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Hiperêmese Gravídica

Definição e Incidência
A êmese gravídica é a ocorrência de vômitos
simples no início da gestação. Já a hiperêmes
gravídica diz respeito aos vômitos incoercíveis
na gestação, com maior intensidade e
repercussão clínica.

Esse quadro atinge 0,5% a 2% das gestantes e


causa perda mínima de 5% do peso pré-
gravídico, desidratação, cetonúria e
desnutrição.

Etiologia e Fatores de Risco


Entende-se que a hiperêmese gravídica
provavelmente está relacionada ao aumento
dos níveis de hCG e estrogênios. É importante
ressaltar que esses hormônios estão mais
elevados em gestações gemelares e molares.
Repercussões na Gravidez
A Síndrome de Wernicke é caracterizada por
Alguns fatores de risco são: hiperêmese sintomas agudos de ataxia, disfunção
gravídica anterior, história familiar de vestibular, confusão mental e anormalidades
hiperêmese gravídica e gravidez de feto na motilidade ocular. Seu tratamento é
feminino. realizado com tiamina e pode ser eficaz em dias
ou semanas.
Quadro Clínico
A Síndrome de Korsakoff é uma evolução da
A perda hidroeletrolítica leva à desnutrição.
Síndrome de Wernicke, representada por
Em casos como esse, pode ocorrer Síndrome de
sintomas crônicos de perda de memóriade
Wernicke-Korsakoff por deficiência de
fixação e desorientação temporoespacial.
vitamina B1 (tiamina), causando quadro
neurológico e psiquiátrico.
Há risco aumentado pra recém nascido
pequeno para a idade gestacional (PIG), em
A cetonúria aparece devido ao metabolismo de
decorrência da desnutrição materna.
lipídios, necessário por déficit de carboidratos.

Existe a possibilidade de evoluir para a


Nas formas médias, a paciente descuida da
interrupção da gravidez, devido à sua
êmese simples por 2 a 4 semanas, tem perda de
morbidade. Entretanto, na maioria dos casos, o
5% do peso pré-gravídico e pulso abaixo de 100
prognóstico materno e fetal é bom, com menor
bpm. Já na froma grave, a perda de peso atinge
incidência de abortamento.
de 6% a 8% do peso pré-gravídico.

O diagnóstico diferencial é determinado pela


náusea e vômitos persistentes mesmo após 9
semanas.
Acadêmica: Melanie Letícia Soto Banha
Hiperêmese Gravídica
Hipertireoidismo Gestacional
Transitório
Os altos níveis de hCG estimulam o receptor
TSH, resultando em anormalidades na função
da tireoide, altos níveis de T4 livre no soro e
baixos de TSH.

Ocorre normalização do quadro concomitante


à queda do hCG após o 1º trimestre e, por isso,
o tratamento expectante é o mais indicado.

Diagnóstico
Não há necessidade de avaliação laboratorial,
exceto para diagnóstico diferencial e
estabelecer a gravidade da doença. Há aumento
de enzimas hepáticas, bilirrubina sérica,
amilase e lipase séricas. O exame de urina
revela aumento da densidade e cetonúria.

A identificação de gestação gemelar ou molar


ocorre por ultrassonografia.

Tratamento
Mudanças alimentares e suplementação
vitamínica no início da gravidez podem reduzir
a intensidade da náusea e do vômito em casos
leves.

É necessária a hospitalização e suspensão da


alimentação oral. No caso de quadros sem
responsividade ao tratamento, utiliza-se
ondansetrona como antiemético de escolha na
dose de 4 mg via IV de 12/12 horas.

Acadêmica: Melanie Letícia Soto Banha


Abortamento
Trata-se da expulsão do feto com peso inferior Não há necessidade de exames
a 500 gramas ou com idade gestacional inferior complementares para confirmação do
a 20 semanas, podendo ser espontâneo ou diagnóstico, tendo em vista o quadro clínico
provocado. inconfundível.

Etiologia Até 12 semanas, o tratamento pode ser


expectante, médico ou cirúrgico. Com o
Alterações cromossômicas
tratamento expectante, há êxito com expulsão
Doenças maternas graves
completa em até 80% dos casos. O tratamento
Traumas
médico consiste em administração de 800 mg
Intoxicações
de misoprostol vaginal. Em caso de
Infecções
hemorragia, instabilidade hemodinâmica ou
Risco aumentado em mulheres a partir de
infecção, é necessário o esvaziamento uterino
35 anos, elevado se homem acima dos 40
cirúrgico.
anos
Recomenda-se a abstenção sexual por até 2
Ameaça de Abortamento semanas após expulsão completa,
Ocorre hemorragia por anomalia decidual e/ou anticoncepção hormonal e DIU, administração
descolamento do concepto e dor por contração de imunoglobulina Rh se mulheres Rh
uterina. negativas não sensibilizadas.

A hemorragia é mais branda quando No abortamento tardio, ou seja, após 12


comparável à interrupção inevitável. semanas, o esvaziamento instrumental é
Sangramento de longa duração com aspecto de perigoso. É administrada ocitocina ou
“borra de café” são mais preocupantes. misoprostol. Se a expulsão não for completa, o
remanescente é extraído com pinça adequada.
As dores são provocadas por metrossístoles.
Em caso de contrações regulares, o indicativo é Abortamento Completo
de irreversibilidade.
É frequente até 8 semanas. Caracteriza-se por
O tratamento inclui repouso relativo, sem sangramento discreto após a expulsão do ovo,
necessidade de acamar-se, proibição do coito, quando as cólicas cessam. À ultrassonografia, o
tranquilização da gestante, antiespasmódicos e útero encontra-se vazio.
analgésicos.
Abortamento Incompleto
Abortamento Inevitável
Com a eliminação parcial do ovo, há
Acontece com raridade após 8 semanas, hemorragia persistente e propensão à infecção.
quando o processo de abortamento passa a É comum após 8 semanas, devido à adesão das
adquirir características de trabalho de parto. vilosidades coriônicas ao útero.

Pode ser confundido com menstruação, exceto O sangramento, neste caso, é incessante e
pela quantidade de sangue mais abundante e intenso, e as cólicas persistem. O tratamento
de cor mais viva, e presença de embrião e indicado é cirúrgico, em especial a aspiração a
decídua. Geralmente é precedido por ameaça vácuo.
de abortamento.
Acadêmica: Melanie Letícia Soto Banha
Abortamento
Abortamento Infectado Abortamento Retido
Interrupções utilizando técnicas inadequadas Ocorre retenção do ovo morto por dias ou
podem dar origem a um abortamento semanas, com ou sem sangramento vaginal.
infectado, mas há também outras causas. A Não é possível localizar BCF e o diagnóstico é
infecção acontece por microrganismos confirmado por duas ultrassonografias
provenientes do sistema genital ou intestinal. espaçadas de 7 a 10 dias.

Pode ser classificado em: I - endo(mio)metrite; O tratamento pode ser expectante, médico
II - peviperitonite; e III - peritonite. (com misoprostol) ou cirúrgico.

A endo(mio)metrite é o tipo mais comum, com Abortamento Habitual


infecção limitada à cavidade uterina, à decídua Caracteriza-se pela perda de duas ou mais
e ao miométrio. Os sintomas são semelhantes gestações, ou de três ou mais gestações
aos de abortamento completo ou incompleto, consecutivas, variando de acordo com cada
com discretas dores e elevação térmica, e autor.
hemorragia escassa. São tolerados palpação
abdominal e toque vaginal. A idade materna e o número de abortamentos
anteriores são os principais fatores de risco,
No caso de pelviperitonite, há progressão da sendo considerada também a idade paterna.
infecção para além do miométrio, atingindo Pode haver alterações cromossômicas em pelo
paramétrios e anexos e comprometendo o menos um dos parceiros nesses casos. Outra
peritônio pélvico. A temperatura corporal é possibilidade é a associação entre anticorpos
mais elevada e o sangramento tem odor fétido, antifosfolipídios e prognóstico adverso na
a paciente apresenta taquicardia, desidratação, gestação.
paresia intestinal, anemia, dores constantes e
espontâneas. O exame pélvico é difícil devido à Deve-se considerar também doenças
intensidade da dor. endócrinas (SOP, tireoidite de Hashimoto),
malformações uterinas, miomas e insuficiência
A pelviperitonite é uma forma extremamente cervical, entre outros fatores.
grave, com infecção generalizada, peritonite,
septicemia e choque séptico. O estado geral da
paciente pode incluir temperatura elevada,
pulso rápido e filiforme, hipotensão arterial,
abdome distendido, oligúri,a icterícia, entre
outros sintomas. É necessário realizar
histerectomia.

O tratamento, além do esvaziamento uterino,


inclui antibióticos, ocitocina, sangue e solução
glicosada ou salina.

Acadêmica: Melanie Letícia Soto Banha


Abortamento
O diagnóstico consiste no exame de cariótipo
do casal, avaliação citogenética do
abortamento, ultrassonografia transvaginal 3D,
dosagem de anticorpos LAC e aCL, dosagem de
TSH e anti-TPO e dosagem de testosterona
livre/total.

Insuficiência Cervical
Trata-se da incapacidade de retenção do
produto da concepção no 2º trimestre, sem
sinais e sintomas de contração ou de parto. É
uma das principais causas de abortamento
habitual tardio ou parto pré-termo extremo. O
feto nasce vivo e morfologicamente normal.

Faz-se necessário tratamento cirúrgico, com


cerclagem do colo uterino.

Acadêmica: Melanie Letícia Soto Banha


Descolamento Prematuro de Placenta
O Descolamento Prematuro de Placenta (DPP) Grau 1: leve, quando mãe e feto estão
consiste na separação da placenta antes do estáveis e não há dor, apesar do
nascimento na gestação a partir de 20 sangramento vaginal;
semanas. Grau 2: intermediário, relacionado à dor
abdominal intensa, sangramento vaginal,
Etiologia hipertonia uterina e feto em sofrimento;
Grau 3: grave, com óbito fetal, subdividido
São fatores de risco o tabagismo, trauma, uso
em grau 3A, sem coagulopatia, e grau 3B,
de cocaína, gravidez múltipla, hipertensão, pré-
com coagulopatia.
eclâmpsia, ruptura prematura de membranas
pré-termo, infecção intrauterina e polidrâmnio.
Diagnóstico
Patologia Pode ser clínico, por ultrassonografia ou
ressonância magnética.
A separação ocorre devido à chegada de sangue
à zona de clivagem deciduoplacentária. O
O diagnóstico clínico é baseado em
útero, então, torna-se hipertônico, o que gera
sangramento e dor abdominal, com possível
mais áreas de descolamento.
história de trauma ou rotura prematura de
membranas. É necessário diferenciar a
Ocorre hemorragia externa, mas parte do
patologia de placenta prévia.
sangue coagula na forma de hematoma
retroplacentário. No primeiro trimestre, pode
À ultrassonografia, pode ser identificado
ocorrer por placentação defeituosa.
coágulo em 25% dos casos, a depender de sua
localização e extensão. Já a ressonância
Quadro Clínico magnética diagnostica todos os casos.
Pode variar de quadros assintomáticos até
morte fetal. Costuma ocorrer sangramento Tratamento
vaginal e dor abdominal, mas não estão Se feto vivo e a partir de 23 semanas, há
relacionados com a gravidade. indicação de interrupção da gravidez por
cesariana. Em caso de feto inviável ou morte
Uma separação superior a 50% representa fetal, recomenda-se parto vaginal com
frequente natimortalidade, estando a extensão amniotomia.
do descolamento relacionada ao óbito fetal.
Em caso de gestações pré-termo, pode-se
A hipertonia é acompanhada de contrações adotar conduta conservadora com
frequentes e de baixa intensidade. À palpação, hospitalização e vigilância das condições
o útero encontra-se duro e doloroso. maternofetais.

O DPP é classificado conforme os seguintes A conduta conservadora é recomendada em


graus: gestações abaixo de 34 semanas se o caso não
Grau 0: assintomático, com diagnóstico for grave, estando mãe e feto estáveis, desde
retrospectivo e hematoma retroplacentário; que haja vigilância rigorosa. É necessário
administrar corticoide para amadurecimento
do pulmão fetal entre 24 e 34 semanas.
Acadêmica: Melanie Letícia Soto Banha
Descolamento Prematuro de Placenta
Se a mulher sofrer trauma, é recomendado
monitorar o feto por, no mínimo, 4 horas e
interromper a gravidez se houver indicativo de
DPP.

Acadêmica: Melanie Letícia Soto Banha


Gravidez Ectópica
Também chamada de ectociese, na gravidez
ectópica ocorre a implantação fora do útero, ou
seja, trata-se de uma gestação extrauterina,
podendo ser tubária, ovariana ou abdominal.

É uma patologia ameaçadora à vida da


paciente, dada a elevada mortalidade materna.

Quando se dá na cicatriz da cesárea ou na


região cervical, chama-se gravidez heterotópica Na gravidez intersticial, por sua vez, a
e tem tratamento e quadro clínico similares à implantação ocorre no segmento tubário que
gravidez ectópica. penetra a parede uterina. A ruptura pode ser
fatal, com sangramento intenso.
Etiologia
São fatores de risco: lesão nas tubas uterinas, Já na gravidez abdominal, o risco de morte
doença inflamatória pélvica, história de materna é consideravelmente mais elevado.
infertilidade, ligadura tubária, cirurgia tubária Costumeiramente é secundária e a sobrevida
prévia e gravidez ectópica anterior, entre fetal é rara, havendo malformações quando o
outros fatores. O uso de DIU não protege a feto nasce vivo. Quando há retenção
mulher de gravidez ectópica, o que aumenta a prolongada, forma-se o cisto fetal, com
incidência da afecção em pacientes em uso do posterior reabsorção do líquido amniótico,
dispositivo. saponificação e reabsorção de partes moles e
deposição calcária no feto e membranas.
Patologia
A gravidez ovariana é pouco usual, sendo
A gravidez ectópica pode ser primitiva, quando visível à ultrassonografia o útero vazio e o canal
a nidação ocorre e prossegue em uma única cervical com presença de saco gestacional.
zona, ou secundária, quando o ovo implanta-
se, ocorre desprendimento e o
desenvolvimento passa a ocorrer em outro
Quadro Clínico e Diagnóstico
local. Se houver gravidez tubária rota, pode ocorrer
choque, hipotensão, taquicardia e dor à
A gravidez tubária representa mais de 95% das palpação, sendo considerada uma emergência.
gestações ectópicas, ocorre mais
frequentemente na ampola, mas também pode Antes da ruptura, as manifestações podem ser
ser ampular, ístmica, intersticial (cornual) ou similares ao quadro de abortamento, com
fimbrial. hemorragia de primeiro trimestre, dor
abdominal ou pélvica.
Ocorre ruptura tubária usualmente em
gravidez ístmica, enquanto o abortamento O diagnóstico é feito por meio de
tubário é mais comum em implantação ultrassonografia transvaginal e dosagem de
ampular. hCG.

Acadêmica: Melanie Letícia Soto Banha


Gravidez Ectópica
Na gravidez cervical, existe necessidade de
Formas Clínicas histerectomia em quadro clínico instável. Em
A forma subaguda é a mais comum, geralmente casos estáveis, utiliza-se MTX sistêmico ou
localizada na ampola tubária. O abortamento intraovular, a depender da presença de BCF.
tubário ocorre quando o saco ovular distende a
porção ampular, há separação parcial do Já na gravidez em cicatriz de cesárea,
trofoblasto e, posteriormente, da placenta, com administra-se MTX local guiada por USG
perdas sanguíneas que chegam à cavidade transvaginal, seguida de MTX sistêmico.
abdominal.

Pode haver abortamento completo ou


incompleto devido à presença de hematoma,
com hemorragia intraperitoenal. Há dor
hipogástrica se ocorrer liberação de substância
irritante ao coagular o sangue intraperitoneal.

A forma aguda tem, em geral, localização no


istmo da tuba uterina, e a ruptura é seguida de
intensa hemorragia intraperitoneal. A dor é
extrema, em punhalada, na fossa ilíaca ou
hipogástrio.

Nesse caso, ocorre choque, com palidez,


sudorese, extremidades frias, pulso fino e
rápido e hipotensão. Há acúmulo sanguíneo no
fundo do saco de Douglas, causando dor à
defecação e à micção.

A forma abdominal tem diagnóstico difícil, com


dor abdominal, náuseas e vômitos. A
apresentação é transversa, com oligodrâmnio e
colo deslocado.

Tratamento
Na gravidez tubária, há possibilidade de
tratamento cirúrgico, médico ou expectante.
Em caso cirúrgico, pode ocorrer laparotomia,
laparoscopia, salpingostomia e/ou
salpingectomia.

O tratamento médico é realizado com


metotrexato (MTX) sistêmico via IM. Já o
tratamento expectante é incomum.
Acadêmica: Melanie Letícia Soto Banha
Doença Trofoblástica Gestacional
Ocorre devido à fertilização anormal, com É possível realizar o diagnóstico de mola
formas clínicas distintas, em especial: mola hidatiforme no primeiro trimestre de gestação,
hidatiforme, mola invasora e coriocarcinoma. com sinais de sangramento, aumento do útero
Há formação de blastomas com origem no cito superior ao esperado para a idade gestacional,
e sinciciotrofoblasto. É importante ressaltar ausência de BCF, hiperêmese gravídica e níveis
que mola invasora e coriocarcinoma são tipos elevados de hCG.
de neoplasias trofoblásticas gestacionais
(NTG). O sangramento vaginal costuma ser indolor e
quase constante. Em aproximadamente 50%
Mola Hidatiforme dos casos de MHC, ocorre aumento do volume
uterino, com mais chances de perfuração ao
Apesar de ter tratamento similar, as molas
esvaziamento uterino e embolização pulmonar.
hidatiformes completa (MHC) e parcial (MHP)
são distintas, com características próprias.
Os níveis exagerados de hCG e a maior
sensibilidade ovariana a esse hormônio
Na MHC, o crescimento maior conferem
determinam hiper-reação luteínica,
sintomatologia, níveis de hCG e aumento
ocasionando múltiplos cistos.
uterino mais intensos. Feto, cordão umbilical e
membranas estão ausentes, com hiperplasia e
Um dos sintomas mais frequentes da mola é a
anaplasia celular do cito e sinciciotrofoblasto.
hiperêmese. A pré-eclâmpsia precoce, antes de
Nesse caso, o cariótipo é quase sempre
20 semanas, também costuma estar presente.
feminino (46, XX).
O hipertireoidismo pode estar presente devido
ao mimetismo do hCG com o TSH, o que leva à
estimulação da tireoide.

O melhor diagnóstico para gravidez molar é a


ultrassonografia, mas também é importante
avaliar hemograma completo, grupo sanguíneo
e fator Rh, nível de hCG, coagulograma
completo, hepatograma completo, ureia,
Na MHP, por sua vez, o feto está presente, creatinina, ácido úrico e raio X de tórax.
assim como BCF, cordão umbilical e
membrana amniótica. Ocorre hiperplasia das O tratamento pode ser por aspiração a vácuo,
vilosidades hidrópicas (com acúmulo excessivo histerectomia ou quimioterapia profilática.
de fluidos), porém sem anaplasia celular. Faz-se necessário acompanhamento pós-molar,
para monitoramento da malignização, que
costuma ocorrer em até 6 meses após o
esvaziamento.

O diagnóstico de NTG pós-molar dá-se pelo


aumento ou estabilização dos níveis de hCG ou
caracterização histológica da mola invasiva ou
de coriocarcinoma no material da curetagem.
Acadêmica: Melanie Letícia Soto Banha
Doença Trofoblástica Gestacional
Também são importantes no acompanhamento Pode haver necessidade de cirurgia
pós-molar a ultrassonografia, histeroscopia e a complementar à quimioterapia, afim de
anticoncepção. controlar hemorragias de metástases.

Neoplasia Trofoblástica Gestacional


Trata-se de lesões malignas originadas nas
vilosidades coriais e no trofoblasto extraviloso.
Pode ser proveniente de gestações molares,
abortamento, gravidez ectópica, ou de
gestações de termo ou pré-termo.

A mola invasora é confinada ao útero,


caracterizada por invasão do miométrio por
vilosidades coriônicas hidrópicas com
proliferação trofoblástica. É uma sequela da
mola hidatiforme com possibilidade de
resolução espontânea. São sintomas:
hemorragia, aumento de volume e
amolecimento uterino, dor, anemia, anorexia e
vômitos. O seu diagnóstico é clínico, com
ultrassonografia com Doppler.

O coriocarcinoma não possui estrutura vilosa,


pode ser originado por qualquer tipo de
gravidez e localizado em qualquer parte do
útero. São massas múltiplas ou únicas, que
provocam sintomas variados, destacando-se o
sangramento vaginal, hemoptise, hematúria,
sinais de AVE, além daqueles descritos na
mola.

O diagnóstico de NTG pós-molar é feito pelo


acompanhamento dos níveis de hCG por 6
meses. As metástases do coriocarcinoma
podem ocorrer em todo o organismo, em
especial na vagina, pulmão (80%), fígado e
cérebro.

Se a NTG for de baixo risco, utiliza-se MTX e


ácido folínico, podendo haver necessidade de
histerectomia concomitante à quimioterapia.
Em caso de alto risco, administra-se o esquema
EMA-CO até a queda do hCG.

Acadêmica: Melanie Letícia Soto Banha


Placenta Prévia
A placenta prévia ocorre quando ela está O tratamento é individualizado para cada
localizada no segmento inferior do útero, total paciente. Se houver risco para parto pré-termo,
ou parcialmente. Pode ser classificada em: administra-se corticoide profilático. Há
central, parcial, marginal e baixa. necessidade de hospitalização com 34 semanas
em casos sintomáticos.
A cesárea anterior é um dos fatores de risco,
bem como cicatriz uterina, idade materna Pode haver parto vaginal em caso de placenta
avançada, multiparidade, tabagismo e gravidez baixa se a borda placentária estiver a mais de 2
gemelar. cm do orifício interno do colo. Se, no 3º
trimestre, a margem placentária estiver a
Quadro Clínico e Diagnóstico menos de 2 cm do OI, a paciente deve passar
por cesárea.
A hemorragia é o sinal mais importante,
podendo ser indolor, sem sinais de esforço ou Mulheres assintomáticas com placenta baixa
traumatismo anterior. O sangue, neste caso, é podem passar por cesárea eletiva com 38 a 39
vermelho brilhante. semanas.

À palpação, identifica-se estática fetal alterada,


com situações oblíquas e transversas,
apresentação pélvica e cefálica alta, devido à
própria localização da placenta.

Há presença de BCF e a cardiotocografia indica


boa vitallidade fetal. É comum haver acretismo
placentário, com retenções.

O diagnóstico é feito por meio da


ultrassonografia transabdominal entre 20 e 24
semanas, com confirmação pela USG
transvaginal.

A expansão do segmento inferior do útero no


2º e 3º trimestres costuma causar migração
placentária, dando resolutividade à questão.

Os sangramentos no anteparto raramente


indicam a interrupção da gestação.

Tratamento
Depende diretamente da estabilidade
hemodinâmica da paciente, e não há protocolo
preestabelecido.

Acadêmica: Melanie Letícia Soto Banha


Toxemia Gravídica, Eclâmpsia e Pré-Eclâmpsia
Ocorre mais comumente na segunda metade da
gestação, caracterizando-se principalmente por
Fisiopatologia
hipertensão e proteinúria. Trata-se de uma A taxa de filtração glomerular, que costuma
patologia progressiva e, por isso, é necessário estar aumentada na gestação, é diminuída em
reavaliar a paciente com frequência. caso de pré-eclâmpsia. A proteinúria decorre
da endoteliose capilar glomerular.

Hipertensão na Gravidez A disfunção endotelial condiciona vasospasmo,


Na gravidez, a hipertensão é classificada em: o que gera hipertensão e, consequentemente,
1. Pré-eclâmpsia/Eclâmpsia; lesão vascular generalizada. Em caso de
2. Hipertensão crônica (de qualquer causa); exacerbamento da hipertensão, há risco de
3. Hipertensão crônica com pré-eclâmpsia edema de pulmão.
superajuntada;
4. Hipertensão gestacional. A encefalopatia hipertensiva é a causa primária
da lesão cerebral.
Não é mais necessário que haja proteinúria
para o diagnóstico de pré-eclâmpsia grave, A retenção de sódio e água além do esperado
sendo o suficiente a hipertensão associada à acontece na toxemia. Nesse caso, ocorre edema
trombocitopenia, alteração da função hepática, generalizado. Vale ressaltar que isso ocorre em
desenvolvimento de insuficiência renal, edema 1/3 das gestações e, por isso, não é mais
de pulmão ou distúrbios cerebrais ou visuais. determinante para a toxemia.

Na hipertensão gestacional, não há proteinúria A redução da circulação uteroplacentária


ou outras alterações sistêmicas, e a elevação da explica infartos placentários, pequeno
pressão arterial acontece a partir da 20ª crescimento e descolamento prematuro da
semana. Já na hipertensão crônica, a patologia placenta. Isso pode gerar crescimento
antecede a gestação. intrauterino restrito e sofrimento fetal, além de
recém-nascido pequeno para a idade
gestacional.
Etiopatogenia
Entende-se que a pré-eclâmpsia acontece em 3
estágios. O estágio 0 é pré-concepcional,
Referências
evidenciando a importância do sêmen paterno, MONTENEGRO, C. A.B.; REZENDE FILHO J.
e explicando a maior ocorrência na primeira Obstetrícia. 13a ed. Rio de Janeiro:
gravidez do mesmo parceiro. O estágio 1 é Guanabara Koogan, 2017.
referente à desregulação imunológica como
resposta ao trofoblasto.

O estágio 2, por sua vez, trata da placentação


defeituosa, que gera estresse oxidativo. Já o
estágio 3 diz respeito à reação inflamatória
materna sistêmica e a disfunção endotelial, os
quais levam ao diagnóstico clínico.

Acadêmica: Melanie Letícia Soto Banha


Placenta Prévia
Entende-se que o período fetal inicia na 9ª Referências
semana de gestação. Nesse momento do
Moore, K.L., Persaud, T.V.N. Embriologia
desenvolvimento, será notado especialmente o
Clínica. 7 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
cresciemento do feto.
MONTENEGRO, C. A.B.; REZENDE FILHO J.
Vale ressaltar que os tecidos nervoso e ósseo
Obstetrícia. 13a ed. Rio de Janeiro :
permanecem imaturos mesmo após o
Guanabara Koogan, 2017.
nascimento.

Da 9ª à 12ª semana, há diminuição da relação


de crescimento entre cabeça e corpo. As
genitálias são distinguíveis e maduras a partir
da 12ª semana.

Entre a 16ª e a 20ª semanas, os movimentos


fetais já são perceptíveis pela mãe. A partir da
20ª semana começa a surgir lanugem e
cabelos, além da pele estar recoberta por vérnix
caseoso, o qual é responsável por proteger a
epiderme fetal.

Até a 22ª a 24ª semanas, o feto não sobrevive à


vida extrauterina, devido à imaturidade do
sistema respiratório. Apesar disso, os órgãos já
estão desenvolvidos.

O tecido adiposo só se desenvolve nas 6 a 8


semanas finais.

Acadêmica: Melanie Letícia Soto Banha

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