância
Varicela perinatal:
• Risco de transmissão fetal de 25 a 50%
• Gravidade da doença depende da IG em que ocorreu a infeção materna
Patologia da Mulher e da Criança | MARIA JOÃO GUERRA
2º ANO | 2º SEMESTRE
Segundo os Centros para a prevenção e controlo das doenças (CDC), aproximadamente entre 1 a 3% das
mulheres adquirem infeção por CMV durante a gravidez.
• Entre 5 a 10% dos recém-nascidos com CMV congénito apresentará sinais de infeção ao nascer e
mais de 90% desenvolverá complicações graves
A transmissão é mais frequente nos primeiros meses de gravidez.
• Após infeção primária intrauterina, a transmissão ocorre em 30 a 40% dos casos
• Cerca de 15% das mulheres que adquirem infeção primária durante os primeiros meses de
gestação, abortam espontaneamente
• A placenta funciona como reservatório no qual o CMV se replica antes de ser transmitido ao feto
Clínica – doença aguda adquirida:
Sinais e sintomas de Mononucleose infeciosa.
• Início súbito:
§ Febre
§ Artralgias
§ Mialgias
§ Faringite
• Linfoadenopatia
• Hépato-esplenomegalia dolorosa, bilirrubinemia
• Pneumonia (na pessoa imunodeprimida)
• Alterações renais
Citomegalovirose congénita:
• Gastrointestinais e abdominais:
§ Atresia das vias biliares
§ Atresia do esófago
§ Fenda do palato
§ Megacólon
§ Hérnia inguinal
§ Onfalocelo
• Cardiopulmonares:
§ Comunicação interventricular
§ Comunicação interauricolar
§ Estenose mitral congénita
§ Quisto congénito do pulmão
§ Tetralogia de Fallot
• Oculares:
§ Microftalmia
§ Atrofia ótica
§ Cataratas
• Cerebrais:
§ Hidrocefalia § microcefalia
• Endócrinas:
§ Hipoplasia suprarrenal
§ Hipotiroidismo
Patologia da Mulher e da Criança | MARIA JOÃO GUERRA
2º ANO | 2º SEMESTRE
• Aparelho locomotor:
§ Luxação congénita da anca
Diagnóstico – serologia:
• (IgG- IgM-) – não há imunidade, medidas profiláticas
• (IgG+ IgM-) – valores médios ou elevados de IgG, imunidade estabelecida ou recente
• (IgG+ IgM+) – pode confirmar infeção evolutiva, mas pode tratar-se de falso positivo por infeção
recene ou IgM residuais
Na maioria dos casos, não existe tratamento.
A melhor medida preventiva é a lavagem correta das mãos.
TORCHS – hepatite B
Sintomas de mal-estar, náuseas, falta de apetite, dor abdominal vaga ou em hipocôndrio e icterícia.
Elevações nos níveis séricos de bilirrubina e aminotransferases, enquanto, serologicamente, há presença de
um genoma viral da hepatite no fígado e no soro.
• Período de incubação em média de 2 a 3 meses
• Portadores crónicos são os principais reservatórios da infeção
• Transmissão por via sexual e hemática, transmissão verical:
§ Gravidez
§ Parto (mais importante)
§ Amamentação)
O risco de transmissão esta fortemente relacionado com a infetividade materna.
Durante a gestação o HBV só muito dificilmente é transmitido antes do parto.
• Não há embriopatia ou fetopatia a ele associados.
Durante o parto só é transmitido por contato com secreções vaginais e sangue.
• A cesariana não parece influenciar a taxa de infeções.
O aleitamento materno e o contacto íntimo mãe-filho dão origem a contaminação pelo leite, sangue, saliva,
mas isto só acontece se a mãe for infetada no período pós-parto.
• Se a mãe tem uma hepatite aguda no 3º trimestre ou pós-parto: 60-70% de risco de transmissão
ao RN
• Se a concentração de HBV é >1000 pg/ml, o risco de transmissão é de 100%
• Nas restantes é 12%
Tratamento e prevenção
A vacinação isolada mesmo quando utilizada isoladamente possui grande eficácia na prevenção da
transmissão vertical já que reduz os níveis de transmissão em 70-95%.
Está indicado uso de imunoglobulina especifica na grávida com história de acidente com material contaminado,
relações sexuais em fase aguda ou em vítima de violência sexual (0,06 mg/kg EV).
Prevenção da transmissão vertical:
• Rastreio sistemático do AgHBs (90% das portadoras são assintomáticas)
• AgHBs é o marcador com maior sensibilidade e especificidade
• Se AgHBs + fazer estudo da função hepática e PCR HBV
Na vigilância pré-natal, todas as gravidas devem ser rastreadas através de análises serológicas especificas,
para HbsAg e para anti- HBc na 1ª consulta. Se negativos, repetem o HbsAg no 3º trimestre
• Administração de antipiréticos
• Analgésicos
• Antieméticos
• Antiespasmódicos
A terapêutica antimicrobiana deve ser iniciada logo que forem colhidos os exames:
• Via parental
• Via intravenosa
• Só passando para via oral após 24 a 48 horas da remissão dos sintomas
• 14 dias de ATB
Patologia da Mulher e da Criança | MARIA JOÃO GUERRA
2º ANO | 2º SEMESTRE
Patologia do Puerpério
Hemorragia no puerpério – período pós-parto
Perda hemática genital superior ou igual a 1000 ml após a dequitadura. Qualquer perda associada a
compromisso hemodinâmico.
Pode ter várias etiologias, dependendo da sua origem:
• Hemorragias não-uterinas: colo, vagina, vulva;
• Hemorragias uterinas: fragmentos retidos de placenta, infeção intrauterina, subinvolução ou atonia
do útero e do local de inserção placentária, miomas uterinos.
Dequitadura manual interna:
• Hemorragia grave;
• Dequitadura prolongada.;
Vigilância frequente do globo de segurança (primeiras 2h).
Etiologia (hemorragia pós-parto precoce):
• Atonia uterina (++);
• Retenção parcial ou total da placenta (++);
• Lesões do trato uterino genital inferior (++);
• Rotura uterina;
• Inversão uterina;
• Acretismo placentário;
• Coagulopatia materna.
Medidas imediatas perante hemorragia pós-parto grave:
1. Chamar o obstetra e o anestesista de apoio;
2. Cateterização de duas veias periféricas com catéter 14G ou 16G;
3. Infusão de soluções cristaloides (lactato de Ringer, soro fisiológico, soro polieletrolítico) 1000 ml em
cada veia cateterizada;
4. Retirar sangue para tipagem, hemograma, ionograma e estudo da coagulação;
5. Elevação dos membros inferiores;
6. Administração de O2 por máscara a 8 l/min;
7. Algaliação e registo de diurese com debitómetro;
8. Monitorização contínua do pulso radial, tensão arterial e saturação O2.
Infeção Puerperal
Fatores que aumentam o risco:
• Baixo nível económico;
• Nutrição inadequada;
• Anemia;
• Obesidade;
• Falta de assistência pré-natal durante o trabalho de parto;
• Toques vaginais frequentes;
• Duração da rotura de membranas;
• Trabalho de parto prolongado;
• Corioamnionite;
Patologia da Mulher e da Criança | MARIA JOÃO GUERRA
2º ANO | 2º SEMESTRE
A mama afetada fica eritematosa, dolorida e com área endurecida que pode ser palpada e ainda podem ser
observadas fissuras.
Depressão pós-parto (DPP)
Os transtornos psiquiátricos foram classificados na Décima Revisão Internacional das Doenças (CID10). Eles
não são considerados distúrbios mentais específicos do puerpério, mas sim associados e ele, ou seja, o parto
atua como um fator desencadeante devido à fragilidade psicológica a qual a mulher se expõe.
Classificam-se em:
• Síndrome da Tristeza Pós-Parto;
• Depressão Puerperal ou Pós-Parto;
• Psicose Puerperal
Depressão, síndrome ou doença que inclui alterações de humor, cognitivas, psicomotoras e vegetativas.
Humor deprimido:
• Tristeza, depressão;
• Perda de interesse ou prazer Funcionamento cognitivo -Dificuldade de pensar ou se concentrar;
• Indecisão.
Sintomas neurovegetativos:
• Sono;
• Apetite;
• Atividade psicomotora;
• Líbido Pessimismo;
• Desamparo;
• Ideação e comportamento suicida
Etiologia/fatores de risco:
• Dificuldades económicas;
• Baixo nível de escolaridade;
• História prévia de doença psiquiátrica;
• Depressão pré-natal;
• Baixa autoestima;
• Gravidez não planeada;
• Tentativa de aborto sem sucesso;
• Ausência de parceiro.
Impacto na díade mãe/recém-nascido:
• Vínculo prejudicado;
• Ausência de expressão facial/dificuldade de comunicação e toque • Repercussão nos filhos:
§ Baixa autoestima
§ Insegurança
§ Atraso no desenvolvimento cognitivo e emocional
§ Disforia
Patologia da Mulher e da Criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 2º SEMESTRE
Pediatria
Área da medicina responsável pela saúde de lactentes, crianças e adolescentes (idade entre os 0-18 anos),
pelo seu crescimento e desenvolvimento, visando a responsabilidade de estes atingirem todo o seu
potencial como adultos. Medicina curativa e preventiva (cada vez maior ênfase, nesta última).
Grupos etários em Pediatria:
• Recém-nascido: nascimento até 28 dias de vida;
• Lactentes: 29 dias – 12 meses;
• Pré-escolares: 12 meses – entrada no 1º ciclo escolar;
• Escolares: 1º ciclo – adolescência;
• Adolescentes: 10-14 anos, até à maioridade.
Consultas de Saúde Infantil e Juvenil
• Medicina Preventiva
• Plano de consultas periódicas, com avaliação em cada uma de: exame físico, desenvolvimento
psicomotor e vacinação. Número mínimo desejável de consultas, mas em caso de patologia, serão
necessárias consultas adicionais.
Associação Americana de Pediatria (AAP)
Plano de consultas de supervisão, recomendadas, dos 0-21 anos Total de 28 consultas:
• Pré-natal;
• Recém-nascido;
• 2-4 semanas;
• 2, 4 e 6 meses;
• 9, 12, 15 e 18 meses,
• 2, 3, 4 e 5 anos;
• 6, 8 e 10 anos;
• 11, 12 e 13 anos;
• 14, 15, 18 e 17 anos;
• 18, 19, 20 e 21 anos.
Conteúdo das consultas:
• Avaliação do estado de saúde;
• Exame objetivo;
• Vacinação;
• Cuidados antecipatórios;
• Encerramento da consulta.
Boletim de Saúde Infantil e Juvenil – Ministério da Saúde
Número mínimo recomendado – total de 17 consultas:
• 1ª semana de vida;
• 1 mês;
• 2, 4 e 6 meses;
• 9, 12, 15 e 18 meses;
• 2, 3 e 4 anos.
Patologia da Mulher e da Criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 2º SEMESTRE
• 5-6 anos;
• 8 anos;
• 11-13 anos;
• 15 e 18 anos.
Febre
Manifestação mais comum de doença na idade pediátrica.
Define-se como um aumento da temperatura corporal acima da normal variação diurna. Para além da
vacinação individual, a temperatura varia com a idade, a atividade física e ao longo do decorrer do dia.
• Mais elevada ao final da tarde do que de manhã
• Geralmente, oscila entre os 36 e os 37oC, de manhã, e perto dos 38oC, à tarde
(temperatura retal)
A temperatura axilar apresenta valores mais baixos – 0,5oC em relação à oral e 1oC em relação à retal.
A temperatura timpânica pode não refletir com precisão a temperatura central. Deve ser usada
cautelosamente, sobretudo em decisões clínicas.
Temperatura corporal – controlada pelo centro termorregulador hipotalâmico. Responde a diversos
estímulos:
• Infeção (mais frequente);
• Processos inflamatórios;
• Neoplasias;
• Traumatismos;
• Origem psicológica.
A febre tem valor como sinal de doença e não como doença em si própria. Assim, sempre que possível, a
causa da febre deve ser identificada e tratada.
A febre tem um papel importante como mecanismo de defesa contra a infeção. Vários processos envolvidos
no combate à infeção têm maior atividade a uma temperatura acima da normal.
A terapêutica antipirética tem como objetivos:
• Prevenção das complicações associadas à hipertermia (convulsões febris e desidratação)
• Proporcionar mais conforto ao doente
Atualmente, defende-se a moderação na terapêutica sintomática da febre. Tem um papel importante na
defesa contra a infeção e raramente dá origem a complicações. Está preconizada terapêutica antipirética
quando a temperatura axilar for superior a 38oC – 38,5oC. No caso de história de convulsões febris ou epilepsia,
a abordagem dos episódios febris poderá ser mais enérgica.
Agasalhar ou despir? Depende..
• Na subida térmica, a criança está com calafrios e com as extremidades frias. Poderá ser necessário
aquecê-la (roupa ou cobertor) mas sempre após a administração do antipirético.
• Na defervescência há que permitir que haja uma libertação de calor e, por isso, deve-se retirar a
roupa.
O banho deve ser frio, quente ou morno?
O arrefecimento físico (através do banho ou da colocação de toalhas) é discutível. A sua finalidade seria
facilitar a mais rápida redução da temperatura corporal em alguns graus (de 40-41oC para 37-38oC). O banho
deve ser dado à temperatura normal (37oC).
As medidas físicas de arrefecimento devem ser sempre associadas a terapêutica farmacológica, pois
isoladas aumentam a conservação e produção de calor, pela vasoconstrição reativa e pelos tremores que
provocam.
Patologia da Mulher e da Criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 2º SEMESTRE
Prevenir a desidratação..
Os estados febris condicionam perdas aumentadas de água através da transpiração e pela anorexia. Deve-
se oferecer líquidos com frequência, de acordo com as preferências da criança.
A criança deve-se alimentar e é necessário tranquilizar os pais quanto à ocorrência, quase invariável, de
anorexia na maioria das doenças febris das crianças. Durante a convalescença, o apetite vai voltar ao normal
e a criança vai recuperar o peso que, entretanto, perdeu. Não há qualquer indicação para vitaminas ou
estimulantes do apetite.
Tratamento farmacológico..
Inibição da síntese de prostaglandinas no centro hipotalâmico. O paracetamol e o ibuprofeno são os mais
usados. O ácido acetilsalicílico, em crianças menores de 12 anos, não está indicado, devido à possível associação
com a síndrome de Reye.
• Paracetamol – antipirético de escolha nos latentes e crianças. A dose recomendada é de 10-15
mg/kg/dose, a cada 4-6 horas e esta dose deve ser ajustada ao peso da criança e não à sua idade
pois existe risco de intoxicação.
• Ibuprofeno – alternativa eficaz ao paracetamol e a dose recomendada é de 5-8 mg/kg/dose, a
cada 6-8 horas. Existe um risco de hipersensibilidade em doentes asmáticos, no entanto, estudos
recentes em pequenos latentes e crianças asmáticas não mostraram riscos acrescidos, em relação
ao paracetamol.
A prescrição de doses elevadas de paracetamol e de ibuprofeno tornou-se frequente nos últimos anos.
A verdadeira “fobia” relativa à febre é que, os pais consideram ser necessário baixar a febre a qualquer
custo.
Não há evidência científica de que a terapêutica antipirética alternada conduza a uma descida mais rápida da
temperatura ou tenha uma maior eficácia do que qualquer dos agentes isoladamente, em doses adequadas.
Em monoterapia, deve permanecer a regra na prescrição de antipiréticos.
Patologia da Mulher e da Criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 2º SEMESTRE
A criança é diferente?
Criança = adulto pequeno?
O peso é variável com a idade.
Ministração de medicação me função do peso:
Peso (kg) = 2 x (idade + 4); apenas de 1 a 10 anos
A superfície corporal / peso; diminui com a idade.
• Cabeça grande e pescoço curto;
• Face pequena e mandíbula pequena;
• Latente: tendência natural para a flexão da cabeça;
• Criança pequena não fala.
Via aérea
• Frequente hipertrofia adenoides e/ou amígdalas;
• Laringe mais alta e anterior;
• Anel cricoideu: zona mais estreita da via aérea;
• Traqueia curta e mole;
• Vias aéreas de menor calibre; maior resistência ao fluxo de ar, mais fácil oclusão;
• Língua grande;
• Dentes de fixação fraca;
• Base da boca compressível;
• Narinas estreitas;
• Respiração nasal: exclusiva (< 3m) Idade (anos) Frequência respiratória (ciclos/min)
ou preferencial (3-6m). <1 30 – 40
Respiração 1–2 25 – 35
• Menos alvéolos e menores; 2–5 25 – 30
• Menor ventilação alveolar colateral; 5 – 12 20 – 25
• Parede torácica complacente; > 12 15 – 20
• Respiração diafragmática: músculos intercostais pouco desenvolvidos;
• Costelas horizontais: menor expansão torácica e menor proteção do diafragma e do abdómen.
Circulação
• Volume sanguíneo absoluto menor;
• Volume sangue / peso corporal maior (70 – 80 ml/kg);
• Perdas sanguíneas pequenas; maior repercussão hemodinâmica.
• Resistência vascular sistémica (RVS) menor – RVS aumenta com a idade.
Motor
Verbal
Circulação
• Compressões torácicas externas
Lactente
Patologia da Mulher e da Criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 2º SEMESTRE
Criança
Compressões torácicas
Em crianças conscientes
Pancadas nas costas
Patologia Respiratória
Infeções Respiratórias
50% das doenças nas crianças com < 5 anos. Idade (anos) Ciclos/min
30% das doenças nas crianças > 5 anos e < 12 anos. 0–1 31 + 8
70%-80% trata-se de infeções víricas. 1–4 25 + 4
Infeções respiratórias altas – apenas 5% atingem a laringe e vias
2–8 22 + 2
aéreas inferiores.
8 – 15 19 + 3
0-6 anos: 5-9 episódios por ano
15 – 28 16 + 3
Pico de incidência: 2-4 anos
Coriza: doença infeciosa mais frequente na criança
Otite média aguda: causa mais frequente de prescrição de antibióticos
Vias Respiratórias
Altas:
• Nariz;
• Seios perinasais;
• Faringe.
Baixas: laringe até ao alvéolo
Sinais e Sintomas
• Tosse;
• Estridor;
• Rinorreia;
• Sialorreia;
• Disfagia;
• Posição;
• Cor;
• Voz;
• Adejo nasal;
• Tiragem;
• Taquipneia;
• Polipneia;
• Bradipneia;
• Apneia;
• Petéquias;
• Gemido.
Coriza (constipação)
Infeção mais frequente do aparelho respiratório.
5 a 8 corizas por ano (mais no 2º ano de vida).
Etiologia vírica:
• Rinovírus, adenovírus, coronavírus, influenza.
Patologia da Mulher e da Criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 1º SEMESTRE
Picos:
• Setembro, janeiro e abril.
Clínica:
• Espirros, obstrução nasal, rinorreia, odinofagia ligeira, febre, cefaleias, mialgias;
• Duração: 1 a 2 dias.
Complicações:
• Otite média;
• Mastoidite;
• Celulite periorbitária;
• Laringotraqueobronquite;
• Pneumonia.
Tratamento sintomático:
• Desobstrução nasal;
• Vasoconstritor nasal;
• Atmosfera húmida.
Otite Aguda
Otite externa:
• Pele é a causa mais frequente da pressão do tecido celular subcutâneo;
• Piscinas e cotonetes: favorecem infeção;
• Pseudomonas aeruginosa e staph aureus;
• Antibióticos: tópicos ou sistémicos (mais analgésicos).
Otite média aguda:
• Causa mais frequente da prescrição de antibióticos;
• 5000000 consultas por ano nos EUA.
Fatores precipitantes:
• Infeções víricas;
• Fumo do cigarro;
• Obstrução da trompa de Eustáquio.
Fatores protetores:
• Aleitamento materno.
Tratamento sintomático:
• Desobstrução nasal;
• Vasoconstritor nasal;
• Atmosfera húmida.
Antibioticoterapia:
• Amoxicilina altas doses (90 mg/kg/dia);
• Amoxicilina + ácido clavulânico;
• Cefalosporinas 2ª ou 3ª geração;
• Ceftriaxona IM (1 ou 2 doses);
• Duração: 10 dias (< 2 anos); 5-10 dias (> 2 anos e se não houver fatores de risco para
complicações.
Patologia da Mulher e da Criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 1º SEMESTRE
Bronquiolite
Infeção aguda respiratória – inflamação dos bronquíolos.
Mais frequente no 1º ano de vida e no inverno.
Contágio por adulto ou criança:
• Casa, infantário e centros comerciais
Etiologia:
• Vírica (mais frequente):
§ Vírus sincicial respiratório (VSR) – 55% a 85%
§ Adenovírus
§ Parainfluenza
§ Influenza
• Mycoplasma pneumoniae
• Bordetella pertussis
Clínica
• Rinorreia;
• Dificuldade alimentar;
• Irritabilidade;
• Taquipneia;
• Febre moderada;
• Vómitos;
• Pieira;
• Tiragem.
Pode associar-se: otite, conjuntivite, faringite.
No adulto: tosse ou congestão nasal.
Auscultação:
• Aumento do tempo expiratório;
• Sibilos e roncos.
Doença grave nas crianças com patologia de base, imunodeprimidos ou trissomia 21.
Contagiosidade na enfermaria ao fim de uma semana: 45%.
Tratamento:
A maioria é realizado no domicílio.
• Humidificação;
• Hidratação;
• Antipirético;
• Nebulizações: salbutamol (50 – 150 μg/kg/dose) + oxigénio;
• Oxigénio;
• Aspiração de secreções;
• Corticoide oral (?).
Critérios para internamento
• SDR grave;
• Vómitos/dificuldade alimentar;
• Dependência de oxigenoterapia;
• Doença crónica subjacente;
Patologia da Mulher e da Criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 1º SEMESTRE
• Prematuridade.
Pneumonia
Etiologia:
• Vírica (na sua maioria)
§ Evolução em 3 – 4 dias
§ Geralmente sintomas respiratórios superiores: rinite, febre, tosse, taquipneia, tiragem,
cianose, gemido, prostração
• Bacteriana
§ Muitas vezes dá-se um início abrupto dos sintomas: febre elevada, calafrio, cefaleias,
irritabilidade, tosse, dor torácica
Idade Agente
Recém-nascido Bactérias (streptococos grupo B, bacilos gram negativos) Vírus
Desaparecimento da asma é mais frequente quando a clínica começou antes dos 3 anos.
Alergénios:
• Pó da casa: ácaros, pólens, fungos;
• Pelo/epitélio dos animais.
Aspiração de corpo estranho:
• Corpo estranho na laringe/traqueia/brônquios;
• Sintomas: tosse, rouquidão, hemoptise, dispneia, sibilos, secreções, febre, pneumonia, tosse
crónica;
• Manobra de Heimlich;
• Broncoscopia.
Ácaros:
• Dermatophagoides pteronyssinus;
• Dermatophagoides farinae.
Animais domésticos:
• Cão, gato, hamster, pássaro.
Alimentos:
• Leite de vaca, queijo, ovo, amendoins, trigo, peixe, chocolate, aditivos, citrinos.
Prevenção:
• Aspiração frequente da casa (tapetes, colchão);
• Acaricidas de 2 em 2 meses;
• Coberturas de proteção nos colchões;
• Uso preferencial de edredon;
• Lavagem frequente dos cobertores a > 65o ou a seco;
• Diminuição da humidade da habitação e aumento da ventilação;
• Evitar superfícies com pelos, pois são mais difíceis de limpar;
• Dar/vender o cão, o gato, o coelho;
• Humidificar o pelo do gato, pelo menos uma vez por semana;
• Alcatifas, mobílias com relevos;
• Aspiradores com sacos de espessura dupla;
• Ovos, peixe, trigo, laranja, morangos, ervilhas, kiwi, tomate;
• Só devem ser introduzidos a partir dos 12 meses e em pequenas quantidades nas crianças com
“fundo atópico”.
Urgente:
• Broncodilatadores de ação rápida (salbutamol, brometo ipratrópio, formoterol);
• Corticoides (se crise grave).
Médio/longo prazo:
• Broncodilatadores de ação lenta e longa (salmeterol, formeterol);
• Anti-leucotreinos (montelucaste);
• Corticoides (asmas graves e persistentes).
Tratamento no SU:
• Atendimento preferencial;
• Ambiente calmo;
• Nebulizações com: salbutamol, brometo de ipatrópio, oxigénio, soro fisiológico:
• Corticoide oral.
Grupo Nome genérico Mecanismo de Ação
Corticosteroides Inalados:
Beclometasona
Budesonido
Fluticasona
Orais: Anti-inflamatórios
Metilprednisolona
Prednisona
Prednisolona
Cromonas Cromoglicato disódico Nedocromil Anti-inflamatórios
Comportamento
Birras
Aparecem no final do 1º ano de vida.
São mais frequentes entre os 2 e os 4 anos.
Se acontecem durante mais de 15 minutos e mais de 3 vezes por dia:
• Pensar em problemas médicos/emocionais/sociais
Causas e atuação sugerida:
• Fadiga – evitá-la ou proporcionar descanso;
• Frustração – reforço positivo;
• Recusa – se não for razoável o pedido da criança, ignorá-la e dar-lhe tempo para terminar a birra;
• Recusa em ir para a cama ou para a escola – tratadas com firmeza e consistência;
• Procura de atenção – rever interação com a criança
• Disruptivo – num centro comercial, retirar-se do local, impor-se e “time out” (1 minuto por cada ano
de idade);
• Tipo raiva/potencialmente lesivas – restrição física da criança até acalmar.
Alterações do sono
Ritual de ir para a cama:
• Dificuldade em adormecer;
• Terrores noturnos;
• Pesadelos;
• Sonambulismo.
Sono diurno e/ou noturno:
• 16,5h no recém-nascido;
• 11h dos 5 aos 6 anos;
• 9,5h na adolescência;
• 8h no adulto.
Sono diurno:
• Até aos 3/4 anos, períodos decrescentes;
• Recém-nascido, cerca de metade do total;
• 3/6 meses tem 2-3 períodos diurnos (total de 14-15h).
Dificuldade em adormecer:
• Muitas vezes, ausência de “rituais de ir para a cama”;
• Preparação rotineira e agradável (incluindo a hora de deitar);
• Reduzir progressivamente o nível de estímulos (luminosos, sons, brincadeiras);
• Objetivos substitutivos dos pais – boneco, fralda, chupeta (apenas até 2 anos).
Sonambulismo:
• Tendência familiar;
• Pode ser recorrente na mesma noite;
• Cuidados adicionais de segurança/prevenção de acidentes;
Patologia da Mulher e da Criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 1º SEMESTRE
Gaguez
Alteração da fala, caraterizada por interrupções, hesitações e repetições ou prolongamento de sons.
Cerca de 1-2% dos adultos têm algum grau de gaguez, em todas as culturas.
Surge habitualmente na idade pré-escolar, após os 2 anos e afeta cerca de 10-11% das crianças.
É notável uma melhoria espontânea (80%) com o passar da idade.
• Causa desconhecida – defeito nas conexões cerebrais;
• Tendência familiar;
• Problemas psicológicos pela pressão dos pais, colegas de escola ou amigos;
• Pode limitar a progressão educacional;
• Problemas de ansiedade.
Patologia da Mulher e da Criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 1º SEMESTRE
Patologia Cardíaca
Sintomatologia
Cianose
o Coloração azulada da pele, unhas e mucosas;
o Evidente com hipoxemia que ocasiona 3-5 g/dl de hemoglobina reduzida
o Banqueteamento dos dedos;
o Unhas convexas.
• Dispneia;
• Dispneia de esforço;
• Lipotimia;
• Evolução ponderal deficiente;
• Hipertensão arterial;
• Palpitações;
• Alimentação;
• Crescimento;
• Desenvolvimento;
• Atividade física;
• Educação;
• Escola;
• Trabalho.
“Spell anóxico”
• Crises de hipoxia, mais frequentes entre os 2 meses e os 2 anos de idade;
• Criança inquieta, agitada, choro inconsolável;
• Hiperpneia, cianose crescente, sono profundo;
• Crises intensas podem ocorrer: inconsciência prolongada, convulsões, paresias e morte;
• Tratamento: O2 suplementar, posição genopeitoral, morfina IV;
• Evitar todas as medidas não emergentes e que possam agravar a agitação da criança;
• Posição de cócaras.
Sopros Cardíacos
Sopros não orgânicos (funcionais ou inocentes) são ouvidos em 50-80% das crianças, em uma ou mais
ocasiões.
Fatores favorecedores da deteção de sopros funcionais: auscultação muito minuciosa, medo, pós-
exercício físico, anemia acentuada, febre.
“Sopro inocente” é o principal motivo de referência à consulta de Cardiologia Pediátrica.
Frequência de Cardiopatias
Cardiopatias adquiridas – raras na criança
• Miocardiopatias: infeciosas, metabólicas;
• Miocardites;
• Febre reumática;
• Doença de Kawasaki-
Patologia da Mulher e da Criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 1º SEMESTRE
• Cirurgia corretiva
• Imediata
• Até aos 2 anos de idade
Persistência Canal Arterial
Circulação fetal:
• Liga a artéria aorta e a artéria pulmonar;
• Encerramento espontâneo ao 3-5º dia de vida.
Pressão aorta > pressão pulmonar:
• Mais sangue nos pulmões;
• Insuficiência cardíaca;
• Risco de endocardite.
Prematuros < 1500g
• 20-60% apresentam PCA;
Encerramento:
• Espontâneo é raro;
• Farmacológico: indometacina (nos prematuros);
• Laqueação cirúrgica;
• Cateterismo: oclusão por “coil”.
Tetralogia de Fallot (TF)
• CIV não restritiva;
• Estenose pulmonar (obstrução trato saída VD);
• Dextroposição aórtica = cavalgamento raiz aorta sobre o septo inter-ventricular
• Hipertrofia ventricular direita;
• Grau de desvio de sangue da direita para a esquerda depende da gravidade da
estenose/obstrução da saída VD e das pressões sistémicas;
• Cianose: sangue venoso em circulação sistémica;
• Dispneia de esforço;
• Exercício, choro, banho de água quente diminui as resistências sistémicas e aumenta shunt DE,
cianose, redução SpO2;
• Posição cócaras após esforço – aumenta as resistências periféricas e o retorno venoso e diminui
shunt DE Spell anóxico;
• Atraso estaturo-ponderal;
• Sopro sistólico.
Cirurgia:
• Paliativa;
• Anastomose Blalock-Taussig (artéria subclávia – artéria pulmonar).
Definitiva:
• Necessidade de circulação extra-corporal;
• Antes dos 2 anos de idade.
Patologia da Mulher e da Criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 1º SEMESTRE
Endocardite infeciosa
Pouco frequente na idade pediátrica.
Profilaxia: fundamental em todos os doentes com:
• Cardiopatia congénita estrutural;
• Lesões valvulares reumáticas;
• Próteses valvulares;
• Shunts sistémic-pulmonares
• Endocardite prévia
• Procedimentos dentários ou respiratórios feitos por via oral
• Manipulações do trato génito-urinário ou gastrointestinal por via parentérica
• Piercings e tatuagens
Exceções à profilaxia:
• CIA tipo ostium secundum
• Seis meses após correção de CIV ou PCA
Amoxicilina (PO):
• 50mg/kg (máx.: 2g)
• 1h antes.
Ampicilina + Gentamicina (IM/IV):
• 50mg/kg (máx.: 2g) + 3mg/kg
• 1h antes
• Ampicilina: 6h depois
Hipertensão Arterial
TA normal:
• TA sistólica e diastólica inferior P90 para idade e sexo.
TA normal-alta:
• TA sistólica ou diastólica entre P90-P95 para idade e sexo
• Vigilância e avaliação de fatores de risco
Hipertensão arterial:
• TA sistólica ou diastólica superior ou igual a P95 para idade e sexo, em três ocasiões
separadas
• Envio a consulta da especialidade.
Rastreio sistemático:
• CSI após os 3 anos
Causas mais prováveis por grupo etário:
Recém-nascido:
• Trombose ou estenose da artéria renal, trombose da veia renal, anomalias renais
congénitas, coartação da aorta. Primeiro ano de vida:
• Coartação da aorta, doença renovascular, doença parênquima renal 1 aos 6 anos:
• Doença parênquima renal, doença renovascular, coartação da aorta 6 aos 12 anos:
• Doença parênquima renal, doença renovascular, hipertensão essencial, coartação da
aorta 12 aos 18 anos:
• Hipertensão essencial, iatrogénica, doença parênquima renal
Patologia da Mulher e da Criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 1º SEMESTRE
Hipertensão essencial:
• Aumenta com a idade
• 20-25% da população adulta
Braçadeira (parte insuflável):
• Largura: 40% do perímetro braquial
• Comprimento: 80-100% do perímetro braquial
• Maior tamanho entre axila e fossa antecubital
Patologia da Mulher e da Criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 1º SEMESTRE
Patologia Nefrourológica
Infeção Urinária
Clínica (sinais/sintomas):
• Febre
• Náusea
• Vómito
• Diarreia
• Atraso de crescimento
• Perda de peso
• Icterícia neonatal
• Polaquiúria, disúria, urgência
• Incontinência urinária
• Enurese noturna e diurna
• Hematúria
Infeção do trato urinário (ITU) é uma infeção bacteriana frequente na idade pediátrica. No 1º ano de vida, a
incidência anual nos rapazes é superior (1% vs 0,8%). Após o 1º ano de vida, a incidência é maior nas raparigas
(11,3% vs 3,6%).
ITU – crescimento bacteriano no aparelho urinário acompanhado de sinais clínicos.
Bacteriúria assintomática – isolamento de bactérias na urina sem sintomas ou sinais de doença.
Pielonefrite aguda (PNA) – infeção localizada no parênquima renal.
Cistite – ITU localizada na bexiga.
ITU simples – infeção urinária causada por uma bactéria usual num doente sem anomalias do trato urinário
e com função renal normal.
ITU “atípica”:
• IU provocada por bactéria que não E. coli;
• IU associada a malformações do trato urinário (refluxo vesico-uretral, litíase, obstrução da via urinária).
ITU recorrente – duas ou mais PNA, três ou mais cistites;
Recidiva de ITU – ITU nas duas semanas seguintes após término de antibioticoterapia, traduz falência da
terapêutica.
A infeção urinária na idade pediátrica assuma uma importância particular:
• Frequente e de diagnóstico difícil;
• A prevalência de ITU em crianças febris é tanto maior quanto mais baixo for o grupo etário;
• Nas crianças com febre sem foco com menos de 2 anos, pesquisar ITU;
• ITU pode ser o 1º sinal de malformação estrutural do aparelho urinário;
• PNA (infeção do parênquima renal) pode culminar em lesão – cicatriz renal.
Objetivos:
• Diagnóstico e tratamento precoce e adequando previne a lesão do parênquima renal
• Prevenir as recidivas
• Detetar fatores de risco de patologia subjacente para lesão cicatricial
Patologia da Mulher e da Criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 1º SEMESTRE
Fatores de risco:
• ITU prévia;
• Febre recorrente de etiologia desconhecida;
• DPN de malformação nefrourológica;
• História familiar de RVU ou doença renal;
• Obstipação;
• Disfunção vesical (instabilidade vesical, bexiga de grande volume);
• Colonização do prepúcio em rapazes não circuncidados;
• Situação que condicione estase urinária predispõe ITU.
Etiopatogenia – bactérias que atingem o aparelho urinário.
• Via ascendente é a mais frequente. Bactérias presentes na região do períneo entram na bexiga
através da uretra e infetam o aparelho urinário;
• Via hematogénica é mais rara e ocorre em recém-nascidos.
As bactérias que circulam no sangue infetam o aparelho urinário. As bactérias implicadas são as da flora
intestinal:
• E. Coli (80-90%);
• Klebsiella;
• Enterobacter;
• Proteus;
• Pseudomonas;
• Enterococus;
• Staphilococus coagulase negativo.
Clínica – a sintomatologia depende da idade da criança e da localização da infeção
Diagnóstico presumível – baseia-se no quadro clínico e alterações laboratoriais compatíveis com ITU,
enquanto está em curso o resultado da urocultura
Diagnóstico definitivo – urocultura com a demonstração da presença de bactérias de uma só estirpe, com
uma contagem de colónias significativa, num latente/criança com clínica compatível de ITU
Exames Auxiliares de Diagnóstico:
• Urina amostra de boa qualidade permite confirmar ou excluir, com certeza, uma ITU;
• Métodos de colheita de urina (ter em conta a idade da criança e a necessidade urgente de um
diagnóstico para início de tratamento);
• Punção suprapúbica (sensibilidade e especificidade de 100%). Sem risco de falsos positivos, RN e
pequenos latentes;
• Cateterismo vesical (sensibilidade 95% e especificidade 99%). Método mais usado nas crianças sem
controle de esfíncteres;
• Saco coletor (sensibilidade 100% e especificidade 70%). Bom método de rastreio, resultados falsos-
positivos;
• Urina de jato médio. Usado em crianças com controle de esfíncteres.
Técnica de Cateterismo Vesical:
• Limpeza cuidadosa dos genitais externos, com água e sabão líquido, retraindo o prepúcio nos
rapazes. Retirar restos de sabão com soro fisiológico;
• Cateteres de calibre 6/8G;
• Técnica de colocação do saco coletor;
• Repetir limpeza com colocação de novo saco a cada 20 minutos.
Tira-teste sugestiva de ITU:
• Esterase leucocitária positiva;
• Nitritos positivos
§ Fortemente indicador do diagnóstico de ITU
Exame microscópico do sedimento urinário (coloração pelo Gram) sugestivo de ITU:
• Leucócitos > 5/campo ou > 10 μ/l em urina centrifugada;
• Presença de bactérias.
Se os testes urinários forem sugestivos de ITU, colher urina para urocultura pelo método mais fiável e enviar
de imediato para o laboratório.
Diagnóstico definitivo:
Urocultura positiva (com Teste Sensibilidade aos Antibióticos) confirma o diagnóstico:
• 1 colónia (punção suprapúbica);
• 104-105 colónias (cateterismo vesical);
• 105 colónias (jato médio ou jato coletor).
A ITU é causada por uma única bactéria, pelo que a presença de duas ou mais bactérias
na urocultura sugere contaminação.
Patologia da Mulher e da Criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 1º SEMESTRE
Sangue:
• Hemograma
• Bioquímica: ionograma, ureia, cratininca
• Marcadores inflamatórios/infeciosos: proteína C – reativa
• Hemocultura
Parâmetros analíticos sugestivos de provável de compromisso do parênquima renal (pielonefrite):
• Leucocitose com neutrofilia
• PCR elevada
Critérios de internamento:
• A suspeita de PNA não deve ser considerada um critério absoluto de internamento
• Idade inferior ou igual a 3 meses
• Atingimento do estado geral: sinais de desidratação, má perfusão, sepsis
• Intolerância ao tratamento ou alimentação oral
• Más condições sócio-familiares (colocando em causa o cumprimento da terapêutica no domicílio)
• Impossibilidade de reavaliação clínica em 48 horas
• Antecedente de imunodeficiência, uropatia ou nefropatia grave (RVU alto grau, alteração da função
renal, suspeita de obstrução ou de litíase)
• Ausência de resposta e/ou agravamento clínica em criança já medicada com antibiótico oral
Tratamento:
• Iniciar o mais precocemente possível, após colheita de urina para urocultura
• Antibioticoterapia
§ Inicialmente instituída de forma empírica, logo que possível é ajustada de acordo com o
resultado do TSA
• Medidas gerais
• Reforço da hidratação oral (fluidoterapia EV se intolerância oral)
• Analgésicos e antipiréticos
• RN tratamento EV 14 dias
• 1-3 meses tratamento EV 10 dias
• > 3 meses tratamento 7-10 dias. Passar a via oral após 48-72 horas de apirexia, se houver tolerância
oral e melhoria clínica
• Uropatias complexas, bexiga neurogénea, doentes portadores de transplante renal
§ Iniciar antibioterapia empírica com base no teste de sensibilidade antimicrobiana do episódio
anterior da infeção urinária
Monitorização do tratamento:
• Não está recomendada a realização sistemática de urocultura de controle
• Se resposta clínica não é favorável (sem apirexia às 48h de tratamento) repetir urocultura e realizar
ecografia reno-vesical na fase aguda
Patologia da Mulher e da Criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 2º SEMESTRE
Prevenção de ITU:
• Medidas gerais:
§ Reforço na ingestão hídrica
§ Higiene cuidadosa dos genitais externos
§ Uso de roupa de algodão folgada
§ Detetar e tratar as disfunções vesicais (polaquíuria, dificuldade em iniciar a micção, jato
urinário interrompido, dor no início da micção, urgência miccional, manobras de retenção,
incontinência urinária)
§ Reforço de hábitos miccionais corretos, micções frequentes e completas diminuindo estase
urinária vesical que favorece crescimento bacteriano
§ Tratamento de obstipação
§ Correção de fimose ou coalescência dos pequenos lábios
• Profilaxia antibiótica:
§ Não usar profilaxia antibiótica por rotina após uma primeira ITU
• Considerar profilaxia antibiótica:
§ DPN uropatia
§ Dilatação pielocalicial > 7-10
§ ITU’s recorrentes § Refluxo de alto grau IV-V
• Antes da realização de CUMS:
§ Antibioterapia profilática na véspera do exame e até completar 5 dias
Profilaxia antibiótica:
• Trimetoprim a 1%: 1-2 mg/kg/dia
• Crotimaxazol: 1-2 mg/kg/ia de trimetoprim
• Nitrofurantoina: 1-2 mg/kg/dia
• Cefalosporinas de 1ª, 2ª e 3ª geração: casos particulares
o Colheira de urina;
o Saco coletor;
o Punção vesical;
o Micção assética.
Nº de colónias (CFU)
105 colónias/ml = ITU
104 colónias/ml = repetição
103 colónias/ml = contaminação
< 103 colónias/ml = negativo
• Tipo de colónias
• Mais do que um tipo, considerar contaminação
• Tira-teste urinária
Patologia da Mulher e da Criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 1º SEMESTRE
• Nitritos
§ Positivos: bactérias Gram negativas transformam nitratos em nitritos (80%)
§ Negativos: urina diluída, micções frequentes, bactérias não redutoras
• Leucócitos
Refluxo vesico-ureteral
Passagem de urina em sentido retrógrado da bexiga para o uréter ou para o uréter e rim.
RVU primário:
• Falência do mecanismo anti-reflexo da junção uretero-vesical
• Diagnóstico em 90% dos casos após episódio de ITU
• Diagnóstico pré-natal (aumento rastreio ecográfico)
RVU secundário:
• Válvulas uretra posterior, ureterocelo, bexiga neurogénica, bexiga instável
Exames complementares:
1ª linha:
• Ecografia renovesical
§ Número, forma, dimensão e localização dos rins; hidronefrose, megaureter, ureterocelos
• Cistouretrografia miccional:
§ RVU, válvulas da uretra posterior 2ª linha:
• DMSA: imagens estáticas, cicatrizes renais
• DTPA: função e taxa de filtração glomerular de cada rim, anomalias regionais da perfusão renal,
lesões obstrutivas com indicação da natureza mecânica ou funcional
• UIV: informação morfológica e funciona de todo o trato urinário
Graus:
• 1a5
• 80% dos RVU grau 1-2 e 40% graus 3-5: resolvem espontaneamente
• Profilaxia antibiótica: definida com base individual
Fatores etiológicos:
• Tendência familiar
§ 40% um dos pais; 70% ambos os pais
• Alterações do sono
• Poliúria/redução da produção de ADH
• Fatores psicológicos
• Atraso da maturação
Terapêutico:
• Comportamental
§ Reforço positivo e treino vesical (30-80%)
§ Alarme sonoro (60-90%)
• Farmacológica
§ Desmopressina (40-60%) – nasal, oral
§ Antidepressivos tricíclicos (imipramina) – risco de intoxicações - Anticolinérgicos
(oxibutinina) – enurese secundária
Cura espontânea demorada; situações traumatizantes para a criança/família; diminuição da autoestima.
Tratamento pode acelerar a cura e reverter as alterações psicológicas.
Patologia da Mulher e da Criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 2º SEMESTRE
Hérnia umbilical
• Protuberância de órgãos intra-abdominais pelo orifício do umbigo;
• Falência de encerramento dos planos musculares do anel umbilical;
• A maioria não dá sintomas/complicações e encerram no primeiro ano de vida e quase todas até.
Estenose hipertrófica do piloro
Vómitos recorrentes com início entre 4-8 semanas de vida:
• Pouco após a alimentação;
• Após vómito mantém-se “com fome”;
• Sem febre associada;
• Diferenciar de RGE e “bolsar”;
• Com a evolução surgem “vómitos em jato”.
Atraso no diagnóstico leva a desidratação, perda de peso, alterações metabólicas e letargia – é considerado
o pior prognóstico
Diagnóstico por ecografia:
• Espessura muscular aumentada (> 3mm);
• Canal pilórico aumentado em tamanho (> 14 mm).
IDADES ÓTIMAS PARA CIRURGIAS
• Hematoma ECM;
• Tumor: neuroblastoma cervical;
• Torcicolo paroxístico benigno.
Tratamento:
• Cura espontânea é frequente;
• Fisioterapia: passiva e/ou ativa;
• Cirurgia: ressecção de 1 cm do ECM.
Pé plano
Ou desaparecimento da arcada plantar interna
• Alterações congénitas;
• Anomalias ósseas;
• Traumatismos;
• Secundário a doenças reumatismais, neurológicas, musculares.
Pé plano laxo juvenil
• Ansiedade dos pais (alimentada muitas vezes por profissionais);
• Até aos 3 anos – camada de gordura;
• Associação muitas vezes a desvio divergente do calcanhar (valgo), levando á deformação do
calçado (“camba” a parte medial posterior);
• Manutenção na idade adulta esta ligado frequentemente a um padrão familiar e apenas leva a uma
desadaptação ao calçado “standard”.
Exames clínicos:
• Posição dos calcanhares quando em “ponta dos pés”;
§ Correção do valgismo do calcanhar.
• Elevação passiva do 1º dedo, com pé apoiado
§ Elevação da arcada plantar.
• Podoscópio.
Pé cavo
• A planta do pé apoia uma < superfície no solo;
• Parte dos casos: causa desconhecida/idiopática;
• Exame neurológico cuidadoso.
Pé cavo-varo: mal tolerado
• Dores nas áreas de híper-pressao plantar;
• Hiperqueratose.
Tratamento:
• Paliativo: palmilhas moldadas;
• Correção cirúrgica.
Joelho varo
Fisiológico:
• Após o início da marcha e até aos 2-3 anos desvio em varo (por vezes acentuado) que desaparece
podendo surgir um desvio contrario aos 4-5 anos – sem necessidades de tratamento.
Patológico:
• Raquitismo, displasia epifisário múltipla, infeções, traumatismo das cartilagens.
Patologia da Mulher e da Criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 2º SEMESTRE
Joelho valgo
Fisiológico:
• Frequente entre os 2-5 anos de idade;
• Desaparece espontaneamente – sem necessidades de tratamento.
Patológico:
• Raquitismo, displasia epifisário múltipla, infeções, traumatismo das cartilagens.
Patologia da Mulher e da criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 2º SEMESTRE
Patologia Neurológica
Avaliação do Coma
Confusão:
• Redução da perceção e da atenção, com tendência para mal-interpretar o ambiente.
Estupor:
• O acordar apenas é possível com estímulos vigorosos, e quando “despertado” as respostas são
lentas e inapropriadas.
Coma:
• Incapacidade de acordar e obter respostas de uma pessoa;
• Ausência de atividade motora espontânea, permanecendo o doente com os olhos fechados;
• Incapacidade de obter movimentos voluntários (com movimentos reflexos espinhais de retirada à
dor).
Estado vegetativo persistente:
• Recuperação de um aspeto acordado, pode haver ciclos de vigília-sono; sem melhoria do estado
de perceção e/ou movimentos voluntários.
Descerebração:
• Extensão tónica dos membros superiores e inferiores; disfunção do tronco cerebral superior,
com lesão abaixo do tálamo.
Descorticação:
• Flexão dos membros superiores, com extensão dos membros inferiores; disfunção hemisférica,
tronco cerebral intacto, lesão do tálamo ou superior.
Escala de coma de Glasgow
Avaliação de doentes com encefalopatia (traumatismo, infeção, tumor malformações
Congénitas, doenças metabólicas).
ECG: 3-15
• 13-15: encefalopatia ligeira;
• 9-12: encefalopatia moderada;
• 3-8: encefalopatia grave.
Componente:
• Ocular;
• Motora;
• Verbal.
Escala de coma AVPU
Nível de consciência/resposta a estímulos:
• Alerta;
• Verbal: resposta à voz;
• “pain”: resposta à dor (ECG = 8);
• “unresponsiveness”: sem resposta a estímulos.
Convulsões Febris
Apenas 8% das convulsões duram mais de 15 minutos. Muitas delas são apenas presenciadas pelos pais. As
crianças têm admissão no SU em fase pós-ictal.
EEG/Avaliação neuro imagiológica:
Patologia da Mulher e da criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 2º SEMESTRE
• Não indicadas
Episodio de alteração das funções motoras, sensoriais ou do comportamento, com ou sem perda de
consciência, ocorrendo associada a febre, sem evidencia de infeção intracraniana ou causa definida
É por vezes o 1º sinal de doença:
• Mais frequentemente pode haver: grito, perda consciência, rigidez muscular
§ Fase tónica: pode surgir apneia e incontinência;
§ Fase clónica: movimentos musculares repetitivos, rítmicos;
§ Fase pós-ictal.
Convulsões febris simples:
• Duração inferior a 15 min;
• Generalizada;
• Única nas 24 horas;
• 1-5 anos de idade.
Fatores de risco:
• Temperatura corporal elevada;
• História familiar de convulsões febris;
• Alterações do desenvolvimento ou neurológicas;
• Frequência de berçário/jardim infantil;
• Classe social desfavorecida;
• Valor sérico de sódio baixo.
Fatores de risco para recorrência:
• Baixa idade na 1ª convulsão febril;
• História familiar de convulsões febris;
• Curta duração de febre antes do início da convulsão febril;
• Febre “relativamente baixa” aquando convulsão febril;
• História familiar de convulsões não- febris = afebril.
Fatores de risco para epilepsia:
• Fatores de risco para “aparecimento” de epilepsia:
§ Alterações do desenvolvimento antes da 1ª convulsão febril;
§ História familiar de convulsão febril;
§ 1ª convulsão febril complexa.
Hereditariedade:
• Convulsão febril tende a ocorrer em grupos familiares;
§ Modo de herança – desconhecido;
§ Irmão criança com convulsão febril tem risco 10-20% - ↑ do risco se pai e/ou mãe tem
história de convulsão febril;
Conselhos aos pais
Convulsão febril é assustadora, mas não causa lesão cerebral. Tem riscos reduzidos de desenvolvimento
epilepsia
Risco de novas convulsões
• Mesmo episodio febril;
• Futuros episódios febris.
Em caso de nova convulsão febril
• Deitar a criança de lado ou em decúbito ventral com a cabeça de lado;
Patologia da Mulher e da criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 2º SEMESTRE
Patologia Hematológica
Anemia fisiológica do lactente
• Diminuição progressiva do nível de hemoglobina (Hgb) até 6-8 semanas de vida;
• Diminuição tempo de sobrevida dos GR fetais em relação aos GR tipo adulto;
• Diminuição produção eritropoietina (EPO) – absorção e em resposta à hipoxia;
• Aos 2-3 meses de vida aumento produção EPO: valores Hgb: 9-11 g/dl;
• Deficiência acido fólico e vitamina E podem agravar a anemia (++ prematuros).
Ferro suplementar: 2-4 mg/kg/dia
• Prematuros: após 4-8 semanas de vida;
• Lactentes a termo: 4 meses de vida.
Prematuros: peso ao nascer de 800-1500g
• R-HuEPO 3x/ semanas + suplemento ferro (primeiras 6 semanas de vida);
• Diminuição significativa das transformações de concentrado de GR.
Anemia ferropénica
• Doença hematológica mais comum na infância;
• 6 meses a 3 anos de idade, puberdade;
• RN – 0,5 g de ferro;
• Adulto – 5 g de ferro:
§ Aumento de 4,5 g;
§ 0,8 mg/dia até aos 15 anos.
• 10% do ferro da dieta é absorvido;
• O ferro do leite materno é melhor absorvido (50%);
• Um lactente com leite materno, necessita de menos ferro nos restantes alimentos;
• No 1º ano de vida, são necessários alimentos enriquecidos em ferro;
• Um equilíbrio precário leva a que haja uma rápida anemia por carência de ferro, se surgirem
alterações ligeiras da dieta ou hemorragias.
Défice de ferro afeta: crescimento, imunidade, comportamento, desenvolvimento psicomotor e intelectual.
Reservas inadequadas ao nascimento:
• Grande necessidade devido ao crescimento e expansão do volume de sangue (0-2 anos de vida,
adolescência);
• Ingestão inadequada de ferro;
• Hemorragia;
• Úlcera péptica, divertículo de Meckel, pólipos intestinais, hemangioma, APLV, hérnia do hiato,
menstruação, infeções por parasitas.
Manifestações clínicas:
• Anorexia;
• Irritabilidade;
• Pica: fagofagia, geofagia;
• Alteração da atenção e da aprendizagem;
• Palidez;
Patologia da mulher e da Criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 2º SEMESTRE
• Taquicardia;
• Sopro cardíaco (funcional);
• Baço palpável (10-15% dos casos);
• Cárdiomegalia;
Laboratório:
• Hemograma (Hgb, VGM, HgGM, hematócrito, RDW, plaquetas
• Reticulócitos - Não
• Cinética do ferro (ferro, ferritina,CTF.)
Tratamento:
• Ferro oral: 6mg/ kg/dia, tid
• De preferência no intervalo das refeições, melhor absorção
§ Evitar grandes quantidades de leite (↓absorção)
• Medicação durante 4-6 semanas apos normalização da hemoglobina
• Ferro parentérico (IV): risco de reação anafilática; apenas em casos de alteração da absorção oral
do ferro
• Transfusão somente em situações muito graves e com pequenos volumes de GR (2-3 ml/kg)
• Resposta ao ferro oral:
- Dos reticulócitos, com o pico entre o 5º e o 10º dia;
- Da hemoglobina 0,25 g/dl/dia nos primeiros 10 dias
Patologia da Mulher e da Criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 2º SEMESTRE
Patologia Oncológica
Problemas Oncológicos
• Cancro: 2ª causa de morte em crianças do 1-16 anos e 1ª causa de doença fetal
§ 8-10 tipos de tumores são responsáveis por +/- 90% dos cancros;
§ Os restantes 10%, são de múltiplos tipos e mais raros.
• Leucemias, tumores do SNC e linfomas são os 3 mais frequentes;
• Maioria dos cancros são de ocorrência esporádica;
• Alguns casos são devido a fatores ambientais ou suscetibilidade familiar;
• Consequência do tratamento do cancro prévio.
Avaliação diagnostica por suspeita de cancro:
• Dor localizada persistente;
• Tumefação persistente de gânglios linfáticos;
• Febre inexplicada;
• Sinais de hipertensão craniana;
• Massa dos tecidos moles.
Biópsias dos tumores e mielogramas.
Manifestações clínicas:
Efeitos sistémicos enespecíficos:
• Anorexia, perda ponderal, desnutrição, febre.
Manifestações específicas, dependendo do tumor em questão:
• Efeito direto por extensão local do tumor – dor, obstrução, compressão
• Resultado de metástases;
Tratamento:
• Tipo, estadio e grau de disseminação
• Objetivo:
§ Cura ou paliação
• Assistência geral:
§ Nutrição;
§ Infeção;
§ Complicações;
§ Terapêutica.
• Terapêutica específica:
§ Cirurgia;
§ Radioterapia;
§ Quimioterapia;
§ TMO.
Sequelas a longo prazo, nos sobreviventes.
Leucemias agudas
• Primeiras causas de cancro em criança;
• Cerca de 2000-2500 caso novo por ano nos USA;
Patologia da Mulher e da Criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 2º SEMESTRE
Refluxo Gastroesofágico
Processo fisiológico em lactentes e crianças saudáveis: episódio curto e sem complicações associadas.
• Muito frequente nos lactentes, diminuindo a sua frequência com a idade
§ Raro apos os 18 meses;
Doença de RGE (DRGE) – refluxo com complicações associadas:
• Esofagite, atraso do crescimento, patologia respiratória.
Avaliação clínica
Sintomas de obstrução / patologia GI:
• Vómitos, biliares, obstrução ou diarreia, hemorragia GI, vomito em jato, distensão abdominal.
Sintomas de doença neurológica:
• FA abaulada, convulsões, macro ou microcefalia, Hipo ou hipertonia.
Estigmas de doença genética, hepatoesplenomegalia.
Sintomas sistémicos:
• Febre, astenia, atraso do crescimento.
Complicações:
• Irritabilidade (esofagite);
• Síndrome de Sandifer;
• ALTE;
• Sibilância persistente;
• Atraso do crescimento.
Diagnósticos diferenciais
• Estenose hipertrófica do piloro;
• Intolerância às proteínas do leite de vaca;
• Doença celíaca;
• Doença metabólicas;
• Malformações congénitas do sistema digestivo.
Exames complementares
• pHmetria esofágica;
• Impedância esofágica;
• Ecografia abdominal;
• Estudo contrastado GI;
• Endoscopia digestiva alta.
Terapêutica
Medidas gerais:
• Posicionamento anti-refluxo;
• Evicção exposição fumo de tabaco;
• Manutenção de leite materno;
• Refeições MAIS pequenas;
• Espessamento do leite.
Patologia da Mulher e da Criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 2º SEMESTRE
Farmacoterapia:
• Inibidores da bomba de protões:
§ Omeprazol;
§ Esomeprazol.
• Paracinéticos:
§ Domperidona.
Doença celíaca
Doença sistemática imunomediada desencadeada pelo glúten
• Grande variabilidade clínica;
• Prevalência 1/100 (muitos assintomáticos);
• Maior na raça caucasiana e 2x superior no sexo feminino;
• Fatores ambientais;
• Indivíduos genéticamente suscetíveis:
§ HLA classe ll: 95% DQ2 ou DQ8.
Cereais com glúten:
• Trigo;
• Cevada;
• Centeio;
• Aveia.
Manifestações clínicas:
• Sintomas GI: diarreia, obstipação, dor abdominal, distensão abdominal, náuseas ou vómitos;
• Sintomas neurológicos: irritabilidade, cefaleias, atraso do crescimento;
• Sintomas sistémicos: atraso do crescimento, astenia, palidez;
• Sintomas musculosquelético: artralgias, mialgias, artrites;
• Atraso pubertário, irregularidades menstruais, alteração do esmalte dentário, aftas orais
recorrentes, dermatite.
Grupos de risco:
• Diabetes mellitus tipo l;
• Tiroidite autoimune;
• Síndrome de Down;
• Síndrome de Turner;
• Síndrome de Williams;
• Défice de IgA;
• Hepatite autoimune.
Rastreio:
• Sintomas GI ou constitucionais compatíveis;
• Hipoplasia esmalte dentário, osteoporose, baixa estrutura, puberdade tardia, anemia ferropénica;
• Grupos de risco;
• Atraso do crescimento;
• DC em parentes em 1º grau (10% de risco).
Patologia da Mulher e da Criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 2º SEMESTRE
Diagnóstico:
• Testes serológicos:
§ Ac anti-TG – teste de rastreio recomendado universalmente
§ Sob alimentação com glúten
§ Défice IgA e DC – 2 a 10 %
§ Doseamento IgA
§ Se défice IgA: tTg-IgG
§ Ac antiendomisio IgA – mais específico
• Testes genéticos:
§ Tipagem HLA DQ2/DQ8
§ Elevada sensibilidade e baixa especificidade
§ Principal determinante genético - Confirmação do diagnostico por biopsia
duodenal:
§ Endoscopia digestiva alta: técnica preferencial
§ Patologista experiente
• Classificação de Marsh
Complicações da doença celíaca não tratada:
• Doenças malignas (carcinoma colo-rectal, linfomas);
• Doenças autoimunes;
• Infertilidade;
• Anemia crónica;
• Baixa estatura;
• Osteoporose;
• Depressão, neuropatia periférica.
Tratamento:
• Dieta isenta em glúten:
§ Único tratamento e eficaz.
Leite de vaca
Alergénio mais comum em idade pediátrica (2% em crianças com idade < 4 anos)
• Espectro de síndromes clínicos de respostas imunológicas às proteínas do leite de vaca (IgE
mediadas e não mediadas);
• Principais alergénios: caseína e lacto proteínas;
• Cozedura, fermentação e acidificação e acidificação do leite diminui a alerginidade das lacto
proteínas.
Alergia às proteínas do leite de vaca (APLV):
• Frequente nos primeiros meses de vida, em lactentes sob leite adaptado;
• Também surge em lactentes sob LM se a mãe ingere produtos lácteos;
• Reação Ig-E mediadas, imediata, minutos a 2h apos a ingestão;
• Urticaria, angioedema, broncospasmo, SDR, hipotensão, taquicardia, vómitos, dor abdominal.
Diagnostico:
• Suspeita clínica
• Doseamento de IgE especifica para as proteínas do leite de vaca
Patologia da Mulher e da Criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 2º SEMESTRE
Intolerância à lactose
Lactose: hidrolisada pela láctase intestinal em glicose e galactose
• Redução dos níveis de láctase na idade pré-escolar (++ asiáticos e africanos);
Patologia da Mulher e da Criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 2º SEMESTRE
Fatores de risco:
• Sexo feminino;
• Judeus, raça caucasiana;
• Familiar em 1º grau com DII (30x mais);
• Tabagismo;
§ Aumenta o risco de DC ;
§ Diminui o risco de CU.
• Dieta – não comprovado
§ Excesso de alimentos processados, gorduras e açucares refinados.
Patologia da Mulher e da Criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 2º SEMESTRE
• Sedentarismo
• Obesidade
• GEA previa
• Efeito protetor: aleitamento materno
Testes serológicos:
• Ac anti-sacharomyces cerevisiae (ASCA):
§ Positivos em 40 a 80% dos doentes com DC • Ac antineutrfilo citoplasmático
perinuclear (PANCA):
§ Positivos em 60 a 80% dos doentes com CU
• Mais associados a doença limitada ao colon
Seguimento e tratamento:
• Multidisciplinar
• Adaptado a cada doente
• Depende da localização, tipo e gravidade da doença
• 1º - indução de remissão
Patologia da Mulher e da Criança | FRANCISCO CUNHA
2º ANO | 2º SEMESTRE
• 2º - manutenção
• Avaliação a resposta à terapêutica
• Monitorização clínica e analítica
Tratamento da DC:
• Corticosteroides
• Aminosalicilatos (mesalamina, sulfasalazina)
• Tiopurinas (azatioprina e mercaptopurina)
• Infliximab (ac monocional anti-TNF)
• Adalimumab
• Metotrexato
• Antibióticos (ciprofloxacina/metronidazol)
Tratamento da CU:
• Tratamento tópico (corticoides, 5-ASA)
• Aminosalicilatos
• Corticosteroides (se possível apenas na fase aguda (remissão));
• Tiopurinas
• Infliximab
• Ciclosporina
• Cirurgia (colectomia)
Complicações:
• Agudas - CU (Megacólon tóxico, perturbação intestinal, hemorragia)
- DC (obstrução intestinal, abcessos, fistulas).
• Desnutrição (DC)
• Carcinoma colorretal - rastreio mais precoce.
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Patologia da mulher
• Endometriose; • SOP;
Endometriose
• Presença de focos de tecido endometrial: glândulas e estroma em localização extra-
uterina o que induz uma reação inflamatória nos tecidos afetados (órgãos pélvicos
incluindo ovários, bexiga, reto, peritoneu, cavidade nasal, tecido ganglionar);
• 10% das mulheres na idade reprodutiva;
• Doença crónica e recorrente com impacto significativo na saúde física e mental com
compromisso laboral, social, familiar e qualidade de vida global;
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Patologia da Mulher e da Criança Alexandra Pregal
❏ História natural
• Lesões persistem no ciclo de vida da mulher;
❏ Diagnóstico
• A dor é o elemento mais unânime e mais significativo para o diagnóstico!
• Dismenorreia secundária, progressiva e total (62-79%);
• Dispareunia profunda (45%);
• Disquezia (2-29%) e rectorragia;
• Diarreia e vómitos;
• Disúria (10-25%), cólica renal e hematúria;
• Spotting pré-menstrual quase patognomónico;
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
• Manchas azuladas cervicais;
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Patologia da Mulher e da Criança Alexandra Pregal
❏ Diagnóstico e classificação
EXAMES AUXILIARES DE DIAGNÓSTICO
• Histerossalpingografia;
• Ecografia vaginal;
• Laparoscopia;
• Estadio II (ligeiro);
Endometriose e infertilidade
• A Endometriose associa-se frequentemente a infertilidade, mas a relação causal e
os mecanismos subjacentes nem sempre são claros.
⤻ Formas graves: graves distorções anatómicas (endossalpingiose).
⤻ Formas ligeiras: líquido peritoneal.
• Ovulação: disfunção ovárica/tubar;
❏ Prevenção
• Novas lesões;
• Sintomatologia incapacitante;
• Potencial reprodutivo.
❏ Tratamento
Dor;
• Atitude expetante: controvérsia, mal aceite. Grandes massas pélvicas;
- estadios (I e II); Infertilidade arrastada.
- idade (<35 >37).
Pág. 3
Patologia da Mulher e da Criança Alexandra Pregal
• Técnicas de PMA:
- Formas mínimas ou ligeiras sem resposta à terapêutica médica (IUI>>>FIV);
- Formas moderadas a graves – os endometriomas:
• risco de abcesso pélvico;
• dificuldades técnicas;
+
• progressão da endometriose;
• dd neoplasias malignas.
•
– •
riscos cirúrgicos;
diminuição da reserva ovárica;
• falta de evidência vantagens FIV/ICSI;
• que regimes/custos.
• Ovários poliquísticos ( > 12 folículos num ovário, 2 – 9 mm, ovário > 10 ml);
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Patologia da Mulher e da Criança Alexandra Pregal
❏ Etiologia
• SOP é sempre um diagnóstico de exclusão!
❏ Definição
• US NHI (1990)
- anovulação crónica;
- evidência clínica ou laboratorial de hiperandrogenismo;
- ausência de outras patologias (hiperplasia suprarrenal, doença de Cushing,
hiperprolactinemia tumores produtores de androgéneos)
Pág. 5
Patologia da Mulher e da Criança Alexandra Pregal
❏ Fisiopatologia
Vários mecanismos subjacentes propostos.
• Aumento da resistência periférica à insulina/hiperinsulinemia;
❏ Sinais e sintomas
• Disfunção menstrual: síndrome caracterizada por alterações da menstruação
(tanto quanto à duração como quando ao volume e intervalo entre fluxos
menstruais) ou ovulação (pode sofrer alterações em 3 fases: crescimento folicular,
postura ovular e corpo lúteo);
• Anovulação: os ovários não libertam um óvulo durante um ciclo menstrual (28
dias), sem ovulação não ocorre menstruação;
• Sinais de hiperandroginismo: hipersutismo, acne, alopécia androgénica, aumento
da líbido, virilização (incomum), ...;
• Hirsutismo: presença de pelos terminais na mulher, em áreas anatómicas
características de distribuição masculina;
• Infertillidade;
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Patologia da Mulher e da Criança Alexandra Pregal
• Prolactinemia; • 17OHPG;
Imagiologia:
• TC Pélvica;
• RMN;
• Ecografia pélvica.
Tratamento
1. Reduzir peso e fatores de risco cardio-vascular;
2. Tratamento da resistência à Insulina;
3. Regularização do ciclo menstrual;
4. Controlo do hiperandroginismo;
5. Tratamento da Infertilidade.
Prevenção:
DIETA + EXERCÍCIO FÍSICO + CONTROLO DO PESO
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Patologia da Mulher e da Criança Alexandra Pregal
Miomas uterinos
• Tumores benignos (mais frequentes do aparelho genital feminino);
❏ Etiologia
• Fatores genéticos (40% anomalias cromossómicas);
❏ Fatores de risco
• Idade; • Menarca precoce;
• Nuliparidade; • Obesidade;
• Hábitos tabágicos/cafeína.
❏ Classificação
• Intramurais ou intersticiais(75%)
• Subserosos (20%);
❏ Apresentação clínica
• Hemorragia uterina anormal (meno e menometrorragia);
• Tumor pélvico;
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Patologia da Mulher e da Criança Alexandra Pregal
• Infertilidade;
❏ Sintomas
Sintomas urinários
• Polaquiúria; • Incontinência urinária;
• Ictúria; • Urgência miccional;
• Retenção urinária/hidronefrose.
Sintomas intestinais
• Tenesmo; • Obstipação.
Alterações nervosas
• Ciatalgia; • Compressão do obturador.
Alterações venosas
• Edema dos membros inferiores; • Trombose dos membros inferiores.
❏ Tratamento cirúrgico
• Histerectomia (total/subtotal) • Eficaz; • Tempo de recup.;
– via abdominal, vaginal ou • Definitivo. • Custos;
laparoscópica; • Complicações;
– indicações gerais: miomas LONGO PRAZO • Preservação de
sintomáticos sem desejo de fertilidade.
preservar fertilidade, miomas com
crescimento recente, síndrome de Lynch.
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Patologia da Mulher e da Criança Alexandra Pregal
• Miomectomia
– via abdominal, laparoscópica ou histeroscópica;
– possibilidade de recorrência de sintomas / miomas;
– indicações gerais: miomas submucosos (tipo 0/I e II) e miomas sub-serosos,
mulheres sintomáticas com desejo de preservar fertilidade, infertilidade
idiopática, perda recorrente de gravidez.
• Ressectoscopia
❏ Tratamento médico
Tratamento único ou pré-cirurgico.
Fármacos utilizados:
• Estro-progestativo ou progestativo;
• DLIU com LNG;
• Anti-fibrinolíticos, AINE e venotropos;
• Danasol, inibidores de aromatase, análogos da GnRH;
• SPRMs (acetato de ulipristal).
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Patologia da Mulher e da Criança Alexandra Pregal
• Intervenções
① Informar as grávidas da maior probabilidade de complicações, mas
reforçar a ideia que o prognóstico é habitualmente favorável.
② Reforça a necessidade de vigilância regular da gestação – vigilância
habitual da gravidez.
③ Miomas próximo da inserção placentar ou múltiplos – vigilância
particular da Restrição Crescimento Fetal;
④ Degenerescência miomatosa – habitualmente, tratamento médico.
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Patologia da Mulher e da Criança Alexandra Pregal
❏ Epidemiologia
• Mulher idosa;
• Mulher jovem;
• Líquen escleroso, mutação p53;
• HPV, tabaco;
• Tumor queratinizante;
• Condilomatoso basalóide;
• Pico de incidência: 8ª década de vida.
• Pico de incidência: 6ª década de vida.
❏ Estadiamento
• Permitir comparações válidas de resultados de diferentes centros;
• Dividir os doentes em grupos de prognóstico;
• Stage II: Tumor of any size with extension to adjacent perineal structures (1/3 lower
urethra, 1/3 lower vagina, anus) with negative nodes.
• Stage III: Tumor of any size with or without extension to adjacent perineal structures
(1/3 lower urethra, 1/3 lower vagina, anus) with positive inguino-femoral lymph nodes.
III. a) (i) With 1 lymph node metastasis (≥5 mm), or (ii) 1–2 lymph node
metastasis(es) (<5 mm).
III. b) (i) With 2 or more lymph node metastases (≥5 mm), or (ii) 3 or more
lymph node metastases (<5 mm).
III. c) With positive nodes with extracapsular spread.
• Stage IV: tumor invades other regional (2/3 upper urethra, 2/3 upper vagina), or
distant structures.
IV. a) Tumor invades any of the following: (i) upper urethral and/or vaginal
mucosa, bladder mucosa, rectal mucosa, or fixed to pelvic bone, or (ii) fixed
or ulcerated inguino-femoral lymph nodes.
IV. b) Any distant metastasis including pelvic lymph nodes.
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Patologia da Mulher e da Criança Alexandra Pregal
❏ Tratamento
• O tratamento é preferencialmente cirúrgico, complementado ou não por
radioterapia;
• QRT neoadjuvante;
• As margens cirúrgicas são mais importantes que a remoção total do órgão (cirurgia
conservadora: radical modificada).
❏ Evolução da medicina
• Nos anos 90, a epidemiologia e a biologia molecular estabeleceram uma relação
causal entre a infeção persistente pelo HPV de alto risco e o cancro colo do útero;
• Vacinas profiláticas contra a infeção pelos HPV de alto risco 16 e 18, responsáveis
por cerca de 70-75% dos carcinomas cervicais;
• Este é o primeiro cancro que pode ser prevenido com a vacina.
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Patologia da Mulher e da Criança Alexandra Pregal
❏ Diagnóstico
• Doença assintomática em estadio precoce;
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Patologia da Mulher e da Criança Alexandra Pregal
❏ Estadiamento
• Carcinoma espinocelular 80 – 85 %;
• Adenocarcinoma 15 %;
• Adenoescamoso;
• Outros.
❏ Tratamento
• Conização: remoção de um fragmento do útero (em forma de cone);
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Patologia da Mulher e da Criança Alexandra Pregal
❏ Etiopatogenia
TIPO I TIPO II TIPO III
• 75 – 85 % dos casos; • Mulheres mais idosas; • Hereditário
• Mulheres mais jovens; • Magras;
• Obesas; • P53 (90 % dos casos);
• Estimulação estrogénica isolada prolongada; • Endométrio atrófico.
• Hiperplasia do endométrio.
❏ Fatores de risco
Estímulos estrogénicos isolados e prolongados sobre o endométrio:
• Ciclos anovulatórios;
• Nuliparidade;
• Menopausa tardia;
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Patologia da Mulher e da Criança Alexandra Pregal
❏ Diagnóstico
• Histeroscopia; • Ecografia pélvica.
❏ Estadiamento
• Stage I: Tumor confined to the corpus uteri.
I. a) No or less than half myometrial invasion.
• Stage II: Tumor invades cervical stroma, but does not extend beyond the uterus.
• Stage IV: Tumor invades bladder and/or bowel mucosa, and/or distant metastases.
IV. a) Tumor invasion of bladder and/or bowel mucosa.
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Patologia da Mulher e da Criança Alexandra Pregal
❏ Terapêutica adjuvante
• Braquiterapia: tipo de radioterapia interna na qual um material radioativo é
inserido dentro ou próxima ao órgão a ser tratado.
• Radioterapia externa:
– Prevenção das recorrências vaginais;
– RT paliativa: hemostática.
• QRT (seroso e células claras)
• Hormonoterapia: na recorrência.
❏ Sobrevida
STAGE PERCENT SURVIVAL
I 71 85 – 91 %
II 12 74 – 83 %
III 13 57 – 66 %
IV 3 20 – 26 %
Overall 80 %
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Patologia da Mulher e da Criança Alexandra Pregal
• Teratoma:
– Imaturo
– Maduro: sólido, cístico (cisto dermoide, cisto dermoide com transformação
maligna)
– Monodérmico e muito especializado (stuma ovarii, carcinoide, ...)
• Tumor do seio endodérmico;
• Carcinoma embrionário;
• Coriocarcinoma;
• Formas mistas.
• Ginandroblastoma;
• Não classificado.
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Patologia da Mulher e da Criança Alexandra Pregal
❏ Fatores influenciadores
Menor risco de doença
• Elevada paridade;
❏ Diagnóstico
Sinais e sintomas inespecíficos, particularmente relacionados ao trato gastrointestinal
• Dor e distensão abdominal; • Alteração de peso;
❏ Cirurgia
❏ Tratamento
• Quimioterapia (adjuvante, neoadjuvante);
• Bevacizumab;
• Terapêutica individualizada.
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Patologia da Mulher e da Criança Alexandra Pregal
• Puberdade:
– efeito de estrogénios;
– produção de glicogénio;
– presença de lactobacilos (BD);
– estabelecimento da flora vaginal.
• Idade reprodutiva:
– variação de espessura da mucosa vaginal e glicogénio variam com o ciclo menstrual;
– pH ácido;
– BD estáveis, outras espécies aumentam 1ª fase, Candida aumenta na 2ª fase tardia.
‣ Menstruação: pH vaginal alcalino por efeito do fluxo menstrual, predominam
anaeróbios.
‣ Gravidez: pH < 4.5, aumento da secreção vaginal e BD.
• Climatério:
– pH e flora vaginal semelhante à infância por baixa de estrogénios;
– diminuição de lactobacilos e presença de colonização por Escherichia coli.
• DIP;
• Infeções urinárias.
❏ Classificação
1. Parasitárias
• Escabiose: Sarcoptes escabiei;
• Pediculose: Phtirius pubis;
• Tricomoníase: Trichomonas vaginalis;
• Oxiuríase.
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Patologia da Mulher e da Criança Alexandra Pregal
2. Fúngicas
• Candidíase: Candida spp;
• Dermatofitoses.
3. Víricas
• Condilomatose: HPV;
• Herpes: HSV;
• Infeção por CMV;
• Molluscum contagiosum.
4. Bacterianas
• Sífilis: Treponema pallidum;
• Úlcera mole ou cancroide: Haemophilus ducreyi;
• Síndromes bacterianas idiopáticas (Garnerella vaginalis):
‣ Bacteriose vaginal anaeróbia;
‣ Bacteriose vaginal aeróbica;
‣ Disbacteriose vaginal intermédia;
❏ Sintomatologia
• Tumefações; • Úlceras;
• Prurido; • Ardor;
• Inflamação e edema; • Dispareunia;
• Leucorreia; • Disodia.
❏ Vaginose bacteriana
• Entidade polimicrobiana resultante da substituição da flora vaginal por altas
concentrações de bactérias anaeróbias;
• Assintomática (50%);
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• Estão favorecidas:
– Infeções oportunistas com aumento de risco de endometrite pós-parto, pós-
aborto, pós-histerectomia, DIP e PPT e perda fetal tardia;
– IST: T. Vaginalis, N. Gonorrhoeae, C. Trachomatis, HSV2 e HIV1. Não é
considerada, porém, IST.
• Tratamento das mulheres sintomáticas ou a ser submetidas a procedimento
ginecológico;
• Metronidazol/tinidazol, clindamicina, cloreto de dequalíneo;
❏ Candidíase
• Sobre-crescimento de C. Albicans (90%) ou outras espécies;
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❏ Tricomoníase
• IST!!!
• 10 – 50% assintomáticas;
❏ Úlceras Vulvares
• Exame vulvar cuidado e com boa iluminação:
– Localização – Dimensões e focalidade
– Base e bordos – Sensibilidade
– Adenopatias satélite
• Exame cervico-vaginal (co-infeções ou outras patologias);
• Exames laboratoriais:
– Colheita do exsudado a seco ⇾ PCR (HSV)
– Esfregaço em lâmina e leitura imediata (sífilis)
– Colheita do exsudado em meio de cultura ⇾ bacteriológico/micológico
– Colheita do exsudado a seco ⇾ PCR (Clamídea e Sífilis)
– Bx do bordo da úlcera (dd neoplasia ou dça persistente)
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❏ Herpes Genital
• HSV 2 e 1
❏ Sífilis Primária
• Período de incubação: 3-90d (média 3S). Resolução em 1-2M sem cicatriz;
• Lesão única: pápula ⇾ úlcera 2 cm, indolor, bordos duros e sem crosta;
Adenopatias firmes móveis e indolores;
• Tratamento com: penicilina benzatínica/ dessensibilização / doxiciclina /
ceftriaxone / azitromicima / eritromicina;
• Titulação com teste não treponémico;
• Co-infeção com HIV é frequente.
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Dor pélvica
DOR VISCERAL DOR SOMÁTICA
Estímulo com origem em Estímulo derivado de estruturas
órgãos internos. cutâneas, fáscias e músculos.
• Intestino; • Genitais externos;
• Bexiga; • Ânus;
• Útero; • Uretra;
• Trompas de Falópio. • Peritoneu parietal.
❏ Diagnósticos diferenciais
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❏ Exames de diagnóstico
• Exame objetivo
– Abdominal: inspeção, percussão, palpação, auscultação;
– Exame ginecológico: espéculo, toque bi-manual;
– Toque retal.
• Inflamação (DIP).
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• +/ – sinais de inflamação/infeção;
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• Etiologia obscura;
• Dismenorreia primária
• Dismenorreia secundária
– Hímen imperfurado – Estenose cervical
DOR
– Sinéquias uterinas – Pólipos endometriais
CÍCLICA
– Anomalias ut. congénitas – Fibromiomas
– Endometriose/adenomiose – Sind. congestão pélvica
• Dor clínica atípica
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• Diagnóstico:
– exclusão de patologia pélvica;
– natureza cíclica da dor;
• Tratamento:
– AINE;
– ACO;
– Avaliação psicológica;
– Narcóticos;
– Acupuntura;
– TENS;
– Neurectomia pré-sagrada.
❏ Dismenorreia secundária
• 2 anos após a menarca;
• Dor aparece 2 semanas antes do fluxo menstrual e persiste após cessar o fluxo
menstrual;
• Causas mais frequentes: endometriose, adenomiose, DIU;
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• Diagnóstico:
– Diário da dor;
– Ecografia, laparoscopia;
• Tratamento:
– AINE;
– ACO menos probabilidade de sucesso;
Endocervicite
• Infeção do epitélio cilíndrico do endocolo;
• Muito contagiosa;
• Possibilidade de recidivas;
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• Apresentação clínica:
– Leucorreia amarelo-esverdeada;
• Associa-se a Balanite;
• Assintomática na mulher;
• Terapêutica:
– vários esquemas terapêuticos: ceftriaxone, cefixima, amoxicilina + ác.
clavulâmico ou ofloxacina ou ciprofloxacina;
– associar sempre tratamento empírico da Chlamydia;
– também é sempre preconizada a terapêutica sistemática do(s) parceiro(s)
sexuais e a abstinência sexual durante 7 dias.
• Neisseria gonorrhoeae;
• Comensais da flora vaginal, que em condições favoráveis (lesão epitelial prévia,
da imunidade local, manobra endouterina) ascendem ao trato genital superior
⤻ Mycoplasma hominis, bactérias anaeróbias, …
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❏ Sinais e sintomas
Apresentação clínica variável sem sinais e sintomas patognomónicos.
• Algias pélvicas, uni ou bilaterais, de agravamento
A terapêutica deve ser iniciada
com o coito, com os esforços, ao fim do dia ou empiricamente na mulher jovem
pós-menstrual; sexualmente ativa ou com o fator
de risco de IST, se os seguintes
• Corrimentos ou, mais raramente, metrorragias; critérios mínimos estiverem
presentes: dor à palpação uterina /
• Febre;
anexial, dor à mobilização cervical.
• Náuseas e vómitos nas formas graves.
Exame Objetivo: corrimento cervical purulento; colo friável; metrorragia ao toque, dor
à mobilização do colo uterino e/ou dor na região anexial, uni ou bilateral, associada ou
não a
um empastamento de uma ou ambas as regiões anexiais.
❏ Diagnóstico
• Exames laboratoriais:
– Colheiras endocervicais (gonococcus, chlamydia, mycoplasma, agentes banais,
...);
– Remoção de DIU e cultura;
– TIG;
– Hemograma, VS, PCS;
– Serologias;
– Uroculturas.
• Ecografia:
– Deteção de Salpingite;
– Exclusão de outras patologias;
– Diagnóstico de complicações.
• Laparoscopia:
– Se exames anteriores inconclusivos;
– Diagnóstico: confirma ou exclui AS;
– Bacteriológico: colheitas na trompa e FSD;
– Prognóstico: precisa a gravidade das lesões;
– Terapêutico: lavagem peritoneal, adesiólisis.
❏ Critérios de hospitalização
• Gravidez;
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• Imunossupressão;
❏ Tratamento
⤻ Tratamento sistemático do(s) parceiro(s)
• Associação de antibióticos; sexuais (cobertura para chlamydia e
• AINE. gonococcus);
⤻ Ofloxacina / Metronidazol
A terapêutica antibiótica parenteral deve manter-se até 24 horas após melhoria clínica, e
prosseguir com Doxiciclina oral 14 dias, associada ou não a outros Antibióticos.
❏ Tratamento cirúrgico
Quando 24 a 48 horas após instituição de terapêutica antibiótica parenteral, não ocorre
melhoria clínica.
• Laparotomia / Laparoscopia:
– Adesiólisis;
– Drenagem de abcesso(s) pélvico(s);
– Limpeza cirúrgica de material necrótico;
– Lavagem peritoneal com soro fisiológico.
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Ciclo Menstrual
• Período entre início de um cataménio e o início da seguinte;
• 25-35 dias;
❏ Hemorragia menstrual
• Regularidade:
– regular: variação 2-20 dias
– irregular: variação > 20 dias
– ausente: >90 dias
⤻ primária: 14A ou 16A sem caracteres sexuais
⤻ secundária
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• Volume:
– normal: 5-80 ml
– abundante: <80ml; interfere na qualidade de vida
• Frequência:
– infrequente: intervalos > 38 dias; 1-2 cataménios em 90 dias
– frequente: intervalos < 24 dias; + de 4 cataménios em 90 dias
• Duração:
– curta: < 3 dias – normal: 3-8 dias
– prolongada: > 8 dias
❏ Hemorragia pós-menopausa
• >1 ano após a última menstruação – menopausa.
❏ Menarca precoce
• Hemorragia que ocorre antes dos 9 anos de idade.
❏ HUA aguda
• HUA associada a perda hemática em quantidade suficiente para requerer
intervenção
imediata para controlo da perda.
❏ HUA crónica
• HUA em duração, volume e/ou frequência presente nos últimos 6 meses.
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Infertilidade
❏ Causas da Infertilidade
• 30 % causas masculinas: alterações no âmbito testicular, obstrução de dutos,
patologias na próstata, alterações na ejaculação ou ereção e alterações no esperma;
• 30 % causas femininas: menopausa precoce, endometriose, obstruções ou lesões
das trompas de Falópio, anomalias uterinas e cervicais ou problemas ovulatórios;
• 20 % causas mistas ou combinadas;
❏ Causa feminina
80 % dos casos de esterilidade feminina deve-se principalmente a:
• Idade reprodutiva avançada: a partir dos 35 anos o potencial de reprodução diminui
e depois dos 40 anos a possibilidade de engravidar é inferior a 10 %;
• Fator tubo-peritoneal: quando as trompas de Falópio sofrem algum tipo de lesão;
• Endometriose;
❏ Causa masculina
• Alterações do trato genital: impossibilitam o depósito do esperma no fundo da
vagina durante o coito;
• Problemas de ereção;
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