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TEMA: ICTERÍCIA NEONATAL

YOLANDA SAMÉ AGUILERA


MÉDICA PEDIATRA
LUANDA, DEZEMBRO DE 2022
Sumário
1. Introdução
2. Objetivos
3. Definições
4. Metabolismo da bilirrubina
5. Fatores que favorecem a icterícia neonatal
6. Causas de icterícia
7. Classificação
8. Formas clinicas de apresentação
9. Diagnóstico
10. Complicações
11. Tratamento
12. Bibliografia
Introdução
 Metade a 2/3 do total dos RN tem icterícia visível durante os
primeiros dias de vida

 Incidência 60% recém nascido a termo (RNT), 80% recém nascido


pré-termo (RNPT).

 69% grupos orientais e mediterrâneo, 12% raça negra, tem haver


com DG6PD
Objetivos
 No final da classe o aluno deve:

1. Definir icterícia e conhecer valores normais das Bbs


2. Conhecer fatores de risco e causas de icterícia
3. Classificar a icterícia e saber formas de apresentação
4. Saber o diagnóstico, tratamento e complicações
Definições
 Icterícia =signo clínico

 É definida como a coloração amarelada de pele e mucosas do recém


nascido (RN) por aumento da bilirrubina sericá com expressão
clínica acima de 5 mg/dl

 Hiperbilirrubinemia: É um parâmetro bioquímico, donde a


concentração de Bilirrubina sérica esta acima de 1.3 mg/dl (BI) e
(BD) 1.5 mg/dl.
Metabolismo da Bilirrubina
CATABOLISMO DAS ERITROPOIESE INEFETIVA
HEMÁCIAS HEMOPROTEÍNAS

HEMEOXIGENASE

PRODUÇÃO DE BILIVERDINA

BILIVERDINA REDUTASE

Lipossolúvel BB NÃO CONJUGADA OU INDIRETA


Neurotóxica

BB + ALBUMINA CIRCULAM NO PLASMA

GLUCORONIL-TRANSFERASE HEPATÓCITO RE liso


+ (Y ou ligandina) Volta ao fígado Circulação
Êntero-hepática
Hidrossolúvel BB DIRETA OU CONJUGADA

Β GLUCORONIDASE
EXCRETADA PELOS
CANALÍCULOS BILIARES UROBILINOGÊNIO

EXCRETADA PELO RIM E NAS


FEZES
Porque o recém nascido apresenta icterícia?
1. RN tem produção excessiva de Bb devido a que possuem um maior
numero de glóbulos vermelhos. ( maior massa eritrocitária e menor
tempo de vida)

2. Sistema enzimático do fígado é insuficiente para captação e


conjugação adequada da Bb ( imaturidade hepática)

3. Á ingesta oral esta ↓ nos primeiros dias de vida, conseguinte ↓ da


flora e motilidade intestinal e ↑ da circulação entero-hepática da Bb
( aumento da beta glucoronidase)
Fatores de risco para Hiperbilirrubinemia indireta
 Icterícia nas primeiras 24 horas de vida
 Incompatibilidade Rh (-)/ABO
 Prematuridade, asfixia, hipotermia, hipoglicemia
 Dificuldades na amamentação ou perda de peso superior a 7% ao peso
do nascimento nas 1ª 48 horas de vida;
 Filho de mãe diabética,
 Filho prévio que recebeu fototerapia, Policitemia
 Trauma do parto;
 Descendência asiática
CAUSAS DE ICTERÍCIA
Causas de ictericia neonatal

APARICIÓN CAUSA PRONÓSTICO


1r. día de vida Incompatibilidad Rh Muy grave
Infección intrauterina Muy grave
FISIOLÓGICA Sin peligro

2º-7º día de vida FISIOLÓGICA Sin peligro


Infección extrauterina Grave/muy grave
Intoxicación Grave/muy grave
Absorción cefalohematoma Reservado
Distrés respiratorio Grave/muy grave
LACTANCIA MATERNA Sin peligro

8º día de vida Atresia /obstrucción Grave/muy grave


Hepatitis neonatal Grave/muy grave
Metabolicas Muy grave
Classificação
 Icterícia Pré- hepática por defeito na captação
 Icterícia Intra-hepática por defeito na conjugação
 Icterícia Pós-hepática por defeito na excreção

 Icterícia fisiológica
 Icterícia patológica
Classificação
ÍCTERO FISIOLÓGICO

 RN clinicamente bem, respiração regular, baço e fígado não palpáveis


 Inicia-se após as 1ª 24 horas
 Faz pico no RNT entre o 3º e 5º dia e desaparece até o 10º dia de vida
 RNPT o pico é entre o 5º e 7º dia e desparece até 14º dia de vida
 Á Bb total máxima não deve ultrapassar os 15 mg/dl
 Á icterícia torna-se visível a partir de níveis séricos de Bb (5-6 mg/dl)
 Velocidade de aumento da Bb < de 5 mg/em 24h
Classificação
ÍCTERO PATOLÓGICO:

 Aparece nas 1ª 24 horas de vida


 Icterícia presente por mais de 7 dias em RNT ou por mais de 14 dias
no RNPT
 Incremento da Bb sérica > 5mg/dl em 24h
 Bb direta > 2mg/dl
 Bilirrubina sérica total > de 15 mg7dl em RNT
 FORMAS CLÍNICAS DE APRESENTAÇÃO:

-Icterícia PRECOCE por aumento da Bb indireta

-Icterícia TARDIA por aumento da Bb indireta e


direta
Icterícia PRECOCE por aumento da Bb indireta
 1ª 24h de vida , Sempre patológica
 Frequentemente relacionada com doença hemolítica
 Principais causas:
-Incompatibilidade ABO (mãe O⁺ e RN A ou B. Rh ( Mãe Rh⁻ e filho Rh⁺)
-Hemoglobinopatias, Esferocitose, défice de G6PD, cefalematoma extenso
-Sépsis neonatal , infeciones congénitas (CMV, toxoplasmose e rubéola)

 C/C: fenómenos hemorrágicos, anemia, icterícia, hepatosplenomegalia, hidropsia


(edema)
Icterícia TARDIA por aumento da Bb indireta

 APARECE APÓS 24 HORAS DE VIDA


 ICTERÍCIA FISIOLÓGICA:

 Inicia-se após as 1ª 24 horas de vida, apresenta um pico e regressão


espontânea
 É mais visível quanto maior o tecido celular subcutâneo
 Níveis de no mínimo 12 mg/dl para o RNT e de 15 mg/dl no RNPT, com
duração de uma semana e 2 semanas respetivamente
 Velocidade de aumento da Bb< a 5 mg/dl em 24 h
Icterícia TARDIA por aumento da Bb indireta

 ICTERÍCIA DO LEITE MATERNO: aparece ao final da 1ª semana de vida


em RN saudáveis em aleitamento materno exclusivo, podendo observar niveles
elevados de Bb ate 1º mês de vida. Beta glucoronidase e ácidos grassos no leite
materno inibem o metabolismo da Bb

 HIPOTIROIDISMO
Icterícia TARDIA por aumento da Bb direta
 COLESTASE NEONATAL:

 Redução do fluxo biliar e manifesta-se pela presença de Bb direta acima de


1.5mg/dl.
 Clinicamente se caracteriza por Uma triada ( icterícia, acolia fecal e colúria)
 A causa mais frequente de Colestase Neonatal é a hepatite neonatal seguida de
atresia das vias biliares
 Diagnóstico precoce antes do 8 semanas para intervenção cirúrgica de Kasai
para evitar a Cirroses biliar
DIAGNÓSTICO DA ICTERÍCIA
NEONATAL
Diagnóstico: HC- E. Físico
 O diagnóstico pode ser realizado por método clínico pela digitopressão das zonas de
Kramer:
-Á avaliação clinica da Hiperbilirrubinemia utilizando-se as zonas de Kramer
é pouco precisa, variando de acordo a experiencia dos profissionais envolvidos,
da pigmentação da pele e da luminosidade
-Se a estimativa clinica é de icterícia entre as zonas 2 e 3 (Bb indireta >12 mg/dl
a:

 Dosagem sérica da Bb e verificação por método transcutâneo


Zonas de kramer
Á icterícia neonatal tem progressão cefalocaudal
zona 1: 6 mg/dl (Icterícia de cabeça e pescoço)
zona 2 : 9 mg/dl (icterícia até o umbigo)
zona 3 : 12 mg/dl (Icterícia até os joelhos)
Zona 4: 15mg/dl (Icterícia até tornozelos e/ou
antebraço
Zona 5 : > 18 mg/dl (icterícia até região plantar e
palmar
Comprovar por digitopressão
Exames complementares
 Bilirrubina total e fracçoes (indireta e direta)
 Hemograma
 Reticulócitos
 Grupo sanguíneo e fator Rh da mãe e RN
 Coombs direto
 Glicemia
 Dosagem sanguínea de hormona tiroidea
 Serologia virais a criança
 Ecografia das vias biliares (suspeita de atresia de vias biliares)
Complicações
 ICTERÍCIA NUCLEAR OU KERNÍCTERO: Impregnação do tecido
cerebral por Bb indireta quando as cifras são superiores a 20 mg/dl
 Caracterizada clinicamente por:
 Fase 1: Irritabilidade, hipotonia, letargia, choro agudo má sucção,
 Fase 2: se instala hipertonia com tendência a espasticidade , opistótonos,
convulsões e febre;
 Fase 3: aparente melhora, a hipertonia diminui
 Fase 4: aparece após 2 ou 3 meses de vida e consta dos sinais de Paralisia
Cerebral por Encefalopatia Bilirrubínica, observando-se perda da audição,
distúrbios extrapiramidais e rebaixamento do QI
Tratamento
 Íctero fisiológico:
 Higiene e hidratação da pele, exposição direta a luz solar, controlo da Bb,
identificar neonatos com risco de Hiperbilirrubinemia
 Icterícia induzida pelo aleitamento materna :
 Na forma precoce iniciar o aleitamento materno no momento do nascimento e
proporcionar mais de 10 tomas em 24 horas
 Na forma tardia ou prolongada interromper a lactancia materna por 48 horas e
reiniciar posteriormente
Tratamento
 NAS FORMAS GRAVES DE ICTERÍCIA BB > 18 MG/DL

 Tratar a causa
 INICIAR FOTOTERAPIA: torna a Bb hidrossolúvel, sendo eliminada sem
conjugação
Indicações: considerar idade pós- natal , Bb sérica > 12 mg/dl RNT e
> de 8 mg/dl em RNPT
Complicações da fototerapia: desidratação, queimaduras, diarreia dano da
retina, síndrome do bebe bronzeado.
Exanguinotransfusão
 Indicações:
 Aumento da hemólise
 Elevação importante da Bb indireta
 Refratariadade á fototerapia intensiva por 12 horas
 Sinais de comprometimento neurológico

 Complicações:
 Arritmias, bacteriemia, Enterocolite necrotizante,
PCR
Casos clínicos I-II-III
1. RN de 28 dias de vida, parto eutócico de termo, levado a consulta de rotina por apresentar
icterícia , mãe refere urina escura e fezes claras , ao Ex físico: Hepatosplenomegalia,
Laboratório: Bb Indireta 1 mg/dl e Bb total 9 mg/dl (diferencia da Bb total – Bb Indireta) 1-9
=8 (Bb direta 8 mg/dl). Diagnóstico
2. RNPT de 34 semanas , masculino em aleitamento materno exclusivo, apresento icterícia no 2º
dia de vida, zona II de Kramer, Laboratório: BI- 13 mg/dl, Hb- 16 gr/%, reticulócitos 5%.
Diagnóstico
3. RN parto eutócico em sala de parto apresento cefalematoma , apgar 7/9 amamentada nas 2
primeiras horas após parto, foi colhido sangue de RN para tipagem sanguínea que revelou
Mãe grupo O⁺ e RN O⁻, Coombs direto e indireto positivo, Bb Indireta 17 mg/dl, reticulócitos
9%. Diagnóstico
Anexos
 CRITÉRIOS DE HIPERBILIRRUBINEMIA:
 > 4 mg/dl ao nascer
 > 6 mg/dl nas primeiras 12 horas de vida
 > 10 mg/dl nas 1º 24 horas de vida
 > 13 mg/dl nas 1ª 48 horas de vida
 > 15 mg/dl em qualquer momento

 CRITÉRIOS DE HEMÓLISES: incremento da Bb de 0.5 mg/kg/h em RNT e de 0.25


mg/kg/h em RNPT
 Diminuição da hemoglobina e/ou hematócrito
 Reticulócitos > 6%
Bibliografia
 Emergências pediátricas/Joana Gonçalves Martin, José Roberto Fioretto, Mário
Ferreira Carpi. - ! Ed. – Rio de Janeiro: Atheneu, 2019. pág.. 90-96

 Orientação diagnostica em pediatria, J. Martins Palminha e Eugenia Monteiro


Carrilho, Vol. 2 (Edição Lidel), pág.. 1017-1024

 Pediatria Básica. Tomo I . Pediatria Geral e neonatal. Eduardo Marcondes. Ed


Sarvier . 9ª edição 2003. pág.. 466-478

 Introdução ao diagnostico e tratamento das doenças comuns em crianças, Editor


Luís Bernardino, Edições de Angola, luanda 2015,pag 100-101

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