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RESUMO MED
2019
Clínica médica
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Síndromes Ictéricas
Hiperbilirrubinemias
O excesso de bilirrubina > 2,5 mg/dL faz com que esta se deposite primariamente na esclera,
e depois de forma craniocaudal. A pele fica amarelada com valores > 5 mg/dL.
Formação da bilirrubina:
Hemoglobina:
• Heme = ferro (reaproveitado) + protoporfirina IX
• Globina
A haptoglobina é uma proteína que carreia a globina até o fígado.
Em situações de hemólise, há muita liberação de hemoglobina. Nestes casos o nível de
haptoglobina é baixo, pois a dosagem é feita em sua forma livre, e essas proteínas estarão
sendo utilizadas para carrear o excesso de globina que está sendo formado.
A BI é insolúvel e, portanto, necessita ser carreada pela albumina (a BI/albumina não pode
ser filtrada pelos rins). A BI só pode ser excretada pelo fígado, através da bile.
A BI adentra ao hepatócito e sofre conjugação pela glucoroniltransferase (GT) culminando
na formação da bilirrubina direta, molécula solúvel.
A BD então será eliminada através da bile que se junta às fezes.
O aumento da pressão no leito biliar faz com que haja ↑ de fosfatase alcalina (FA) e GGT.
Obs.: para diferenciar a FA hepática da FA óssea, solicitar dosagem de 5-nucleotidase,
enzima que não se encontra nos ossos.
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→ Hiperbilirrubinemia indireta
• Síndrome de Gilbert: conjugação da BI pela glucoroniltransferase de forma lenta
(“GT preguiçosa”)
Bilirrubinas < 4 mg/dL
Prevalência de 8% da população mundial, porém é um quadro brando, que
geralmente não se manifesta até a adolescência.
Em situações de maior demanda, como jejum, estresse, exercício físico, ingestão de
álcool ocorre acúmulo discreto de BI.
→ Hiperbilirrubinemia direta:
• Rotor: distúrbio no armazenamento da BD que acaba retornando ao sangue antes de
ser excretada.
Níveis de coproporfirina urinária > 250-500%
• Dubin-Johnson: defeito na excreção da bilirrubina (benigna) após a conjugação
BD entre 2-5 mg/dL
Hepatites virais
• Aguda: até 6 meses
• Crônica: duram mais de 6 meses
• Fulminante: surgimento de encefalopatia hepática nas primeiras 8 semanas
A hepatite B pode curar, cronificar ou evoluir para a forma fulminante, e essa evolução
depende da resposta imunológica do paciente.
Complicações:
• Colestase – hepatite A
• Fulminante – hepatite B
• Recorrente – A, B ou C
• Crônica – hepatite B/C
• Autoimune – hepatite B/C
•
Características gerais:
- Leucopenia com linfocitose.
- Necrose periportal ou ponte – indica hepatite viral
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Hepatite B:
Vírus DNA!
Marcadores sorológicos:
• DNA-HBV – capaz de quantificar
• HBeAg – secretado quando há replicação viral → Anti-HBe
• HBsAg – antígeno de superfície → Anti-HBs – marcador de imunidade (vacinação)
• HBcAg → Anti-HBc – contato com o HBV
O vírus B possui 1% de chance de evoluir para forma fulminante e possui também maiores
chances de manifestações extra-hepáticas.
O HBsAg é o primeiro antígeno a positivar, e o anti-HBc IgM é o primeiro anticorpo a aparecer
demonstrando o contato com o vírus.
A fase ictérica aparece em 30% dos casos e dura de dias a semanas.
Se houver o surgimento do anti-HBs significa que houve a cura, seguindo para a fase de
convalescência. Caso contrário, o paciente evoluirá para cronificação.
Mutantes:
-Pré-core: falha na síntese de HBeAg; maior tendência a evoluir para fulminante, cirrose e
neoplasia.
Obs.: suspeita quando HBsAg+ e HBeAg- porém com transaminases aumentadas; confirmar
com DNA-HBV aumentada.
- Por escape (envelope): HBsAg+ e anti-HBs+ (vírus resistente à ação do anticorpo)
Evolução benigna (95% chance de cura):
1. Assintomática
2. Anictérica ou ictérica
Evolução maligna:
1. Fulminante – 1% resposta imune (anticorpos precoces) – quando evolui para
encefalopatia em um período de 8 semanas a partir do início do quadro clínico
2. Cronificação – adultos 1-5%; crianças 20-30% e RN 90%.
Manifestações extra-hepáticas:
- PAN – poliarterite nodosa (vasculite necrosante sistêmica)
- GN membranosa → crianças
- Doenças de Gianotti-Crosti – lesão papular, eritematosa e não pruriginosa em face,
membros e nádegas, principalmente em crianças.
História natural:
• Hepatite B Aguda (1-5%) → 1% vira fulminante
- Só trata se tiver caminhando pra fulminante.
- Trata com Lamivudina
• Hep B Crônica (20-50%) → pode ir direto pra CARCINOMA HEPATOCELULAR
• Cirrose (10%)
• Carcinoma Hepatocelular
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• Obs.: na hepatite C, 80-90% dos casos cronificam e a maior parte dos casos são
assintomáticos. Não há chance de evoluir para a forma fulminante por não estimular a
resposta imune.
Transmissão:
- Sexual: mais importante
- Vertical:
• HBeAg+ 90% de chance de transmissão e HBeAg- 15% de chance de transmissão
• Mãe: Tenofovir até 30 dias pós-parto
• Não há indicação de cesárea e o aleitamento é permitido
• Sempre: vacinar e imunoglobulina em até 12h
- Percutânea
- Transplante de órgãos
Profilaxia:
Pré-exposição: vacinação 3 doses (universal) – 0/1/6 meses
• Esquemas especiais:
o Imunodeprimidos, IRC*, transplantados: 4 doses duplas – 0/1/2/6 meses
Obs.: renais crônicos em diálise dosar anualmente o anti-HBs; se < 10, receber reforço
• Anti-HBs negativo após 3 doses: revacinar
Obs.: se revacinado com novo esquema de 3 doses sem soroconversão, não revacinar = não
respondedores e susceptíveis.
Pós-exposição: imunoglobulina
• Infecção perinatal – primeiras 12 horas de vida para RN de qualquer peso ou IG, filho de
mãe HBsAg+ e vacinação em grupo muscular diferente.
• Acidentes biológicos e vítimas sexuais não vacinados
• Imunodeprimido exposto mesmo se vacinado
Hepatite D
Vírus RNA da família Deltaviridae
Maior prevalência no Mediterrâneo e Amazônia.
Prevenção: vacinação contra hepatite B
Co-infecção: Anti-HBc IgM +
Só existe em indivíduos infectados com o vírus B. Não aumenta o risco de cronicidade.
Superinfecção:
Ocorre em indivíduos com hepatite B crônica. Aumenta o risco de evolução para fulminante
(20%) e cirrose.
Diagnóstico: anti-HDV IgM + HBsAg
Hepatite C
Cronificação em 80-90% dos casos / Assintomático 80%
Principal fonte de contaminação: parenteral
Associada a: crioglobulinemia, GN mesangiocapilar, líquen plano e porfiria
Tratamento: só quando identificado (Anti-HCV +/ HCV PCR) → IFN + Ribavirina
Hepatite A
- Transmissão fecal-oral; países em desenvolvimento com baixos níveis socioeconômicos
- História natural:
Período de incubação: 4 semanas; não há defesa, portanto, é a fase de maior viremia
com presença do vírus no sangue e nas fezes.
A Fase Prodrômica com a produção do anti-HAV IgM, seguida pela fase ictérica que dura
dias a semanas e se encerra com a produção de anti-HAV IgG (nunca desaparecerá =
imunidade).
- O isolamento está indicado por até 7-15 dias do surgimento da icterícia.
- Profilaxia:
• Pré/pós-exposição: < 1 ano: imunoglobulina; ≥ 1 ano: vacinação (1 dose aos 15 meses)
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Hepatite E
- Transmissão fecal-oral
- Gestantes: evolução para fulminante em 20% dos casos
HEPATITE MEDICAMENTOSA
Tipos de lesão:
1) Hepatocelular: Paracetamol → diarreia, vômitos e dor abdominal → ALT e AST, Ur e Cr
Tratamento: N-acetilcisteína
2) Colestático: Estrogênio → melhora após interrupção do uso.
3) Esteatose: Amiodarona (desaparece quando suspende o uso).
Outras causas:
- Esquema RIP (rifampancina, isoniadiza, pirazinamida)
HEPATITE AUTOIMUNE
Quadro clínico:
- quadro subclínico
- mulher com outra doença autoimune com quadro de Hepatite subclínica ou Fulminante;
- Artralgia presente;
- descartado outras possíveis causas.
- Hipergama policional IgG +
Tipos:
Tipo I → mulher jovem/ FAN +/ AML +
Tipo II → anti-LKM 1
Tipo III → anti-SLA
Tratamento:
- Prednisolona + azatioprina para adultos, Aminotransferases > 10x e Cirrose.
- Prednisolona para crianças.
HEPATITE ISQUÊMICA
Quando pensar?
- Instabilidade hemodinâmica + AST, ALT e LHD
- Dx diferencial com Viral e Medicamentosa;
- presença de necrose centrolobular.
Tratamento:
- corrigir instabilidade hemodinâmica
HEPATITE CONGESTIVA
Quando pensar?
- Pacientes com ICC Direita;
Clínica:
- Turgência jugular, edema em MMII, Hepatomegalia, ascite e icterícia.
Conduta:
- Tratar a ICC.
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Síndromes colestáticas
Colestase = obstrução do trato biliar (cálculo, tumor, doença autoimune)
Elevação de bilirrubina direta, assim como de FA e GGT.
Prurido é mais comum em colestase do que Hepatites.
Principais etiologias:
1. Doença calculosa biliar;
2. Neoplasia maligna;
3. Doença autoimune de via biliar.
Anatomia do trato biliar:
Os ductos biliares microscópicos do espaço porta
drenam para o ducto hepático direito e esquerdo,
que se unem e formam um único ducto, o ducto
hepático comum.
A bile fica armazenada na vesícula biliar, até que
para participar da emulsificação das gorduras, a
vesícula se contrai induzida pelo hormônio
colecistoquinina. A bile então sai pelo ducto
cístico, se une ao ducto hepático comum,
formando o ducto colédoco, e deságua na
segunda porção do duodeno, chamada de
papila duodenal ou ampola de Vater, onde se
encontra o esfíncter de Oddi.
O ducto pancreático principal ou ducto de
Wirsung drena todo o conteúdo pancreático e na maior parte das vezes deságua no
colédoco, de modo que as secreções pancreáticas são eliminadas junto com a bile. Na
maioria das pessoas, o Ducto de Wirsung desemboca direto no duodeno
A ultrassonografia de abdome é o exame utilizado para iniciar a investigação de doenças
colestáticas, pois permite localizar o local de obstrução. **********
Cálculos biliares:
Tipo Particularidades Fatores de risco
Amarelo - Mais comum (80%) - Mulher, estrogenioterapia
- Composto de colesterol - Idade avançada
- Radiotransparente - Obesidade
Obs.: não aparece ao RX - Emagrecimento rápido
- Doença ileal (Crohn, ressecção)
Preto - 15% dos casos - Hemólise crônica
- Bilirrubinato de cálcio - Cirrose hepática
- Radiopaco → aparece no RX - Doença ileal
Castanho - Mais raro (5%) Colonização bacteriana:
- Bilirrubinato de cálcio - Obstrução duradoura com
- Origem na via biliar (ex.: colédoco) estase da bile (cisto, tumor)
- Parasita (C. sinensis) – Ásia
Obs.: mulher, estrogenioterapia, idade avançada, obesidade e emagrecimento rápido são fatores de
risco devido à liberação acentuada de colesterol.
Obs.: os sais biliares presentes na bile são capazes de dissolver o colesterol, portanto, patologias que
fazem com que a bile seja pobre em sais biliares, precipitam a formação de cálculos de colesterol.
O íleo é o responsável por reabsorver 95% dos sais biliares, que retornam ao fígado para participar da
composição da nova bile. Em caso de doença ileal, perde-se essa reabsorção e a bile passa a ser
pobre em sais biliares.
Obs.: a hemólise crônica faz com que haja muita liberação de bilirrubina, composto essencial para a
formação de cálculo de bilirrubinato de cálcio.
Obs: O calculo castanho só pode ser formado na presença de bactéria (Ex: C. sinensis- pas
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Colecistite aguda:
É a inflamação aguda por obstrução duradoura da vesícula (> 6 horas).
Quadro clínico:
• Dor > 6 horas
• Febre
• Sinal de Murphy
• Sem icterícia
Laboratório: Leucocitose + bilirrubinas “normais”
Diagnóstico:
• USG abdominal
• Padrão-ouro: CINTILOGRAFIA BILIAR
Tratamento:
✓ Antibioticoterapia (E.coli, Klebsiella, Enterobacter, Enterococo) – cobertura para Gram
negativo é essencial → Amoxicilina/clavulanato + metronidazol.
o Obs: suspender ATB após melhora clínica ou 24h após cirurgia.
✓ Colecistectomia laparoscópica precoce (até 72h)
Obs.: quanto maior o tempo de espera para a cirurgia, maior o processo inflamatório
e maior a dificuldade cirúrgica.
✓ Colecistostomia percutânea – casos graves, sem condição cirúrgica imediata
Complicações:
1. Empiema de vesícula biliar – coleção purulenta (febre mais alta, leucocitose mais
intensa)
2. Gangrena → perfuração (livre, fístula)
Obs.: a fístula quando se dá entre a vesícula e o duodeno, permite a passagem
do cálculo que segue o trajeto da alça intestinal e pode provocar obstrução na altura
da válvula ileocecal – íleo biliar.
- Íleo biliar ou Sd. de Bouveret
(TRÍADE DE RIGLER = cálculo ectópico + pneumobilia + obstrução de delgado)
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Síndrome de Mirizzi:
Cálculo impactado no ducto cístico, realizando efeito de massa sobre o ducto hepático.
É uma complicação da colecistite: colestase (não é mais colecistite pura e simples).
Tratamento: colecistectomia aberta
A colecistectomia laparoscópica aumenta o risco de lesão iatrogênica.
Tem associação com CA de vesícula.
Coledocolitíase:
É a presença de cálculo no colédoco.
→ Primária: cálculo foi formado no próprio colédoco = cálculo castanho→ 10%
→ Secundária: cálculo que se encontra no colédoco foi formado em outra região → 90%
Quadro clínico:
• Icterícia (colestática) intermitente – flutua de acordo com o grau de mobilização do
cálculo ao longo do colédoco
• Vesícula não palpável – a intermitência da obstrução não permite o acúmulo da bile
suficiente a ponto de tornar a vesícula distendida e palpável; além disso, quando a
vesícula é geradora de cálculos, geralmente possui a parede espessada
Diagnóstico:
• 1º passo → USG abdominal
• Pra confirmar?
o ColangioRM
o USG endoscópico
o CPRE (colangiopancreatografia retrógrada endoscópica)
Tratamento:
✓ CPRE (papilotomia endoscópica).
✓ Exploração cirúrgica – se descoberta durante colecistectomia.
✓ Derivação bileo-digestiva -- casos refratários, mas com colédoco dilatado.
Colangite aguda:
É a obstrução + infecção (cálculo, tumor)
Quadro clínico:
• Não grave: tríade de Charcot – febre com calafrio + icterícia + dor abdominal
• Grave: pêntade de Reynolds – tríade de Charcot + hipotensão + redução do sensório
Tratamento:
✓ Antibioticoterapia – cobertura para Gram- essencial
✓ DRENAGEM BILIAR (imediata ou eletiva)→ depende da gravidade do paciente
▪ Obstrução baixa – CPRE
▪ Obstrução alta – drenagem transhepática percutânea (transparietal)
Tumor periampular
Quadro clínico:
• Icterícia colestática progressiva
• Vesícula de Courvoisier – vesícula palpável e indolor
• Emagrecimento
Diagnóstico:
• USG abdome – 1º passo
• Padrão-ouro: TC abdome – lesão hipodensa na topografia da ampola de Vater
Tratamento paliativo:
✓ Endopróteses por CPRE
✓ Derivação Bileo-digestiva
Particularidades:
CA cabeça de pâncreas:
- CA 19.9 (usado para acompanhamento do paciente);
- Tipo histológico: Adenocarcinoma ductal
Obs: depois de retirado o Tumor, espera-se que o CA 19.9 zere.
CA ampola de Vater:
- Necrose esporádica: Icterícia intermitente + melena + vesícula de Courvoisier ***
Quadro clínico:
• Icterícia colestática progressiva
• Emagrecimento
• Vesícula biliar normal (sem sinal de Courvoisier)
USG:
Complicação: Colangite
Prognóstico: irressecável; 5-8 meses de sobrevida
Lei de Courvoisier-Terrier:
• Vesícula reduzida, sem bile: Colangiocarcinoma proximal (tumor de Klatskin).
• Vesícula distendida e palpável: Tumores periampulares (cabeça de pâncreas,
ampola de Vater, colangiocarcinoma de colédoco).
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• Final: Cirrose hepática – agressão hepática devido à estase biliar (ambas as patologias)
Tratamento:
✓ Ácido ursodesoxicólico retarda a evolução (indicado para colangite biliar primária,
mas uso controverso na colangite esclerosante)
✓ Transplante hepático – fase avançada
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Quadro clínico:
• Esplenomegalia – congestão sanguínea
transmitida ao baço pela veia esplênica.
• Encefalopatia hepática – falha na
metabolização da amônia em ureia
• Ascite
Obs.: a ascite pode complicar para PBE
• Circulação colateral:
o Varizes esofagogástricas – recanalização para veia ázigos
o Varizes anorretais – anastomose da veia retal superior (tributária da mesentérica
inferior) com as tributárias da veia cava
o Cabeça de medusa – recanalização para veia umbilical
Obs.: as varizes podem complicar com sangramento
Classificação:
• PRÉ-HEPÁTICA
o Trombose de veia porta – estado de hipercoagulabilidade (gravidez, antifosfolipide,
lúpus)
o Hipertensão segmentar (trombose de mesentérica superior ou esplênica + comum)
Obs.: varizes de fundo gástrico isoladas + função hepática normal = trombose de veia
esplênica – as veias gástricas curtas, responsáveis pela drenagem do fundo gástrico,
drenam para a veia esplênica.
A pancreatite crônica é a grande causa de trombose de veia esplênica.
• INTRA-HEPÁTICA
o Pré-sinusoidal – muitas varizes e pouca ascite
▪ Esquistossomose
Obs.: as fêmeas habitam o reto, penetram a circulação venosa e depositam
seus ovos; os ovos são drenados pela veia mesentérica inferior para a veia
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esplênica e então veia porta; no espaço porta, os ovos ficam retidos e causam
obstrução pré-sinusoidal devido a formação de processo granulomatoso.
- A ascite costuma ser pela desnutrição.
o Sinusoidal
▪ Cirrose – principal causa de hipertensão porta
• Pós-hepática
o Budd-Chiari: trombose da veia hepática (hipercoagulabilidade)
- Hepatomegalia, ascite
o Obstrução de veia cava inferior: trombose, neoplasia
- Hepatomegalia, ascite, edema de MMII
o Doenças cardíacas: pericardite constrictiva, insuficiência da valva tricúspide
- Hepatomegalia, ascite, edema de MMII, turgência de jugular
Varizes:
Alguns órgãos possuem dupla drenagem venosa – drenagem tanto para o sistema porta
quanto para o sistema cava.
Órgãos com drenagem dupla:
• Esôfago drena para gástrica esquerda – sistema porta e veia cava
• Fundo gástrico – drena para veia ázigos e gástricas curtas
• Terço proximal do reto – drena para mesentérica inferior e veia cava
A pressão no sistema porta deve estar excedida > 10 mmHg para haver a formação de
varizes. Se o gradiente de pressão a nível do sistema porta for > 12 mmHg há risco de ruptura
das varizes.
- Cirurgia de urgência
▪ Shunts não seletivos: shunt porto-cava término-lateral
Desvantagem: insuficiência hepática, encefalopatia – sobrevida inferior
a 10 meses
▪ Sunt parcial calibrado
Vantagem: controle do fluxo portal
Desvantagem: disponibilidade, obstrução
3. Prevenir complicações
o Peritonite bacteriana espontânea (PBE) – o sangramento causa hipofluxo, que
favorece a translocação bacteriana; diminui a sobrevida
✓ Ceftriaxone 1 g EV – seguido por
✓ Norfloxacino 400 mg VO 12/12h até completar 7 dias
o Ressangramento:
➔ Profilaxia secundária: não submetidos a TIPS ou cirurgia de urgência;
➔ 60-70% chances de ressangramento em 1 ano
✓ Betabloqueador E ligadura elástica
✓ TIPS
✓ Transplante
✓ Cirurgias eletivas (shunt seletivo/desconexão)
o Liga a veia esplênica na veia renal que é tributária da cava inferior
o Esplenectomia (bom para quem tem Esquistossomose)
o Encefalopatia: lactulose (?)
Ascite = paracentese diagnóstica
É o acúmulo de líquido livre na cavidade peritoneal.
Diagnóstico:
Manobra mais sensível para detectar ascite → TOQUE RETAL
Sinal do piparote: paciente em DD; o médico dá um “peteleco” em um dos flancos do
paciente e tenta sentir a sua propagação no outro flanco. Solicitar a colocação da borda
cubital da mão de um assistente na região mediana do abdome do paciente.
Paracentese:
Preferível a esquerda (sigmoide faz deflexão posterior com menor risco de perfuração de
alça) – detectar a origem do líquido ascítico através da análise.
Tratamento:
✓ Restrição de sódio: 2g/dia
Obs.: restrição hídrica se hiponatremia dilucional
Encefalopatia hepática
É um quadro reversível, caracterizado por alterações neurológicas de graus variados
decorrentes da falência hepática.
O principal desencadeante é o acúmulo de amônia (NH3) - por excesso de produção ou não
metabolização hepática para ureia.
Diagnóstico:
Clínico: flapping, sonolência, letargia
Precipitada por: hemorragia, constipação, PBE, alcalose
Obs.:
Constipação → hiperproliferação bacteriana com maior degradação de proteínas e maior
produção de amônia.
O pH alcalino faz com que o NH4 (amônio) seja convertido em NH3 (amônia).
Tratamento:
✓ Remoção dos fatores precipitantes
✓ Evitar restrição proteica
Obs.: proteínas são mecanismos de defesa, portando não devem ser restringidas; dar
preferência a proteínas vegetais.
✓ LACTULOSE*** laxativo, pH ácido (NH3 → NH4) – é transformada no intestino em ácido lático,
permitindo a liberação de H+
✓ Antibioticoterapia: neomicina, metronidazol, rifaximina
Obs.:
1) Bacterascite < 250 PMN/mm3 e cultura positiva →
Se sintomático = ATB;
Se assintomático = repetir a paracentese
Tratamento:
✓ Cefalosporina de terceira geração (CEFOTAXIMA) 8/8h EV por 5 CINCO dias
Profilaxia:
Primária:
✓ Aguda: pós sangramento por varizes → Ceftriaxone e depois Norfloxacin por 7 dias
✓ Crônica: proteína líquido ascítico ≤ 1,5 → Norfloxacin 400 mg/d pelo resto da vida
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Secundária: todos
✓ Norfloxacin 400 mg/d
Síndrome hepatorrenal:
✓ Albumina (1,5 g/kg no primeiro dia e 1 g/kg no terceiro dia)
Síndrome hepatorrenal
Definição: Insuficiência renal aguda com parênquima renal intacto, com perda progressiva
da função renal decorrente da vasoconstricção exacerbada que ocorre em resposta a
vasodilatação esplâncnica.
Perda das microvilosidades, perda das fenestrações, ativação das células de Kupffer e das
CÉLULAS ESTRELADAS e deposição de matriz cicatricial.
Obs.: as células estrealadas ativadas são as principais responsáveis pela formação da cirrose.
QUADRO CLÍNICO:
• Fraqueza – sintoma predominante
• Ginecomastia
• Rarefação de pelos, queda da libido, atrofia testicular – causado pelo hipoandrogenismo
• Telangectasias (aranhas vasculares) – causada pelo hiperestrogenismo
• Eritema palmar – causada pelo hiperestrogenismo
• Baqueteamento digital
• Contratura palmar de Dupuytren – principalmente nos tendões flexores do quarto e quinto
dedo das mãos; muito associada ao uso de álcool
• Tumefação de parótidas – muito associada ao uso de álcool
DADOS LABORATORIAIS:
• Transaminases – ALT é mais específica do fígado
• Fosfatase alcalina
• Bilirrubina total e frações – na cirrose ocorre aumento de BD
• Albumina – último parâmetro a se alterar devido a sua meia-vida longa (15-21 dias)
• Tempo de protrombina (TAP) – um dos primeiros parâmetros a se alterar pois a meia-vida
dos fatores de coagulação duram ~horas.
Causas:
1. Vírus – HBV, HCV, HDV (região norte)
2. Tóxica – álcool, triglicerídeos, drogas
3. Autoimunes
o Hepatite autoimune, Colangite biliar primária E Colangite esclerosante
ESTADIAMENTO:
Child-Pugh: Vai cair
1 2 3
Ascite Ausente Leve Moderada/grave
Bilirrubina <2 2-3 >3
Albumina > 3,5 3,5-3,0 < 3,0
TAP 0-4 4-6 >6 BEATA
Ou INR < 1,7 1,7-2,3 > 2,3
Encefalopatia Ausente Graus I e II Graus III e IV
Doença de Wilson
É uma mutação na ATP7B causando diminuição na excreção biliar do cobre, acarretando
em uma intoxicação pelo cobre.
• Jovem (5-30 anos)
• Rara (1: 30.000)
Quadro clínico:
Depósito de cobre no FÍGADO: hepatite aguda e crônica.
Depósito de cobre no SNC: alteração do movimento e personalidade (lembram uma
síndrome parkinsoniana).
Deposito de cobre no olho: anéis de Kayser-Fleisher (KF) –
halo acastanhado entre a esclera e íris.
Tratamento:
✓ Quelantes de cobre: Trientina e D-penicilamina
✓ Transplante hepático
Hemocromatose Hereditária
É uma mutação no HFE com aumento da absorção intestinal e acúmulo de FERRO.
• Comum (1: 250)
QUADRO CLÍNICO: HOMEM DE FERRO (LEMBRAR DO CORAÇÃO)
• Hepatomegalia
• Heart – palpitações
6Hs
• Hiperglicemia
• Hiperpigmentação
• Hipogonadismo – alteração da função sexual, perda de libido
• Hartrite
Diagnóstico:
• TRIAGEM → aumento da ferritina e saturação de transferrina
• CONFIRMAÇÃO → Teste genético, Biópsia hepática com dosagem de ferro hepático
Tratamento:
✓ Flebotomias seriadas (retirar sangue) → PADRÃO-OURO
o Meta: Ferritina < 50; Sat de Tranferrina < 50% (dosar a cada 3 meses)
✓ Quelantes (?)
✓ Transplante hepático
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Tratamento:
✓ Perda de peso e atividade física
✓ Outros: Orlistate, Glitazonas (Diminui resistência a INSULINA), Vitamina E
Hepatite B crônica
HBsAg positivo > 6 meses
- Chance de cronificação dos adultos: 1-5%
QUANDO TRATAR?
• Replicação viral + lesão hepática em curso
(HBeAg+ ou HBV-DNA > 2.000) (↑ALT ou biópsia ou Elastografia)
• Manifestações extra-hepáticas: PAN, GN membranosa, Gianotti-Crosti
• Imunossupressão: quimioterapia, câncer
• Coinfecção HCV, HIV – potencializam o vírus B
• História familiar de carcinoma hepatocelular
Obs.: o vírus B pode ir direto de hepatite crônica para CHC.
Elastografia...
Atividade inflamatória: A0 – ausente; A1 – leve; A2 – moderada; A3 – grave
Estágios de fibrose: F0 – ausente; F1 – fibrose portal; F2 – fibrose portal + septos; F3 – fibrose em
ponte; F4 - cirrose
Tratamento:
Objetivo: negativar o HBsAg
✓ HBeAg+ → Alfapeg-IFN (via SC por 48 semanas)
Não usar: disfunção hepática ou cardíaca, citopenia, câncer, doença autoimune
✓ HBeAg - ou Alfapeg-IFN contraindicado ou sem resposta → TeNEFROvir (TDF) VO por
tempo indeterminado
Não usa: doença renal
✓ Doença renal, cirrose Child B/C, imunossupressão/QT → Entecavir VO por tempo
indeterminado
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Hepatite C crônica
HCV-RNA positivo > 6 meses
Cronificação em 80-90% dos casos
CONCEITOS:
• Replicação viral + lesão hepática
(HCV-RNA) (↑escores APRI/FIB4* ou biópsia ou elastografia)
• Manifestações extra-hepáticas: crioglobulinemia, GN mesangiocapilar
• Imunossupressão
• Coinfecção HBV/HIV
HEMORRAGIA DIGESTIVA
Avaliação inicial:
1. Estabilização clínica
Obs.: nas primeiras 48h não confiar no hematócrito.
• FC < 100 bpm, PAS > 100 mmHg
• Diurese > 0,5 mL/kg/h (melhor marcador de perfusão)
• Cristalóide / Hemácias (se PAs <90 mmHg, FC>120 bpm)
• Plasma (SE INR>1,5) / Plaquetas (se plaquetas <50.000)
→ Nas primeiras 24-48 horas: NÃO CONFIAR NO HEMATÓCRITO
2. Descobrir a fonte e tratar
• Alta: acima do ângulo de Treitz (duodeno x jejuno)
o Mais comum 80% dos casos
o Maior mortalidade
• Baixa: abaixo do ângulo de Treitz
Clínica:
Alta: (acima do ângulo de Treitz – duodeno x jejuno)
• Hematêmese – vômito com sangue
• Melena – sangue digerido nas fezes, com odor fétido
• Cateter nasogástrico (CNG): sangue em borra de café
• Exame: Endoscopia digestiva (EDA)
Baixa: (abaixo do ângulo de Treitz)
• Hematoquezia ou enterorragia: sangramento vermelho vivo misturado nas fezes
Obs.: 10-20% dos casos são devido a hemorragia digestiva alta.
• CNG: bile “limpa”
• Exames: colonoscopia + outros
Classificação de Forrest
Classe Aspecto Risco de Sangramento
I A – arterial em jato Alto – 90%
B – lento, babando
II A – vaso visível Alto (50%)
B – coágulo Intermediário (30%)
C – hematina Baixo (10%)
III Base clara Baixo (< 5%)
2. Terapia cirúrgica
✓ Falha endoscópica: 2 tentativas sem sucesso
✓ Choque: refratário (> 6 U hemácias) ou hemorragia recorrente
✓ Sangramento pequeno e contínuo: > 3 U/dia
Obs.: úlcera duodenal - relação topográfica importante com a artéria gastroduodenal
Se úlcera duodenal → 4 etapas
• Pilorotomia
• Ulcerorrafia
• Vagotomia troncular + Piloroplastia
Se úlcera gástrica = gastrectomia + BI, BII ou Y de Roux
Obs.: as úlceras gástricas devem ser sempre retiradas pelo risco de malignidade.
Varizes esofágicas
Gradiente portal >12 mmHg
- Volume: reposição cautelosa
- Droga: terlipressina, octreotide (vasoconstritores)
- EDA: Ligadura elástica (preferível) ou escleroterapia
- Refratários: balão / TIPS / Cirurgia
- Profilaxia 1a: Beta-bloqueador (preferível) ou Ligadura elástica
- Profilaxia 2a: Beta-bloqueador + Ligadura elástica
Escore prognóstico de Rockall:
Age (idade > 60 anos)
Blood pressure (PA e FC)
Comorbidades (IRA, hepatopatia, cardiopatia)
Diagnóstico (pior prognóstico em doença neoplásica)
EDA (Forrest)
Laceração de Mallory-Weis
Quadro de HDA após vômitos vigorosos por libação alcoólica (etilistas, gestantes)
- EDA: Laceração na Junção esofagogástrica
- Terapia de suporte: 90% autolimitados
Hemobilia
Trauma, cirurgia de via biliar
• Tríade de Sandblom: hemorragia + dor em hipocôndrio direito + icterícia
• Diagnóstico e tratamento: arteriografia
Fístula aorto-entérica
Aneurisma de aorta + prótese aórtica
• Sangramento de vulto/óbito
• Tratamento: retirar prótese + fechamento de fístula + derivação axilobifemoral
Dieulafoy
Artéria dilatada na submucosa
• Pequena curvatura gástrica
• Sangramento maciço
• Tratamento: EDA
Abordagem específica:
Se sangramento grave → EDA
Excluir doença anorretal → toque/anuscopia
Avaliar hemorragia baixa → colonoscopia
Lesão não visualizada → cintilografia com hemácias marcadas (+ sensível) > 0,1 mL/min
→ angio-TC > 0,3-0,5 mL/min
→ arteriografia > 0,5-1 mL/min
Doença anorretal
Fissuras anais:
Dor durante e após a evacuação
Tratamento: controle clínico com dieta, aumento da ingesta de fibras e líquidos, creme tópico
com anestésico e corticoides.
Tratamento cirúrgico é reservado para fissuras crônicas.
Hemorroidas:
• Internas: sangramento indolor
o Grau I: não há prolapso; prescrever dieta rica em fibras e aumento da ingesta
hídrica
o Grau II
o Grau III: prolapso redutível apenas com auxílio manual; ligadura elástica ou
hemorroidectomia (Milligan-Morgan)
o Grau IV: irredutível
• Externas: não sangram e só doem quando há trombose do plexo hemorroidário
Abscesso anorretal:
Abaulamento e hiperemia próximo à margem anal, extremamente doloroso.
Pode ocorrer fistulização, sendo a maioria secundárias à infecção criptoglandular.
Tratamento: drenagem cirúrgica do conteúdo com urgência.
Complicação: gangrena
Obs.: se gangrena do períneo que atinge escrotos e lábios vaginais = síndrome de Fournier
SÍNDROME DISFÁGICA
Esôfago: tubo muscular que através da peristalse, leva o alimento da boca ao estômago.
• 1/3 proximal → musculatura esquelética
• 2/3 distais → musculatura lisa – controlado pelos plexos mioentéricos (plexo de Meissner e
Auerbach)
• Esfíncter esofagiano superior (EES) – é o músculo cricofaríngeo
Triângulo de Kilian – local frágil, de junção do mm. tireofaríngeo e mm. cricofaríngeo
• Esfíncter esofagiano inferior (EEI)
Classificação:
Disfagia de transferência: orofaríngea; “engasgo”; dificuldade de transferir o alimento da
boca para o esôfago
1. Doenças musculares: polimiosite, dermatomiosite, miastenia gravis
2. Doenças neurológicas: ELA, esclerose múltipla, sequela de AVE
3. Obstrução mecânica alta: tumores de cabeça e pescoço, abscesso periamigdaliano,
bócio
Quadro clínico:
• DISFAGIA (entalo) + REGURGITAÇÃO (alimentos não digeridos) + PERDA DE PESO
Obs.: a pneumonia aspirativa é um grande indício de que há regurgitação.
• HALITOSE – alimentos sofrem putrefação no esôfago
Abordagem inicial:
→ ESOFAGOGRAFIA BARITADA – radiografia contrastada do esôfago (1, 2 e 5 minutos após a
ingestão de contraste)
Diagnóstico:
• ESOFAGOGRAFIA BARITADA – PADRÃO-OURO
Obs.: evitar a endoscopia digestiva alta pelo risco de complicação → ruptura do divertículo
causando mediastinite.
Tratamento:
✓ CricofaringeoMIOTOMIA + abordagem do divertículo
o < 2 cm = Miotomia
o ≥ 2 cm = Miotomia + Pexia (até 5 cm) ou Ectomia
o > 3 cm = 3DA (miotomia + diverticulotomia)
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Anel de Schatzki
Estreitamento laminar em corpo de esôfago.
Obs.: abaixo do anel → mucosa gástrica; acima do anel → mucosa esofágica.
Acalasia (Auerbach)
Não relaxamento do esfíncter esofagiano inferior - EEI
• Primária (idiopática) – mais comum; destruição do plexo de Auerbach
• Secundária – doença de Chagas (procedente de região Norte ou endêmica); pode
haver destruição do plexo de Meissner e Auerbach
Fisiopatologia:
• Hipertonia do EEI (p > 35 mmHg)
• Perda do relaxamento fisiológico do EEI
• Peristalse anormal (pode chegar a quadros de aperistalse)
Obs.: distúrbio motor do esôfago.
Quadro clínico:
• DISFAGIA + REGURGITAÇÃO DE ALIMENTOS NÃO DIGERIDOS + PERDA DE PESO
Obs.: regurgitação que ocorre ao abaixar o corpo.
• Halitose + Broncoaspiração
• Tosse crônica (especialmente noturna)
Diagnóstico:
• Esofagografia baritada – SINAL DE BICO DE PAPAGAIO ou CHAMA DE
VELA (afilamento da porção distal do esôfago)
• EDA – feita para afastar diagnóstico diferencial de CA
• ESOFAGOMANOMETRIA → PADRÃO-OURO
Classificação de Mascarenhas:
- Grau I (até 4 cm) → Trat medicamentoso
- Grau II (4-7 cm) → Balão
- Grau III (7-10 cm) → Heller + Nissen
- Grau IV (> 10 cm) → Esofagectomia.
Esôfago esclerodérmico
Acomete musculatura lisa do esôfago
2/3 distal
Disfasia de condução
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Síndrome dispéptica
• Dor/queimação epigástrica
• Plenitude pós-prandial → come sente mto cheio
• Saciedade precoce
SE < 40 anos E sem alarme → TESTA E TRATA H.pylori → sem resposta → IBP → sem resposta →
TRICÍCLICO → sem resposta → PROCINÉTICO
→ Doença orgânica (25%)
- Doença biliar
- Câncer de esôfago, gástrico, pâncreas
- Refluxo
- Úlcera péptica
→ Sem causa aparente (75%):
- Dispepsia funcional
Obs.: Quando fazer EDA: > 45 anos ou sinais de alarme (perda de peso, anemia, disfagia,
odinofagia).
Quadro clínico:
Esofagiano (SINTOMAS TÍPICOS):
• Pirose (queimação ascendente retroesternal) e regurgitação (gosto amargo na boca)
• Complicações (50%):
o Esofagite
o Úlcera
o Estenose péptica (disfagia insidiosa e progressiva)
o Esôfago de Barrett (substituição do epitélio escamoso estratificado do esôfago por
epitélio colunar com células intestinais)
Extra-esofagiano (SINTOMAS ATÍPICOS):
• Faringite, rouquidão, tosse crônica, broncoespasmo, pneumonia
Diagnóstico:
• Clínico!
Esôfago de Barrett:
O epitélio esofagiano não está adaptado à acidez gástrica e muda de escamoso
estratificado do esôfago para colunar do tipo intestinal (METAPLASIA INTESTINAL) →
Geralmente ocorre melhora da pirose pois o novo epitélio é mais resistente à acidez
É uma lesão pré-adenocarcinomatosa (risco de malignidade de 0,5% ao ano)
Histologia: metaplasia intestinal
EDA: esôfago em COR VERMELHO SALMÃO
Diagnóstico: BIÓPSIA
Tratamento:
Medidas antirrefluxo:
✓ Redução de peso, elevar a cabeceira, evitar comer 2-3h antes de deitar
✓ Eliminar alimentos que pessoalmente causem sintomas
Tratamento farmacológico:
Objetivo: reduzir acidez
Duração: 8 semanas
✓ Inibidor de bomba de próton (IBP) em “dose padrão”: omeprazol 20mg, pantoprazol 40
mg, esomeprazol 40mg, lansoprazol 30 mg – pela manhã em jejum, 30-60 minutos antes
do café da manhã
✓ Recorrência: IBP “sob demanda” ou crônico
✓ Sem melhora: IBP “dose dobrada” (2x ao dia)
Cirurgia antirrefluxo:
✓ Fundoplicatura
o Refratariedade – sintomas que permanecem mesmo com IBP dose dobrada
o Alternativa ao uso crônico
o Complicações: estenose, úlcera
Obs.: fazer antes – pHmetria 24h (padrão ouro para confirmação de DRGE) e
esofagomanometria (escolha da técnica).
- Total (Nissen) – fundo gástrico abraça o esôfago 360º, criando um novo esfíncter
Evitar: < 30 mmHg distal ou < 60% de atividade peristáltica
Desvantagem: síndrome pós-fundoplicatura – disfagia decorrente estenose esofágica
- Parcial anterior (Dor, Thal)
- Parcial posterior (Toupet, Lind)
Esôfago de Barrett:
✓ Inibidor de bomba de próton 1x/dia
✓ Sem displasia: EDA 3-5 anos
✓ Displasia de baixo grau: ablação endoscópica (ou EDA 12 meses)
✓ Displasia de alto grau: ablação endoscópica
✓ Adenocarcinoma invasivo: ressecção cirúrgica com margem + linfadenectomia
Úlcera péptica
Fisiopatologia:
Agressão à mucosa causada pela acidez, causando um desequilíbrio entre barreira e
agressão.
Facilitadores: AINEs, H. pylori
Obs.: os AINEs inibem a ciclooxigenase (COX)
1) COX 1: prostaglandinas “do bem” → barreira mucosa do estômago composta por
bicarbonato que anula a acidez
2) COX 2: prostaglandinas “do mal” produzidas pelo processo inflamatório.
Os AINEs podem ser não seletivos (inibem a COX 1 e 2) e os seletivos de COX 2 (Celecoxib).
Obs.: o Helicobacter pylori (bacilo Gram negativo flagelado) é transmitido via oral:
36
Fisiologia gástrica:
As bombas de prótons se localizam na superfície de células parietais que se localizam
predominantemente no fundo gástrico. Elas são estimuladas por:
1. Nervo vago
2. Histamina (a ranitidina é um bloqueador histamínico)
3. Gastrina – hormônio secretado por células G do antro gástrico
Quadro clínico:
• Dor ou desconforto epigástrico, azia (queimação epigástrica), náuseas, sensação de
plenitude pós-prandial
• Úlcera gástrica: dispepsia piora com alimentação; > 40 anos
Obs.: no momento da alimentação é o auge da produção de ácido pelo estômago.
• Úlcera duodenal: dispepsia piora 2-3 horas após a alimentação e à noite (chega a
acordar o paciente); melhora com a alimentação; pacientes mais jovens
Diagnóstico:
• Diagnóstico presuntivo: < 45 anos e sem sinais de alarme
• EDA: > 45 anos ou com sinais de alarme
o Se úlcera gástrica (pode ser câncer): biopsiar ao diagnóstico e controle de cura
(nova EDA)
Tratamento:
✓ Reduzir a acidez: IBP 4-8 semanas
✓ Questionar AINE
✓ Pesquisar e erradicar H.pylori
o EDA: teste rápido da urease, histologia
o Sem EDA: urease respiratória, Ag fecal, sorologia
o Erradicação: por 14 dias – Claritromicina 500 mg 2x/dia + Amoxicilina 1g 2x/dia +
omeprazol 20mg 2x/dia (ATB +IBP em dose dobrada)
✓ Controle de cura: úlcera gástrica (nova EDA) e H. pylori (4 semanas depois e sem usar
sorologia)
Pesquisa H. pylori:
• Úlcera péptica
• Linfoma MALT
• Dispepsia funcional
• Uso crônico de AAS ou AINE
• Anemia ferropriva inexplicada, PTI
Classificação:
Hipercloridria:
• Duodenal
• Gástrica II (corpo gástrico)
• Gástrica III (pré-pilórica)
Hipocloridria:
• Gástrica I (pequena curvatura baixa)
– mais comum
• Gástrica IV (pequena curvatura alta)
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Complicações cirúrgicas:
Síndrome de Dumping:
Perda da barreira pilórica com passagem do alimento direto ao duodeno (piloroplastia)
→ Dumping precoce: 15-20 minutos após alimentação
Ocorre por distensão intestinal (ordem mecânica):
• Gastrintestinais: dor, náuseas, diarreia
• Vasomotores: taquicardia, palpitação, rubor
→ Dumping tardio: 2-3 horas após alimentação
• Hipoglicemia
• Vasomotores
• Tratamento: dietético (fracionar as refeições e deitar após a refeição)
Gastrite alcalina
Refluxo biliar e pancreático devido a piloroplastia/antrectomia → gastrite
• Mais comum: Billroth II
• Clínica: dor contínua, sem melhora após vômito (bilioso)
• Tratamento: Y de Roux, colestiramina (quelante de sal biliar)
Síndrome diarreica
• Aumento da frequência de eliminação das fezes
• Fezes não moldadas ou líquidas
• Aumento do volume das fezes
• Urgência e desconforto abdominal
Diarreia aguda
Causas:
• Infecções
o VÍRUS – mais comum; geralmente não invasiva
▪ Norovírus – principal agente nos adultos / Rotavírus na criança
o BACTÉRIAS– geralmente invasiva, quadro sistêmico
▪ E. coli enterotóxica – diarreia dos viajantes
▪ E. coli enterohemorrágica (EHEC – O157:H7) – mais relacionada com a Síndrome
Hemolítico-Urêmica (SHU) = anemia hemolítica microangiopática, insuficiência
renal e plaquetopenia
▪ Shigella – segunda mais relacionada a SHU e relaciona-se também com
alterações do SNC (encefalopatia de padrão inflamatório: queda do nível de
consciência, confusão mental, crise convulsiva)
▪ Campylobacter (CampyloBARRÉ) jejuni – fator deflagrador da Síndrome de
Guillain-Barré
▪ Salmonela – infecções à distância (abscesso hepático, osteomielite)
Obs.: osteomielite na anemia falciforme!
▪ Vibrio cholerae – diarreia aquosa muito volumosa (líquido cinza, turvo) +
desidratação rápida e intensa.
▪ Clostridium difficile (colite pseudomembranosa)
Risco: uso prévio de ATB (clindamicina, cefalosporina, quinolona) – tempo médio
de 2-6 semanas após antibioticoterapia
Diagnóstico: toxina nas fezes (mais sensível) ou cultura com PCR ou colonoscopia
Tratamento: casos leves – metronidazol; casos graves – vancomicina (VO)
Abordagem:
Quando investigar? Sinais de alarme...
• Desidratação
• Fezes com sangue
• Febre (≥ 38,5ºC)
• Não melhora após 48 horas
• Idosos (≥ 70 anos)
• Imunocomprometidos
• Uso recente de antibióticos
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Como investigar?
• HEMOGRAMA
o Leucocitose com desvio a esquerda – sugere infecção bacteriana
o Leucopenia com linfocitose – sugere infecção viral
o Anemia – SHU
• BIOQUÍMICA
• EXAME DAS FEZES (pesquisa de sangue, leucócitos) + cultura + antibiograma
• EXAME PARASITOLÓGICO DE FEZES (EPF) – sempre pedir!
Como tratar?
✓ HIDRATAÇÃO
✓ ANTIDIARREICO - Loperamida (Imosec) – NÃO USAR em disenteria
Obs.: se sugestivo de patologia bacteriana, perde-se o clearance e pode precipitar um
quadro mais grave.
✓ ATB – Quinolona (Ciprofloxacino) ----> SE SINAIS DE ALARME
Diarreia crônica:
Doença celíaca
Reação imunomediada à proteína do glúten (presente no trigo, centeio e cevada) que leva
a lesão intestinal, preferencialmente de delgado e pode levar a má absorção e esteatorreia.
Clínica:
Variável...
• Assintomático
• Disabsorção parcial (Ca, Fe) - Anemia
• Disabsorção total
• Miopatia, paranoia, depressão, ataxia
Condições associadas:
• DERMATITE HERPETIFORME – lesão autoimune mediada por IgA;
mais comum em região dorsal e região extensora de braço e antebraço; pequenas
máculas eritematosas que evoluem para pústulas e vesículas coalescentes, pruriginosas.
• DEFICIÊNCIA DE IgA
• SD DE DOWN
• RISCO DE NEOPLASIAS – linfoma e adenocarcinoma de jejuno.
Diagnóstico:
• EDA + biópsia (mais distal do duodeno) – PADRÃO-OURO
Histopatologia: infiltrado linfocitário e atrofia de vilosidades (não é específico de doença
celíaca e surge em qualquer patologia crônica intestinal)
• Autoanticorpos
o Anticorpo antigliadina IgA e IgG (crianças < 18 meses)
o Anticorpo antiendomísio IgA (mais específico)
o Anticorpo antitransglutaminase tecidual IgA (melhor a ser solicitado na prática)
Tratamento:
✓ Excluir glúten da dieta
OBS:. DOSAGEM DE HLD-DQ2 (DQ2.5) – HLA-DQ8 se vier negativo, EXCLUI DOENÇA CELÍACA
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PARASITOSES INTESTINAIS
PROTOZOÁRIOS (E. hystolitica e G. lamblia):
Trofozoíta é a forma infectante dos protozoários
• Entamoeba hystolitica (patogênica)
Obs.: Entamoeba coli – comensal; não tratar
• Giardia lamblia (intestinalis)
Obs.: pacientes imunocompetentes.
Características:
• Unicelulares
• Não causam eosinofilia
• 90% são assintomáticos (mas sempre tratar!)
Diagnóstico: cistos/trofozoítas nas fezes
Diferenças:
Amebíase: invasiva (cólon) - disenteria, ameboma (massa abdominal palpável), abscesso
hepático (sem icterícia; mais comum) mas pode ser cerebral, pulmonar.
Giardíase: não invasiva (delgado); “atapeta” o intestino delgado; má absorção
Tratamento:
✓ Metronidazol/Secnidazol/Tinidazol
✓ Nitazoxanida (ANNITA) – cobre todos os tipos de parasitas intestinais (protozoários e
helmintos)
✓ Albendazol → paz população geral (SUS), porque pega Giardíase e Helmintos.
HELMINTOS
Rash cutâneo + pneumonia intersticial + eosinofilia
Características:
• Visíveis
• Rash cutâneo
• Eosinofilia
• Ciclo pulmonar
• Maioria é assintomático (tratar sempre!)
Clínica:
• Diarreia + dor abdominal
Tratamento:
✓ Albendazol/Mebendazol/Tiabendazol
Tratamento:
✓ ...Bendazol
✓ Outros: Levamisol, Pamoato de pirantel
✓ Obstrução intestinal:
o Suporte: SNG + hidratação
o Piperazina (bloqueador neuromuscular do parasita) + óleo mineral
o Após eliminação: ...bendazol
Quadro clínico:
• Anemia Ferropriva → verme morde o epitélio – HELMINTO + RELACIONADO COM ANEMIA
Diagnóstico: EPF
Tratamento:
✓ ...bendazol
TRICURÍASE
• Prolapso retal
ENTEROBÍASE (oxiuríase)
• Prurido anal intenso
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Manifestações extra-intestinais:
• CUTÂNEAS
o Eritema nodoso – marcador de atividade da doença
o Pioderma gangrenoso – mais característico da RCU
• HEPATOBILIARES
o Cálculos biliares – relacionado ao Crohn
o Colangite esclerosante – relacionado a RCU ***************
• ARTICULARES
o Artrite periférica – relacionado ao Crohn, marcador de atividade da doença
o Sacroileíte – sem relação com atividade de doença
o Renal: Nefrolitíase – relacionado ao Crohn
Diagnóstico:
• Exame endoscópico + biópsia
o DC: “pedras de calçamento”, úlcera aftoide, GRANULOMA NÃO CASEOSO (biópsia) –
patognomônico
o RCU: mucosa eritematosa, friável, edemaciada, pseudopólipos, criptite (biópsia)
• Sorologia:
o Crohn: p-ANCA negativo e ASCA positivo
o Retocolite: p-ANCA positivo e ASCA negativo
→LEMBRAR DA COLANGITE ESCLEROSANTE
DOENÇA DE CHRON:
✓ Leve a moderada (step up)
Remissão:
1. DERIVADOS 5-ASA
2. CORTICOIDE (local ou até oral)
3. Imunomodulador e/ou biológicos
Manutenção:
1. Derivados 5-ASA
2. Imunomoduladores e/ou biológicos
RETOCOLITE ULCERATIVA
✓ Leve a moderada
Remissão:
1. Mesalamina retal
2. Corticoide
3. Biológicos
Manutenção (se necessário)
1. Mesalamina retal
✓ Grande
Remissão:
1. ATB + CORTICOIDE EV
2. Biológico ou Ciclosporina
Manutenção:
1. Mesalamina relta
Cirurgia:
RCUrativa:
• Casos refratários ou complicações
• Displasia/câncer
Eletiva → protocolectomia com IPAA
Urgência → colectomia à Hartmann (retirada do segmento colônico doente, fechamento do
coto retal e colostomia; reabordar em segundo plano)
Cirúrgico:
• Apendicite
• Diverticulite
• Pancreatite
• Isquemia mesentérica
• Colecistite
Memorizando...
1. Dor no abdome superior que irradia para o dorso com vômitos importantes – pancreatite
aguda
2. Dor contínua > 6 horas no hipocôndrio direito, irradiação escapular, após alimentação
gordurosa – colecistite aguda
3. Dor abdominal súbita, difusa, grande intensidade, com defesa e rebote – ruptura visceral
e peritonite
4. Dor subesternal, em queimação, que melhora após alimentação ou antiácidos – úlcera
duodenal
5. Dor súbita, mesogástrio + massa pulsátil + hipotensão – ruptura de aneurisma de aorta
abdominal
6. Dor periumbilical que localiza para FID – apendicite aguda
7. Dor abdominal em HCD, febre com calafrios e icterícia – colangite infecciosa
8. Dor abdominal difusa desproporcional ao exame físico + acidose metabólica + fibrilação
atrial – isquemia mesentérica aguda
9. Dor periumbilical que localiza para FIE – diverticulite
10. Dor abdominal difusa + distensão + hiperperistaltismo:
Obstrução fase inicial
Porfiria intermitente aguda
11. Dor abdominal difusa + distensão + hipoperistaltismo:
Obstrução fase tardia
Íleo paralítico
12. Dor abdominal que piora com a contração do abdome – dor de parede abdominal
13. Dor abdominal + disúria + punho-percussão positiva – pielonefrite, nefrolitíase
14. Desidratação + acidose + hiperglicemia + abdome agudo – cetoacidose diabética
15. Dor abdominal + doença aterosclerótica difusa + emagrecimento por medo de comer –
isquemia mesentérica crônica
16. Dor abdominal em queimação/coçando/neuropática + distribuição em dermátomos –
herpes zoster
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Diagnóstico:
• Dosagem de chumbo sérico (> 25 mcg/dL)
Tratamento:
✓ Interromper exposição
✓ Quelantes de chumbo: dimercaprol, DMSA, EDTA
Porfiria
Distúrbio na síntese da porfirina que compõe o grupo heme.
Obs.: hemoglobina = heme (ferro + protoporfirina IX) + globina (2 cadeias α + 2 cadeias β)
Obs.: chumbo participa de 3 etapas da via de síntese do heme; atua inibindo enzimas e
acumulando precursores desta via (porfiria).
DIRTUBIO NA SÍNTESE DA PORTIFIRINA → defeito no HEME → defeito na Hemoglobina →
ANEMIAS + outros achados
Porfiria cutânea tarda (uroporfirinogênio descarboxilase) – falha nessa enzima com acúmulo
de metabólitos causando lesões cutâneas desde exantema a úlceras e hipertricose.
Fatores precipitantes:
• Álcool
• Tabagismo
• Medicamentos
• Infecções/cirurgias
• Chumbo
Diagnóstico:
• Dosagem de precursores da via do heme
o PIA: porfobilinogênio (PBG) urinário (PBGu > 50 mg/dia)
Tratamento:
✓ Suspender fatores precipitantes
✓ Administrar carboidratos ou heme (hematina/arginato)
Fisiopatologia:
Transmissão → carga elevada + ↑ pH gástrico + perda da barreira intestinal →
infecção das Placas de Peyer (íleo) → circulação (protegidos pelos macrófagos)
→ medula/baço/fígado → vesícula → fezes
Quadro clínico:
• Primeira fase (1ª a 2ª semanas):
Dor abdominal + BACTEREMIA + Sinal de Faget (febre + bradicardia)
• Segunda fase (2ª a 3ª semanas):
Hiper-reatividade - rash (roséolas), hepatoesplenomegalia, torpor
Complicações – sangramento (mais comum), perfuração (ileal, grave)
• Terceira fase (4ª semana):
Convalescença
• Portador crônico (< 5%):
Risco – mulheres idosas, doença biliar
Diagnóstico:
• Cultura
o Hemocultura (1ª/2ª sem)
o Coprocultura (3ª/4ª sem)
o Mielocultura – mais sensível → invasivo
• Biópsia – roséolas ou placas de Peyer → menos invasivo
• Outros: sorologia (ruim para diferenciar contato recente ou antigo), PCR
Tratamento e profilaxia:
✓ Ceftriaxone (terapia empírica inicial) ou Ciprofloxacino (de acordo com a cultura)
Obs.: cloranfenicol – alternativa proposta pelo Ministério da Saúde
✓ Dexametasona – se choque ou coma
✓ Existe vacina, porém, com baixa imunogenicidade e indicação restrita (área epidêmica)
✓ Notificação compulsória
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PANCRETITE CRÔNICA
INFLAMAÇÃO repetitivas + FIBROSE + ATROFIA DO PÂNCREAS
Diagnóstico:
Laboratoriais → sem aumento de amilase e lipase
TC/RM/USGe → atrofia e calcificações
FUNCIONAIS → teste da secretina, elastase fecal (mais fácil e mais estável)
Tratamento:
1) Abstinência alcoólica/ analgesia/ Insulina
2) Enzima pancreática + IBP (precisa de pH mais alcalino)
3) CPRE p/ abertura de ductos e remoção de cálculos
Fisiopatologia:
Primeiro evento é a obstrução da luz do apêndice por um fecalito (mais comum), hiperplasia
linfoide, corpo estranho, parasita ou câncer.
O muco produzido pela camada submucosa passa a se acumular, favorecendo a
proliferação bacteriana e proporcionando uma distensão do apêndice.
O peritônio visceral (inervado por fibras não mielinizadas) reveste o apêndice, e quando sofre
distensão, provoca dor inespecífica em região periumbilical.
Obs.: o apêndice é derivado do intestino médio, com estimulação do plexo mesentérico
superior, gerando uma dor imprecisa em região periumbilical.
A distensão causa prejuízo na irrigação arterial e drenagem venosa, e em 12-24 horas o órgão
passa a sofrer de isquemia, com lesão em peritônio parietal (inervado por fibras mielinizadas)
provocando dor específica em fossa ilíaca direita.
A isquemia leva a perfuração que pode ser bloqueada – abscesso, ou não – peritonite difusa.
Quadro clínico:
• Dor periumbilical que migra para FID
• Anorexia, febre, náuseas, vômitos
Obs.: alguns autores consideram que a anorexia é fundamental no quadro de apendicite
aguda, e que se ausente, essa hipótese deve ser até desconsiderada.
• Sinais clássicos:
o Sinal de Blumberg: dor com a descompressão súbita no ponto de McBurney
o Sinal de Rovsing: pressão em FIE e o paciente refere dor em FID (sinal do ROVIZINHO)
o Sinal do Obturador: flexão de coxa + rotação interna do quadril causa dor
Obs.: bom para avaliar apendicite pélvica.
o Sinal de Dunphy: dor em FID que piora com a tosse
o Sinal de Lenander: T retal > T axilar em pelo menos 1ºC (característico, porém não
específico) – sugere inflamação da porção inferior do abdome
Diagnóstico:
• Clínico – se alta probabilidade (história clássica, homem)
Probabilidade intermediária (criança, idoso, mulher): Imagem
o Tomografia – idoso, homem ou não gestante
Obs.: achados na TC – fecalito (área hiperdensa/branca); espessamento da parede;
o USG/RM – criança ou gestante
Obs.: achados na USG – imagem em “alvo”, diâmetro > 7 mm; parede espessada;
áreas hipoecoicas (enegrecidas) ao redor do apêndice indicando coleção; ausência
de colabamento da luz do apêndice com a compressão do transdutor
Suspeita de complicação (massa ou quadro tardio > 48h de evolução): Imagem
Tratamento:
✓ Simples (s/ complicações, < 48h) → apendicectomia + hidrat/analgesia + ATB profilático
✓ Suspeita de complicação (massa ou tardio > 48h) → imagem
o Exame normal = apendicite simples
o Abscesso: drenagem do abscesso por punção preferencialmente retroperitoneal +
ATB + colonoscopia (4-6 semanas) ± apendicectomia tardia
o Fleimão (coleção não puncionável): ATB + colonoscopia (4-6 semanas) ±
apendicectomia tardia
✓ Peritonite difusa: medidas gerais + ATB + apendicectomia
50
Complicações:
• Infecção do sítio cirúrgico – principal complicação
• Obstrução intestinal – segunda complicação mais frequente
Diagnósticos diferenciais:
• Linfadenite mesentérica
• Diverticulite de Meckel
• Apendagite
Diverticulite aguda
Complicação da doença diverticular dos cólons.
É uma inflamação pericolônica causada pela perfuração de 1 ou mais divertículos.
Doença diverticular dos cólons:
• Ocidente – dieta rica em carboidratos e proteínas e pobre em fibras
• Aumento da pressão cólon – bolo fecal fino e endurecido
• Falso divertículo – apenas envolve mucosa e submucosa (área de maior fragilidade –
entrada das artérias retas)
• Idosos
• Assintomáticos – diagnóstico geralmente é um achado
Obs.: melhores exames – colonoscopia e clister opaco
• Mais comum: cólon esquerdo (sigmoide)
• Complicações:
o Hemorragia (mais comum em cólon direito)
o Diverticulite (mais comum em cólon esquerdo)
Fisiopatologia da diverticulite aguda:
Obstrução da luz do divertículo, mais comumente por um fecalito.
Secreção de muco/hiperproliferação bacteriana → inflamação → isquemia → necrose →
perfuração
Obs.: o organismo, na tentativa de bloquear a perfuração, forma um abscesso ao redor do
divertículo (abscesso pericólico).
Quadro cínico:
• “Apendicite” do lado esquerdo – dor há alguns dias e dores semelhantes outras vezes
• Anorexia, febre, mal-estar, disúria (abscesso em íntimo contato com bexiga e ureter,
irritando esses órgãos por contiguidade)
Classificação de Hinchey:
- Estágio I: abscesso pericólico
- Estágio II: abscesso pélvico Decorar
- Estágio III: peritonite purulenta
- Estágio IV: peritonite fecal
Diagnóstico:
• História clínica + exame físico
• Se dúvida?? Evitar colonoscopia e enema opaco: TC – padrão-ouro
• Colonoscopia depois de 4-6 semanas para afastar neoplasia (adenoCA de sigmoide)
Tratamento;
Complicação: abscesso ≥ 4 cm, peritonite, obstrução
✓ Não:
o Sintomas mínimos: ATB VO (Ciprofloxacino + Metronidazol) + dieta líquida
o Sintomas exuberantes (febre, não consegue se alimentar, DB dolorosa localizada):
ATB EV (Ceftriaxone + Metronidazol) + hidratação venosa + dieta zero
✓ Sim:
o Abscesso ≥ 4 cm: drenagem + ATB EV + colonoscopia (4-6 sem) + cirurgia eletiva
o Peritonite/obstrução: cirurgia de urgência (colectomia a Hartmann – sigmoidectomia
+ colostomia + fechamento do coto retal) + lavagem laparoscópica*
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Correlação:
Estágio I = sem complicações
Estágio I ou II = abscesso ≥ 4 cm
Estágio III ou IV = peritonite* ou obstrução
Anatomia:
Irrigação intra-abdominal:
Ramos diretos da aorta:
• Tronco celíaco:
o Artéria hepática comum – fígado e vias biliares, estômago e porção proximal do
duodeno
o Artéria esplênica – baço, pâncreas e estomago
o Artéria gástrica esquerda – estômago e porção inferior do esôfago
• Artéria mesentérica superior: cabeça do pâncreas e duodeno (a. pancreatoduodenal
inferior), íleo, jejuno, ceco e apêndice (aa. Intestinais e a. ileocólica), cólon ascendente
(a. cólica direita), cólon transverso (a. cólica média).
• Artéria mesentérica inferior: distal cólon transverso e cólon descendente (a. cólica
esquerda), sigmoide (a. sigmoidea), porção proximal do reto (a. retal superior).
Causas:
• Embolia (50%): cardiopatia emboligênica; causa mais comum
o Fatores de risco: fibrilação atrial, IAM recente – dor desproporcional ao exame físico
• Vasoconstrição (20%): isquemia não oclusiva
o Fatores de risco: sepse, choque, vasoconstrictor, coma
• Trombose arterial (15%): paciente vascular (aterosclerose)
o Fatores de risco: insuficiência vascular periférica
• Trombose venosa (5%): hipercoagulabilidade
o Fatores de risco: fator V de Leiden, SAF, trauma
Quadro clínico:
• Dor abdominal intensa, desproporcional ao exame físico (pois não há necrose)
• T retal < T axilar
• Metabolismo anaeróbico → acidose metabólica: taquipneia, ofegante, lactato elevado
• Irritação peritoneal – achado tardio; sugere necrose
Diagnóstico:
• Laboratório inespecífico: leucocitose, acidose, elevação de lactato
• RX: alterações tardias como pneumatose intestinal (ar na parede intestinal) – sinal de
sofrimento isquêmico avançado, ou seja, já ocorreu necrose
• TC/angioTC: mais utilizado; dilatação, espessamento e falha no enchimento com
contraste
• Angiografia mesentérica seletiva: padrão-ouro; confirma o diagnóstico
Tratamento:
✓ Suporte: analgesia, hidratação venosa, correção de distúrbios hidroeletrolíticos,
monitorização, antibioticoterapia (favorece translocação bacteriana)
✓ Embolo/trombo arterial ou trombose venosa:
o Heparinização + laparotomia
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Pancreatite aguda
Causas:
• Biliar (30-60%) – cálculos pequenos
• Alcoólica (15-30%) – segunda mais comum na pancreatite aguda; causa mais comum na
pancreatite crônica e em homens
• Drogas – ácido valproico, estrogênio, azatioprina
• Pós-CPRE
• Idiopática
• Trauma abdominal – causa mais frequente de pancreatite aguda em crianças
• Picada de escorpião (Tytius trinitatis) – causa mais rara
Diagnóstico:
Critérios de Atlanta: 2 dos 3 abaixo
• Clínica: dor abdominal em barra em andar superior do abdome que irradia para dorso +
náuseas e vômitos
• Laboratório: amilase e lipase – mais específica (> 3x normal)
Obs.: hiperamilasemia - isquemia mesentérica aguda, obstrução intestinal.
Obs.: ajudam no diagnóstico, porém não guardam relação com o prognóstico.
Obs.: amilase e lipase começam a se elevar ao mesmo tempo, porém, ~3 dias a amilase
volta ao normal enquanto a lipase permanece alterada.
• Imagem:
o TC: exame preferencial para avaliar parênquima pancreático; momento ideal
> 48-72h pois permite avaliar com clareza o grau de extensão da necrose.
o USG: não visualiza com clareza o parênquima pancreático, porém permite
visualizar a vesícula para o diagnóstico de litíase biliar (causa mais comum de
pancreatite aguda).
o RX: pode mostrar atelectasias segmentares nos lobos inferiores, elevação de
diafragma, derrame pleural a E.
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Abordagem:
1º passo: definir a causa e a gravidade
- Biliar: avaliar CPRE para drenar as vias biliares
- Alcóolica: exacerbação de um quadro crônico
- Medicamentoso: suspender a droga responsável
Gravidade:
→ Leve: pancreatite restrita ao parênquima pancreático
→ Grave: inflamação que extrapola o parênquima pancreático
Segundo os critérios de Atlanta quando:
• Pancreatite leve: sem falência orgânica ou complicações
• Pancreatite moderadamente grave: falência orgânica transitória (< 48 horas) ou
complicação local isolada)
• Pancreatite grave: falência orgânica persistente ou
o Disfunção orgânica (choque, IR, IRpA)
o Complicação local (necrose, abscesso)
o Complicação sistêmica (CIVD, Ca < 7,5 mg/dL)
Ranson ≥ 3 (admissão e 48h)**
Apache II ≥ 8 (avaliação imediata, UTI)
BISAP ≥ 3 (BUN, ↓ nível consciência, SIRS, > 60 anos, derrame pleural)
PCR > 150 mg/mL (> 48h) – relação com o prognóstico
Obstrução intestinal
Síndrome de obstrução intestinal = parada de eliminação de fezes e gases + dor abdominal
+ distensão abdominal
Classificação:
Obstrução intestinal alta: alças intestinais que se encontram antes da válvula ileocecal
(obstruções de estômago e intestino delgado).
- Alta: estômago e jejuno
- Baixa: íleo
Obstrução intestinal baixa: alças intestinais que se encontram depois da válvula ileocecal
(cólon).
Obs.: vômitos fecaloides ocorrerão quando a obstrução for de intestino delgado baixa ou
cólon com válvula ileocecal incompetente.
Obstrução mecânica
Investigação:
1. Toque retal: em busca de fezes, massas ou fecaloma
Obs.: a presença de fezes ao toque retal sugere obstrução funcional.
2. RX: rotina de abdome agudo = Rx tórax + 2 Rx abdome (ortostase e decúbito)
Obs.: permite determinar a localização da obstrução.
o Delgado: distensão central + pregas coniventes (empilhamento de moedas)
o Cólon: distensão periférica + haustrações; distensão mais intensa
o Volvo de sigmoide: sinal do grão de café ou do “U” invertido; sinal do bico de pássaro
(contraste) – RX neste caso permite o diagnóstico etiológico
Tratamento:
✓ Suporte clínico – SNG, correção de distúrbios hidroeletrolíticos
✓ Observar obstrução parcial (24-48 h)
✓ Avaliar cirurgia de imediato (estrangulamento, obstrução total)
✓ Caso especial: volvo de sigmoide
o Não complicado (estável, pouco tempo de evolução, sem irritação peritoneal):
descompressão endoscópica + sigmoidectomia eletiva (evitar recidiva)
Obs.: o sucesso da descompressão endocóspica não anula a necessidade de cirurgia.
o Complicado (estrangulamento): cirurgia imediata (sigmoidectomia à Hartmann)
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• Pele
Canal inguinal:
Trajeto: posterior para anterior, lateral para medial, superior para inferior
- Parede posterior do canal inguinal: fáscia transversalis + m. transverso + m. oblíquo interno
- Parede anterior do canal inguinal: aponeurose do m. oblíquo externo
No homem:
- Funículo espermático (plexo pampiniforme, vasos deferentes, m. cremaster, conduto
peritoneovaginal obliterado)
Na mulher:
- Ligamento redondo do útero
Classificação:
• Hérnia inguinal indireta – mais comum
o Se anuncia pelo anel inguinal interno
o Causa: patência do conduto peritônio-vaginal (defeito congênito)
Obs.: se a patência for completa pode ocorrer uma hérnia inguinoescrotal
o Hérnia da infância
o Maior risco de encarceramento
• Hérnia femoral
o Se anuncia abaixo do ligamento inguinal
o Epidemiologia:
▪ Mais comum em mulheres
▪ Mais comum à direita
▪ Maior risco de encarceramento
Tratamento:
✓ Redutível: cirurgia eletiva
✓ Encarcerada:
o Redução manual
o Cirurgia de urgência – caso refratário ou com obstrução intestinal
✓ Estrangulada (isquemia):
o Cirurgia de emergência – inguinotomia + enterectomia
o Se reduzir na anestesia? Laparotomia xifopubiana
Tipos de cirurgia:
Abordagem anterior
• Herniorrafia anterior + reforço posterior (independe se direta ou indireta)
o Shouldice: imbricação de músculo; dor crônica após cirurgia
o Lichtenstein: tela livre de tensão; baixa taxa de recidiva; de escolha
o Mc Vay: boa para hérnia femoral (ligamento de Cooper)
Complicações cirúrgicas:
• Dor crônica (inguinodínea) – pinçamento do nervo
• Orquite isquêmica – trombose do plexo pampiniforme (falha na drenagem do testículo)
Hérnias específicas:
Hérnia de Richter: pinçamento da borda antimesentérica (isquemia sem obstrução);
mais comum na hérnia femoral
Hérnia de Littré: contém o divertículo de Meckel (má formação mais comum do trato
gastrointestinal)
Hérnia de Amyand: contém o apêndice vermiforme
Hérnia umbilical:
• Infância: congênito; tende ao fechamento espontâneo (até 2 anos)
Operar se:
o Não fechar após 4-6 anos
o > 2 cm
o Associação com derivação ventrículo-peritoneal (DVP)
o Concomitante à hérnia inguinal
• Adultos: adquirido (ganho de peso, ascite)
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Síndrome metabólica
Síndrome metabólica
Resistência à insulina:
• Pressão arterial: ≥ 130/85 mmHg
• Triglicerídeos: ≥ 150
• HDL: homem < 40; mulher < 50
• Obesidade abdominal: circunferência abdominal - homem > 102 cm; mulher > 88 cm
• Glicemia: jejum ≥ 100 mg/dL
Síndrome metabólica = pelo menos 3 critérios
Hipertensão arterial
Definição:
Níveis elevados e persistentes de PA com aumento do risco cardiovascular.
→ Primária ou idiopática: 90-95%
→ Secundária: 5-10%
Quadro clínico:
• Assintomática
• Lesão de órgão-alvo (LOA) – tardia: coração (cardiopatia hipertensiva – hipertrofia de VE,
IC, doença coronariana aterosclerótica), cérebro (AVE, demência vascular), retina, rim
(nefroesclerose benigna/maligna), aorta (aneurisma, dissecção), arteriopatia
o Vascular
o Sobrecarga
Retinopatia hipertensiva:
Classificação de Keith-Wagener-Barker (KWB):
I. Estreitamento arteriolar
II. Cruzamento arteriovenoso (AV) patológico
III. Hemorragia e exsudatos
IV. Papiledema
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Classificação e diagnóstico:
Classificação PAS PAD
Normal < 120 < 80
Elevada 120-129 < 80
HAS estágio I 130-139 80-89
HAS estágio II ≥ 140 ≥ 90
*Mudanças:
• Pré-hipertensão → elevada
• HAS se PA ≥ 130 x80 mmHg
Avaliação inicial do paciente com HAS: potássio, creatinina, analise de urina, ECG, glicemia
de jejum e HBA1C, colesterol total e HDL, triglicerídeos e ácido úrico.
Obs.: SÓDIO e UREIA não entram na avaliação inicial.
Tratamento:
• Normal ou elevada → mudança no estilo de vida (MEV): perda ponderal, atividade física,
cessar tabagismo
• HAS estágio I (130-139/80-89):
o Baixo RCV: MEV 3-6 meses
o Alto RCV, doença cardiovascular, DM, doença renal: 1 droga
Drogas de primeira linha: Tiazídicos, bloqueadores canal de cálcio, iECA, BRA
O risco cardiovascular (RCV) deve ser calculado através do escore de Framingham.
• HAS estágio II (≥ 140/≥ 90): 2 drogas (IECA + Bloq Ca/ IECA + tiazídico)
Obs.: não pode iECA + BRA
PA alvo: < 130/80 mmHg
HAS resistente:
PA não controlada com 3 drogas (incluindo diurético) ou PA controlada com 4
medicamentos.
Afastar:
• Má aderência
• Efeito “jaleco branco”
• HAS secundária
HAS secundária:
Prova: HAS grave/resistente + início < 30 ou > 50 anos + “dica da doença”
Crise hipertensiva:
Aumento súbito da PA que desequilibra a regulação do fluxo sanguíneo.
• PA 180 X 120 (PAM 140)
Obs.: na dissecção é necessário baixar o máximo a PA, até onde o paciente tolerar.
- AVEi: não reduzir; apenas se PA > 220/120 ou > 185/110 e vai usar trombolítico
Dissecção de aorta
• Enquanto a FC e PA estiverem aumentadas, a área de dissecção continuará
aumentando
• Diagnóstico:
o Estável: RM ou angioTC
o Instável: ECO transesofágico
• Tratamento: FC < 60-70 bpm e PA < 100-110/70 mmHg
o Betabloqueador IV
Nitroprussiato de sódio ou labetalol IV (nesta ordem)
o Cirurgia se dissecção na aorta ascendente (tipo A de Stanford)
• Intoxicação pelo nitroprussiato de sódio:
o Nitroprussiato → cianeto (fígado) → tiocianato (rim) → excreção
o Fatores de risco: uso > 48h, doses altas, disfunção de órgão (insuficiência hepática
ou renal)
o Intoxicação pelo cianeto: toxicidade gastrointestinal (radicais livres) e acidose
metabólica (metabolismo anaeróbio)
o Tratamento:
▪ Reduzir ou suspender o nitroprussiato
▪ Hidroxicobalamina (vitamina B12)
▪ Nitrito ou tiossulfato de sódio
▪ Hemodiálise
Dislipidemia
Distúrbio dos lipídios do sangue
• Triglicerídeo
o Quilomicron (intestino)
o VLDL (fígado)
• Colesterol
o LDL – participa da formação de placa ateromatosa
o HDL – leva o excesso de colesterol dos tecidos de volta para o fígado
Tamanho: quilomicron > VLDL > IDL > LDL > HDL
Perfil lipídico:
Alvo Terapêutica
Triglicerídeo < 150 150-499: dieta
(< 175 sem jejum) ≥ 500: fibrato
Colesterol HDL > 40 Ácido nicotínico
(sem recomendação)
Colesterol LDL EUA: sem alvo Estatina (grupos especiais)
BR: muda com risco
Diabetes Mellitus
Hipoinsulinismo → catabolismo → hiperglicemia
Classificação:
DM tipo 1 DM tipo 2
Hipoinsulinismo absoluto Resistência à insulina
Genético/autoimune Genético/ambiental
(HLA DR3-DR4 + Anti-ICA/ Anti-GAD) (mais genético que o tipo 1)
< 30 anos, magro > 45 anos, gordo
Sintomático Assintomático
Outras doenças – Hashimoto, celíaca Complicações tardias
Peptídeo C indetectável HOMA-IR
DM gestacional
DM específico (endocrinopatia - acromegalia, drogas)
Diagnóstico:
• Diabetes:
2 ocasiões / mesma amostra ou amostras diferentes
o Glicemia de jejum ≥ 126
o Glicemia 2h pós-TOTG ≥ 200 (teste funcional do pâncreas)
o HbA1C ≥ 6,5% (reflete reações de glicosilação que ocorreram no últimos 2-3 meses)
Aleatória:
o Glicemia ≥ 200 + sintomas (poliuria, perda de peso, polidipsia)
• Pré-diabetes:
o Jejum 100-125
o 2h pós-TOTG 140-199
o HbA1C 5,7-6,4%
Quando rastrear?
≥ 45 anos ou IMC > 25 + risco (história familiar, HAS, dislipidemia, SOP)
3 em 3 anos
Tratamento:
DM tipo 1:
✓ Insulinoterapia – 0,5-1 U/kg/dia
o Secreção basal: ação lenta/prolongada
▪ NPH, duração de 12h, 2x/d
▪ Glargina (ou degludeca, detemir), duração de 24h, 1x/d
o Pico pós-prandial: ação rápida/imediata
▪ Regular, efeito em 30 min, antes da refeição
▪ Lispro (ou asparte, glulisina), efeito em 4 min, na hora da refeição
10U 6U 4U
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HIPERGLICEMIA MATINAL
• Fenômeno do alvorecer (manhã desprotegida) – hiperglicemia matinal devido ao pico
fisiológico de GH na madrugada.
o Conduta: NPH mais tarde
• Efeito Somogyi – hiperglicemia matinal de rebote, decorrente de uma hipoglicemia da
madrugada.
o Conduta: Reduzir NPH ou lanche à noite
o Diferenciar: glicemia capilar às 3:00
2) Esquema alternativo:
50% glargina e 50% lispro
Menor incidência de hipoglicemia
Objetivo:
• HbA1C < 7% - MAIS IMPORTANTE
• Glicemia capilar:
o Pré-prandial: 80-130
o Pós-prandial: < 180
DM tipo 2:
✓ Terapia não farmacológica – dieta, atividade física
✓ Terapia farmacológica:
Diminuição da resistência periférica à insulina:
o METFORMINA (fígado): redução peso; risco de acidose lática (evitar nas insuficiências
hepática, renal, cardíaca); deficiência de vitamina B12
o GLITAZONAS (músculo): retém sal, aumento de peso; edema/IC/fraturas
Aumento da secreção de insulina:
o SULFONIUREIAS (glibenclamida) – aumenta a secreção basal aumento de peso
o GlLINIDAS (nateglinida) – estimulam a secreção pós-prandial risco de hipoglicemia
Diminuição da absorção de glicose:
o Acarbose – inibidor da alfaglicosidase, diminuição da absorção intestinal de glicose;
ação pós-prandial; flatulência
Aumento da incretina (estimula a insulina dependente da glicemia e inibe o glucagon):
o Gliptina (inibidor da DPP-IV – enzima que degrada a incretina)
o Tide (análogo do GLP-1 injetável): redução de peso; pancreatite, neoplasias (?)
Diminui a reabsorção tubular de glicose (inibidores da SGLT2 – túbulo proximal):
o Glifozin (dapaglifosin): redução de peso, redução da PA; candidíase, ITU, poliúria
Obs.: medicações que proporcionam a redução de peso (metformina, tide, glifosin), diminui
também a mortalidade por causas cardiovasculares.
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Como fazer?
1) Metformina 500 - 2.550mg
3m
2) Metformina + 2ª droga ou insulina basal (NPH noturna 10U)→ Empaglifozin*/ Liraglutida
3m 3) Metformina + 3ª droga ou 2ª droga + insulina basal (suspende a Sulfoniureia)
3m 4) Metformina + insulina basal e prandial
Complicações crônicas:
• Macrovascular: IAM, AVE
• Microvascular: retino, nefro e neuropatia – mais relacionadas a hiperglicemia
Rastreamento:
- DM 1: 5 anos após o início da doença
- DM 2: no diagnóstico
Retinopatia diabética:
Rastreamento: fundoscopia
• Não proliferativa
o Microaneurismas
o Exsudato duro Controle glicêmico
o Hemorragia em chama de vela
o Manchas algodonosas
o Veias em rosário
• Proliferativa
o Neovascularização Anti-VEGF
Fotocoagulação
Nefropatia diabética:
Evento inicial: hiperfluxo renal
Rastreamento: albuminúria + creatinina - taxa de filtração glomerular (TFG)
1) Microalbuminúria: relação albumina/creatinina ≥ 30 mg/g
Controle da glicemia/microalbuminúria: iECA ou BRA-II
2) Macroalbuminúria: relação ≥ 300 mg/g
Controle da PA: iECA ou BRA-II + outro anti-hipertensivo
3) Azotemia
Diálise mais precoce
Neuropatia diabética:
Polineuropatia simétrica distal (“em luvas e botas”) – mais comum, alteração primária da
sensibilidade, pé diabético
Rastreamento: exame neurológico (monofilamento) + temperatura, sensibilidade dolorosa,
diapasão
Conduta: controlar glicemia + anticonvulsivante (pregabalina)/antidepressivo (amitriptilina)
O paciente se encontra hiperglicêmico, e a glicose atrai água por osmose, provocando uma
hiponatremia dilucional.
A tireoide produz 20x mais T4 do que T3, isso porque a meia-vida do T3 é muito curta.
Na periferia, sob ação da desiodase I e II, o T4 (pré-hormônio) é transformado em T3,
hormônio funcional.
As funções do T3:
• Forma receptores beta-adrenérgicos
• Estimula o metabolismo basal
• Produz calor
A enzima desiodase III transforma T4 em T3r (reverso), hormônio não funcionante, porém, com
capacidade de inibir a desiodase I, impedindo a formação de T3.
HIPOTÁLAMO TRH → HIPÓFISE TSH → TIREOIDE T3/T4
Ocorre também o feedback negativo quando há muita quantidade de T3/T4, com ação
inibitória sobre a hipófise e hipotálamo.
O TSH é o hormônio mais sensível, que primeiro se altera frente a uma doença tireoidiana ou
hipofisária. É inclusive, usado para rastreamento.
Classificação:
• Primária: doença tireoidiana; mais comum
• Secundária: doença hipofisária
• Terciária: doença hipotalâmica
Tireotoxicose:
Síndrome do excesso de hormônios tireoidianos.
Pode ocorrer na ausência de hipertireoidismo, como na liberação após inflamação ou
ingestão acidental ou iatrogênica de hormônios.
Quadro clínico:
• Aumento de receptores beta-adrenérgicos (sistema nervoso autônomo simpático) –
taquicardia, midríase, tremores, sudorese, insônia, HAS divergente (PAS↑, PAD↓)
Obs.: a PAS é aumentada devido ao aumento da FC, enquanto a PAD é diminuída pela
diminuição da resistência periférica dos vasos frente a vasodilatação.
• Aumento do metabolismo basal – polifagia (aumento da necessidade energética),
emagrecimento, hipercalcemia (aumento da atividade óssea)
• Aumento da produção de calor – intolerância ao calor, aumento da temperatura corporal
Causas:
Com hipertireoidismo:
- Doença de Graves – principal causa de hipertireoidismo
- Bócio multinodular tóxico hiper 1º
- Adenoma tóxico (Doença de Plummer) – nódulo único produtor de hormônios
Sem hipertireoidismo:
- Tireoidite
- Tireotoxicose factícia (uso do hormônio)
Como diferenciar?
- Índice de captação de Iodo Radioativo (RAIU)
Cintilografia quantitativa (quantidade de iodo que é captada).
→ Normal = 5-30% de captação de iodo
→ Com hiper = 35-95%
→ Sem hiper = < 5%
Doença de Graves
Doença autoimune, acomete mulheres de 20-50 anos, principal causa de tireotoxicose.
• Anticorpo:
o Anti-TRAb (estimulador) – funciona como o TSH
o Anti-TPO
Quadro clínico:
• Tireotoxicose
• Bócio (apesar do TSH↓, por culpa do anticorpo) - aumento difuso, sopro, frêmito
• Mixedema pré-tibial (dermopatia de Graves)
• Acropaquia de Graves – baqueteamento digital relacionado ao mixedema (raro)
• Exoftalmia – inflamação retro-orbitária que empurra o globo ocular para fora da órbita
Diagnóstico:
• Clínica
• TSH↓, T4L (e T3)↑
• Na dúvida → anticorpos e RAIU
Tratamento:
✓ Medicamentoso
o Betabloqueador (sintomático)
o Metimazol ou propiltiuracil (1º trimestre gestação)
✓ Iodo radioativo – recidiva ou reação tóxica às drogas
Contraindicação: gravidez, grandes bócios
✓ Tireoidectomia (subtotal – deixa 20% da glândula) – sem melhora farmacológica +
contraindicação ao iodo radioativo
69
Tireoidite
Processo inflamatório da tireoide que causa desestruturação, desorganização e
extravasamento de hormônio para a circulação.
Tireoidites agudas e subagudas: no início ocorre tireotoxicose, porém, ao final ocorre
hipotireoidismo, porque há consumo do hormônio extravasado e a tireoide encontra-se
paralisada.
➔ Subaguda: granulomatosa subaguda (de Quervain)
Pós-viral (gripe), muito dolorosa (cervical), VHS aumentado, tireotoxicose
Tireoidites crônicas: a inflamação causa hipotireoidismo
➔ Crônica: doença de Hashimoto (linfocítica crônica) → risco de Linfoma
Autoimune, com produção de anti-TPO (positivo em 95-100%)
Hashitoxicose – tireotoxicose que abre o quadro clínico; raramente
Hipotireoidismo com bócio (maioria)
Principal causa de hipotireoidismo no Brasil
Tratamento:
Tireotoxicose:
✓ Betabloqueador
✓ Não adianta metimazol, pois não adianta bloquear a TPO de uma glândula que está
paralisada.
Hipotireoidismo:
✓ Levotiroxina
Hipotireoidismo
Quadro clínico:
• Diminuição dos receptores beta-adrenérgicos – ptose palpebral, bradicardia, pele seca,
HAS convergente (PAS↓, PAD↑)
Obs.: a PAS estará diminuída pois a FC está diminuída, enquanto a PAD estará aumentada
pelo aumento da resistência periférica vascular
• Diminuição do metabolismo basal – dislipidemia, ganho de peso, anemia (pancitopenia)
• Diminuição da produção de calor – intolerância ao frio, diminuição da temperatura
corporal
• Hiperprolactinemia, mixedema (edema generalizado)
Obs.: o mixedema no hipotireoidismo é generalizado, diferente do mixedema pré-tibial da
doença de Graves.
Diagnóstico:
• Dosar TSH e T4L:
o TSH↑, T4L↓ - hipo primário → doença de Hashimoto, outras tireoidites, iatrogênica,
drogas (amiodarona), deficiência de iodo (principal causa de hipo no mundo)
o TSH↓, T4L↓ - hipo central (secundário) → doença hipofisária ou hipotalâmica
o TSH↑, T4L normal – hipo subclínico → = hipo primário
Conduta:
✓ Hipo primário → Anti-TPO
- Positivo: Hashimoto
- Negativo: outras tireoidites
✓ Hipo central → RM de crânio (de sela túrcica)
✓ Hipo subclínico → Anti-TPO
Tratamento:
✓ Levotiroxina – 1,6 mcg/kg/d, 1x/d antes do café da manhã
Cuidado: paciente coronariopata (haverá aumento da FC com o tratamento)
Iniciar com 25-50 mcg/dia até dose alvo.
E o subclínico, quando tratar? Primeiro, repetir TSH e se ainda aumentado, tratar se:
- Grávida ou Sintomático
- TSH > 10 mU/L ou Anti-TPO em altos títulos
70
Suprarrenal (adrenal)
Fisiologia:
Se localiza acima do polo superior de cada rim. Dividida em:
• Córtex
• Medula
O hipotálamo libera CRH que age na hipófise, estimulando-o a liberar ACTH, hormônio que
age diretamente no córtex adrenal → CORTISOL.
A hipófise quebra o POMC liberando ACTH, o hormônio estimulador de melanócito, além de
outros fragmentos.
O córtex adrenal pode produzir 3 hormônios:
- Glicocorticoide – cortisol (único hormônio estimulado pelo eixo HH)
- Androgênio
- Mineralocorticoide – aldosterona (coordenado pelo sistema RAA)
O cortisol é o único hormônio capaz de gerar feedback sob o eixo hipotálamo-hipófise.
Funções:
• Cortisol: catabolismo (quebra de substratos a fim de gerar ↑ glicose), ação permissiva às
catecolaminas
• Androgênio: pilificação feminina
• Aldosterona: reabsorção renal de sódio, trocando por K+ ou H+
• Catecolaminas: tônus vascular
Classificação:
• Hipofunção:
o Insuficiência adrenal
• Hiperfunção:
o Síndrome de Cushing – excesso de cortisol
o Hiperplasia adrenal congênita – excesso de androgênio
o Hiperaldosteronismo primário – excesso de aldosterona
o Feocromocitoma – tumor que provoca excesso de catecolaminas
Insuficiência adrenal
Insuficiência do córtex adrenal.
• Primária (Doença de Addison) – insuficiência do córtex: ↑ ACTH, ↓ cortisol, aldosterona e
androgênio
• Secundária – insuficiência do eixo HH: ↓ ACTH, ↓ cortisol, aldosterona normal
Causas:
Primária (doença de Addison): destruição da glândula
• Adrenalite autoimune
• Infecções (tuberculose, fúngica)
Secundária: interrupção do eixo
• Suspensão de corticoterapia (de forma abrupta)
• Lesão hipotálamo/hipófise
Desmame de corticoide:
Até 2-3 semanas de terapia: suspender abruptamente é permitido
> 3 semanas:
Dose de prednisona em uso Redução da dose a cada 2 semanas
≥ 40 mg 10 mg
20-40 mg 5 mg
10-20 mg 2,5 mg
5-10 mg 1 mg
ACTH independentes:
- Adenoma/hiperplasia adrenal
- Carcinoma adrenal
Manifestações clínicas:
• Obesidade central – redistribuição da gordura corporal
• Gibosidade, face em “lua cheia” – redistribuição da gordura corporal
• Hiperglicemia – hormônio contrarregulador da insulina
• Hirsutismo – aparecimento de pelos em áreas até então desprovidas de pilificação
• Estrias violáceas – relação com a obesidade central
• Osteopenia – aumento da reabsorção óssea
• Hiperpigmentação (se ACTH↑)
• Fraqueza proximal – catabolismo proteico
Cálcio
Metabolismo do cálcio:
Ingestão via oral e absorção dependente de vitamina D (ativada pelo rim).
As paratireoides liberam o paratormônio, incentivador da reabsorção óssea e aumento da
calcemia.
Causas de hipercalcemia:
- Hiperparatireoidismo primário: PTH alto, cálcio alto e doença óssea
- Neoplasia (metástase óssea, PTH-Rp – peptídeo semelhante ao PTH) – PTH baixo
- Hipervitaminose D – PTH baixo (sem lesão óssea)
Hiperparatireoidismo primário:
Causas:
• Adenoma único – PRINCIPAL CAUSA
• Hiperplasia
• Carcinoma
Laboratório:
• ↑ PTH
• ↑ Ca
Manifestações clínicas:
- Assintomático – grande maioria
- Sintomas: fraqueza e mialgia difusas
- Nefrolitíase
- Doença óssea (osteíte fibrosa cística)
Tratamento: paratireoidectomia
• Sintomáticos
• Assintomático se:
o Cálcio sérico > 1 mg/dL do limite de normalidade
o < 50 anos
o Osteoporose (T-escore < -2,5)
o Clearance < 60 mL/min
o Nefrolitíase
o Calciúria > 400 mg/24h + outra alteração urinária de risco para cálculo (hiperoxalúria)
Terapia Intensiva
Síndrome de Instabilidade Hemodinâmica (Choque)
Definição:
Estado de baixa perfusão tecidual.
Obs.: choque não é sinônimo de hipotensão arterial.
Diagnóstico:
Monitorização oxi-hemodinâmica:
Através da cateterização da artéria pulmonar – cateter de Swan-Ganz.
• Átrio D: capaz de quantificar a volemia e determinar PVC (pressão venosa central)
o PVC aumentada: hipervolemia
o PVC baixa: hipovolemia
• Artéria pulmonar: pressão da artéria pulmonar
o Específica para procedimentos invasivos
• Átrio E: sugere congestão e determina a Pcap ou PoAp (P oclusão capilar pulmonar)
• Ventrículo E: débito cardíaco (DC)
• Arteríolas: resistência vascular (IRVS)
• Oxigenação (sangue do AD): sangue venoso central (SvcO2)
PA invasiva (PAM e DELTA PP – avaliação da pressão de pulso)
Ecocardiograma
Lactato: marcador de metabolismo anaeróbico (aumenta com a hipóxia = sofrimento
tecidual)
Classificação:
Hipodinâmico: ↓ DC, ↑ RVS
Extremidades frias, pálidas, enchimento capilar prejudicado
- Hipovolêmico: ↓ PVC e Pcap
- Cardiogênico ou Obstrutivo: ↑ PVC e Pcap
Obs.: TEP ou IAM de VD: ↑ PVC e Pcap normal
Hiperdinâmico: ↑ DC, ↓ RVS
Extremidades quentes, eritematosas, enchimento capilar adequado
- Distributivo (séptico, anafilaxia, neurogênico): ↓ PVC e Pcap
Obs.: no choque neurogênico perde-se tônus simpático, ou seja, os vasos perdem a
capacidade de se contrair e acabam por se dilatar.
Tratamento:
P = DC x RVS (volume e bomba x arteríolas)
1. Volemia: solução cristaloide (SF, ringer), coloide (complementar para maiores volumes),
sangue (concentrado de hemácias)
2. Tônus arteriolar: vasopressores
o Noradrenalina* (droga de escolha), vasopressina, dopamina (> 10 ug/kg/min),
abrenalina (anafilaxia)
3. Função ventricular (contrátil): inotrópicos – estimular receptores beta-adrenérgicos
cardíacos
o Dobutamina* (droga de escolha), milrinona, dopamina (3-10 ug/kg/min),
levosimendana (sensib. Canais de CA)
Obs.: para pacientes betabloqueados, é melhor utilizar milrinona, pois age em
outros receptores.
4. Refratários: depende da causa
o Corticoide (sepse), trombolítico (TEP), balão intra-aórtico (IC)
74
Choque hipovolêmico
Estimativa de perda:
Choque cardiogênico
Lesão miocárdica direta ou anormalidade na mecânica do coração.
Ocorre quando 40% do miocárdio for destruído por isquemia, inflamação, toxinas ou reações
imunes.
Choque obstrutivo
Obstrução ao fluxo cardiovascular, com enchimento diastólico diminuído e aumento da pós-
carga.
Ex.: redução da pré-carga - tamponamento cardíaco, pneumotórax hipertensivo, asma,
pericardite, tumores intratorácicos; aumento da pós-carga - embolia pulmonar, dissecção de
aorta, hipertensão pulmonar aguda.
Choque distributivo
• Séptico
• Anafilático: resposta sistêmica IgE mediada a uma alergeno, com vasodilatação
periférica, constrição brônquica, pulmonar e coronariana.
• Neurogênico: AVC hemorrágico, TCE; interrupção dos estímulos vasomotores simpáticos
causando vasodilatação arteriolar e venodilatação, com retenção de sangue no leito
venoso, redução da pré-carga, e do DC
Hipotensão + bradicardia + extremidades quentes (pulsos cheios) + déficits
motores/sensitivoss
• Endocrinológico: crise adrenal
• Tóxico: síndrome do choque toxico (toxinas do S.aureus), nitroprussiato
Sepse
Definição:
Resposta inflamatória desregulada à infecção.
1. Bactéria + fatores individuais
2. TNF-alfa, IL-1, IL-6
3. Inflamação + vasodilatação + trombose (tendência à CIVD) + disfunção celular
4. Disfunção de órgão
Como identificar?
Infecção + SIRS (2 critérios: temperatura, FC, FR, leucograma)
SOFA: qSOFA:
Sangue (plaquetas) • FR > 22 irpm
Oxigenação (PaO2/FiO2) • PAs < 100 mmHg
Fígado (bilirrubina) • Glasgow < 15
Arterial (PAM)
Alerta (Glasgow)
Anúria (creatinina, diurese)
Choque séptico:
Sepse que não responde a volume
• Necessidade de vasopressor para ter PAM ≥ 65 mmHg
• Lactato > 2 mmol/L (ou 18 mg/dl) após reposição volêmica
Abordagem:
- Controle do foco infeccioso: culturas + ATB na 1ª hora
- Ressuscitação inicial: volume 30 mL/kg em 3h
↓ Avaliação Hemodinâmica
- Early goal:
- PVC: 8 a 12 mmHg - Clínica: PAM, diurese, FC, FR
- Diurese: ≥ 0,5 mL/kg/h ou - Outros (se disponível): lactato, ECO, DELTA PP, PVC, SVcO2
- PAM: ≥ 65 mmHg
- SVcO2: ≥ 70%
- Não responde aos anteriores: noradrenalina
- Refratário:
- Corticoide – hidrocortisona 5-7d
- Transfusão: Hb < 7
- Dobutamina: se DC ↓
76
Alteração da consciência
Definição:
Alteração na responsividade aos estímulos externos
Alerta/vigil/desperto → sonolência → torpor → coma
Abordagem:
1) Avaliação do nível de consciência
Escalas: Glasgow, Four (mais complexa, para especialistas)
Glasgow
- Abertura ocular: espontânea (4), à voz (3), à dor (2), ausente (1)
- Resposta verbal: orientada (5), confusa (4), inapropriada (3), incompreensível (2), ausente
(1)
- Resposta motora: obedece comando (6), localiza dor (5), retira à dor (4), flexão
anormal/decorticação (3), extensão anormal/descerebração (2), ausente (1)
Mínima: 3; Máxima: 15
2) Investigação do coma:
Estado de alerta – formação reticular ativador ascendente (FRAA)
Localização:
o Lesão do tronco encefálico – responsável pelas funções vitais; sem tronco = morte
Reflexos de tronco: fotomotor, corneopalpebral, oculocefálico, tosse
o Lesão cortical difusa – funções vitais continuam sob o comando do tronco
encefálico
Causa:
o Estrutural: déficit neurológico focal
o Toxicometabólica: sem déficit focal (exceto hipoglicemia) e pupilas fotorreativas
Insuficiência respiratória
Definição:
Incapacidade de captar O2 e eliminar CO2.
Tipo 1: hipoxêmica (dificuldade de captar O2)
• Distúrbio V/Q (ventilação-perfusão) – ex.: pneumonia, SDRA, edema agudo
• PaO2/FiO2 < 300
Obs.: a FiO2 é a fração inspirada de oxigênio
• Gradiente alvéolo-arterial P(A-a) O2 > 15-20
Tipo 2: hipercapnica (dificuldade de eliminar CO2)
• Hipoventilação – ex.: miastenia gravis, DPOC (obstrução de via aérea)
• PCO2 > 50
Critérios de Berlim:
Sete dias (do evento que a deflagrou)
Descartar condição cardiogênica ou hipervolemia
Rx (opacidade bilateral sem outra causa)
Alteração da PaO2/FiO2
o Leve: ≤ 300
o Moderada: ≤ 200
o Grave: ≤ 100
Como tratar?
✓ Ventilação protetora:
o Baixo volume corrente: < 6 mL/kg (hipercapnia permissiva)
o ↑ PEEP e FiO2 (manter Sat O2 > 90%)
o Pressão de platô ≤ 30 cmH2O
✓ Refratários:
o Posição prona
o Bloqueador neuromuscular
o Manobras de recrutamento alveolar
78
Pneumonias
Pneumonia adquirida na comunidade (PAC)
Fisiopatologia:
• Aspiração ou inalação de micropartículas
• Foco à distancia
+
• Fator predisponente (DM, etilismo, DPOC, queda da imunidade)
=
• Inflamação e preenchimento alveolar (incubação – 48h)
Etiologia:
• Streptococcus pneumoniae
• Mycoplasma – atípico
• Vírus – influenza, VSR
Diagnóstico:
Clínico-radiológico
- Febre
- Tosse secretiva
- Infiltrado pulmonar
Escarro/hemocultura: refratário, internado, complicado
Quando internar?
CURB-65
• Confusão mental
• Ureia ≥ 43 (50)
• Respiração ≥ 30
• Baixa PA (PAS < 90 ou PAD ≤ 60)
• 65 anos
0-1 ponto: ambulatorial
≥ 2 pontos: internação hospitalar
PORT
CURB + comorbidades + Pleural, PH, Oxigênio, Residência (abrigo), Temperatura
Obs.: não é necessário decorar para a prova.
- PORT 4 (> 90 pontos): internar...
Tratamento:
É feito empiricamente!
Ambulatorial:
- Streptococcus pneumoniae: + comum (exceção: Haemophilus – DPOC; S.agalactiae – RN)
✓ Macrolídeos (Azitromicina, Claritromicina)
✓ Doxiciclina
✓ Amoxicilina – apenas diretriz brasileira
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Internação:
- Gram negativos: Klebsiella – etilista, desnutridos, DM; pneumonia necrosante, “lobo pesado”
✓ Cefalosporina 3ª
✓ Ampicilina-Sulbactam
✓ Quinolona respiratória
- Gram positivo: S. aureus – pós-influenza, drogas IV; pneumonia necrosante, pneumatocele,
derrame pleural
✓ Oxacilina
✓ Cefalosporinas
✓ Quinolona respiratória
✓ Vancomicina ou Linezolida: MRSA (S. aureus resistente)
UTI:
- Legionella pneumophila – ar condicionado, encanamento;
Sinal de Faget (dissociação pulso-temperatura), sódio baixo (SIADH), síndrome digestiva
(diarreia + dor abdominal + ↑ALT/AST)
Diagnóstico: teste do antígeno urinário (TAU)
✓ Macrolídeo
✓ Quinolona respiratória
Complicações:
Derrame pleural:
Transudato x Exsudato:
- Transudato: insuficiência cardíaca, síndrome nefrótica, cirrose
- Exsudato: pneumonia, tuberculose, câncer
Toracocentese:
Critérios de Light (1 ou mais = exsudato)
• Proteína líquido/proteína sérica > 0,5
• LDH líquido/LDH sérico > 0,6
• LDH líquido > 2/3 valor normal
Abscesso pulmonar
Pneumonia necrosante (< 2 cm) x Abscesso (≥ 2 cm)
- Anaeróbios – Peptoestreptococcus, Prevotella, Fusobacterium
- Macroaspiração (etilista, neuropata) + dentes em mau estado
Obs.: sugestivo de anaeróbios – segmento posterior do lobo superior ou segmento superior do
lobo inferior.
Quadro clínico:
- 24-48h: Pneumonite química – S. Mendelson (apenas suporte)
- Dias: necrose e abscesso
Tratamento:
✓ Clindamicina
✓ Amoxicilina + clavulanato
Etiologia:
• Gram positivos – S. aureus
• Gram negativos – Pseudomonas aeruginosa
• Germe MDR – ABT IV em 90 dias, internação ≥ 5 dias, choque séptico, SDRA ou diálise,
bronquiectasia ou fibrose cística
• MRSA – ATB IV em 90 dias
Quadro clínico:
• Surgimento ou agravamento de um infiltrado pulmonar no RX
• Febre ≥ 38ºC
• Leucocitose ou leucopenia
• Purulência do escarro ou secreção traqueal
• Piora da oxigenação (relação PaO2/FiO2)
Tratamento:
- Pseudomonas:
✓ Ceftazidima ou Cefepime
✓ Piperacilina + Tazobactam
✓ Meropenem ou Imipenem
- Germes MDR (multidroga resistente):
✓ Droga para Pseudomonas + Cipro/Levofloxacino ou Amicacina ou Gentamicina
✓ Perfil de resistência: considerar Polimixina B ou Colistina
- MRSA:
✓ Vancomicina ou Linezolida
81
Ciclo do HIV:
O vírus se adere à célula hospedeira através da proteína gp120 e sua fusão com a célula
ocorre através da interação da proteína viral gp41 com o receptor CCR-5; o vírus se funde e
despeja o conteúdo genético (RNA) no interior da célula, que será transcrito pela
transcriptase reversa em DNA; o DNA viral é integrado ao conteúdo genético do hospedeiro
através da enzima integrase; as proteases juntam as partículas virais a fim de montar um novo
vírus.
Fases da infecção:
• Infecção aguda
Alta carga viral e diminuição da contagem de CD4
o Síndrome retroviral aguda (mononucleose like) - febre, mal estar, adinamia,
linfonodomegalia, hepatoesplenomegalia. Duração de algumas semanas
o Soroconversão em 4-10 semanas
• Latência clínica (9-10 anos sem tratamento clínico)
“Setpoint viral” (carga viral) – principal fator prognóstico
o Assintomático (latência clínica)
o Linfonodomegalia generalizada persistente
o A replicação viral não é interrompida e há uma queda de aproximadamente 50
cél CD4/ano
• Sintomática
Doenças relacionadas ao HIV
o Precoce – sintomas de imunodeficiência leve a moderada
- Candidíase oral ou vaginal
- Leucoplasia pilosa (EBV)
- Tuberculose pulmonar
- Herpes-zoster
- Displasia e CA cervical in situ
- Anemia e PTI
o SIDA – CD4 < 200 – doenças oportunistas
- Fungos: candidíase esôfago/via aérea, pneumocistose, micose disseminada
- Tuberculose extrapulmonar
- Vírus: CMV exceto fígado/baço/linfonodos – retinite, pneumonite, encefalite,
leucoencefalopatia multifocal progressiva – LLP, HIV – encefalopatia (demência),
nefropatia (GEFS colapsante), cardiopatia
- Neoplasia: CA cervical invasivo, sarcoma de Kaposi, linfoma não Hodgkin
- Parasitas: neurotoxoplasmose, Chagas (reativação)
Diagnóstico:
≤ 18 meses: vírus: HIV-RNA (carga viral) ou DNA pró-viral
> 18 meses:
• Anticorpo: imunoensaio (IE) ou teste rápido (TR1 + TR2)
Obs.: para ser válido, o teste rápido precisa ser feito com 2 fabricantes diferentes.
o Negativo: amostra não reagente (se caso suspeito, repetir em 30 dias)
o Positivo: amostra reagente
▪ Vírus: HIV-RNA (ou imunoblot)
• Testes discordantes: Western Blot ou Imunoblot
• Se IE e HIV-RNA positivos: segunda amostra com IE (+)
82
Como fazer?
Inibidores da transcriptase reversa:
• Tenofovir (TDF) – 1ª linha
• Lamivudina (3TC) – 1ª linha
• Zidovudina (AZT) – medicação de 2ª linha; provoca acidose lática e anemia
• Efavirenz (EFV) – terror noturno (sonhos vívidos)
• Abacavir (ABC) – provoca reações de hipersensibilidade
• Entricitabina (FTG) – profilaxia
Inibidor da integrase:
• Dolutegravir (DTG) – 1ª linha
• Raltegravir (RAL)
Outras:
• Inibidores de protease (navir) – ritonavir, atazanavir
• Inibidores de fusão – enfurvitida
• Antagonista do CCR-5 – maraviroque (esquema de resgate)
Situações:
✓ Esquema de 1ª linha: TDF + 3TC + DTG
o TDF: nefrotoxicidade, osteoporose (opções: ABC, AZT)
o DTG: interage com fenitoína, fenobarbital, carbamazepina (opção: EFV)
✓ Coinfecção tuberculose-HIV: TDF + 3TC + EFV
✓ TB grave, gestante: TDF + 3TC + RAL
Obs.: TB grave – CD4 < 100, outra infecção oportunista, internação, disseminada.
✓ EFV/RAL... voltar para o DTG em 3 meses
Falha virológica:
• Carga viral detectável após 6 meses de TARV
• Rebote após supressão
Prevenção combinada:
Pré-exposição (PrEP):
• Gays e homens que fazem sexo com • Relação anal ou vaginal sem
homens (HSH) – sexo anal preservativos por 6 meses
• Pessoas trans – pessoa que expressa • Episódios recorrentes de IST
um gênero diferente do biológico • Uso repetido de profilaxia pós-
• Profissionais do sexo exposição
• Parcerias sorodiscordantes
Pós-exposição (PEP):
- Exposição de risco até 72 horas (ideal = 2 horas)
Infectante: sangue, secreção genital, líquidos (serosa, líquor)
Risco: percutânea, mucosa, pele não íntegra, mordedura com sangue
- Avaliar paciente-fonte e exposto (teste rápido)
Exposto (+) ou fonte (-) → não fazer profilaxia
Exposto (-) e fonte (+ ou desconhecida) → ARV por 28 dias (TDF + 3TC + DTG)
Transmissão vertical
• Pré-natal: TDF + 3TC + RAL para todas na 14ª semana
• Parto: principal momento de transmissão
o Cesárea eletiva (38ª semana, dilatação 3-4 cm, bolsa íntegra) + AZT IV
o > 34 semanas:
▪ CV < 1000: indicação obstétrica
▪ CV indetectável: sem AZT
• Puerpério:
o Mãe: TARV + aleitamento materno contraindicado
o RN: AZT 4 semanas + nevirapina (NVP - 3 doses: 48h-48h-96h)*
Obs.: *NVP se (1) mãe sem ARV na gestação, (2) CV > 1000 ou desconhecida no 3º
trimestre, (3) má adesão, (4) mãe com IST (*sífilis), (5) mãe com teste reagente no
parto.
o Sulfametoxazol-Trimetoprim (a partir da 4ª semana) – prevenção de PCP
Pneumo AIDS
Pneumocistose (PCP)
• Pneumocystis jiroveccii
• CD4 < 200
Clínica: tosse seca, dispneia progressiva, hipoxemia (cianose), aumento de LDH
Rx: infiltrado bilateral peri-hilar que geralmente poupa ápices, sem linfonodomegalia ou
derrame pleural
Diagnóstico: escarro ou broncoscopia
Tratamento: Sulfametoxazol-Trimetoprim (SMX-TMP) = Bactrim por 21 dias
Se PaO2 < 70: corticoide
Profilaxia primária: SMX-TMP se CD4 < 200 ou cândida oral ou febre > 2 semanas
Tuberculose
• Mycobacterium tuberculosis
• Qualquer CD4
Clínica: febre, tosse, sudorese noturna, emagrecimento
Rx: cavitação (CD4 > 350) x miliar (CD4 < 350)
Diagnóstico: escarro (teste rápido, BAAR, cultura)
Tratamento: RIPE (6 meses) e TARV 8 semanas depois de iniciar RIPE
CD4 < 50: TARV em até 2 semanas
Profilaxia: isoniazida (270 doses): PPD ≥ 5 ou contactantes ou RX com cicatriz ou reator prévio
84
Sarcoma de Kaposi
• Herpes vírus tipo 8
Clínica: CD4 < 200, lesão cutânea violácea
Tratamento: tópico ou QT
Micobacteriose atípica
• Complexo Mycobacterium avium (MAC)
Clínica: CD4 < 50, enterite (diarreia crônica)
Tratamento: Claritromicina + Etambutol
Histoplasmose
• Hystoplasma capsulatum
Clínica: CD4 < 100, forma disseminada (infiltra baço, fígado, medula)
Tratamento: Itraconazol ou anfotericina B
Neuro AIDS
Meningite criptocócica
• Cryptococcus neoformans
• CD4 < 100
Clínica: curso subagudo (febre, cefaleia, confusão mental)
Diagnóstico: avaliação do líquor
Achados gerais: ↑ pressão liquórica, ↑ células mononucleares, ↑ proteínas
(hiperproteinorraquia), ↓ glicose (hipoglicorraquia)
Achados específicos: tinta Nanquim, aglutinação no látex ou ensaio de fluxo lateral, cultura
(resultado tardio)
Tratamento: anfotericina B + flucitosina (2 semanas) + Fluconazol (8 semanas)
Avaliar punção de alívio
Neurotoxoplasmose
• Toxoplasma gondii
• CD4 < 100
Clínica: febre, cefaleia, sinais focais (hemiparesia, disfasia), convulsão
Diagnóstico: clínico-radiológico (presuntivo)
Imagem: TC ou RM – lesões hipodensas, captação do contraste em forma de anel, edema
perilesional
Tratamento: sulfadiazina + pirimetamina + ácido folínico (melhora clínica em 14 dias)
Profilaxia primária: SMX-TMP se CD4 < 100 + IgG (+) para toxoplasmose
Obs.: CD4 < 50 – CMV (retinite, encefalite), linfoma primário, micobacteriose atípica.
Endocardite
Patogenia:
Lesão do endocárdio
• Uso de drogas EV
• Próteses valvares (maior risco)
• Cardiopatia estrutural (prolapso de valva mitral) – turbilhonamento de fluxo
Formação de trombos
• Plaquetas + fibrina
Clínica:
• Febre (90%)
• Sopro (85%)
Manifestações periféricas:
o Hemorragias subungueais
o Manchas de Janeway – máculas hemorrágicas em palmas e plantas dos pés
o Aneurisma micótico
o GNDA
o Nódulos de Osler – nódulos pequenos e dolorosos encontrados na superfície palmar
dos quirodáctilos
o Manchas de Roth – hemorragia retiniana de centro esbranquiçado
Diagnóstico:
- Cultura do micro-organismo a partir de uma valva ou superfície endocárdica
- Critérios de Duke:
2 critérios maiores ou 1 maior + 3 menores ou 5 menores
• Maiores:
o Hemocultura:
▪ Agentes típicos em 2 amostras
▪ Persistentemente positivas
▪ Coxiella burnetti (vale sorologia ou 1 cultura positiva)
o Ecocardiograma: vegetação ou abscesso ou deiscência ou nova regurgitação
valvar
86
• Menores (5 Fs):
o Fator de risco (predisposição ou uso de drogas IV)
o Febre ≥ 38ºC
o Fenômenos vasculares: embolia arterial, pulmonar, séptico, aneurisma micótico,
hemorragia craniana, petéquias conjuntivais, Janeway
o Fenômenos imunológicos: manchas de Roth, GNDA, nódulos de Osler, fator
reumatoide positivo
o Faltou uma hemocultura (que não preenche critério maior)
Tratamento:
✓ Valva nativa: Penicilina + oxacilina + gentamicina
✓ Usuário de drogas EV: vancomicina + gentamicina Tratar por 4-6 sem
✓ Valva protética (< 1 ano): vancomicina + gentamicina + rifampicina
Profilaxia:
Quando?
• Gengiva, dentes (periapical)
• Perfuração da mucosa oral ou respiratória
Para quem?
• Prótese valvar
• Endocardite previa
• Cardiopatia cianótica não reparada
• Correção incompleta de cardiopatia congênita
Com que?
• Amoxicilina 2g VO, 1 hora antes do procedimento
87
Bacteriúria assintomática:
O que é?
Paciente assintomático com urinocultura mostrando:
≥ 105 UFC/mL da urina de jato médio ou ≥ 102 UFC/mL (cateterizado)
Quando tratar?
• Gravidas
• Procedimento urológico invasivo
Clínica:
Febre + dor no flanco + calafrio + sinal de Giordano ± sinais de cistite
Diagnóstico:
• EAS: piúria (100% dos casos)
• Urinocultura + antibiograma
• Imagem – TC com contraste:
o Dúvida diagnóstica
o Falha terapêutica
o Abscesso ou obstrução
Tratamento:
✓ Não complicada: Ciprofloxacino ou Levofloxacino ou Ceftriaxone
✓ Complicada: Piperacilina-Tazobactam ou Cefepime ou Imipenem
Tratar por 14 dias
88
Infecção de pele
Erisipela Celulite
Profundidade Superficial Subcutânea
Coloração Vermelhidão Rósea
Bordas Bem definidas Imprecisas
Sensibilidade Dor intensa Dor
Agente etiológico Streptococcus pyogenes Staphylococcus aureus
Streptococcus pyogenes
Tratamento Penicilina Oxacilina ou
10-14 dias Cefalosporina 1ª geração
Osteomielite
Classificação:
• Hematogênica (20%):
o Principalmente crianças (metáfise de ossos longos – muito vascularizado)
o Adultos – mais comum nas vértebras
o Agudo ou subagudo (febre, dor óssea, leucocitose com desvio a esquerda)
• Secundária a infecção contígua (80%):
o Principalmente adultos
o Crônica
Etiologia:
• Staphylococcus aureus
• Salmonela – falcêmicos
Diagnóstico:
• RX simples – altera só depois de 10 dias
• RM – maior acurácia (Obs.: contraindicação – presença de prótese metálica)
• Cintilografia – na presença de prótese
• PCR, VHS – exclusão da doença quando normais
Tratamento:
✓ Oxacilina
✓ Cefazolina Quanto tempo?
✓ Vancomicina 4-6 sem; se vertebral 6-8 sem.
✓ Salmonela (anemia falciforme) → Ceftriaxona
Causas:
• Neoplasias
• Doenças inflamatórias não infecciosas – colagenoses, vasculites
• Infecções (tuberculose extrapulmonar, abscessos)
• Idoso → arterite temporal (vasculite)
• Medicamentosa – fenitoína (hidantal)
Oncologia
Tumores de pulmão
Nódulo: até 3 cm x Massa: > 3 cm
Carcinoma broncogênico
Acomete o epitélio respiratório, de brônquios, bronquíolos e alvéolos
Quadro clínico:
• Respiratória: tosse (achado mais comum), hemoptise, dispneia, dor torácica, rouquidão
• Síndrome de Pancoast (tumores do sulco superior): epidermoide
o Dor torácica
o Compressão do plexo braquial (parestesia, atrofia do MS)
o Síndrome de Horner (compressão do nervo simpático toracocervical) – miose,
ptose palpebral, anidrose do lado acometido
• Síndrome da veia cava superior: oat-cell
o Edema de face e pletora
o Turgência de jugular
o Varizes tórax
• Síndromes paraneoplásicas:
o Oat-cell: síndrome miastênica de Eaton-Lambert (anticorpos contra a placa
motora – fraqueza), SIADH (hiponatremia dilucional)
o Adenocarcinoma: osteoartropatia hipertrófica pulmonar
o Epidermoide: hipercalcemia (PTH-like)
90
Diagnóstico e estadiamento:
Histopatológico → biópsia
• Central: escarro, broncoscopia (epidermoide, oat-cell)
• Periférico: toracotomia, videotoracoscopia, percutâneo (adenocarcinoma)
Tratamento:
Não pequenas células:
✓ Ia: cirurgia (NPS – T1N0M0)
✓ Ib e II: cirurgia + QT
✓ IIIa: depende do tipo de T4 (mesmo pulmão – ressecção cirúrgica; estrutura adjacente –
QT + RT)
✓ IIIb: QT + RT
✓ IV: QT paliativa
Pequenas células:
✓ Limitado: QT + RT (cura de 15-25%)
✓ Extenso: QT paliativa
Obs.: irressecável – T4*, N3, M1
91
Câncer de tireoide
Bem diferenciado (mais comum - 90% dos casos):
• Mulher, 20-40 anos
• Bom prognóstico
➔ Papilífero (mais comum, melhor prognóstico)
➔ Folicular
Nódulo de tireoide:
- História + exame físico (linfonodo palpável? Tamanho da lesão?)
- TSH:
o Suprimido: muito hormônio tireoidiano
→ Cintilografia
- Quente: adenoma tóxico (cirurgia/radioIodo)
- Frio: USG
o Normal:
→ USG:
- < 1 cm: acompanhamento
- ≥ 1 cm ou suspeito: PAAF
Nódulo suspeito:
• < 20 e > 60 anos; irradiação
• História positiva
• Rouquidão
• Crescimento
• USG com microcalcificações, infiltrativo, vascularização central (Chammas IV e V)
Obs.: Chammas – 1 (não tem vascularização); 2 (apenas periférica); 3 (periférica > central);
4 (central > periférica); 5 (central)
Câncer de próstata
MS: não rastrear
Sociedade de urologia: rastrear
Quando indicar?
• > 50 anos → todos até 75 anos
• > 45 anos → negros e história familiar
O que indicar?
• Toque retal
• PSA
Para confirmar?
• USG transretal com biópsia
Câncer de bexiga
Carcinoma de células transicionais
• Homem branco idoso
Fatores de risco:
• Tabagismo
• Arilaminas
• Hidrocarbonetos
Clínica:
• Hematúria
• Sintomas irritativos
Tratamento:
✓ Superficial (até a submucosa – T1N0M0)
o Ressecção endoscópica ± BCG intravesical (quando alto risco de recorrência)
✓ Invasivo (muscular - ≥ T2)
o QT adjuvante + neoadjuvante
o Cistectomia + linfadenectomia (ureterostomia)
✓ Metastática (M1)
o QT ± ressecção da doença residual
Câncer de esôfago
Tipos:
• Escamoso: fumo, álcool, tilose (calosidade palmo-plantar), acalasia, idoso, negros
(esôfago médio-superior)
• Adenocarcinoma: Barret (metaplasia intestinal) e acalasia (esôfago distal)
Clínica:
• Disfagia progressiva
• Emagrecimento
Estadiamento:
• Tis: mucosa
• T1: submucosa (tumor precoce)
• T2: muscular
• T3: adventícia
• T4: sai do órgão
• N0: sem metástases para linfonodos
• N1: metástases em 1-2 linfonodos
• N2: metástases em 3-6 linfonodos
• N3: metástases em 7 ou mais linfonodos
• M1: metástase
Tratamento:
✓ Só mucosa: mucosectomia endoscópica
✓ Até submucosa: esofagectomia + linfadectomia
✓ O resto: QT + RT neoadjuvante + esofagectomia + linfadenectomia
Menos T4b (aorta, corpo vertebral, traqueia) e M1 → paliativo
94
Câncer gástrico
Adenocarcinoma (90%)
Tipos (Lauren):
• Intestinal: homem, > 50 anos, melhor prognóstico, bem diferenciado, associado a gastrite
crônica atrófica.
• Difuso: mulher, jovem, pior prognóstico, pouco diferenciado, disseminação linfática
Clínica:
• Dispepsia – queimação epigástrica, plenitude pós-prandial
• Emagrecimento
• Virchow (linfonodo supraclavicular metastático), Krukenberg (metástase para o ovário),
dermatomiosite (síndrome paraneoplásica)
Tratamento:
Curativo sem metástase
✓ Só mucosa, tipo intestinal, não ulcerado, < 2 cm: mucosectomia endoscópica
✓ O resto: gastrectomia + linfadenectomia ± QT + RT
Distal: gastrectomia subtotal
Câncer colorretal
Adenoma:
Pólipo
Quanto maior o seu tamanho, maior a chance de haver uma transformação maligna em
adenocarcinoma.
Adenocarcinoma:
• Esporádico (mais comum)
o Idade (idosos), história familiar (parentes de primeiro grau), doença intestinal
inflamatória, hábitos de vida (sedentarismo, dieta rica em gordura, obesidade)
Obs.: mesmos fatores envolvidos com doença coronariana.
• Hereditária associada a pólipos
o Polipose adenomatosa familiar (PAF) e suas variantes
• Hereditária não-polipose
o Síndrome de Lynch
Síndrome de Lynch:
• 3 ou mais familiares
• Câncer > 50 anos
95
• 2 gerações
• Não associada a pólipos hereditários
• Lynch I → colorretal
• Lynch II → colorretal + outros
Clínica:
• Cólon direito: anemia ferropriva, massa palpável, febre
• Cólon esquerdo: alteração do hábito intestinal
• Reto: tenesmo, hematoquezia, fezes em fita
Estadiamento:
T e M = estômago
N0 – sem linfonodo regional
N1 – 1-3 linfonodos
N2 - ≥ 4 linfonodos regionais
Tratamento:
Cólon: ressecção com margem de segurança + linfadenectomia + QT adjuvante (se N +)
Reto:
• Tumores altos (≥ 6 cm): ressecção abdominal baixa (RAB) + anastomose colorretal
• Tumores baixos (≤ 5 cm): ressecção abdominoperineal (Miles) + colostomia definitiva
• QT + RT neoadjuvante (exceto até T2N0M0) no reto alto)
• QT adjuvante
Quando ressecar doença metastática?
• No fígado: se até 3 lesões unilobares
• No pulmão e peritônio: se sem outras metástases
Câncer de pâncreas
• Adenocarcinoma ductal – 90%
• Homem, negro, idoso, tabagista
Clínica:
• Dor abdominal + emagrecimento
• Síndrome de Trousseau (síndrome paraneoplásica) – tromboflebite migratória
• DM – destruição pancreática
• Virchow
• Se cabeça (mais comum) – síndrome colestática, Courvoisier
Diagnóstico:
• TC de abdome
• Marcador: CA 19.9 (acompanhamento)
Tratamento:
✓ Curativo – sem metástase e sem invasão vascular
✓ Cabeça – pancreatoduodenectomia (Whipple)
✓ Corpo e cauda – pancreatectomia distal + esplenectomia
✓ QT adjuvante
Tumores hepáticos
Malignos:
• Metástase
o Cólon, pâncreas e mama
o Múltiplos nódulos de tamanhos semelhantes
o Tratamento: paliativo
Ressecar: primário de cólon com até 3 lesões unilobares
96
• Hepatocarcinoma
o Fatores de risco: cirrose, hepatite B
o Clínica: dor abdominal, hepatomegalia
o Diagnóstico: alfafetoproteína, des-gama-carboxi protrombina (DCP) – marcadores,
TC dinâmica (trifásica) – sem contraste, arterial, portal
Obs.: captação arterial (“wash-out”) – tumor é nutrido pela artéria hepática
Se dúvida: biópsia
o Tratamento:
▪ Lesão única < 5 cm, CHILD A (cirrose compensada) – ressecção da lesão
▪ Lesão única < 5 cm ou até 3 lesões < 3 cm (cirrótico B/C) – transplante
▪ Lesão > 5 cm, multifocal, CHILD A – embolização das lesões
▪ Metástase – paliativo
Benignas:
• Hemangioma:
o Mais frequente, risco de ruptura
o TC dinâmica: captação arterial periférica
o Tratamento: expectante, com exceção se sintomático ou crescimento
• Hiperplasia nodular focal:
o Segundo mais frequente, cicatriz central
o TC dinâmica: captação arterial em “roda de carruagem”
o Tratamento: expectante
• Adenoma hepático**:
o Associação com anticoncepcional oral (mulher em idade fértil em uso de ACHO)
o TC dinâmica: captação arterial heterogênea
o Tratamento: suspender ACHO
Risco de ruptura e malignização → ressecção
Síndromes febris
Dengue
Aspectos gerais:
• Agente etiológico: Flavivírus
• Sorotipos: Den 1, 2, 3, 4 (e 5 – não tem no Brasil)
Obs.: confere imunidade permanente contra o sorotipo.
Obs.: infecção sequencial – formas graves (resposta imune intensa e desorganizada)
• Arbovirose: vetor – fêmea do mosquito Aedes aegypti (único transmissor)
• Incubação: 3-15 dias
Quadro clínico:
Dengue:
• Febre (2 a 7 dias) + pelo menos 2 dos seguintes...
• Dor retro-orbital, mialgia (“febre quebra-ossos”), artralgia, exantema, petéquias, vômitos,
leucopenia
Dengue com sinais de alarme:
• 3º-4º dia: melhora da febre, mas piora do quadro
• Aumento da permeabilidade vascular (mais importante):
o Aumento do hematócrito
o Lipotimia (hipotensão postural) – aferir a PA em 3 posições – deitado/sentado/em pé
o Ascite, derrame pleural, derrame pericárdico
• Disfunção orgânica leve:
o Dor abdominal contínua ou à palpação
o Vômitos persistentes (incoercíveis)
o Hepatomegalia > 2 cm
o Letargia (irritabilidade – melhor visualizado em crianças)
• Plaquetopenia:
97
Diagnóstico:
Na fase aguda (viremia): até 5 dias
• Isolamento viral – padrão-ouro
• Antígeno NS1 (primeiros 3 dias)
Após soroconversão: ≥ 6 dias
• Sorologia – Elisa IgM
Quando solicitar?
- Sem epidemia: todos
- Epidemia: grupos C e D (mais graves)
98
Conduta:
✓ Notificação compulsória
✓ Suporte
✓ Sintomáticos (não dar AINE)
✓ Classificar (A, B, C, D)
*Prova do laço: ajuda a estimar o risco do paciente de evoluir para graves
extravasamentos plasmáticos.
- Calcular a média da PA (PAS + PAD/2)
- Insuflar o manguito - criança 3 min; Adulto 5 min
- Quadrado de 2,5 cm de lado no local de maior concentração de petéquias
- Positiva: ≥ 20 no adulto e ≥ 10 na criança
A B C D
Apenas dengue Sangramento de pele
Risco social Alarme Grave
Comorbidades (DRC,
coronariopatia, DM, HAS)
Gestante
< 2 ou > 65 anos
Ambulatorial Observação até Internação UTI
resultado de exames enfermaria
60 mL/kg/d VO 60 mL/kg/d VO 20 mL/kg IV em 2h 20 mL/kg IV em 20 min
salina 1/3 + líquidos 2/3 salina 1/3 + líquidos 2/3 Até 3x Até 3x
Até 48 h afebril Hemograma Melhorou? Melhorou?
Alarme: retornar HT normal = grupo A 25 mL/kg em 6h Grupo C
↑ HT = grupo C Não melhorou? Não melhorou?
Grupo D Albumina, hemácias,
plasma
Febre amarela
Aspectos gerais:
• Agente etiológico: flavivírus
• Vetores:
o Silvestre: Haemagogus e Sabethes
Hospedeiro: macaco
Homem: hospedeiro acidental
o Urbano: Aedes aegypti
Hospedeiro: homem
Ausente no Brasil desde 1942
• Incubação: 3-6 dias
Quadro clínico:
Autolimitada (90%): dengue + dicas
• Icterícia
• Sinal de Faget – dissociação pulso-temperatura
• Epidemiologia: mata fechada
Grave (10%): disfunção hepatorrenal
• AST > ALT
• Tríade: icterícia + hematêmese + oligúria
Diagnóstico:
Inespecíficos:
• Hemograma, AST/ALT, bilirrubinas, INR
• EAS, ureia e creatinina
Específico:
• Isolamento viral – até o 5º dia
• Elisa IgM – a partir do 6º dia
Conduta:
✓ Notificação compulsória
✓ Suporte
o Enfermaria:
▪ Desidratação ou vômitos
▪ Transaminases > 2x
▪ Bilirrubinas > 1,5x
o Terapia intensiva:
▪ Sangramentos e vômitos constantes
▪ Transaminases > 10x
▪ Icterícia e colúria
▪ Bom senso: rebaixamento de consciência, LRA
o Observação:
1. Discrasia sanguínea: plasma fresco congelado
2. Diálise precoce: ↑ creatinina 2-3x ou débito urinário < 0,5 mL/kg/h
Prevenção:
• Vacina em dose única
100
Leptospirose
Aspectos gerais:
• Agente etiológico: Leptospira interrogans – bactéria
• Reservatórios: ratos, camundongos
• Transmissão: enchente, esgoto
• Incubação: 1-30 dias
Diagnóstico:
Inespecíficos:
• Plaquetopenia, aumento de CPK
• Lesão renal aguda com hipocalemia
Específico:
• Cultura
• Microaglutinação (padrão-ouro)
Conduta:
✓ Notificação compulsória
✓ Antibiótico
o Formas graves: penicilina cristalina (alternativa: cefalosporina de 3ª geração)
hemodiálise
o Formas leves: doxiciclina
✓ Suporte
Quadro clínico:
Baixa patogenicidade: a maioria não adoece
• Redução da imunidade celular (desnutrição, HIV)
Invasão do sistema reticuloendotelial (baço, fígado e medula óssea)
o Febre, hepatoesplenomegalia e pancitopenia (esplenomegalia de grande monta)
• Elevação da imunidade humoral:
o Inversão albumina:globulina (normal albumina > globulinas)
o Hipergamaglobulinemia policlonal
101
Diagnóstico:
1) Parasitológico:
- Aspirado de MO (s = 70%): preferencial
- Punção esplênica (s = 95%): risco de sangramento
2) Sorológico:
- Teste rápido
- IFI
- Rk39 – antígeno secretado pelo parasita (quando baixo, indica que o paciente está se
curando)
3) Reação de Montenegro:
- Negativa: baixa imunidade celular
- Positiva: imunocompetentes
Conduta:
✓ Notificação compulsória
✓ Antiparasitário:
o Glucantime (primeira escolha) – antimonial pentavalente
Obs.: pode predispor a Torsades de Pointes (taquiarritmia)
o Anfotericina B lipossomal (5-7 dias) – gestantes e graves, insuficiências,
imunodeprimidos, idade < 1 e > 50 anos
Malária
Aspectos gerais:
• Agente etiológico:
o Plasmodium vivax (mais comum) febre terçã
o Plasmodium falciparum (mais grave)
o Plasmodium malariae (mais raro) → febre quartã
• Vetor: Anopheles darlingi
• Incubação: 8-30 dias
Ciclo:
• 2 etapas: hepática e eritrocítica
• Mosquito: ciclo sexuado
• Homem: ciclo assexuado – hepática e eritrocítica
• Forma hipnozoíta: P. vivax
Mosquito inocula hipnozoítas que amadurecem no fígado e tornam-se esquizontes teciduais,
infectam hemácias e tornam-se esquizontes eritrocíticos, capazes de causar hemólise.
Quadro clínico:
• Anemia hemolítica + crises febris
• P. falciparum:
o Aumento da parasitemia: infectam hemácias de todas as idades
o Proteínas de aderência: obstrução vascular e disfunção orgânica (cerebral, renal)
o Hipoglicemia: consumo pelo parasita
o Hiperlactatemia: fermentação lática pelo metabolismo anaeróbio
Diagnóstico:
• Gota espessa: padrão-ouro
• Teste rápido: regiões não endêmicas
Conduta:
✓ Notificação compulsória
✓ Antimalárico:
o P. vivax: Cloroquina por 3 dias + Primaquina por 7 dias
Obs.: primaquina mata hipnozoítas e não pode ser utilizada em gestantes.
o P. falciparum sem critérios de gravidade: Artesunato + Mefloquina 3d + Primaquina 1d
o Grave: Artesunato 6 dias + Clindamicina 7 dias
102
Tosse crônica
• Aguda: < 3 semanas
o Causas: resfriado comum, sinusite bacteriana, coqueluche, ICC, pneumonia,
exacerbação de DPOC
• Subaguda: 3-8 semanas
• Crônica: > 8 semanas
o Causas: tosse da via aérea superior (gotejamento posterior), asma, DRGE
Coqueluche
- Bordetella pertussis (cocobacilo Gram-negativo)
Quadro clínico:
• Fase catarral (7-10 dias): rinorreia, lacrimejamento, mal estar, febre baixa, tosse que se
torna mais intensa com a progressão para a fase paroxística. No final surge leucocitose
importante com linfocitose reativa.
• Fase paroxística (2 a 6 semanas): tosse seca em crises súbitas e incontroláveis, rápidas (5-
10 tossidas em uma única inspiração), seguida por um guincho (inspiração com a glote
estreitada).
• Fase de convalescência (2- 6 semanas)
Diagnóstico:
- Clínico quando quadro clínico clássico
- Leucocitose com linfocitose reativa
- Padrão-ouro: cultura da secreção nasofaríngea
- Outro: PCR de secreção nasofaríngea – apenas na fase aguda
Tratamento:
• Azitromicina – 500 mg no primeiro dia e 250 mg do segundo ao quinto dia
• Claritromicina
Prevenção:
• Vacinação
Tuberculose
- Mycobacterium tuberculosis (bacilo de Koch)
Infecção:
Transmissão: via aérea (tosse, fala, espirro) + aglomeração (contato prolongado)
Obs.: capacidade de infectar é 1 doente para 15 pessoas ao longo de 1 ano.
Primo-infecção:
• Até 3 semanas: proliferação e disseminação de bacilos
• 3-8 semanas: imunidade celular específica (mediada por linfócitos T e IFN-gama)
Obs.: pacientes mais susceptíveis – deficiência celular = HIV, desnutridos.
• Formação de granuloma caseoso – sugestivo de TB
Obs.: nódulo de Gohn – nódulo benigno encontrado ao RX referente ao contato com
tuberculose.
o 90% dos casos: controle da infecção
o 10% dos casos: tuberculose primária – ocorre logo após o contato
tuberculose pós-primária – ocorre anos após o contato (reinfecção
ou reativação)
Doença:
Pulmonar (80-85%):
• TB primária:
- Típico: crianças (1º contato e sistema imune imaturo)
- Infiltrado pulmonar persistente (que não melhora com uso de ATB)
- Linfonodomegalia hilar unilateral
Obs.: sarcoidose causa linfonodomegalia hilar bilateral.
- Paucibacilífera
- Complicação: forma miliar (crianças < 2 anos, imunodeprimido, não vacinado BCG)
• TB pós-primária:
- Típico: adolescente ou adulto
- Forma cavitária (cavernas pulmonares)
- Bacilífera
- Locais: lobo superior segmento apical (1) e posterior (2) e lobo inferior segmento
superior (6)
- Complicações: atelectasia, fibrose, bronquiectasia de tração, “bola fúngica”
(aspergiloma – ocupação da caverna pelo fungo)
• Diagnóstico:
o Quadro clínico: tosse ≥ 3 semanas, perda ponderal e perda de apetite
o Radiografia de tórax
o Escarro
1. Teste rápido (TRM-TB/gene-expert): preferencial (resultado em 2h, maior
sensibilidade e especificidade, capaz de identificar resistência a Rifampicina)
Quando negativo, doença excluída + Cultura: se teste rápido (+) ou vulneráveis
Vulneráveis – índios, HIV, presidiários (PPL – pessoas privadas de liberdade), pessoas
em situação de rua, profissionais de saúde, contato de TB resistente.
2. Baciloscopia (BAAR – 2 amostras) + cultura (sempre!)
3. Lavado gástrico (principalmente em crianças)
Na criança... escore do MS:
Contato – 10 pontos
História – 15 pontos 40 pontos: muito provável (já trata)
Imagem – 15 pontos 30 pontos: possível (pode tratar)
Latente (PPD) – 15 pontos Obs.: criança com pelo menos 3 critérios
Desnutrição – 5 pontos já pode ser tratada.
Extrapulmonar:
• Tuberculose pleural**:
- Forma extrapulmonar mais comum
Obs.: em crianças e indivíduos com HIV, a forma mais comum é a TB ganglionar.
- Características: febre, adinamia, emagrecimento, dor torácica (ventilatório-
dependente)
Líquido pleural: exsudato, glicose ↓, infiltrado linfomonocitário, ADA > 40U (muito
sugestivo).
Obs.: nos primeiros dias o infiltrado pode ser de polimorfonucleares.
Obs.: sem células mesoteliais ou eosinófilos
- Diagnóstico:
o Baciloscopia: < 5%/Cultura: < 40%
o Biópsia pleural: até 90% (padrão-ouro)
• Tuberculose meníngea:
- Não vacinados e imunodeprimidos
- Características: subaguda (arrastada), acometimento de par craniano
- Líquor: hiperproteinorraquia, hipoglicorraquia, linfomonocitário
- TC: hidrocefalia (tuberculose atrapalha a drenagem liquórica)
- Diagnóstico:
o Baciloscopia: 15%/Cultura: 50-80%
104
Tratamento:
Esquemas de tratamento:
• Básico – RIPE por 6 meses: rifampicina + isoniazida + pirazinamida + etambutol
o 2 meses RIPE + 4 meses RI
** < 10 anos: não fazer etambutol (E) – pode causar neurite óptica
• Meníngea (e osteoarticular) – RIPE por 12 meses
o 2 meses RIPE + 10 meses RI
o Corticoide: 4-8 semanas
• Acompanhamento: baciloscopia mensalmente
Obs.: o teste rápido não serve para acompanhamento pois não diferencia bacilos vivos
dos mortos, e poderá apresentar um falso-positivo.
Efeitos adversos:
• Qualquer medicação: intolerância gástrica
• R,I,P são drogas hepatotóxicas (pirazinamida é a pior)
Alternativa SEO (estreptomicina + etambutol + ofloxacin)
• Isoniazida: neuropatia periférica (repor vitamina B6 – piridoxina), coma, convulsões
Obs.: não é a medicação que causa a lesão do SN, mas sim a carência de vitamina B6.
• Rifampicina: suor ou urina alaranjados, hipersensibilidade
• Pirazinamida: hiperuricemia, rabdomiólise
• Estreptomicina: lesão renal e auditiva
• Etambutol: neurite óptica
• Etionamida: diarreia, icterícia
Infecção latente:
Prevenção (quimioprofilaxia primária): RN contactante
• Não vacinar
• Isoniazida 3 meses + PPD
o < 5 mm: interrompe a isoniazida + BCG
o ≥ 5 mm: isoniazida por mais 3-6 meses
Micoses profundas
Paracoccidioidomicose
- Paracoccidioides braziliensis
- Atividades agrícolas
Forma aguda (forma juvenil):
• Crianças, adultos < 30 anos
• Síndrome mono-like – febre, linfonodomegalia, hepatoesplenomegalia
Forma crônica:
• > 30 anos
• Sintomas respiratórios = TB: tosse arrastada, febre, perda ponderal
• RX: infiltrado pulmonar em 1/3 médio (em “asa de morcego”)
• Lesões ulceradas cutaneomucosas (língua, lábio) ou disseminadas (face)
Histoplasmose
- Histoplasma capsulatum
- Morcegos (cavernas) ou aves (galinheiros)
Forma aguda:
• Síndrome gripal
Forma crônica:
• Pneumopatas
• Sintomas respiratórios arrastados + infiltrado pulmonar apical = TB
Criptococose
- Criptococcus neoformans
- Pacientes HIV(+) – meningite criptocóccica
106
Dispneia
Doenças vasculares pulmonares
Tromboembolismo pulmonar (TEP)
Obstrução em graus variados dos vasos pulmonares por êmbolos originados de trombos
presentes com maior frequência na circulação venosa profunda dos MMII.
Manifestações clínicas: eventos súbitos!
• Dor torácica (pleurítica)
• Hemoptise
• Sibilância
• Taquipneia – principal sinal
• Dispneia – principal sintoma
Obs.: ocasionada pela hipoxemia.
Se grave...
• Hipotensão (choque obstrutivo)
• Cor pulmonale (insuficiência do ventrículo direito por alteração pulmonar)
• Elevação de BNP e troponina
Exames complementares:
• Gasometria arterial: hipoxemia, hipocapnia, alcalose respiratória (hiperventilação)
• ECG:
o Mais comum: taquicardia sinusal
o Mais específico: padrão S1Q3T3 (onda S em DI, onda Q e onda T invertida em DIII)
• RX tórax:
o Sinal de Westermark: oligoemia localizada (porção do hemitórax que sofreu a embolia
fica mais hipertransparente do que a porção correspondente no outro hemitórax)
o Sinal de Hampton: hipotransparência triangular periférica
o Sinal de Palla: dilatação do ramo descendente da artéria pulmonar direita
• ECO: disfunção do VD – pior prognóstico
• Marcadores:
o BNP e troponina – pior prognóstico
o D-dímero – produto de degradação da fibrina (ocorre após a formação do trombo);
eleva-se no TEP
Obs.: nenhum desses exames fecham o diagnóstico.
107
Algoritmo diagnóstico:
Critérios de Wells:
• Clínica de TVP: 3 pontos
• Sem outro diagnóstico mais provável: 3 pontos
• FC > 100 bpm: 1,5 pontos
• Imobilização ou cirurgia recente: 1,5 pontos
• Episódio prévio de TVP/TEP: 1,5 pontos
• Hemoptise: 1 ponto
• Malignidade: 1 ponto
( Suspeita )
( Baixa ) ( Alta )
Wells ≤ 4 Wells > 4
D-dímero Imagem:
1) Angio TC
Normal Alto 2) Cintilografia
3) Doppler MMII
Sem TEP 4) Arteriografia pulmonar – padrão-ouro
Tratamento:
✓ Anticoagulação por 3 meses* - impede a formação de novos trombos e estabiliza o
tamanho do trombo formado
- Heparina 80 U/kg (ataque) + Warfarin 5 mg/dia (começam juntos)
Obs.: o warfarin interfere no INR e só atinge a faixa terapêutica após vários dias de
tratamento, por isso é necessário iniciar junto com a heparina, cujo início de ação é
imediato.
Suspender a heparina com 2 INRs entre 2 e 3
- Heparina por 5 dias, depois Dabigatran 150 mg 2x/dia
- Heparina de baixo peso molecular (enoxaparina ou clexane) – 1 mg/kg
- Rivaroxaban 15 mg 2x/dia (sem heparina)
✓ Se TEP maciço, trombolisar até o 14º dia (alteplase ou estreptoquinase)*
✓ Filtro de veia cava inferior – impede que novos trombos alcancem o território pulmonar
Se contraindicação ou falha da anticoagulação
Obs.: *indicações de trombólise – instabilidade hemodinâmica, parada cardíaca em
paciente com TEP, defeitos de perfusão na cintilografia ou arteriografia pulmonar que
revelam comprometimento de 50% das vasculatura pulmonar e disfunção do VD
evidenciada pelo ECO.
Embolia gordurosa
• Fraturas de ossos longos e pelve (bacia)
Diagnóstico: clínico
Tratamento:
✓ Suporte
108
✓ Metilprednisolona (?)
Prevenção:
• Tratamento ortopédico precoce
Pneumoconiose (silicose/asbestose)
Doença pulmonar por inalação de partículas no trabalho = doença ocupacional
Fisiopatologia:
Inalação de partículas → inflamação (alveolite) → fibrose (restrição)
Diagnóstico:
• Clínica
• História ocupacional
o Asbestose: construção civil
o Silicose (mais comum): pedreiras, jateamento de areia, jateamento de vidro
• RX de tórax:
o Silicose (superior): envolve as regiões superiores do pulmão;
Infiltrado micronodular em zonas superiores → fibrose em zonas superiores
Raro: linfonodo com calcificação em casca de ovo (“eggshell”)
Obs.: espirometria – padrão restritivo
Não há tratamento.
Prevenção: equipamento de proteção individual
DPOC
Definição e Fisiopatologia:
Obstrução crônica, geralmente irreversível + destruição progressiva do parênquima pulmonar
• Bronquite crônica obstrutiva – inflamação e fibrose
109
Fatores de risco:
• Tabagismo (pelos 2 mecanismos)
• Deficiência de alfa-1-antitripsina (só enfisema) – a tripsina fica livre para causar proteólise
e destruição do septo alveolar; predomina nas bases pulmonares
Manifestações clínicas:
• Obstrução ao fluxo de ar – hiperinsuflação torácica (“ar entra, mas sai pouco”)
• Hipoventilação alveolar (distúrbio V/Q) – região pulmonar mal ventilada mas bem
perfundida
o Retenção de CO2
o Baixo O2 – cianose, dispneia
o Mudança do drive respiratório: dependente de hipoxemia (em situações normais o
centro respiratório bulbar é ativado através dos níveis de CO 2).
• Cor pulmonale (pela hipoxemia capilar) – turgência jugular
• Gasometria típica da DPOC compensada:
pH 7,35; Pco2 60 mmHg; pO2 59 mmHg, HCO3 31 mEq/L; BE +6; Sat O2 91%
Estadiamento: GOLD
Estágio VEF1 (% prevista)
I (leve) ≥ 80% O primeiro parâmetro a se
II (moderada) 50-79% alterar na DPOC é a FEF 25-75%
III (grave) 30-49%
IV (muito grave) < 30%
Terapia de manutenção:
0-1 exacerbação/ano ≥2 exacerbações/ano ou 1 com internação
Grupo A Grupo B Grupo C Grupo D
↓ sintoma ↑ sintoma ↓ sintoma ↑ sintoma
Cessa tabagismo + vacina (pneumococo e influenza (gripe) + avaliar O 2 domiciliar +
broncodilatador SOS
Broncodilatador de longa + reabilitação
(beta-2-agonista/anticolinérgico)
Corticoide inalatório + considerar cirurgia
Indicações de O2 domiciliar:
• PaO2 ≤ 55 mmHg ou SatO2 ≤ 88% em repouso
• PaO2 56-59 + policitemia (HT > 55%) ou cor pulmonale
Quando bem indicado, aumenta a sobrevida (assim como cessar o tabagismo e transplante
de pulmão).
110
Asma brônquica
Inflamação crônica com episódios reversíveis de hiper-reatividade brônquica (“crises
asmáticas”).
Fisiopatologia:
Inflamação crônica às custas de eosinófilos da via aérea que pode ser devido a atopia,
genética...
Hiper-reatividade (obstrução) frente a diversas situações (alergenos, frio, exercício físico)
Quadro clínico:
• Tosse
• Dispneia
• Sibilo
• Aperto no peito
Classificação:
Clínica e Pico de Fluxo Expiratório (PFE – peak flow)
Leve a moderada PFE > 50%; paciente bem
Grave PFE 30-50%; alcalose respiratória (taquipneia); frase incompleta;
FC > 100 bpm
Muito grave PFE < 30%; acidose respiratória (obstrução impede a saída de CO 2);
MV abolido; sem sibilos (não há passagem de ar)
Tratamento:
✓ O2 – visa atingir SatO2 ≥ 93-94%
Se muito grave → intubação
✓ Beta-2-agonista de curta duração (3 doses 20/20 min)
Pouca melhora ou crise grave/muito grave: associar ipratrópio
✓ Corticoide sistêmico: iniciar na primeira hora
✓ Sem melhora: considerar sulfato de magnésio
Na hora da alta:
✓ Manter corticoide VO 5-7 dias e beta-2-agonista SOS
✓ Iniciar corticoide inalatório (“pilar terapêutico”)
Classificação do controle:
Nas últimas 4 semanas:
• Atividades limitadas?
• Broncodilatador de alívio > 2x/sem?
• Calada da noite (sintoma noturno)?
• Dia (sintoma diurno) > 2x/sem
→ Controlada: 0
→ Parcialmente controlada: 1-2
→ Não controlada: 3-4
Tratamento crônico:
Etapa 1) Controle do ambiente + broncodilatador SOS (de curta duração – fenoterol ou
salbutamol)
Etapa 2) + Corticoide inalatório (dose baixa)
Etapa 3) + beta-2-agonista de longa duração (formoterol ou salmeterol)
Etapa 4) + aumentar a dose do CI ou terceira droga (antileucotrieno, teofilina ou tiotrópio)
Etapa 5) especialista (anti-IgE, corticoide VO)
111
Geriatria
O idoso possui uma maior propensão a adoecer, porém, não é normal ficar doente.
Síndromes geriátricas: 5 Is
• Insuficiência cerebral
• Imobilidade
• Incontinência
• Instabilidade
• Iatrogenia
Plano terapêutico:
Urgência – queixa principal (o que mais incomoda o paciente)
Promoção de saúde e prevenção primária: mudança do estilo de vida (alimentação e
atividade física) e imunização
Prevenção secundária: rastreamento de doenças
112
Prevenção de saúde
Promoção de saúde e Prevenção primária:
• Estilo de vida: parar de fumar, atividade física, alimentação balanceada
• Imunização:
o A partir dos 20 anos:
▪ Hepatite B: 3 doses
▪ Difteria/tétano (dT): reforço a cada 10 anos
▪ Tríplice viral: até 49 anos (1 dose)
▪ Febre amarela: área de recomendação, até 60 anos
o A partir de 60 anos:
▪ Pneumococo: reforço em 5 anos (MS – somente asilados ou com comorbidade)
▪ Influenza: anual
▪ Herpes-zoster: 1 dose (inclusive os que já tiveram a doença) – apenas rede privada
Instabilidade:
Fatores intrínsecos: histórico de queda, > 80 anos, mulher, aptidão física, déficit
musculoesquelético, visual ou cognitivo, polifarmácia, psicotrópicos.
Fatores extrínsecos: iluminação, piso, obstáculos (tapete, mesa), escadas, calçados, acesso
difícil.
Demência e Parkinson
Síndrome Demencial
Alteração cognitiva ou comportamental que:
• Interfere na vida diária (escalas: mini-mental, Katz, Lawton)
Obs.: o mini-mental é um exame para rastreio de síndrome demencial, mas não confirma
um diagnóstico.
• Piora progressivamente – ao longo de meses ou anos
Obs.: atentar para falseadores – “demência aguda” = delirium (investigar infecção,
distúrbios eletrolíticos); pseudodemência (“demência pessimista”) = depressão.
Doença de Alzheimer
Causa mais comum de demência!
Doença neurodegenerativa com atrofia inicial e predominante sobre o hipocampo + déficit
de acetilcolina.
A atrofia resulta da deposição de proteínas amiloide (placas senis ou placas neuríticas) no
SNC + fosforilação da proteína Tau (emaranhados neurofibrilares).
Fatores de risco:
• Idade > 60 anos
• História familiar
• Genético (apolipoproteína E ε4)
• Estilo de vida sedentário
• Atividade intelectual baixa
Obs.: quem estuda mais está mais protegido contra síndromes demenciais, porém, se
demenciar, será um quadro mais grave.
Quadro clínico:
• Amnésia anterógrada – esquecimento de fatos recentes
• Afasia (linguagem)
• Apraxia (perda da destreza)
• Agnosia (perda do reconhecimento – nomes, objetos)
• Desorientação
• Imobilidade/incontinência
História natural da doença: ~10 anos
Obs.: a morte do paciente geralmente está relacionada à imobilidade (TEP, sepse,
broncoaspiração).
Diagnóstico:
• Clínico, por exclusão
• Descartar condições reversíveis:
o Metabólicas: função renal, hepática, TSH, B12, Ca+2
o Infecciosas: VDRL, HIV
o Estruturais: TC ou RM (descartar hematoma subdural, hidrocefalia, tumor)
• TC/RM (fase avançada): atrofia cortical, hidrocefalia compensatória (= ex-vacum)
• SPECT/PET: déficit de perfusão ou metabolismo temporal e parietal
Tratamento:
✓ Anticolinesterásicos de ação central – Donepezil, Rivastigmina, Galantamina
São inibidores da enzima colinesterase, responsável por degradar a acetilcolina
✓ Antagonista do receptor NMDA do glutamato – Memantina
Inibe a neurotoxicidade do glutamato sobre os neurônios, em fase moderada-avançada.
114
✓ Vitamina E (?)
Demência vascular
• Vasos calibrosos (cortical)
o Doença aterosclerótica
o Evolução súbita e em “degraus” (a cada infarto, ocorre piora do quadro)
• Vasos perfurantes (lacunar, subcortical)
o Evolução insidiosa
o Leucoaraiose periventricular (infarto da substância branca)
Tratamento:
✓ Tratar os fatores de risco: HAS, DM, dislipidemia
✓ AAS, estatinas
✓ Anticolinesterásicos (?) – testar para ver a resposta do paciente
Demência mista = Alzheimer + vascular
Outras demências
Demência por Corpúsculos de Lewy:
• Alucinações (principalmente visual)
• Flutuação do nível de consciência
Paralisia supranuclear:
• Desvio do olhar conjugado (vertical)
Síndrome parkinsoniana
Sistema extrapiramidal
O corpo estriado (acetilcolina) possui a função de inibir o córtex pré-motor (responsável pelos
movimentos).
Os neurônios da substância negra produtores de dopamina possuem a função de controlar
o corpo estriado.
A dopamina é a “graxa” do SNC, permitindo que o movimento flua com leveza.
Doença de Parkinson
Causa mais comum de síndrome parkinsoniana
Degeneração primária da substância negra.
Quadro clínico:
Sinais cardinais ou tétrade do Parkinson:
• Tremor – em repouso, “contar dinheiro” (oscila pronação e supinação), assimétrico e
unilateral, lento
Obs.: diferencial – tremor essencial (descarga adrenérgica) – rápido, bilateral, contra a
gravidade, de acordo com a postura. Tratar com betabloqueador.
• Bradicinesia – lentificação de movimentos, marcha em pequenos passos
• Rigidez “plástica” – sinal da roda denteada
Obs.: rigidez piramidal – sinal do canivete (rigidez elástica, ou seja, o examinador vence a
rigidez do paciente)
• Instabilidade postural
Achados não motores:
• Hiposmia (diminuição do olfato) – pode preceder as alterações motoras
• Apneia do sono
• Demência e depressão
• Disautonomia
• Seborreia
Diagnóstico:
• Excluir causas de parkisonismo secundário
o Drogas: metoclopramida, flunarizina, haloperidol (são antagonistas dopaminérgicos)
o Dano: trauma, vascular
o Demências: Lewy, hidrocefalia, príon, paralisia supranuclear
Tratamento:
Na dúvida, tratar, pois a doença de Parkinson responde melhor ao tratamento.
✓ Padrão: Levodopa + carbidopa (inibe a degradação da dopamina)
✓ Efeitos adversos: discinesia (distúrbios do movimento – involuntários, estereotipados),
“on-off” – conforme o tempo da medicação passa, o paciente piora)
✓ Opções: - Pramipexol (agonista dopaminérgico) – fases iniciais, para poupar dos efeitos
adversos da dopa
- Seleginina (inibidor da MAO-b)
- Amantadina (mecanismo incerto)
✓ Refratários: estimulação cerebral profunda (ECP)
116
Síndrome neurovascular
Deficiência neurológica focal súbita de duração > 15 minutos: AVE
Se duração < 15 minutos: aventar a hipótese de ataque isquêmico transitório
Neuroimagem:
• TC de crânio sem contraste:
o AVEi: normal no início → lesão hipodensa (24-72h)
o AVEh: lesão hiperdensa
Obs.: a TC é utilizada na abordagem inicial do paciente para descartar o AVEh,
aventando a hipótese de AVEi na ausência de áreas hemorrágicas.
• Ressonância magnética:
o Melhor técnica – RNM por difusão (DWI) – enxerga a área de edema citotóxico no AVEi
o Principal vantagem: precocidade em enxergar a isquemia
AVE isquêmico:
Uma abordagem na fase aguda do AVEi visa salvar a área de penumbra isquêmica (que fica
ao redor do local infartado) – área com redução de perfusão, porém com neurônios viáveis.
Permite minimizar as sequelas neurológicas.
A isquemia aparece tardiamente na TC e é uma lesão hipodensa (mais escura).
• Internar se ≥ 3 fatores:
o > 60 anos
o HAS
o DM
o Distúrbio motor ou da fala
o Duração > 10 minutos
Localização do infarto cerebral:
Anatomia:
• Lobo frontal:
o Área de Broca (área motora da linguagem) – localiza-se apenas no hemisfério
dominante, geralmente do lado E.
- AVE: afasia motora ou de Broca (compreende, mas não consegue expressar)
o Córtex motor: coordena as funções motoras
- Os neurônios responsáveis pela movimentação das pernas são mediais
o Área do comportamento
o Área do olhar conjugado
• Cápsula interna: local por onde passam reunidos todos os neurônios motores de um lado
da cabeça.
Após passar a cápsula interna, as fibras neuronais passam por um feixe e cruzam para o
outro lado.
- AVE da cápsula interna tem grande repercussão porque é por onde passam todos os
neurônios motores.
• Lobo parietal: sensibilidade
• Lobo temporal:
o Área de Wernicke (área de compreensão da linguagem) – localiza-se apenas no
hemisfério dominante, geralmente do lado E.
- AVE: afasia sensitiva ou de Wernicke (perde a capacidade de compreender, mas
fala palavras desconexas).
o Área da audição
o Área da música
• Lobo occipital: visão
• Tronco cerebral: de onde saem os pares cranianos
- AVE: diplopia, disfagia, vertigem
• Cerebelo: coordenação motora
- AVE: ataxia de marcha (marcha ebriosa)
Vascularização:
• Circulação posterior (vértebro-basilar):
o Basilar → ramos para tronco e cerebelo
o Vertebral
• Circulação anterior (carotídea):
o Carótida interna
o Carótida externa
• Polígono de Willis:
o 2 artérias cerebrais anteriores → medial
o 2 artérias cerebrais médias → lateral
o 2 artérias cerebrais posteriores → posterior
o 2 artérias comunicantes posteriores
o 1 artéria comunicante anterior
o Ramos perfurantes da a. cerebral média = aa. lentículo-estriadas (cápsula interna –
onde passam neurônios motores)
Síndromes isquêmicas:
Artéria cerebral média** - irriga a parte lateral
• Motor + sensitivo contralateral (pode poupar perna, porque a perna é medial)
• Afasia motora (Broca) e/ou Afasia sensitiva (Wernicke) – hemisfério esquerdo
118
AVE hemorrágico
• Hemorragia intraparenquimatosa: começa com déficit focal
• Hemorragia subaracnóidea: déficit focal se complicar (tardiamente)
Escala de Hunt-Hess:
• Grau 1: lúcido, leve cefaleia
• Grau 2: cefaleia + rigidez
• Grau 3: sonolento
• Grau 4: torpor, déficit focal
• Grau 5: coma
Diagnóstico:
• TC de crânio sem contraste
Obs.: se a TC for normal, porém clínica compatível com HSA – punção lombar: líquido
xantocrômico (amarelado).
• Escala tomográfica de Fisher:
o Grau 1: TC sem sangue (diagnóstico pela PL)
o Grau 2: lamina de sangue fina (< 1 mm)
o Grau 3: lamina > 1 mm
o Grau 4: hemorragia intracerebral, ventricular
• Exame vascular: angioTC, angioRM, arteriografia
Complicações:
• Ressangramento: 1º-7º dia; prevenção é a intervenção precoce
• Vasoespasmo: 3º-14º dia (acompanhar com doppler transcraniano); o sangue irrita o
tecido cerebral, causa vasoespasmo que pode levar a uma isquemia do território próximo
à hemorragia.
Tratamento – indução de hipertensão (terapia dos 3 H’s - hipervolemia, hipertensão,
hemodiluição) – dar volume ao paciente.
• Hidrocefalia: coágulo obstrui a drenagem liquórica;
Tratamento – derivação ventricular externa (DVE)
• Hiponatremia:
o Hipovolemia (BNP – peptídeo natriurético cerebral): síndrome perdedora de sal →
repor volume
o Normovolemia (ADH): SIADH – secreção inapropriada de hormônio antidiurético, ou
seja, ocorre retenção com hiponatremia dilucional → restringir volume
Tratamento:
✓ Intervenção precoce: até o 3º dia (ou só após 14 dias) – clipagem cirúrgica aberta ou
endovascular (coil – mola que preenche o espaço do aneurisma)
Obs.: uma intervenção entre 3-14 dias pode precipitar um vasoespasmo.
✓ Controle da PA: PAS < 160 mmHg
✓ Neuroproteção: nimodipino VO ou SNG: 60 mg 4/4h por 14-21 dias
119
Hemorragia intraparenquimatosa
Causas:
• Hipertensão não tratada (formação de microaneurismas de Charcot-Bouchard)
• Angiopatia amiloide (idoso, Alzheimer) – parede degenerada e rompe com maior
facilidade.
Manifestações:
• Hipertensão intracraniana (cefaleia + queda do nível de consciência)
• Déficit neurológico focal súbito – compressão neuronal pelo hematoma
Diagnóstico:
• TC de crânio sem contraste
Obs.: local mais comum – putâmen (núcleo da base)
A cápsula interna se localiza ao lado do putâmen, logo, a hemorragia
intraparenquimatosa putaminal comprime os neurônios da cápsula interna (todos os
neurônios motores de um hemisfério cerebral). Desta forma, a clínica é semelhante ao
AVEi da cápsula – hemiplegia contralateral.
Tratamento:
✓ Suporte (hipertensão intracraniana)
✓ PAS < 140 mmHg
✓ Cirurgia: drenagem do hematoma apenas se hematoma cerebelar > 3 cm.
Epilepsia
Neurocisticercose
• Larva Taenia solium (porco) – cisticerco
• Transmissão: ingestão do ovo (principalmente verduras, água)
• Hospedeiro definitivo: humano; Hospedeiro intermediário: porco
Ciclo:
Carne com cisticercos (larva) → verme adulto (intestino) → ovos nas fezes
➔ Porco contaminado (larva alojada na carne) → teníase
➔ Pessoa contaminada com o ovo da T. solium (verdura, água) → neurocisticercose
Clínica:
• Variada: fraqueza, alteração de sensibilidade, de comportamento, hidrocefalia, cefaleia
• Crises epilépticas – mais comum
Diagnóstico:
• Clínica
• Imagem (TC, RNM)
Obs.: podem ser visualizados cistos com o scolex do parasita no interior.
• Líquor: eosinofilia, testes imunogênicos
Obs.: gliose, calcificação – tipos de cicatrizes cerebrais
Para diferenciar, infecções congênitas cursam com retardo neuropsicomotor, já a
neurocisticercose é um paciente normal que evolui com crises epilépticas. Ambas causam
microcalcificações.
Tratamento:
✓ Lesão em atividade – cistos
✓ Albendazol ou praziquantel + corticoide
Obs.: a morte do parasita leva a uma reação inflamatória local que cursa com edema
(aumento da permeabilidade), hipertensão intracraniana e potencial morte. Portanto, deve
ser feito o corticoide e após o final do tratamento, fazer o desmame para evitar insuficiência
suprarrenal.
120
Epilepsia
• São crises epilépticas de repetição
• Sem relação com hiponatremia, drogas ou encefalite
Crise epiléptica = reação neuronal cerebral anormal e excessiva + clínica relacionada a
região acometida
Etiologia:
Distribuição bimodal (pico de incidência em crianças e idosos)
• Neonatal: anóxia, doenças congênitas
• 6 meses a 5 anos: convulsão febril
• 5-12 anos (escolar): genética – história familiar
• Adulto: TCE, neurocisticercose
• Idoso: AVE
Diagnóstico:
• Anamnese (verdadeira? Como foi o início da crise?)
• EEG (complexo ponta-onda)
• RNM, TC (> 18 anos ou “anormalidades”)
Tratamento:
Obs.: iniciar com um medicamento e em dose baixa.
✓ Crise tônico-clônica generalizada: valproato, lamotrigina
✓ Focal: carbamazepina, lamotrigina, valproato
✓ Mioclônica, atônica: valproato, lamotrigina
✓ Ausência: etossuximida, valproato, lamotrigina
Síndromes epilépticas
Síndrome de epilepsia do lobo temporal:
• Síndrome epiléptica mais comum do adulto
• Crises focais disperceptivas (parciais complexas)
• Causa: esclerose hipocampal (esclerose mesial temporal)
• Diagnóstico: RNM e EEG (focos complexos ponta-onda no lobo temporal)
Obs.: crise comportamental – ausência atípica (que dura minutos).
• Tratamento: carbamazepina
Obs.: acredita-se que na gênese desta doença há acumulo de CRH, sendo assim, administra-
se ACTH para inibir a produção de CRH por feedback negativo.
Convulsão febril**:
• 6 meses até 5 anos
• Crise TCG de curta duração (padrão)
• Não é síndrome epiléptica
• EEG normal entre as crises (não é necessário para o diagnóstico)
• Relação com velocidade de variação da temperatura
• Tratamento:
o Se estiver em convulsão: diazepam
o Se não estiver em convulsão: avaliar a causa e tratar a febre
Obs.: sempre afastar meningite – avaliar sinais meníngeos, colher líquor.
• Risco de epilepsia: recorrência, história familiar, não TCG
Fraqueza muscular
Entendendo a fraqueza muscular:
O núcleo do 1º neurônio motor se localiza no córtex motor frontal, e seu longo axônio forma
a via piramidal. No corno anterior da medula, faz sinapse com o corpo do 2º neurônio motor
cujo axônio dá origem ao nervo periférico, responsável por transmitir a ordem de contrair o
músculo. Esse neurônio se comunica com o músculo na placa motora através da acetilcolina.
1ª etapa: condução (1º e 2º neurônios motores)
2ª etapa: transmissão (placa motora)
3ª etapa: área efetora (músculo)
Causas:
Condução:
• 1º neurônio motor: AVE, TCE, tumores de SNC, abscesso, tuberculose, EM, ELA
• 2º neurônio motor: neuropatia periférica, Guillain-Barré, poliomielite
Transmissão:
• Placa motora: miastenia gravis, botulismo, Eaton Lambert
Área efetora:
• Músculo: miosite (drogas, infecção)
Síndromes clínicas:
Condução:
Síndrome piramidal Neuropatia periférica
1º neurônio motor 2º neurônio motor
Força Diminuída ou normal Diminuída ou normal
Reflexos tendinosos Aumentados Diminuídos ou normais
Tônus Espasticidade (hipertonia) Flacidez
Atrofia Hipertrofia Atrofia
Babinski Presente Ausente
Miofasciculação Ausente Presente
122
Obs.:
➔ Motricidade é anterior – 2 neurônios
➔ Sensibilidade é posterior – 3 neurônios
Dermatomiosite:
• Autoimune, Mulheres
Quadro clínico:
• Fraqueza proximal (cintura pélvica/escapular), simétrica, disfagia (poupa face e olhos)
• Mialgia
• Associação com neoplasias
• Manifestações dermatológicas: heliótropo e pápulas de Gottron (patognomônicas)
Diagnóstico:
• Aumento de enzimas musculares
• Eletroneuromiografia: avalia a integridade do nervo, da placa e do músculo
• Biópsia muscular – padrão-ouro
• Anticorpos: anti-Jo 1 (pneumopatias intersticial), anti-Mi 2, FAN (inespecífico)
Tratamento: corticoide ± imunossupressor (azatioprina, metotrexato)
Polimiosite:
• Semelhante à dermatomiosite, porém...
• Não ocorre lesões de pele
• Sem associação com neoplasia
• Anti-SRP
Esclerose múltipla:
• Autoimune, mulheres 20-40 anos
• Desmielinização do SNC (substância branca) – SNP é poupado
Quadro clínico:
• Neurite óptica
• Síndrome do primeiro neurônio motor
• Sintomas sensitivos
Obs.: mulher jovem que perde a visão → pensar em EM
• Sinais medulares, cerebelares
• Incontinência urinária
• Neuralgia do trigêmeo
• Fenômeno de Uhthoff (piora com calor), fenômeno de Lhernitte (choque) – não são
patognomônicos
Diagnóstico:
• Clínica: doença disseminada no tempo e no espaço (períodos de surtos e remissões), que
acomete diversas áreas cerebrais (múltiplos focos de lesão)
- Surto: dura pelo menos 24h
- Remissão: dura pelo menos 1 mês
• Líquor: bandas oligoclonais de IgG/ aumento de IgG
• RM com contraste: placas desmielinizadas na substância branca (dedos de Dawson)
Obs.: 60% dos casos a lesão na neurite óptica é retrobulbar e por isso, o exame de fundo de
olho estará normal.
123
Tratamento:
✓ Surto: corticoide, plasmaférese
✓ Manutenção: interferon, glatirâmer
Síndrome de Guillain-Barré:
• Polirradiculoneuropatia inflamatória desmielinizante
• Autoimune pós-infecciosa (Campylobacter jejuni) – autolimitada
• Contra bainha de mielina dos nervos periféricos
Quadro clínico:
• Fraqueza flácida, arreflexa, simétrica e ascendente (paraparesia flácida arreflexa)
• Disautonomias: arritmia, hipotensão/Dor lombar
• Sensibilidade e esfíncter geralmente preservados
• Ausência de atrofia muscular significativa (autolimitada)
Obs.: a principal causa de morte é insuficiência respiratória ou arritmia cardíaca.
Diagnóstico:
• Líquor: dissociação proteinocitológica ou albuminocitológica (aumento de proteínas com
celularidade normal)
Pandy (+) teste que indica aumento de proteínas
Obs.: considerar outro diagnóstico se – febre e sintomas constitucionais, líquor > 50 cél/mm 3,
acometimento sensitivo, fraqueza muscular assimétrica e persistente.
Tratamento:
✓ Plasmaférese ou imunoglobulina* (*mais fácil de ser aplicada e com melhor resultado)
✓ Não há benefício em utilizar corticoides
Eaton Lambert
• Autoimune (anticorpos anti-canal de cálcio – pré-sináptico)
Obs.: a acetilcolina não é liberada na fenda sináptica pois depende da ação do cálcio. Se
estímulo repetitivo: força – acetilcolina é liberada por outras vias
• Associação com neoplasia – CA pulmão (oat cell)
Quadro clínico:
• Fraqueza
• Proximal em membros inferiores (simétrica)
• Musculatura da face
• Manifestação autonômica
Diagnóstico:
• ENMG (incremental)
• Anticorpo anti-canal de cálcio
Tratamento:
✓ Piridostigmina ± Imunossupressores
Botulismo
• Neurotoxina do Clostridium botulinum
• Tipos:
o Alimentos (conservas, carnes)
o Feridas
o Intestinal (infantil, relação com mel)
Quadro clínico:
• Paralisia flácida simétrica descendente
• Disartria, diplopia, disfonia, disfagia
• Alteração pupilar
Diagnóstico:
• Isolar o microorganismo ou toxina
Tratamento:
✓ Alimentos: anti-toxina equina
✓ Feridas: antitoxina equina + ATB (penicilina)
✓ Intestinal: imunoglobulina botulínica humana
Poliarterite nodosa
• Vasculite de médio e pequeno calibre (poupa microvasos renais e pulmonares)
• Homens 40-60 anos
Quadro clínico:
• Sintomas constitucionais – febre, artralgia, mialgia, emagrecimento, fadiga
• Mononeurite múltipla
• Vasculite cutânea
• Vasculite renal – poupa glomérulo
• SNC e testículo
• Pulmão é raro
• 30% HBsAg (+) – forte relação da doença com hepatite B
125
Diagnóstico:
• Clínica
• Biópsia
• ANCA negativo
Tratamento:
✓ Corticoide ± imunossupressor
Cefaleias
Estruturas que respondem a dor: meninges, periósteo do crânio, grandes vasos da base
Primária:
• Recorrência
• Exame físico normal
Secundária:
• Sinais de alarme
Sinais de alarme:
• Início após 50-55 anos
• Súbita (trauma ou vascular)
• Progressiva (seja na duração ou na intensidade)
• Sinal neurológico focal
• Achados sistêmicos (HIV)/ doenças sistêmicas (câncer)
• História de queda ou TCE recente
• Edema de papila (hipertensão intracraniana grave)
Obs.: investigar através de exames complementares.
Cefaleias primárias
Enxaqueca (migrânea)
Síndrome que tem como uma de suas manifestações a dor de cabeça.
2ª mais comum
Mulheres, história familiar de enxaqueca
Quadro clínico:
• Dor pulsátil/latejante, forte/incapacitante, piora com o movimento, unilateral e dura de
4-72h
• Sintomas associados: náuseas, vômitos (gastroparesia), fotofobia, fonofobia
• Aura: sinal neurológico focal (mais comum = visual) – duração de até 60 minutos,
antecedendo a dor
• Enxaqueca clássica = enxaqueca + aura
Tratamento:
Abortivo: tirar o paciente da crise
✓ Triptanos (escolha) – agonistas 5HT1 (ex.: sumatriptano, rizax)
✓ Analgésicos e AINH
✓ Metoclopramida
✓ Falha terapêutica: corticoide, clorpromazina (último caso, antipsicótico)
Profilático: 3-4 crises/mês
✓ Betabloqueador (escolha) – atenolol, propranolol
✓ Antidepressivos tricíclicos – amitriptilina, nortriptilina
✓ Bloqueadores do canal de cálcio – flumarizina
✓ Anticonvulsivantes – valproato, topiramato
Cefaleia tensional
• Mais comum em mulheres
Quadro clínico:
• Dor opressiva, bilateral, leve a moderada com duração de 30 minutos a 7 dias
126
Cefaleia em salvas
• Rara
• Relacionada ao etilismo
• Mais comum em homens (9 H : 1 M)
Quadro clínico:
• Dor “em facadas” unilateral ou periorbitária, insuportável, com duração de 15 a 180
minutos
• Sintomas associados: hiperemia conjuntival, lacrimejamento, congestão nasal, sudorese
facial, miose, ptose, edema palpebral
Tratamento:
Abortivo:
✓ O2 + Triptanos (sumatriptano)
Profilático: a partir da primeira crise
✓ Verapamil ou valproato
Cefaleias secundárias
Causas:
AVE hemorrágico:
• Subaracnóideo: cefaleia súbita e intensa, com queda do nível de consciência, rigidez de
nuca
• Intraparenquimatosa: cefaleia súbita e intensa, com sinal focal e queda do nível de
consciência
Neoplasia intracraniana
Aspectos gerais:
• Clínica: sinal focal, HIC, crises epilépticas
• Diagnóstico: RM
• Tratamento: cirurgia, RT/QT se edema cerebral = corticoide
Tipos:
Benignos:
- Meningioma: mais comum
- Neurinoma do acústico (VIII par): surdez unilateral
- Craniofaringioma: criança, supraselar, hemianopsia bitemporal
Malignos:
- Astrocitoma pilocítico juvenil: criança, cerebelo, não capta contraste
- Meduloblastoma: criança, cerebelo, capta contraste
- Afioblastoma multiforme: idoso, pior prognóstico
127
Metastáticos:
- Cerebral: mais comum pulmão
- Meníngea: mais comum mama
Quadro clínico:
• Sintomas constitucionais (febre)
• Cefaleia temporal
• Claudicação de mandíbula
• Cegueira
Diagnóstico:
• Biópsia de artéria temporal
• VHS – atividade da doença
Tratamento: prednisona
Meningite
Qual a causa?
• Bacteriana
• Viral
• Fúngica
Meningite bacteriana
Etiologia:
RN:
• Estreptococos do grupo B
• E. coli
• Listeria – extremos de idade (RN e idosos)
1 mês – 20 anos:
• Neisseria meningitidis
• Streptococcus pneumoniae
• H. influenzae
≥ 20 anos:
• S. pneumoniae
• N. meningitidis
Após TCE
Fisiopatologia:
- Colonização das vias aéreas superiores
- Invasão do SNC
- Inflamação → edema → hipertensão intracraniana
Quadro clínico:
• Febre + rigidez de nuca + cefaleia
• HIC
• Hiponatremia, crise convulsiva, rash, petéquias
Diagnóstico:
• Kernig
• Lasegue – levantar as pernas juntas
• Brudzinski
• Hemocultura
• Líquor – punção lombar:
128
Obs.:
- Predomínio de polimorfonucleares + glicose baixa = bacteriana
- Predomínio de linfomononucleares + glicose baixa = fungos (HIV) ou tuberculose
- Predomínio de linfomononucleares + glicose normal = viral ou asséptica
Tratamento:
✓ Antibioticoterapia empírica
o Cefalosporina de 3ª geração = Ceftriaxone (altera metabolismo da bilirrubina)
o RN: Ceftriaxone + Ampicilina
o Até 55 anos: Ceftriaxone ± Vancomicina
o > 55 anos ou comorbidades: Ceftriaxone ± Vancomicina + Ampicilina
✓ Corticoide: só para Haemophilus e Pneumococo
✓ Isolamento:
o Haemophilus e Pneumococo: respiratório (gotículas) – primeiras 24h de tratamento
Quimioprofilaxia:
• Doença meningocócica:
o Todos os contatos: familiares, íntimos, profissionais de saúde
o Rifampicina 600 mg/dose 12/12h por 2 dias
• Meningite por Haemophilus:
o Todos os contatos desde que haja: crianças < 5 anos além do caso índice e não
vacinada ou imunossuprimidos
o Rifampicina 600 mg 1x/dia por 4 dias
o Atenção: se não tratar com Ceftriaxone (Haemophilus ou Meningococo) =
quimioprofilaxia para o paciente
129
Hiponatremia (< 135 mEq/L): ↑ ADH e água (excesso de água em relação ao Na+)
• Hipovolemia:
o Extrarrenal: sangramento, vômitos, diarreia (Naurinário < 20 mEq/L)
o Renal: diuréticos tiazídicos, hipoaldosteronismo, síndrome cerebral perdedora de
sal (Naurinário > 20 mEq/L)
• Hipervolemia: ICC, cirrose, doença renal (o volume se concentra fora do vaso)
• Normovolemia:
o SIADH (doença neurológica, oat cell, Legionella, drogas – antidepressivos,
anticoagulantes)
o Endócrina (hipotireoidismo, insuficiência adrenal)
2. Avaliar volemia:
• Hipovolemia: SF 0,9%
Obs.: é a causa mais comum de hiponatremia.
• Normo/hipervolemia: restrição hídrica + furosemida ± “vaptans” (antagonistas ADH)
Obs.: o neurônio se equilibra com o meio em 48h (libera solutos). Se der Na+ em excesso,
ocorre desidratação neuronal e desmielinização osmótica.
Hipernatremia (> 145 mEq/L): ↓ ADH e água (déficit de água em relação ao Na+)
• Diabetes insipidus: central (neurocirurgia) ou nefrogênica (lítio)
• Perdas em debilitados: crianças, idosos, comatosos
Obs.: a hipernatremia deve ser corrigida de forma gradual para que não ocorra edema
cerebral.
130
Distúrbios do potássio
Normal: 3,5-5 mEq/L
Regulação do potássio: aldosterona aumenta a excreção renal de K +; insulina e adrenalina
(efeito beta-2) estimulam a entrada de K+ nas células.
Clínica:
• Cardíaca – ECG
o Achatamento da onda T e aparecimento da onda U
o Pode ocorrer: alargamento PR, QRS
o Extrassistolia ventricular, torsades des pointes (taquicardia ventricular polimórfica) –
principalmente na vigência de hipomagnesemia
• Não cardíaca: fraqueza, cãibras, constipação, sintomas como íleo paralítico (vômitos,
distensão abdominal e diminuição de RHA).
Tratamento:
✓ Via oral: KCl 3-6g/dia
✓ Intravenoso (vômitos, K+ < 3, ECG alterado): regra 20...300...40
o Velocidade de reposição: 20 mEq/h
o Déficit de K+: 300 mEq a cada ↓ 1 mEq/L
o Concentração (veia periférica): 40 mEq/L
o Salina 0,45% 210 mL + KCl 10% 40 mL → correr em 4h
Obs.: evitar SG 5% - a glicose estimula produção de insulina que pode baixar
transitoriamente o potássio.
✓ Refratários: corrigir Mg2+
# KCl 10% (10 mL) = 1g KCl = 13 mEq de K+
# KCl 19,1% (10 mL) = 1,91g KCl = 25 mEq de K+
Clínica:
• Cardíaca – ECG
o Onda T alta e apiculada (em tenda)
o Alargamento QRS; redução intervalo QT, onda P achatada ou pode desaparecer;
o Risco de arritmia (fibrilação ventricular, atividade elétrica sem pulso, assistolia)
131
Tratamento:
✓ 1ª medida (se ECG alterado): estabilizar a membrana → gluconato de cálcio 10% (1 amp
em 2-5 min)
Obs.: não baixa a calemia do paciente, mas pode reverter as alterações
eletrocardiográficas e prevenir a parada cardíaca.
✓ 2ª medida (reduzir K+): armazenar na célula
o Glicoinsulinoterapia – insulina 10U + glicose 50g
o Beta 2-agonista – fenoterol 10 gotas, 4/4h
o NaHCO3 se acidose
o Perda renal/digestiva – furosemida, sorcal (resina de troca – IR oligúrica)
✓ Refratários – diálise
Alcalose metabólica
pH > 7,45 e HCO3 > 26 mEq/L
Casos específicos:
• Choque séptico = acidose metabólica com ânion gap aumentado
• TEP = alcalose respiratória aguda com hipoxemia (pH normal ou alto, PO 2↓, HCO3- nl)
• DPOC = retenção de CO2 – acidose respiratória compensada pela retenção renal de
bicarbonato
• DM no adulto – causa mais comum de hiperaldosteronismo hiporreninêmico
(hiperglicemia crônica lesa o aparelho justaglomerular produtor de renina, havendo
redução da produção de renina e consequentemente de aldosterona – poupa potássio
levando a hipercalemia)
• Diarreia = acidose metabólica com AG normal
• Hiperhidratação com SF0,9% = acidose metabólica hiperclorêmica
133
Anemias
Na medula óssea, a célula tronco (steam cell) se diferencia em diversas linhagens sanguíneas
– linfócito T/B, granulócitos, monócitos, hemácias, plaquetas.
A produção de hemácias é chamada de eritropoese.
Eritropoiese:
O rim libera a eritropoetina, hormônio produzido pelas células tubulares.
Na medula óssea, a célula progenitora é chamada de eritroblasto. Essa célula perde
gradualmente o núcleo e na mitocôndria ocorre a formação da hemoglobina.
Obs.: a função da hemácia é transportar a hemoglobina.
Quando o eritroblasto perde o seu núcleo, ele é lançado na circulação como reticulócito.
Em 24h, perde seu material basofílico transformando-se em hemácia, que circula por 100-120
dias e então é retirada pelo baço.
Na queda das hemácias, há aumento da produção de eritropoetina pelos rins, com aumento
da produção medular de eritroblastos, produzindo mais reticulócitos.
Se em uma anemia...
• A MO conseguir responder = hiperproliferativa (reticulocitose)
o Anemia hemolítica
o Sangramento agudo
• A MO não conseguir responder = hipoproliferativa (sem reticulocitose)
o Anemias carenciais (ferropriva, B12, folato)
o Anemia da doença crônica
o IRC (baixa produção de EPO)
Hemoglobina:
A protoporfirina é uma proteína produzida pela mitocôndria, se liga a um ferro, e forma o
radical heme.
4 heme + 4 globinas → hemoglobina
o Anemia sideroblástica – deficiência da proteína protoporfirina
Obs.: o ferro não é consumido, portanto se acumula.
o Anemia ferropriva e de doença crônica – deficiência de ferro
o Anemia quantitativa – talassemia (não há produção adequada de globina)
Obs.: o ferro não é consumido, portanto se acumula.
o Anemia qualitativa – anemia falciforme (a produção é suficiente, porém, a qualidade
não é adequada); normocítica normocrômica.
Com exceção da anemia falciforme, todas as outras cursam com anemia hipocrômica e
microcítica.
Diagnóstico:
• Hemograma
o Hm – 4-6 milhões/mm3
o Hb – 12-17 g/dL
o Ht – 36-50%
o VCM – 80-100 fL (tamanho da hemácia)
▪ < 80 microcítica; 80-100 normocítica; > 100 macrocítica
o HCM – 28-32 pg (cor da hemácia)
o CHCM – 32-35 g/dL (cor da hemácia)
▪ Diminuídos – hipocrômica; aumentados – hipercrômica (esferocitose)
o RDW – 10-14% (anisocitose, ou seja, diferença de tamanho entre as hemácias)
▪ Aumentado – anemias carenciais
o Reticulócitos – 0,5-2%
▪ Aumentados – anemia hemolítica
o Leucócitos – 5.000-11.000/mm3
o Plaquetas – 150.000-400.000/mm3
134
Classificação:
Anemias microcíticas:
• Ferropriva – principal
• Doença crônica
• Talassemia
• Sideroblástica (forma hereditária)
Anemias normocíticas:
• Ferropriva
• Doença crônica
• Insuficiência renal
• Anemias hemolíticas
• Anemia aplásica (deficiência de células tronco)
Anemias macrocítica:
• Megaloblástica
• Etilismo crônico – o álcool interfere na formação da membrana da hemácia
• Sideroblástica (forma adquirida) – intoxicação alcoólica
Anemia ferropriva
Quadro clínico:
• Síndrome anêmica – palidez, astenia, cefaleia, angina
• Carência nutricional
o Qualquer carência: glossite atrófica (despapilação da língua), queilite angular
o Carência de Fe: perversão do apetite (pica), coiloníquia (unha em formato de
colher), disfagia (Plummer-Vinson – membrana periesofagiana)
Diagnóstico:
O ciclo do ferro...
O ferro provém da dieta e é absorvido pelo intestino delgado. A transferrina é o transportador
do ferro, permitindo a formação das hemácias na MO. Após 120 dias de circulação, a
hemácia é retirada da circulação pelo baço através da hemocaterese.
Na hemocaterese, as globinas são metabolizadas pelo fígado; a protoporfirina é
transformada em biliverdina → bilirrubinas; o ferro pode retornar a MO ou, se estiver em
excesso, é armazenado como ferritina.
Obs.: leite materno, carne vermelha e ácidos facilitam a absorção do ferro.
Balanço negativo do ferro:
• Depleção dos estoques: redução da ferritina (índice mais sensível)
• Aumento da transferrina
• TIBC aumenta – capacidade total de combinação do ferro
Obs.: saturação da transferrina (ferro/TIBC) – normal 30-40%
• Ferro sérico diminui
Sequência de eventos: normocítica → microcítica → hipocrômica
Hemograma:
• Anemia
o Normo/normo (início)
o Micro/hipo (clássico)
• RDW aumentado (normal: 10-14%)
• Trombocitose (pode chegar a 1.000.000/mm3)
Índices do ferro:
• Diminuição da ferritina (< 15; normal: 40-200 ng/ml)
• Aumento da transferrina; aumento do TIBC; aumento do receptor solúvel da transferrina
• Queda do ferro sérico (<30; normal: 50-150 mcg/dl)
• Queda da saturação de transferrina < 20% (normal: 25-50%)
• Aumento da protoporfirina
135
Conduta:
1. Investigar a causa:
- Crianças: desmame precoce, ancilostomíase (eosinofilia)
- Adultos: hipermenorreia, perda gastrintestinal crônica de sangue
> 50 anos = colonoscopia e EDA
2. Iniciar sulfato ferroso:
- Dose? 300 mg (ou 60 mg de Fe elementar) 3x/dia – vitamina C ou suco de laranja
- Como avaliar resposta (precocemente)? Contagem de reticulócitos
- Duração? 6 meses a 1 ano (ou ferritina > 50 ng/mL) – repor o ferro e o estoque
Laboratório:
• Anemia normo/normo (leve)
• Queda do ferro sérico Diferencial com ferropriva
• Diminuição da saturação de transferrina
• Aumento da ferritina
• Diminuição de transferrina; diminuição de TIBC; diminuição do receptor solúvel da
transferrina
Anemia sideroblástica
Falha na síntese do heme (álcool, chumbo, hereditária)
• Pode ser microcítica o e hipocrômica
• Ferro sérico aumentado
• Saturação da transferrina alta
• Ferritina alta
• TIBC e transferrina normais
Diagnóstico:
• Aspirado de MO: > 15% de sideroblastos em anel
• Sangue periférico: corpúsculos de Pappenheimer (depósito de ferro na hemácia)
Tratamento:
• Tratar causa base
• Quelante do ferro
Talassemia
Defeito na quantidade de globina
Beta-talassemia
• β0: sem produção; β+: menor produção
• Hemácia pequena com sobra de cadeia alfa (tóxica)
• Eritropoiese ineficaz – a hemólise ocorre na MO, pela malformação da hemácia
• Hemólise – baço e fígado
• Anemia micro/hipo com RDW normal
• Acúmulo de ferro por aumento da absorção intestinal com RDW normal
Obs.: proteção contra a infecção por Plasmodium falciparum.
Diagnóstico:
• Eletroforese de Hb: ↓ HbA, ↑ HbA2, ↑ HbF
Formas clínicas:
• β-talassemia major (β0 β0, β0 β+) – Cooley
o Anemia hemolítica grave (Hb: 3-5) depois de 6 meses de idade
o Hepatoesplenomegalia, baixa estatura, icterícia (anemia hemolítica)
o Expansão de MO – deformidades ósseas
o Tratamento: ácido fólico, quelante de ferro, esplenectomia, Tx MO
• β-talassemia intermedia (β+ β+)
o Clínica mais branda
o Tratamento: ácido fólico e quelante do ferro
• β-talassemia major (β β0, β β+) – traço
o Somente anemia microcítica/hipocrômica leve (Hb: 9-11), hemácias em alvo
o Tratamento: acompanhamento
Anemia megaloblástica**
Deficiência de ácido fólico e/ou vitamina B12
➔ Bloqueio na síntese do DNA
O ácido fólico da dieta é o MTHF (folato inativo). A vitamina B12 catalisa a reação que
transforma o folato inativo em THF (folato ativo), responsável pela formação do DNA.
Na medula óssea...
• Megaloblastos (células que grandes que não se dividiram)
• Eritropoiese ineficaz – hemólise na medula por ser uma célula grande
No sangue periférico...
• Macrocitose
• Pancitopenia
• Neutrófilos hipersegmentados
• Anemia macrocítica e normocrômica
• RDW aumentado
Metabolismo do folato...
Intestino delgado (dieta) → circulação (MTHF) → célula (B12) → DNA (THF)
homocisteína → metionina
O metabolismo do folato depende de B12 e consome homocisteína, portanto, na deficiência
de folato há acúmulo de homocisteína.
- Má nutrição: alcoólatra, criança
- Aumento da necessidade: gestante, hemólise crônica
Metabolismo da cobalamina (B12)...
A B12 é proveniente da dieta animal. No estômago a B12 se junta ao ligante R produzido pela
saliva e são transportados ao duodeno. Lá, as enzimas pancreáticas quebram a ligação
B12/ligante R. O fator intrínseco produzido pelo estômago se liga a B12, transporta até o íleo
terminal, onde o FI se liga ao receptor permitindo que a B12 entre na célula.
- Anemia perniciosa – doença autoimune, cujo anticorpo destrói as células gástricas que
produzem fator intrínseco; principal causa de carência de B12; mulheres idosas
- Vegetariano
- Gastrectomia
137
- Pancreatite crônica
- Doença ileal (ex.: doença de Crohn)
- Diphyllobothrium latum – tênia do peixe
Quadro clínico:
• Deficiência de B12 e ácido fólico:
o Síndrome anêmica
o Glossite + queilite + diarreia
• Só na deficiência de B12:
o Síndromes neurológicas – neuropatia, mielopatia, demência
Abordagem:
• Coombs: hemácias ligadas a anticorpos são testadas a fim de gerar hemaglutinação
(+) imune – anemia hemolítica autoimune (AHAI)
(-) não imune
- Congênita:
* Membrana (esferocitose)
* Enzima (deficiência de G6PD) – corpúsculos de Heinz
* Hemoglobina (falciforme talassemia)
138
- Adquirida:
* Hiperesplenismo
* Fragmentação (SHU)
* Hemoglobinúria paroxística noturna (hemólise + pancitopenia + trombose)
Esferocitose hereditária
Deficiência de espectrina/anquirina, causando alteração da membrana, tornando a
hemácia esférica.
Clínica:
• Hemólise: anemia, icterícia, aumento do LDH
• Esferócitos
• Hipercromia
• Coombs (-)
Diagnóstico:
• Teste da fragilidade osmótica **
Tratamento:
• Alteração hematológica – não tem cura! O defeito é genético
• Quadro clínico – cura é a esplenectomia
Obs.: imunizar 2 semanas antes para agentes encapsulados e investigar litíase biliar com
USG abdominal para caso seja necessário, realizar no mesmo tempo uma colecistectomia
Deficiência de G6PD
Deficiência de NADPH – estresse oxidativo por infecções ou drogas
• Coombs (-), hemoglobinúria
• Células mordidas (bite cells), corpúsculos de Heinz
• Tratamento: suporte, evitar medicamentos (sulfa, primaquina, dapsona)
- Prevenção de hemólise: tratar infecções precocemente e evitar uso de drogas
potencialmente oxidativas.
Doença falciforme
Cromossomo 11 – troca do ácido glutâmico por valina → HbS (homozigoto ou heterozigoto)
Obs.: a anemia falciforme é quando ocorre homozigotia.
Obs.: a finalidade de ser diagnosticado o traço falciforme é para aconselhamento genético.
Classificação:
• Anemia falciforme (homozigoto HbS)
• Traço falciforme (heterozigoto)
• S-talassemia (HbS + β0/+)
• Hemoglobinopatia SC (HbS + HbC)
Anemia falciforme
Eletroforese de Hb: HbS > 85-90%
Obs.: se após 5 anos o baço persiste palpável, pensar em outra doença falciforme que
não a anemia falciforme.
• Rim: GEFS, hematúria (necrose de papila)
Obs.: a hematúria por necrose papilar pode ser alteração isolada no traço falcêmico.
• Úlceras cutâneas
• Retinopatia, osteonecrose de fêmur – variante mais comum é hemoglobinopatia SC
Obs.: a hemoglobinopatia SC é a principal causa de hemácia em alvo (precipitação de
hemoglobina no centro da hemácia).
Crises anêmicas:
- Sequestro esplênico (falcêmicos < 2 anos, mais grave)
- Aplásica – parvovírus B19/eritema infeccioso (mais comum)
- Megaloblástica – deficiência de folato
- Hiper-hemolítica – rara
Tratamento crônico:
✓ Evitar infecção:
o Penicilina VO: 3 meses aos 5 anos
o Vacina: pneumo, Haemophilus, meningo, influenza, HBV
✓ Folato 1-2 mg/d • Crises álgicas 3x/ano
✓ Hidroxiureia – aumenta a % de HbF • Sd torácica aguda 2x/ano
• Alterações no doppler transcraniano
• Priapismo grave ou recorrente
• Anemia grave e persistente: Hb < 6 por 3m
• LDH elevada
• Lesões crônicas: rim, retina, osso
✓ L-glutamina
✓ Transplante de medula
✓ Terapia gênica
Tratamento agudo:
✓ Hidratação e O2 (se hipoxemia)
✓ Analgesia – não poupar opioides
✓ Febre
o Internar: < 3 anos ou alto risco (↓PA, Hb < 5, T > 40ºC)
o ATB: cefalosporina 3ª (Ceftriaxone)
✓ Transfusão:
o Crises: anêmica ou álgica refratária
o Sd torácica aguda, AVE ou priapismo (exsanguineotransfusão parcial)
✓ Priapismo > 3-4h: avaliar drenagem de corpo cavernoso
140
Pancitopenias
• Plaquetas < 150/mm3
• Hb < 12 g/dL
• Leucócitos < 4.500/mm3 (neutropenia < 1.500/mm3)
Clínica:
• Sangramento
• Cansaço, palidez, sonolento, taquicardia
• Infecção – febre
Tratamento de suporte:
• Anemia: transfusão de hemácias – Hb < 10 nos sintomáticos ou com comorbidades
Obs.: 1 concentrado de hemácia aumenta Hb em 1 g/dL e Ht em 3%.
• Plaquetopenia: transfusão de plaquetas – plaquetas < 10.000
Obs.: 1 unidade de plaquetas para cada 10 kg, aumentará ~10.000/mm 3
Obs.: PTT não fazer (melhor é plasmaférese) e PTI evitar (melhor é corticoide).
Em um paciente que recebe transfusão de plaquetas e o valor não eleva como esperado,
a principal hipótese diagnóstica é doença autoimune (PTI).
• Neutropenia: neutrófilos < 500 e febre ≥ 38,5ºC
Colher culturas e RX tórax
+ betalactâmico com ação anti-pseudomonas (ex.: Cefepime)
+ vancomicina se evidência de MRSA (mucosite, cateter infectado, celulite)
+ antifúngico se ainda permanece > 4-7 dias com febre (anfotericina B, caspofungina ou
voriconazol
Causas:
• Aspirado de medula (mielograma) – avaliar a celularidade
o MO vazia – aplasia e fibrose (processo final de cicatrização)
o MO cheia – resto
Fibrose de MO
1ª → metaplasia mieloide agnogênica
2ª → mieloftise
- Pancitopenia + megalias (espleno**, hepato, linfonodo)
- Hemácias em lágrimas (dacriócitos) – indica hematopoiese extramedular +
leucoeritroblastos (células vermelhas e brancas jovens)
- Diagnóstico: biópsia de medula (hipocelular + fibrose)
- Tratamento: suporte
Mielodisplasia
• Idosos + citopenia + células anormais (sideroblastos em anel, plaquetas gigantes,
eliptócitos, acantócitos)
Obs.: não necessariamente há pancitopenia, podendo envolver apenas uma série, ou
duas séries (mais comum, apenas anemia).
Diagnóstico:
• Citopenias + Células anormais
• < 20% de blastos na MO
Tratamento: suporte, ou QT ou transplante de MO
141
Leucemia Aguda
Conceitos:
Pré-T Linfócito T
Linfoide
Pré-B Linfócito B
Célula tronco
Mieloblasto Granulócitos
Eritroblasto Hemácias
Megacarioblasto Plaquetas
1. Bloqueio da maturação das células da medula óssea (blastos)
2. Proliferação do clone leucêmico (excesso de blastos)
3. Infiltração da medula – pancitopenia
4. Leucemização – blastos na circulação (leucocitose por blastos)
Obs.: pior prognóstico quanto maior a leucocitose, pois maior é a quantidade de células
malignas que estão preenchendo a medula óssea.
5. Infiltração tecidual
Subtipos:
• M0 – LMA indiferenciada; não é comum; prognóstico ruim
• M1 – LMA com diferenciação mínima; não é comum; prognóstico ruim
• M2 – Leucemia Mieloblástica Aguda; mais comum
• M3 – Leucemia Promielocítica Aguda – CIVD, melhor prognóstico entre as LMA,
tratamento específico
• M4 – Leucemia Mielomonocítica Aguda – hiperplasia gengival
• M5 – Leucemia Monocítica Aguda – hiperplasia gengival
• M6 – Eritroleucemia Aguda; rara; prognóstico ruim
• M7 – Leucemia Megacariocítica Aguda; rara; prognóstico ruim
Tratamento:
✓ Quimioterapia
✓ Transplante
✓ M3 – ácido transretinoico (ATRA)
142
Clínica:
• Pancitopenia
• Infiltração do SNC + testículo
• Dor óssea
• Adenomegalia
Diagnóstico:
≥ 20% de blastos na MO
- Citoquímica: PAS positivo
- Imunofenotipagem: CD10, 19, 20 (linfócito B)
CD2, 3, 5 (linfócito T)
- Citogenética: t(8;14), t(9;22), t (4;11)
Subtipos:
• L1 – Variante da criança; bom prognóstico
• L2 – Variante do adulto; mau prognóstico
• L3 – Burkitt-like
• T – rara e agressiva
Tratamento:
✓ Quimioterapia
Granulócitos Mononucleares
Polimorfonucleares
Reação leucemoide – infecção com excesso de células brancas, semelhante a uma LMC.
Pancitose
Policitemia vera
Clínica:
• Prurido – basófilo é estimulado pelo aumento da temperatura
• Esplenomegalia
• Pancitose
• Síndrome de hiperviscosidade
• Úlcera péptica – excesso de histamina estimula hipocloridria
• Pletora facial
• Eritromelalgia – mãos vermelhas e queimam
Diagnóstico:
1º passo) massa eritrocitária (radioisótopo) – estará elevada, afastando hemoconcentração
2º passo) medir eritropoietina sérica – estará baixa, afasta hipoxemia – Sat. < 92%
3º passo) mutação JAK 2 – exame confirmatório
Tratamento:
✓ Flebotomia
✓ Hidroxiureia – reduz o número de células
✓ Fósforo radioativo – indução de hemólise de forma controlada
Trombocitemia essencial
Clínica:
• Plaquetas > 500.000 mm3
• Esplenomegalia
• Trombose
• Sangramento – plaquetas disfuncionantes
• Eritromelalgia
Diagnóstico:
• Exclusão
Tratamento:
✓ Hidroxiureia
✓ Anagrelida* - mais específica em reduzir plaquetas
✓ Eritromelalgia – AAS em baixas doses
144
Maligna:
• Primária – linfomas
• Secundária
Biópsia excisional:
• > 2 cm (ou > 1,5 x 1,5 cm)
• Supraclavicular ou escalênico
• > 4-6 semanas
• Crescimento progressivo
• Aderido a planos profundos (endurecido)
Linfoma
Tumor linfoide de origem na medula = leucemia
Tumor linfoide de origem no tecido linfoide = linfoma
- Timo
- Linfonodo
- Tonsilas e anel de Waldeyer
- Associado a mucosa (MALT)
- Baço
Classificação:
Hodgkin:
• Centralizado – mediastino
• Disseminação por contiguidade – extranodal (fora do tecido linfoide) é raro
• Dor no linfonodo com ingestão alcóolica
• Prurido/eosinofilia
• Febre de Pel-Ebstein (irregular) – febre alta por dias seguida de dias sem febre
• Jovens – prognóstico melhor
Não Hodgkin:
• Periférico – epitroclear, anel de Waldeyer
• Disseminação hematogênica – extranodal comum
• Sintomas B mais frequentes – febre > 38ºC, sudorese, perda de peso > 10% em 6 meses
• Prurido discreto
• Febre contínua
• Idosos – prognóstico pior
Estadiamento:
Ann-Arbor modificado:
Linfonodomegalias malignas
Linfoma de Hodgkin
• Célula de Reed-Sternberg (RS) – “olhos de coruja” + pano de fundo imune (histiócitos,
plasmócitos)
Obs.: não é patognomônica.
• Dor no linfonodo desencadeada pelo consumo de álcool
• Padrão de disseminação descendente
• Febre de Pel-Ebstein – dias alternados
Subtipos:
- Esclerose nodular (65%) – mais comum; típico da mulher jovem
- Celularidade mista (25%) – HIV, EBV
- Rico em linfócitos (5%) – melhor prognóstico
- Depleção linfocitária (1%) – pior prognóstico
Taxa de cura: 60-95%
Tratamento:
✓ Estágios 1 e 2: QT + RT
✓ Estágios 3 e 4: QT
Tratamento: QT
✓ Cuidados:
1. Náuseas e vômitos: ondasetrona e dexametasona
2. Mielotoxicidade da QT: orientar sobre neutropenia (infecções mais graves)
3. Cardiotoxicidade (antraciclinas): ECO pré-QT
4. Lise tumoral: 48h antes – hidratação venosa rigorosa e alopurinol
146
Linfonodomegalias benignas
Mononucleose infecciosa (vírus Epstein-Barr – EBV)
Quadro clínico:
• Linfonodomegalia – cervical, occipital
• Febre baixa, autolimitada, < 2 semanas
• Hepatoesplenomegalia – pode ter ruptura esplênica (crescimento de forma friável)
• Alteração hematológica – linfocitose, atipia (> 10%)
• Faringite exsudativa, membranosa
• Exantema – deflagrado com amoxicilina/ampicilina
• Sinal de Hogland (edema palpebral) – bastante sugestivo; raro
Obs.: doença do beijo – adultos jovens (15-24 anos)
Diagnóstico:
- Anticorpos heterófilos: Paul-Bunnel, monoteste (baixa especificidade)
- Anticorpos específicos: anti-VCA (capsídeo viral), anti-EBNA (antígeno nuclear do EBV) –
fase inicial, idade < 4 anos
- Excluir mononucleose-like: CMV, toxoplasmose, HIV
Tratamento:
✓ Sintomático – analgésicos, antitérmicos e Corticoide (?) – graves
Doença de Chagas
• Agente: protozoário Trypanosoma cruzi
• Vetor: triatomíneo (“barbeiro”)
• Transmissão: oral (Amazônia legal – região Norte + MT + MA), vetorial, vertical, sanguínea
Obs.: preparados de açaí e cana – maceração contendo o agente ou vetores
contaminados. Infecção mais grave pela maior quantidade de parasitos.
Quadro clínico:
Aguda:
• Porta de entrada (forma vetorial): sinal de Romaña, chagoma
• Síndrome de mononucleose (hepatoesplenoadenomegalia febril), miopericardite,
meningoencefalite
Crônica:
• Indeterminada (mais comum): assintomático
• Cardíaca (mais grave): ICC (fibrose), aneurisma apical (área hipocinética)
Obs.: áreas hipocinéticas tendem a formação de trombos.
ECG: bloqueio de ramo D (BRD) + bloqueio divisional anterossuperior (BDAS) ou
hemibloqueio anterior esquerdo (HBAE)
• Digestiva: lesões de plexo nervoso → megaesôfago (disfagia, plenitude), megacólon
(constipação)
Diagnóstico:
• Fase aguda:
o Exame direto de sangue periférico (parasitemia);
o IgM anti-T.cruzi (regiões não endêmicas)
• Fase crônica:
o Sorologia – Elisa, IFI, hemaglutinação – 2 testes positivos
Tratamento:
Congênita, aguda ou crônica recente (pacientes jovens < 12 anos)
✓ Benznidazol 5-10 mg/kg/dia por 60 dias
Forma crônica:
✓ Tratar ICC e sintomas gastrointestinais (“megas”)
147
Esplenomegalia
Causas:
• Causas de linfonodomegalia benignas e malignas
• Hipertensão porta – veia esplênica é tributária do sistema porta
• Hiperfunção – anemia hemolítica
• Infiltração
Esplenomegalia de monta: > 8 cm, atinge fossa ilíaca esquerda ou linha média
• Malária (forma imunorreativa) – área endêmica, pessoa sucessivamente exposta
• Esquistossomose
• Gaucher – alteração neurológica, retardo mental (depósito lisossômico)
• Leishmaniose visceral (calazar)
• IA doença hematológica
o Hemólise – esferocitose hereditária
o LMC
o Tricoleucemia – leucemia de células cabeludas ou pilosas (linfócito B) – rara < 2% das
leucemias; prognóstico excelente (curativo: 95%)
148
Distúrbios da hemostasia
Primária:
• Plaquetas
• Pele e mucosa
• Sangramento precoce, espontâneo
o Plaquetas: 150-450 mil
o Tempo de sangramento (TS): 3-7 min
Obs.: TS só avalia função se plaquetometria normal!
Secundária:
• Fatores de coagulação
• Músculo e articulações
• Para e volta a sangrar
o TAP (via extrínseca): < 10 s
INR 1,5
o TTPA (via intrínseca): < 30 s
Relação paciente/controle < 1,5
Terciária:
• Fibrinólise (reparo pela plasmina)
• D-dímero
Hemostasia primária
- Lesão endotelial (colágeno)
- Adesão: glicoproteína Ib + fator de von Willebrand (FvWB)
- Ativação: ADP + tromboxano A2 plaquetas
- Agregação: glicoproteína IIbIIIa
Causas:
• Trombocitopenia:
o Aumento da destruição: púrpuras (PTI/PTT)
o Diminuição da produção ou sequestro: leucemia, esplenomegalia
• Disfunção plaquetária:
o Hereditária: deficiências (GpIb, IIbIIIa, FvWB)
o Adquirido: uremia antiplaquetários
Hemostasia secundária
Via extrínseca (TAP)
• Fator 7
o Cumarínicos (warfarina - Marevan)
Via intrínseca (TTPA)
• Fator 8
• Fator 9
• Fator 11
o Hemofilias (A B, C)
o Heparina
150
Heparina
• Potencializa a antitrombina 3 (anticoagulante endógeno)
Não fracionada (HNF)
- Inibe a via intrínseca/comum
- Monitorizar com TTPA
- Antídoto: protamina
Baixo peso molecular (enoxaparina, dalteparina)
- Inibição mais seletiva do fator Xa
- Dosar fator Xa, se necessário
- Protamina neutraliza parcialmente
Cumarínicos (varfarina)
• Antagonista da vitamina K, inibindo a atividade dos fatores 2, 7, 9 e 10
• Inibição da proteína C e S (anticoagulantes endógenos) – efeito pró-trombótico
• Monitoriza com TAP e INR
• Antídoto: vitamina K
• Sangramentos graves: complexo protrombínico, fator 7a, plasma
• Trombose? Deficiência de proteína C e S: efeito pró-coagulante
- Trombose/risco elevado: heparina + varfarina até atingir INR 2-3 (retirar heparina)
Trombofilias
Tríade de Virchow = estase + lesão endotelial + hipercoagulabilidade
Classificação:
- Venosa: trombo “vermelho” (fibrina – mais comum)
- Arterial: trombo “branco” (plaquetas)
- Hereditária:
o Fator V de Leiden – mais comum: resistência a proteína C
o Mutação no gene da protrombina
o Deficiência de AT3, proteína C e S
o Hiper-homocisteinemia: trombose arterial + venosa
- Adquirida:
o Câncer
o Puerpério
o Síndrome nefrótica
o Hiperviscosidade (policitemia vera)
o **SAF (síndrome dos anticorpos antifosfolipídeos): trombose arterial + venosa; pode ser
secundária ao LES (trombose do leito placentário → perdas obstétricas)
Diagnóstico: pesquisar “painel de fatores”
Obs.: evitar interpretar durante trombose aguda e uso de anticoagulantes.
Tratamento:
✓ Anticoagulação (3-6 meses)
✓ Investigar causa posteriormente
152
Artrites
Poliartrite = ≥ 4 articulações Mono/Oligoartrite = < 4 articulações
Poliartrites:
• Artrite reumatoide (aditiva, pequenas articulações)
• Febre reumática (migratória, grandes articulações)
• Colagenoses – artrite lúpica (migratória, pequenas articulações)
• Artrite gonocócica – fase inicial (lesão cutânea)
• Síndrome reumatoide (~artrite reumatoide)
Artrite reumatoide
• Mulher de meia-idade (35-55 anos)
• Idiopática
Participação imunológica (anticorpos):
• Fator reumatoide (FR): IgM contra IgG-“self”
• Anti-peptídeo citrulinado cíclico (anti-CCP): muita especificidade
Quadro clínico:
• Doença sistêmica com marco articular
1. Manifestações articulares (artrites)
• Sinovite crônica = deformidade articular (mão, pé, punho)
• Padrão articular: pequenas articulações periféricas, aditivas e simétricas, rigidez matinal >
1 hora
Deformidades:
• Mãos: desvio ulnar dos dedos, pescoço de cisne, abotoadura
• Pés: joelho - cisto de Baker – fossa poplítea (simula uma TVP)
• Punho: dorso de camelo – compressão do nervo mediano (síndrome do túnel do carpo)
• Pescoço:
o Vértebras C1 e C2 (subluxação atlanto-axial) – dor cervical com risco de parada
respiratória
o Cricoaritenoidite (rouquidão → risco de obstrução de via aérea)
2. Manifestações extra-articulares: PEGUEI NOJO DE VASCA
• Pericardite – mais comum de todas
• Nódulos
• Jo (Sjögren) – mais comum manifestação oftalmológica (xeroftalmia)
• Derrame pleural – nível de glicose baixo (tendendo a zero)
• Vasculite
• Ca (Síndrome de Caplan) – associação de artrite reumatoide + pneumoconiose (doença
ocupacional – mina de carvão)
Tratamento:
✓ Drogas sintomáticas: AINEs, corticoide (dose baixa)
✓ Drogas que alteram evolução da doença:
o DARMDs (drogas antirreumáticas modificadoras de doença): metotrexate
sulfassalazina, cloroquina, leflunomida
153
o Biológicas:
- Inibidor de TNF-alfa: infliximab, etanercept, adalimumab
- Não-inibidor de TNF-alfa: rituximab (anti-CD20)
- Cuidado: rastrear tuberculose antes (PPD)
Síndrome reumatoide (poliartrite viral)
Etiologia: rubéola, HBV, HCV, parvovírus B19, HIV
Obs.: a artrite na rubéola decorre da presença física do vírus na articulação; na HBV, ocorre
devido ao deposito de imunocomplexos na articulação.
Diagnóstico:
• Exclusão (excluir AR)
• Sorologia viral
Tratamento:
✓ Sintomático (AINE, analgésico)
Febre reumática
Patogenia:
É uma complicação tardia de faringoamigdalite pelo Streptococcus pyogenes
(estreptococo beta-hemolítico do grupo A de Lancefield)
• Faringoamigdalite: após 2-4 semanas
• Faixa etária: 5-15 anos
Obs.: as cepas bacterianas que fazem piodermite não conseguem induzir FR.
Reação cruzada: o anticorpo produzido para atacar o S. pyogenes acaba por atacar
estruturas (articulações coração, pele, SNC – gânglios da base) semelhantes à bactéria.
Quadro clínico:
• Artrite: 80-90% (mais comum):
o Poliartrite (duração de 2-4 semanas; 2-3 dias em cada articulação)
o Padrão articular: grandes articulações, migratória e assimétrica
o Não deixa sequelas
• Coração:
o Pancardite – inflamação de todos os folhetos cardíacos (endocardite, miocardite,
pericardite)
o Válvula mais lesada: mitral
- Aguda (até 8 semanas): insuficiência mitral
- Crônica (sequela): estenose mitral
• SNC (gânglios da base):
o Coreia de Sydenham – movimentos involuntários, principalmente de MMSS e face
Tardia (1-6 meses) mais tarde que as outras manifestações
Não deixa sequela
• Pele:
o Nódulo subcutâneo
o Eritema marginado: lesão com margem eritematosa, mais frequente em tronco
Relação com cardite...
Diagnóstico:
Critérios de Jones (surto agudo)
➔ Maiores:
❖ Artrite (Brasil risco moderado/alto – vale como critério poliartralgia)
❖ Cardite
❖ Nódulos subcutâneos, Eritema marginado
❖ Coreia de Sydenham
➔ Menores:
❖ Artralgia
❖ Febre
❖ Elevação de VHS/PCR
154
Profilaxia secundária:
Para evitar a recorrência.
• Penicilina benzatina IM (21/21 dias) até:
o Sem cardite: 21 anos ou 5 anos após surto
o Cardite sem sequelas: 25 anos ou 10 anos após surto
Obs.: também em caso de regurgitação mitral mínima
o Cardite com sequelas: para sempre*
*interromper com 40 anos desde que não haja mais contato íntimo com crianças em
idade escolar.
Mono/Oligoartrite:
• Artrite idiopática juvenil (< 16 anos)
• Síndrome de Reiter (artrite, uretrite, conjuntivite)
• Artrite gotosa (podagra, fator precipitante)
• Osteoartrose (> 50 anos, quadro crônico)
• Artrite séptica não-gonocócica (S. aureus)
• Artrite séptica gonocócica (fase tardia)
Dicas:
1. Jovem: gonocócica x Reiter
Procurar na apresentação clínica sobre informações de DST
2. Inflamação muito intensa: gota x séptica (gonocócica ou não)
Sempre deve ser puncionada = artrocentese
Artrite séptica
• Gonocócica: Neisseria gonorrhoeae
• Não-gonocócica: Staphylococcus aureus
Quadro clínico:
• Gonocócica:
o 1ª fase: poliartrite + lesão de pele
o 2ª fase: monoartrite
• Não-gonocócica:
o Já inicia monoartrite
o Porta de entrada (comum de ser encontrada, mas não obrigatória)
Tratamento:
✓ Gonocócica: Ceftriaxone 7-10 dias
✓ Não-gonocócica: Oxacilina 3-4 semanas
Artrite gotosa
• Hiperuricemia – precipitação de ácido úrico em forma de cristais nas articulações
• Leucócito fagocita ácido úrico precipitado após variação da uricemia ou trauma
articular
Marcas:
155
Diagnóstico:
• Artrocentese – cristais no interior de leucócitos com birrefringência negativa sob luz
polarizada
Tratamento:
✓ Interromper a crise:
o Não fazer alopurinol
o AINEs (indometacina, naproxeno) – não usar AAS
o Colchicina
✓ Prevenir recidiva:
o Afastar fatores de risco (álcool, tiazídicos)
o Colchicina
o Depois: redução da uricemia
- Diminuir a síntese: alopurinol
- Aumentar a eliminação renal (uricosúrico): probenecida
Artrite Idiopática Juvenil (AIJ)
• < 16 anos com artrite crônica (> 6 semanas)
Formas de apresentação:
• Forma pauciarticular (≤ 4 articulações): meninas ≤ 4 anos, FR negativo, se FAN (+): uveíte
anterior
• Doença de Still (forma sistêmica): febre + rash salmão + artrite
• Forma poliarticular (> 4 articulações): FR variável: > 10 anos (+), < 10 anos (-), se FAN (+):
uveíte anterior
Artrite reativa
Fisiopatologia:
Processo infeccioso à distância
• Intestinal: Shigella, Salmonella
• Genital (uretrite/cervicite): Chlamydia trachomatis
Tratamento:
✓ Sintomáticos
✓ ATB (Chlamydia – Doxiciclina ou Azitromicina)
156
Colagenoses
Doença autoimune contra o tecido conjuntivo
1. Lúpus eritematoso sistêmico
2. Esclerodermia
3. Dermato/polimiosite – fraqueza proximal
4. Síndrome de Sjögren – xerose e xeroftalmia
5. Doença mista do tecido conjuntivo (DMTC)
Nefrite lúpica:
• Mais comum e mais grave: classe IV (nefrite difusa) – proteinúria nefrótica, hematúria, HAS,
insuficiência renal.
• Laboratório:
o Anti-DNAdh (relacionado a lesão renal)
o Complemento baixo
o Exceção: nefrite lúpica classe V (membranosa) – ocorre mesmo sem o anti-DNAdh
e não há consumo de complemento
• Classe IV – tratamento com prednisona 1mg/kg/d + ciclofosfamida em pulsos mensais
157
• Classe V – síndrome nefrótica, hematúria discreta, sem IRA; associação com trombose de
veia renal; anti-DNAdh negativo e complemento normal.
Anticorpos lúpicos:
• Antinucleares:
o Anti-DNAdh (nativo) – associado a nefrite lúpica; 2º mais específico
o Anti-histona: lúpus farmacoinduzido (“síndrome lúpus-like)
o Anti-ENA:
▪ Anti-Sm – mais específico
▪ Anti-RNP – doença mista do tecido conjuntivo
▪ Anti-Ro/anti-SSA - lúpus neonatal, síndrome de Sjögren
Obs.: lúpus neonatal – BAVT/bloqueios cardíacos
▪ Anti-La/anti-SSB – sem nefrite, síndrome de Sjögren
• Anticitoplasmáticos:
o Anti-P – psicose
• Anti-membrana:
o Anti-fosfolipídio – SAF
o Anti-neurônio (convulsão), anti-hemácia (anemia hemolítica), antilinfócito
(leucopenia/linfopenia), antiplaqueta (plaquetopenia)
FAN – quando positivo indica a presença de algum anticorpo antinuclear e/ou
anticitoplasmático
Atividade da doença = VHS, anti-DNAdh, complemento.
Abordagem:
✓ Assintomáticos (Ac positivo): AAS (dose antiagregante) ou nada
✓ Gestante + SAF + perda fetal prévia: heparina em dose profilática + AAS
Esclerodermia
• Mulher de meia-idade (30-50 anos)
• Fibrose
• Teoria da vasoconstrição: induz uma vasoconstrição permanente, reduzindo o fluxo
sanguíneo e levando o tecido à morte e fibrose (pele, esôfago, rim, pulmão).
Formas sistêmicas:
• Cutânea difusa: pega difusamente
o Antitopoisomerase I (anti-Scl 70)
o Anti-RNA polimerase III
• Cutânea limitada: se limita à pele distal
o Anticentrômero
Manifestações clínicas:
Lesões cutâneas:
• Esclerodactilia: espessamento, encurtamento dos dedos, mão em garra
• Fácies da esclerodermia: afinamento nasal, microstomia (impossibilidade de abrir a boca)
• Calcinose: depósito de cálcio no subcutâneo
• Telangectasias: dilatações vasculares (lábios)
158
Vasculites
Lesão: processo imunológico gerando inflamação
Quadro clínico:
• Sintomas constitucionais (inespecíficos)
• Sintomas específicos relacionados ao(s) vaso(s) acometido(s)
Classificação:
Diagnóstico:
Laboratorial:
• Aumento de VHS e PCR
• Anemia (doença crônica), leucocitose, aumento de plaquetas
• ANCA (anticorpo anticitoplasma de neutrófilo)
o C-ANCA – granulomatose de Wegener
o P-ANCA – poliangeíte microscópica ou Churg-Strauss
Obs.: ANCA possui associação com lesão glomerular
Confirmação:
• Biópsia (vaso ou estrutura acometida)
• Angiografia (contraste)
Doença de Kawasaki
• Menino de 1-5 anos
Critérios diagnósticos:
5 de 6 critérios = diagnóstico
- Febre > 5 dias
- Congestão ocular
- Alteração oral – língua em framboesa, mucosite, hiperemia oral
- Linfadenopatia cervical
- Exantema polimorfo
- Alteração de extremidades – edema de mãos e pés (endurado) no início da doença,
seguido por descamação
Complicação:
• Aneurisma de coronária
Tratamento:
✓ Até 10º dia: imunoglobulina (interromper processo imune) + AAS dose alta (dose anti-
inflamatória para reduzir inflamação da coronária)
✓ Após 10º dia: manter AAS em dose baixa (anti-agregante)
Síndrome pulmão-rim
Hemoptise + glomerulonefrite
❖ Granulomatose de Wegener – pega nariz
❖ Poliangeíte microscópica
❖ Síndrome de Goodpasture
❖ Leptospirose
❖ Lúpus
161
Granulomatose de Wegener
Quadro clínico: Pulmão-rim que pega nariz
• VAS – sinusite, rinite, deformidade nasal (granulomas → necrose) – nariz em sela
• Pulmão – hemoptise, nódulos, hemorragia alveolar
• Rim – glomerulonefrite – possível GNRP
• Olho – pseudotumor de órbita (grandes granulomas na órbita que empurram o olho)
• c-ANCA positivo
Diagnóstico: biópsia de onde houver manifestação clínica
Tratamento:
✓ Imunossupressão: prednisona + ciclofosfamida
✓ Casos graves: pulsoterapia com metilprednisolona
✓ GNRP: plasmaférese
Poliangeíte microscópica
• Homens de meia-idade
• PAN + síndrome pulmão-rim
• p-ANCA positivo
Síndrome de Churg-Strauss
Quadro clínico: Vasculite com asma
• Asma tardia – fase prodrômica
• Eosinofilia – fase eosinofílica (infiltrado pulmonar migratório)
Obs.: diferencial com síndrome de Loeffler (SANTA)
• Fase vasculítica (pele, nervo, pulmão)
• P-ANCA positivo
• Lesão renal branda
Diagnóstico: biópsia pulmonar
Púrpura de Henoch-Schönlein
• Menino de 3-20 anos, vasculite mais comum da infância
• Fisiopatologia: IVAS → ↑ IgA
Quadro clínico:
• Púrpura palpável (MMII e nádegas) – não trombocitopênica
• Hematúria (lembra Berger)
• Dor abdominal
• Artralgia
Obs.: plaquetas normais ou aumentadas.
Diagnóstico diferencial: PTI – trombocitopenia
Doença de Behçet
• 20-35 anos
Quadro clínico:
• Úlceras orais e genitais
• Acne
• Lesão ocular – hipópio (pus estéril na câmara anterior do olho)
• Patergia – hiper-reatividade cutânea (positivo: pápula eritematosa ≥ 2 mm após 48h)
• Aneurisma de artéria pulmonar – principal causa de morte (sangramento intenso)
• Sorologia: ASCA (fase tardia)
162
Treinamento em autoanticorpos
- Nefrite lúpica: anti-DNAdh
- Lúpus fármaco-induzido: anti-histona
- Lúpus neonatal (bloqueio cardíaco congênito): anti-Ro
- Lúpus cutâneo subagudo (dermatológico): anti-Ro
- Lúpus FAN-negativo: anti-Ro
- Psicose lúpica: anti-P
- Síndrome CREST: anti-centrômero
- Esclerodermia cutânea difusa: anti-topoisomerase I
- Síndrome de Sjögren: anti-Ro, anti-La
- Doença mista do tecido conjuntivo (DMTC): anti-RNP
- Granulomatose de Wegener: c-ANCA
- Síndrome de Churg-Strauss: p-ANCA
- Poliangeíte microscópica: p-ANCA
Dor lombar
Sinais de alerta:
• Dor que piora com repouso ou durante a noite
• História de câncer
• Trauma
• Incontinências
• > 70 anos
• Uso de corticoides ou imunossupressores
• Déficit neurológico progressivo
• Febre ou perda de peso inexplicada
• Dor a palpação da coluna, massas
Doenças renais
- Pielonefrite aguda: dor lombar + febre alta com calafrios, com ou sem Giordano positivo
- Necrose de papila: fatores de risco (DM, anemia falciforme, pielonefrite, nefropatia por
analgésicos); urografia excretora com ring shadows; pode complicar com obstrução
ureteral e infecção urinária grave.
Nefrolitíase:
Tipos de cálculos:
• Oxalato de cálcio – 70-80% dos casos
• Estruvita – pH alcalino; infecção por Proteus (bactérias produtoras de urease) predispõe a
formação de cálculos coraliformes.
• Ácido úrico – pH ácido; radiotransparentes (não aparecem no RX)
• Fosfato de cálcio (hidroxiapatita)
• Cistina
Locais mais comuns de obstrução:
• Junção ureteropélvica – mais comum
• Terço médio do ureter – cruzamento com vasos ilíacos
• Junção vesicoureteral
Quadro clínico:
• Assintomático
• Dor em flanco, associado a náuseas e vômitos, sudorese que pode irradiar para testículos
e grandes lábios
• Hematúria
Diagnóstico:
EAS: hematúria, infecção associada, tipo de cristal eliminado
RX de abdome: não é solicitado de rotina; pode visualizar o cálculo em 65% dos casos, exceto
o de ácido úrico (são radiotransparentes).
USG: indicado para gestantes; melhor para cálculos proximais
163
TC: padrão-ouro
Abordagem aguda:
✓ Analgesia: AINE; opioide se refratário
✓ Hidratação venosa
✓ Avaliar necessidade de intervenção urológica:
Indicações de intervenção em pacientes assintomáticos:
- Cálculo coraliforme
- Obstrução ureteral total em rim único
- Pielonefrite não drenada
- Cálculo > 10 mm
1) Litotripsia extracorpórea (LECO): litíase renal ou ureteral proximal < 2 cm
2) Nefrolitotomia percutânea: cálculos proximais > 2 cm (incluindo coraliformes),
insucesso da LECO, múltiplos cálculos
3) Cistoureteroscopia ou ureteroscopia: cálculos no ureter distal
Abordagem crônica:
• Investigar o tipo de cálculo
o Oxalato de cálcio:
- Principal causa: hipercalciúria idiopática
- Tratamento: aumento da ingesta hídrica, restrição de sódio e proteínas na dieta;
NÃO restringir cálcio na dieta!
- Hiperoxalúria entérica (Crohn, ressecção intestinal) – cálcio VO ou colestiramina
o Estruvita (fosfato-amoníaco-magnesiano):
- A urease produzida pelas bactérias (Proteus, Klebsiella, Pseudomonas e
Staphylococcus) degrada a ureia em amônia, alcalinizando a urina,
favorecendo a formação de cristais de fosfato amoníaco magnesiano
- Tratamento: ATB enquanto houver cálculo + retirada do cálculo coraliforme
o Ácido úrico:
- Causas: hiperuricemia (doença mieloproliferativa, QT)
- Tratamento: dieta pobre em purinas, alopurinol
Doenças musculoesqueléticas
Osteoartrose:
• Dor articular com limitação funcional
• Radiologicamente: osteófitos, redução do espaço articular e esclerose subcondral
• Histologicamente: perda da integridade da cartilagem articular
Fatores de risco: idade, sexo feminino, história familiar, obesidade.
Locais mais acometidos: coluna cervical e lombossacra, quadril, joelho,
metatarsofalangianas proximais (MTP), IFD, IFP, carpometacarpiana do polegar (rizartrose)
Quadro clínico:
• Dor articular que piora com a movimentação (alivia com repouso)
• Rigidez matinal < 30 min
• Fraqueza muscular periarticular
• Mãos: nódulos de Heberden (IFD) e Bouchard (IFP)
Obs.: poupa metacarpofalangianas
• RX: osteófitos, esclerose subcondral, redução do espaço articular, cisto subcondral
• Fator reumatoide em baixos títulos está presente em 20% dos pacientes
Espondilite anquilosante
• Espondiloartropatia soronegativa (FAN negativo)
• Entesite que acomete principalmente coluna vertebral, tendo caráter ascendente (inicia
a partir de uma sacroileíte)
• Homens jovens
• Antígeno HLA-B27 (90%)
Entesite → erosão óssea → neoformação com sindesmófitos → anquilose (fusão vertebral)
164
Quadro clínico:
• Dor lombar persistente + rigidez matinal + melhora com atividade e piora com repouso
• Coluna rígida e postura curvada para frente
• Teste de Schober positivo – flexão da coluna com aumento < 5 cm das marcações
• Manifestação extra-articular: uveíte anterior aguda (dor, lacrimejamento, fotofobia e
turvação visual unilateral; sem relação com atividade da doença
Diagnóstico:
1. Sacroileíte (radiográfico) +
2. Dor lombar > 3 meses (melhora com atividade) ou
3. Limitação funcional da coluna lombar ou
4. Redução da capacidade de expansão do tórax (< 5 cm)
Ou
HLA B27 positivo + 2 ou mais critérios para EA
Tratamento:
✓ Fisioterapia
✓ AINE
✓ Antagonista de TNF-alfa (infliximab) – realizar PPD e RX antes para descartar TB
Artrite reativa
• Mono/Oligoartrite assimétrica, predominante em MMII após 1-4 semanas de uretrite ou
gastroenterite
• Agentes: uretrite – Chlamydia; gastroenterite – Yersinia, Salmonella, Shigella,
Campylobacter
• Quadro clínico: artrite clássica estéril, sacroileíte (20% dos casos), dor lombar, claudicação
• Síndrome de Reiter = artrite reativa + conjuntivite + uretrite não gonocócica
• Diagnóstico: clínico e de exclusão
• Tratamento semelhante a espondilite anquilosante
Hérnia de disco
• Herniação do núcleo pulposo vertebral com compressão de raiz nervosa
• Mais comum entre L4-L5 e L5-S1
Quadro clínico:
• Lombociatalgia
o L4: face anterior da coxa; redução do reflexo patelar
o L5: face lateral da perna, dorso do pé
o S1: face posterior da perna, lateral e planta do pé; redução do reflexo Aquileu
• Redução de força, sensibilidade e reflexos
• Síndrome da cauda equina: anestesia em sela, dor lombar baixa, retenção urinária e
incontinência por transbordamento, incontinência fecal, perda dos reflexos
bulbocavernoso e esfincteriano anal, paraparesia incompleta de MMII – emergência
cirúrgica
• Sinal de Lasegue geralmente positivo – flexão da coxa sobre o abdome com a perna em
extensão (sem dobrar o joelho) – exacerbação da dor entre 10-60º
Diagnóstico:
• RM (mais sensível) ou TC; eletroneuromiografia (mais específico)
Tratamento:
• Repouso
• Analgésico, AINE ou corticoide
• Cirúrgico:
o Fraqueza motora progressiva
o Distúrbio intestinal, vesical ou outro sinal de compressão medular
o Dor recorrente e incapacitante
o Síndrome da cauda equina
165
Doenças neoplásicas
Mieloma múltiplo
• Neoplasia de plasmócitos que cursa com elevação de imunoglobulinas – pico
monoclonal (componente M) na eletroforese de proteínas
• Idosos, geralmente homens e negros
Quadro clínico:
• Lesões ósseas (principalmente vertebral) – dor lombar (70% dos casos), fratura patológica,
compressão medular
• Insuficiência renal
• Anemia (infiltração medular) e VHS aumentado
• Predisposição a infecções (respiratórias e pielonefrite)
• Hipercalcemia – devido às lesões ósseas
• Alterações neurológicas – compressivas ou crise hipercalcêmica
Obs.: no mieloma múltiplo a dor lombar é movimento-dependente e poupa os pedículos
vertebrais além de não aparecer à cintilografia.
Na metástase vertebral, há acometimento dos pedículos vertebrais e a dor é contínua com
piora durante a noite.
Exames complementares:
• Anemia normo/normo – aspecto em empilhamento de moedas (rouleaux)
• VHS > 50 mm/h
• Hipercalcemia (Ca > 10,5)
• Eletroforese de proteínas – pico monoclonal (componente M)
Obs.: mais comum IgG (melhor prognóstico); IgD (pior prognóstico)
• Radiografia de crânio: aspecto em sal e pimenta
• Beta-2-microglobulina – prognóstico
Diagnóstico:
Biópsia ou aspirado de medula óssea: plasmocitose ≥ 10% + componente M sérico > 3 g/dL
ou componente M na urina
+ pelo menos 1 critério de lesão de órgão-alvo:
• Hipercalcemia
• Anemia
• Lesões ósseas líticas
• Insuficiência renal
Tratamento:
Não é curativo!
• QT ou transplante autólogo de MO
166
Síndrome edemigênica
Insuficiência cardíaca
Definição:
Síndrome clínica que diminui a habilidade de o ventrículo se encher ou ejetar sangue.
Classificação:
Insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER): sistólica – déficit contrátil
• B3 (sobrecarga de volume)
• Ictus globoso (palpa-se o ictus cardíaco)
• Cardiomegalia ao RX (hipertrofia excêntrica)
• FE < 40%
Insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEP): diastólica – resistência ao
enchimento ventricular durante a diástole
• B4 (sobrecarga de pressão)
Obs.: num paciente com FA, há desaparecimento de B4, pela desorganização do átrio.
• Ictus propulsivo
• HVE no ECG (hipertrofia concêntrica)
• FE ≥ 50%
Outros tipos...
• Crônica: hipertensão crônica, coronariopata
• Aguda: IAM, endocardite
• Direita x Esquerda x Congestiva (IVE + IVD = ICC)
• Baixo débito (padrão) x Alto débito (anemia, tireotoxicose)
Diagnóstico:
Essencialmente clínico!
Os achados mais específicos são:
- Dispneia: paroxística noturna (acorda na madrugada com falta de ar), ortopneia
- Congestão: B3, turgência jugular, refluxo hepatojugular
VE: cansaço, fadiga, dispneia
VD: edema jugular, congestão hepática, edema de MMII
Exames complementares:
- Iniciais: ECG (ICFEP) + RX de tórax (ICFER)
- Dúvida: aumento de BNP ou NT-proBNP (alto valor preditivo negativo)
- Confirmação: ECO transtorácico
Principais causas: doença coronariana, HAS, cardiomiopatias
Tratamento:
Neuro-humoral → remodelamento cardíaco (angiotensina II, aldosterona, noradrenalina)
• iECA ou BRA-II
• Espironolactona alteram a sobrevida do paciente
• Betabloqueador
A → intervenção dos fatores de risco: tratar HAS, DM, dislipidemia
B → doença estrutural assintomática: iECA ou BRA-II + betabloqueador
iECA ou BRA-II:
-- Contraindicações: Cr > 3*, K > 5,5, estenose bilateral de artéria renal
-- Substituir por: hidralazina + nitrato
Betabloqueador:
-- Quais? Metoprolol (succinato), carvedilol, bisoprolol
-- Início: paciente compensado, começar com dose baixa
167
Sintomas persistentes:
• Ressincronização ventricular (estímulo elétrico): se QRS alargado > 120-150ms
• Digital: controle sintomático; risco de intoxicação
• Hidralazina + nitrato: benefício maior em negros
• Ivabradina: se FC > 70 bpm (inibidor de corrente If)
• Valsartan + sacubitril: substituir iECA em altas doses
D → sintomas refratários: suporte circulatório; transplante
Só vale para IC de fração de ejeção reduzida...
Se for ICFEP:
• Congestão: diurético (dose baixa)
• PA/FC: iECA, betabloqueador ou antagonista do canal de cálcio
• Contraindicação: digital
Descompensação:
Congestão
Não Sim
Baixa perfusão Não (A) Quente e seco (B) Quente e úmido
Sim (D) Frio e seco (C) Frio e úmido
Dor torácica
Dissecção aórtica aguda:
Ruptura da camada íntima → hematoma causa dissecção da parede → falsa luz
Fatores de risco: HAS, doença do tecido conjuntivo (Marfan), trauma
Quadro clínico:
Dor torácica: intensa, súbita, irradiação para o dorso
• Aorta ascendente:
o IAM
o Insuficiência aórtica
o Tamponamento cardíaco
• Arco aórtico:
o Subclávia: diferença de PA entre os membros
o Carótida: sincope, AVEi
• Aorta descendente:
o Hemotórax
o Isquemia mesentérica, renal
Classificação:
DeBakey:
• I: aorta como um todo
• II: aorta ascendente
• III: aorta descendente
Stanford:
• A: aorta ascendente (engloba DeBakey I e II)
• B: aorta descendente (engloba DeBakey III) – mais conservador
Diagnóstico:
Estável: angioTC, RM tórax
Instável: ECO transesofágico
Tratamento:
Clínico:
✓ Alvos: PAS 100-110 e FC < 60
✓ Betabloqueador IV – esmolol, propranolol
✓ HAS persistente: nitroprussiato de sódio (nunca começar por ele)
✓ Alternativa: labetalol (bloqueio alfa e beta) – não existe nas emergências brasileiras
Cirúrgico:
✓ Tipo A: sempre!
✓ Tipo B: casos complicados (infarto renal, isquemia mesentérica)
Pericardite aguda
Causas:
• Idiopática (viral – Coxsackie B))
• Piogênica – foco séptico que emboliza (oxacilina + gentamicina)
• Imune – LES
• Urêmica
• Pós-IAM
Quadro clínico:
• Dor contínua
• Melhora: genupeitoral, posição de Blechman (“abraçado”)
• Piora: decúbito, tosse ou inspiração profunda (“pleurítica”)
• Presença de atrito pericárdico (85%) – específico
Tamponamento cardíaco: tríade de Beck (hipotensão, turgência jugular e hipofonese de
bulhas)
169
Diagnóstico:
• RX de tórax: “coração em moringa”
• ECG: supra ST difuso (côncavo, sem q de necrose) – “sorriso”/infra de PR
• Ecocardiograma: derrame pericárdico, função ventricular preservada
Tratamento:
✓ AINE ± Colchicina
✓ Corticoide (prednisona) – refratários
Costocondrite
- Causas: idiopática (Síndrome de Tietze)
- Dor à digitopressão da borda esternal
- Episódios recorrentes
- Tratamento: orientação e repouso, gelo local, AINE
Isquemia crônica
Lesão obstrutiva com perda da reserva coronariana
- Principal causa: aterosclerose
- Outras: vasculites (Kawasaki), embolia, anomalias congênitas
- Apresentação: “angina típica” – dor ou desconforto retroesternal (< 15 minutos), piora
com esforço ou estresse e melhora com repouso ou nitrato
Abordagem:
- ECG de repouso: onda T simétrica e pontiaguda e desnivelamento do segmento ST
Obs.: geralmente inespecífico.
Iniciar teste provocativo (funcional)
- Teste ergométrico (esforço – esteira ou bicicleta):
o Teste positivo: infra ST ≥ 1mm
o Retificado ou descendente
o Limitações: física (osteoartrose), ECG de base (HVE, BRE)
- Perfusão por radionuclídeos (cintilografia ou PET):
o Esforço → Teste positivo: defeito na perfusão durante esforço
o Localiza melhor o local afetado
o Avalia viabilidade miocárdica (lesão reversível x não reversível)
o Limitação física: estresse farmacológico (cintilografia com dipiridamol/eco ou RM
com Dobutamina)
- Testes anatômicos:
o AngioTC ou AngioRM
o Identificam a lesão
o Valor preditivo negativo (VPN) elevado – se normal, exclui doença coronariana
o Limitações: disponibilidade menor, pode ser lesão ocasional
- Coronariografia (CAT): padrão ouro
o Indicações:
▪ Causa definida
▪ Angina limitante e refratária
▪ Teste diagnóstico de alto risco: isquemia com baixa carga, múltiplos déficits de
perfusão
- Refinamentos para o CAT:
o Angiografia quantitativa
o USG intravascular
o Reserva de fluxo fracionada (FFR ≤ 0,8)
Resumindo...
- ECG
- 1ª opção: teste ergométrico
- Alternativas: cintilografia, PET, estresse farmacológico
- Testes inconclusivos → testes anatômicos (angioTC/RM)
- Testes inconclusivos → CAT + refinamentos
Conduta:
Baixa perfusão coronariana → controlar a obstrução = Terapia antitrombótica
Aumento da demanda miocárdica O2 → controlar PA e FC = Terapia anti-isquêmica
171
Terapia anti-isquêmica:
✓ Betabloqueador
✓ iECA (HAS, DM, IC, doença renal ou doença vascular)
✓ ± nitrato VO ou SL
Terapia antitrombótica:
✓ AAS (ou antagonista ADP – clopidogrel) – antiplaquetário
✓ Estatina
“ABC”: AAS, betabloqueador, captopril + colesterol
✓ Refratário: CAT + cirurgia ou angioplastia
Cirurgia como preferência: revascularização (by-pass)
• Tronco
• DA proximal, trivascular
• DM
• Disfunção de VE
✓ Após a alta:
o Suspender heparina
o Clopidogrel por 1 ano
o AAS + betabloqueador + atorvastatina + iECA
172
Estratificação do risco:
Conduta Risco Fatores
Invasiva imediata (< 2h) Muito alto - Angina refratária
“graves” - Instabilidade hemodinâmica
- Arritmia grave (TV/FV)
Precoce (< 24h) Alto - Troponina ↑
“alteração exame ou - ECG alterado (infra ST, inversão T)
escore” - GRACE > 140
Retardada (< 72h) Moderado - DM, insuf. cardíaca ou renal ou
“morbidade” revascularização prévia
ECG – 12 derivações:
• V1, V2, V3, V4, V5, V6 (plano horizontal – derivações precordiais),
- Ventrículo direito: V1, V3R, V4R
- Parede anterior: V2, V3, V4
- Parede lateral baixa: V5, V6
- Parede posterior: V7*, V8*, V9
• aVR, aVF, aVL, D1, D2, D3 (plano frontal)
- Parede lateral alta: D1, aVL
- Parede inferior: D2, D3, aVF
Imagem em espelho:
• Parede anterior x Parede dorsal (posterior)
• Parede lateral alta x Parede inferior
Obs.: sempre é o SUPRA ST que gera uma imagem em espelho de INFRA ST. Nunca o inverso.
Se achar um infra ST, procurar se é uma imagem em espelho...
Localizando:
Parede Derivações Vaso
Anterior V1, V2, V3, V4 DA
Lateral Alta: D1, aVL CX
Baixa: V5, V6
Anterior extenso V1-V6, D1, aVL TCE ou DA + CX
Inferior D2, D3, aVF CD (70%)
173
Principais complicações:
Fibrilação ventricular:
• Principal causa de óbito pré-hospitalar
• Cardiodesfibrilador implantável (CDI): PCR, TV sustentada (associada a instabilidade
hemodinâmico ou > 30”), FE < 30%
Infarto de VD:
• IAM inferior (até 50%)
• Evitar diurético, nitrato e morfina – o VD necessita de volume e essas drogas diminuem o
retorno venoso
CIV:
• “Novo sopro após o IAM”
• Sopro sistólico na borda esternal
• Suporte clínico + cirurgia
Pericardite:
• Aguda: precoce (< 2 semanas), contiguidade → AAS
• Dressler: pericardite tardia (2-6 semanas), imune (antígenos miocárdicos pela necrose
gerando resposta imune) → AAS + corticoide
174
Arritmias
Avaliação do eletrocardiograma:
Ondas:
• P – despolarização atrial
• QRS – despolarização ventricular
• T – repolarização ventricular
Ritmo sinusal:
Onda P positiva em D2 antes de cada QRS
Intervalos:
• PR – início da P ao início do QRS: despolarização dos átrios até pausa no nó atrioventricular
120-200 ms
• QT – início do QRS ao final de T: período refratário, até repolarização completa dos
ventrículos. Até 440 ms.
Frequência cardíaca:
• 1500/quadradinhos entre RR
• 300 → 150 → 100 → 75 → 60
Obs.: se RR < 3□ (FC > 100bpm) = taquicardia
se RR > 5□ (FC < 60bpm) = bradicardia
Taquiarritmias:
1) Existe taquicardia? RR < 3□
2) Existe onda P?
Sim: atrial ou sinusal
3) Existe onda F de flutter atrial?
Sim: flutter
4) QRS estreito ou alargado?
Alargado: ventricular
5) RR regular ou irregular?
Irregular: fibrilação atrial
Regular: taquicardia supraventricular
Fibrilação atrial:
• Circuito de reentrada
• Perde-se a capacidade de contração atrial – ausência de onda P
• RR irregular
• FC entre 110-180 bpm
Causas:
• Estrutural: HAS, estenose mitral
• Reversível: tireotoxicose, pós-operatório, álcool (libação)
• Isolada
Classificação:
• 1º episódio x recorrente
• Duração:
o Paroxística < 7 dias
o Persistente > 7 dias
o Longa duração > 1 ano
o Permanente
Consequências:
• Hemodinâmica: ↑FC + ↓contração atrial - fadiga, baixo débito, congestão pulmonar
o Exame: ausência de B4, déficit de pulso (dissociação precórdio-pulso), fonese de B1
variável
• Tromboembólica: estase atrial
Alto risco de tromboembolismo:
- Doença valvar
- Escore CHA2DS2-VASc ≥ 2
o Congestiva (IC)
o Hipertensão
o Age (≥ 75 anos) – pontua 2
o Diabetes
o Stroke – AVE, AIT, embolia – pontua 2
o Vascular
o Age (65-74 anos)
o Sexo feminino
Conduta:
Instável: hipotensão, síncope, dor torácica, congestão pulmonar
✓ Cardioversão elétrica 120-200J (choque sincronizado)
Estável:
✓ Controle da frequência cardíaca:
Idade > 65 anos, recorrente, poucos sintomas
1. Inibidores do nó AV (FC < 110 bpm em repouso):
- Diltiazem, verapamil (antagonistas Ca2+ cardiosseletivos)
- Betabloqueador
- Digital (apenas se tiver IC)
2. Terapia antitrombótica crônica (se alto risco)
- Dabigatran (inibidor de trombina); Rivaroxaban, apixaban (atuam no fator Xa)
- Warfarin (controle pelo INR 2-3) – preferência se TFG < 30-15 ou doença valvar
Escore CHA2DS2-VASc (0-1): nada, anticoagulação ou AAS ± clopidogrel
176
✓ Controle do ritmo:
Idade < 65 anos, reversível, sintomática
1. Inibidores do nó AV: antagonista de Ca 2+ ou betabloqueador
2. Reversão: choque (elétrica – mais efetiva) ou amiodarona/propafenona (química)
Pré-reversão:
- FA > 48h, tempo indeterminado ou alto risco tromboembólico:
anticoagulante oral (ACO) por 3-4 semanas
- FA < 48h ou ECO TE (-): heparina e reverte
Pós-reversão:
- ACO por 4 semanas
3. Profilaxia de FA: amiodarona, sotalol ou propafenona
4. Terapia antitrombótica crônica (se alto risco)
✓ Ablação da FA
- Recidivas sintomáticas
- Intolerância aos antiarrítmicos
Flutter atrial
• RR regular
• Ondas F (dente de serra)
• FC ~150 bpm
Causas e sintomas = fibrilação atrial
Tratamento: inibidores do nó AV (controle do ritmo) + terapia antitrombótica + reversão SN
Conduta:
✓ Manobra vagal (massagem no seio carotídeo, manobra de Valsalva, compressão de
globo ocular)
✓ Adenosina 6mg em bôlus (não melhorou, 12mg)
✓ Ablação
Via acessória:
ECG de base: PR curto + onda delta (pré-excitação ventricular)
Wolff-Parkinson-White (WPW): via acessória + taquicardia
Se fizer fibrilação atrial: inibir via acessória – procainamida
177
Taquicardia ventricular
• Extrassístoles, TV não sustentada: < 30 seg
o Sem cardiopatia: conservador (discutir betabloqueador)
o Cardiopatia: Holter 24h, monitores, estudo eletrofisiológico (EEF)
• RIVA (ritmo idioventricular acelerado): FC 60-120 bom, arritmia de reperfusão; geralmente
ocorre após infarto; conduta expectante
• TV sustentada: TV > 30 seg ou instabilidade hemodinâmica
- Instável: Cardioversão (100J) se monomórfica ou desfibrilação se polimórfica
- Estável: Procainamida, Amiodarona ou Sotalol (“PAS”)
- Cardiodesfibrilador implantável (CDI): instabilidade ou FE < 30-40%
TV monomórfica
Síndrome do QT longo:
Causas:
• Congênita
• Drogas: macrolídeos, antipsicóticos - haldol, antiarrítmicos
• Inseticidas
• Hipos – hipocalemia, hipomagnesemia e hipocalcemia
• BAVT
Complicação: Torsades de Pointes
Conduta:
✓ Torsades: sulfato de Mg
✓ BAVT: marca-passo
✓ Parada: desfibrilação
Síncope
Perda súbita e transitória da consciência e do tônus.
Excluir hipoglicemia, convulsão, AVE e TCE.
Bradiarritmias
Benigna: poucos sintomas
- Observação ou atropina (antagoniza a ação vagal)
- Localização alta (com inervação vagal)
Maligna: grave
- Marca-passo (resposta ruim à atropina)
- Localização baixa (regiões que não recebem inervação vagal) ou fibrose
Disfunção sinusal:
• Bradicardia sinusal – ritmo sinusal lento
o Vagotonia, droga bradicardizante (betabloqueador), atletas
o Benigno
• Pausa sinusal – ritmo sinusal com pausa
o Vagotonia, droga bradicardizante: benigna por ser rápida
o Doença do nó sinusal (fibrose): maligno (> 3 segundos) → marca-passo
Parada cardíaca
Interrupção súbita e inesperada da circulação.
D – DEFIBRILLATION
• Ritmos chocáveis: FV e TV
• Choque único: monofásico (360J), bifásico (200J)
• Depois: RCP 5 ciclos = 2 min → 30:2
• Após: checar o ritmo
• Assistolia ou AESP:
BLS em assistolia ou AESP → ACLS (tubo + veia)
1. RCP 2 min + vasopressor (adrenalina 1 mg)
Obs.: não se faz vasopressina 40U ou atropina.
2. Ritmo? Não chocável
3. RCP 2 min + vasopressor
Caso de Refratariedade:
Diagnósticos diferenciais: causas potencialmente reversíveis...
• 5H: hipovolemia, hipoxemia, hipotermia, H+ (acidose), hipo/hiperK
• 5T: tension pneumothorax (pneumotórax hipertensivo), trombose coronariana, toxicidade
exógena, tamponamento cardíaco, TEP
Obs.: se alguma dessas situações estiver ocorrendo, corrigir em paralelo ao RCP.
181
Intoxicações
Abordagem geral:
A) Suporte clínico - prioridades: via aérea e circulação
B) Descontaminação (diminuição da absorção)
- Intoxicação oral: lavagem gástrica, carvão ativado, vomito
- Intoxicação cutânea: agua
C) Antídoto: sempre que existir antídoto, deve ser oferecido ao paciente.
Intoxicação digitálica
• Inibe a bomba de Na/K ATPase
Ocorre acúmulo de Na+ intracelular e K+ extracelular; estímulo sobre a bomba Na/Ca,
colocando o Ca2+ para dentro e Na+ para fora.
• Aumenta a força contrátil
• Alteração elétrica – diminuição da condução NAV e aumento do automatismo
atrial/ventricular
• Hipercalemia
Quadro clínico:
• Náuseas, vômitos, dor abdominal, alteração visual (borramento, cromatopsia – alteração
da percepção da cor)
Obs.: Van Gogh (?)
• Diminuição da condução NAV, aumento do automatismo atrial/ventricular
o Extrassístole ventricular: mais comum, mais precoce
o TV bidirecional: quase patognomônico
o Taquicardia atrial com BAV: quase patognomônico
o BAV 2º grau Mobitz I: BAVs são comuns, com exceção do BAV 2º grau Mobitz II
o Fibrilação atrial – rara; flutter – raríssimo
Impregnação – “pá de pedreiro” (digital em dose terapêutica) – infradesnivelamento de ST
Fatores que aumentam o risco de intoxicação:
• Insuficiência renal – menor excreção, aumento do nível sérico
• Doenças cardíacas (miocardite) – miócitos ficam mais sensíveis
• Alteração eletrolítica – hipoK, hipoMg, hiperCa
• Drogas – amiodarona, bloqueadores cálcio, ciclosporina, diurético
• Idade avançada
Tratamento:
✓ Correção eletrolítica: potássio
✓ Cuidado: arritmia (fenitoína)
✓ Descontaminação (diminuição da absorção): intoxicação oral – carvão ativado
✓ Antídoto: anticorpo anti-Fab – arritmias ou hiperK
182
Síndrome colinérgica
Sistema nervoso periférico
• Somático – voluntário: funções motoras voluntárias → acetilcolina (nicotínico)
• Autônomo – involuntário: funções vegetativas
o Simpático (fuga ou luta): adrenalina → catecolamina (adrenérgico)
o Parassimpático (descansar ou digerir): acetilcolina → acetilcolina (muscarínico)
Quadro clínico:
• Muscarínico (órgãos): miose, broncoconstrição, incontinência urinaria, bradicardia,
salivação = clínica parassimpática
• Nicotínica (junção neuromuscular): miofasciculação, fraqueza
Fisiopatologia:
Ou agonista da acetilcolina (raro) ou inibindo a degradação da acetilcolina (inibindo
acetilcolinesterase) – mais comum.
• Inibidores da acetilcolinesterase:
o Reversíveis: carbamatos (pesticidas, neostigmina, rivastigmina)
o Irreversíveis: organofosforados (pesticidas, gás sarin)
Tratamento:
✓ Muscarínico: atropina
✓ Nicotínico (miofasciculação, fraqueza): pralidoxima
Benzodiazepínico
Exemplos: midazolam
• Sedativos
• Antídoto: flumazenil
Identificar a cobra:
Peçonhenta ou não peçonhenta?
• Peçonhenta: fosseta loreal, dentes inoculadores (presas avantajadas)
Exceção: coral – não possui fosseta e presas discretas
o Cauda lisa: jararaca
o Chocalho: cascavel
o Escamas: surucucu
Diferenciando pela clínica:
• Necrosante: ação local, proteolítica
o Botrópico
o Laquético (parassimpática - bradicardia, diarreia; florestas)
• Neurotóxica (fácies miastênica)
o Elapídico
o Crotálico (miotóxico – mioglobinúria)
Aranhas
Mecanismo de ação: aranha e escorpião
• Ativa canais de sódio em neurônios (contrário do anestésico local)
Tipos de aranha:
1) Armadeira (Phoneutria)
• Características: região sudeste, errante (não cria teias), agressivas, extremidades
• Clínica: sinais locais leves e sistêmicos precoces
2) Viúva negra (Latrodectus)
• Características: região nordeste
• Clínica: contraturas e flexões (dor abdominal), fácies latrodectísmica
3) Aranha marrom (Loxosceles)
• Características: região sul (PR/SC), sexo feminino (16-46 anos), coxa (20%) e tronco (15%)
• Mais comum e mais grave
• Formas clínicas:
o Cutânea (99%):
- Lesão característica: base eritematosa + isquemia central + áreas violáceas (placa
marmórea) – aparecem tardiamente
- Evolução: necrose e úlcera de difícil cicatrização
o Cutânea-visceral (1%):
- Lesa hemácia (anemia hemolítica e IRA) e endotélio
- Hemólise + Insuficiência Renal + CIVD
Prevenção e tratamento:
✓ Criar macaco e galinha (predadores naturais)
✓ Soro anti-aracnídeo (não fazer em casos leves)
Obs.: na falta, pode ser feito soro anti-escorpiônico
Casos especiais:
✓ Latrodectus: soroterapia intramuscular (único) + benzodiazepínico e gluconato de cálcio
(devido a contratura muscular)
✓ Loxosceles:
Leve Moderado Grave
Clínica: Lesão típica Lesão < 3 cm Lesão > 3 cm ou
hemólise
Tratamento - Soro* + prednisona por 5 Soro + prednisona por
específico: dias 7-10 dias
Seguimento Retorno diário por Retorno diário por 5 dias Centro de
72h envenenamento
Escorpião
Escorpião amarelo (Tutyus serrulatus)
• É mais comum e mais grave que o araneísmo (óbito em crianças)
• Região MG/SP, membros superiores, meio urbano, multiplicação por partenogênese
Tratamento:
✓ Soro anti-escorpiônico (ou anti-aracnídeo) – não faz em casos leves
✓ Acompanhar por 6-12h (especialmente crianças)
185
Polineuropatia periférica
• Síndrome de Guillain-Barré
• Álcool
Mneumônico: NEUROPATIAS
• Endócrina – DM U N R E N O MR N L D
T D E U C R I AF C
• Infecciosa R Ó M M O F L U E OG
• Nutricional – vitamina B12 I C I A L I O MC O U
C R A T Ó R I A CL I
• Uremia I I O G I D I L
• Reumatológica – LES ON L I A O O L
NA Ó C S S A
• Trauma A G A E A I
• Oncológica (síndrome paraneoplásica) L I N
C -
• Porfiria A B
A
• Amiloidose R
R
Neuropatia por DM E
- Tipo mais comum: Polineuropatia
- Nervo mais acometido: mediano
- Par craniano mais acometido (III e VII)
186
Mononeuropatias:
Mediano:
• Mão em benção: flexão apenas do quarto e quinto dedos
Ulnar:
• Mão em garra
• Hanseníase
Radial:
• Mão em gota ou mão caída
Síndrome de Guillain-Barré
• Polineuropatia desmielinizante aguda
• Ataque contra a bainha de mielina do nervo periférico
• Infecção prévia: Campylobacter jejuni
Quadro clínico:
• Predomínio do quadro motor com fraqueza flácida, arreflexia, simétrica e ascendente
Pode apresentar disautonomias (arritmia, hipotensão), dor lombar, alteração de
sensibilidade
Ausência de atrofia muscular significativa – doença aguda e autolimitada
Diagnóstico: dissociação proteinocitológica no líquor
Tratamento: plasmaférese ou imunoglobulina**
Obs.: corticoide NÃO!
187
Trauma
Abordagem Inicial
Politraumatizado = lesões ≥ 2 sistemas (tórax, abdome, crânio, ossos longos) e pelo menos 1
representa risco de vida.
Quando ocorrem e quais as causas de morte no trauma?
Distribuição trimodal:
• 50% em segundos a minutos – TCE, TRM, coração, laceração aorta; realização de medidas
preventivas (ex.: cinto de segurança).
• 30% em minutos até 24h – lesões passíveis de tratamento: ruptura esplênica, lacerações
hepáticas, fraturas pélvicas, hemopneumotórax, hematoma subdural/epidural;
atendimento adequado, rápida avaliação e medidas de ressuscitação.
• 20% em mais de 24h – sepse, disfunção sistêmica de múltiplos órgãos, TEP
Antes do ABDE, sempre atentar a sua segurança!
A: controle da coluna cervical – colar cervical + prancha rígida
Permeabilidade da via aérea
Obs.: a fonação indica que provavelmente a via aérea está pérvia
B: O2 ≥ 11 L/min (máscara facial ou tubo endotraqueal)
Exame físico respiratório (esforço respiratório simétrico, presença de MV bilaterais)
Oxímetro de pulso + monitorização eletrocardiográfica
C: Acessos venosos (2 acessos periféricos) + amostra de sangue para avaliação laboratorial
Obs.: hCG em mulheres com idade fértil, gasometria, lactato e toxicológicos.
Obs.: em crianças < 6 anos pode ser feito o acesso intraósseo
Reposição volêmica com cristaloide aquecido – 1L e 20 mL/kg na criança
Controle da hemorragia – compressão manual da ferida ou torniquete < 6 horas
D: Glasgow + pupilas + extremidades
2. Temporárias
• Cricotireoidostomia por punção: inserção de agulha sobre a membrana cricotireoidea
com ventilação intermitente (O2 a 15 L/min, 1:4 segundos) por até 45 minutos
• Máscara laríngea
Fratura de laringe: rouquidão, enfisema subcutâneo, fratura palpável – tentar intubação
orotraqueal e se não for possível, realizar a traqueostomia.
Trauma torácico
Pneumotórax hipertensivo – fluxo unidirecional do ar para dentro da cavidade pleural de
forma a acumular grande quantidade de ar sob pressão. Lesão em “saco de papel”.
Diagnóstico clínico:
• Murmúrio vesicular diminuído ou abolido
• Hipertimpanismo
• Desvio contralateral da traqueia
• Enfisema subcutâneo
• Turgência jugular – dificuldade do retorno venoso por angulação dos vasos da base
• Hipotensão (choque obstrutivo) – dificuldade do retorno venoso
Tratamento imediato: toracocentese de alívio
• 2º EIC, linha hemiclavicular (Sabiston)
Obs.: crianças mantém no 2º EIC.
• 4º-5º EIC entre linha axilar anterior e média (ATLS 10ª ed)
Tratamento definitivo: toracostomia - drenagem em selo d’água, em 5º EIC, entre linha axilar
anterior e média.
Obs.: se foi realizada a drenagem e não houve melhora, suspeitar de lesão em brônquio
fonte; neste caso está indicado intubação seletiva ou 2º dreno.
Tórax instável – fratura ≥ 2 arcos costais consecutivos, sendo que cada arco deve estar
fraturado em pelo menos 2 pontos.
Clínica:
• Dor
• Respiração paradoxal (durante a inspiração o segmento fraturado colaba)
Conduta:
• Analgesia + O2 + evitar hiper-hidratação
• Se SO2 < 90% ou PaO2 ≤ 65: IOT + VM
Hemotórax
Clínica:
• Macicez à percussão*
• MV abolido
• Hipotensão
• Jugular colabada
Tratamento imediato: drenagem em selo d’água
A toracotomia está indicada quando:
• Drenagem imediata de 1500 mL de sangue (hemotórax maciço)
• Débito constante > 200 mL/h em 2-4 horas
• Necessidade persistente de transfusão sanguínea
Toracotomia de reanimação
Trauma penetrante + parada cardiorrespiratória em AESP com sinais de vida (pupilas reativas,
movimentos espontâneos e atividade organizada no ECG).
Toracotomia anterolateral E com clampeamento da aorta descendente, controle das lesões
torácicas exsanguinantes e massagem cardíaca aberta, além de evacuar saco pericárdico
em caso de tamponamento.
Tamponamento cardíaco
Acúmulo agudo de líquido no espaço que comprime o coração, e impede o enchimento
diastólico adequado.
Clínica:
• Tríade de Beck: hipotensão, turgência jugular e hipofonese de bulhas
Obs.: diferencial com pneumotórax hipertensivo, que apresenta alteração na ausculta
pulmonar.
• Pulso paradoxal (inferior a 10 mmHg na PAS durante inspiração) e sinal de Kussmaul.
Diagnóstico: clínica + FAST
Tratamento imediato: pericardiocentese – aspiração de 15-20 mL
Tratamento definitivo: toracotomia
Contusão miocárdica – ocorre em até 1/3 dos pacientes com trauma fechado torácico.
Clínica: insuficiência cardíaca (ICD), arritmia, bloqueio de ramo D
Diagnóstico: ECG
Tratamento: monitorização + dobutamina
Traumatismo da aorta
A aorta descendente no nível do ligamento arterioso é o local mais acometido.
Diagnóstico:
• História de trauma por desaceleração
• RX tórax com:
o Mediastino alargado > 8 cm – sinal mais consistente
o Perda do contorno aórtico
o Desvio do tubo orotraqueal e traqueia para direita
Padrão-ouro: aortografia
Exame mais usado na prática: TC tórax
190
Tratamento:
✓ Sempre tratar outras lesões associadas, pois sabe-se que a aorta ficará estabilizada por
pelo menos 24 horas.
✓ Iniciar betabloqueador
✓ Reparo da aorta através de toracotomia esquerda ou terapia endovascular.
Trauma abdominal
Lesões mais comuns:
Trauma contuso (fechado) – baço
Trauma penetrante (aberto):
- PAF: intestino delgado
- Arma branca: fígado
- Sinal do cinto de segurança: intestino delgado
Obs.: se o mecanismo não for citado – fígado
Quais exames devo solicitar?
- TC: classificação da lesão, avalia retroperitônio. Exige estabilidade hemodinâmica.
Paciente instável:
- Lavado Peritoneal (LPD) – mais sensível para detectar sangue na cavidade abdominal
- LPD positivo: aspirado inicial ≥ 10 mL de sangue ou conteúdo do TGI
- Hemácias > 100.000, leucócitos > 500/mm3, amilase > 175 UI/L, bile, gram +
- FAST – ultrassom abdominal – detecta líquido livre na cavidade abdominal
1. Saco pericárdico
2. Espaço hepatorrenal
3. Espaço esplenorrenal
4. Pelve ou fundo de saco (losango no abdome)*
Vantagem: rápido
FAST estendido (E-FAST): espaço pleural
- Videolaparoscopia – transição toracoabdominal, lesões de diafragma. Exige estabilidade
hemodinâmica.
- Perfuração do duodeno:
• Quadro clínico: retropneumoperitônio – escoliose antálgica, dor lombar que irradia
para região escrotal ou grandes lábios, crepitação ao toque retal
• Sinais radiológicos: ar delineando rins
• Conduta: laparotomia
- Contusão do duodeno:
• Quadro clínico: clássica – hematoma parede duodenal (+ vômito após alimentação)
• Sinais radiológicos: RX contrastado - mola ou empilhamento de moedas
• Conduta: descompressão gástrica + nutrição parenteral total (sem melhora em 2
semanas – laparotomia)
Intestino delgado
Órgão mais acometido em traumas penetrantes por arma de fogo.
Compressão da alça (volante, cinto de segurança) contra coluna vertebral, laceração em
pontos fixos por desaceleração, ruptura alça fechada por ↑ súbito da PIA.
Sinal do “cinto de segurança”
Qual cirurgia?
- Rafia primária: < 50% da circunferência
- Ressecção + anastomose primária: > 50% da circunferência
Intestino grosso e reto
Segmento mais afetado: transverso
Qual cirurgia?
- Rafia primária: < 50% da circunferência; cirurgia precoce (4-6h); estabilidade
hemodinâmica; ausência de lesão vascular; < 6 U concentrado de hemácias
- Ressecção + anastomose primária: estável, mas não preenche TODOS os critérios de rafia
- Hartmann ou “controle de danos”: instabilidade hemodinâmica
Detalhe do reto: 1/3 distal, lateral, posterior: colostomia de proteção + drenagem pré-sacra
Trauma de crânio
Fraturas da base:
- Sinal de Battle – equimose retroauricular ou mastoidea
- Sinal do guaxinim – equimose bilateral periorbital
- Hemotímpano
- Rinorreia ou otorreia
Obs.: sinal de Battle – não fazer intubação nasotraqueal e não passar cateter NGI.
Choque neurogênico – ↓ PA: lesão medular alta com perda da aferência simpática dos vasos,
causando vasodilatação + redução FC (lesão acima de T3).
Choque medular –déficit neurológico + flacidez e arreflexia (reflexo bulbocavernoso abolido).
Os 2 são provocados por lesão medular, um é choque e o outro é pancada na medula.
Traumatismo cranioencefálico: Escala de coma de Glasgow
• Escala de coma de Glasgow Abertura ocular Espontânea – 4
Estímulo verbal – 3
o Leve: 13-15 pontos
Estímulo doloroso – 2
o Grave: 3-8 pontos Ausente – 1
• Avaliação pupilas – simetria e reflexo fotomotor Resposta verbal Orientada – 5
• Déficit motor lateralizado (assimetria de Confusa – 4
movimentos voluntários ou estímulos dolorosos) Inapropriada – 3
Incompreensível – 2
Ausente – 1
Resposta Obedece comando – 6
motora Localiza estímulo doloroso – 5
Retira membro à dor – 4
Flexão anormal – 3
Extensão anormal – 2
Ausente - 1
193
Lesão axonal difusa (“lesão por cisalhamento”) – cisalhamento dos prolongamentos axonais
por forças de aceleração e desaceleração.
Quadro clínico: perda súbita da consciência (> 6h)
Dica: Glasgow BAIXO + TC “INOCENTE” (lesão axonal não pode ser vista)
Lesões cerebrais focais
Anatomia:
Calota craniana → espaço extra/epidural e a.meníngea → dura-máter → espaço subdural e
vv. ponte → aracnoide → espaço subaracnóideo e líquor → pia-máter
Hematoma subdural:
• Mais frequente (causa mais comum de efeito de massa no TCE)
• Lesão de veias ponte entre dura-máter/aracnoide, com acúmulo progressivo de sangue
no espaço subdural
• Tríade de Cushing: HAS, bradicardia e bradipneia – síndrome de HIC grave.
• TC: lesão hiperdensa que acompanha convexidade cerebral
• Tratamento: drenagem através de craniotomia
Hematoma epidural:
• Lesão de ramos da artéria meníngea que cruzam o osso temporal levando a acúmulo
de sangue no espaço compreendido entre a abóbada craniana e o folheto externo
da dura máter
• TC: lesão hiperdensa biconvexa
Subdural Extra/epidural
Local Espaço subdural Espaço extra/epidural
Vaso lesado Veias ponte Artéria meníngea média
Fator de risco Atrofia cortical Trauma grave no osso temporal
Idoso, alcoólatra
Anticoagulantes
Clínica Progressiva... Intervalo lúcido
TC Imagem hiperdensa, acompanha Imagem hiperdensa biconvexa
convexidade, em “crescente”
Cirurgia Desvio da linha média ≥ 5 mm
194
Perioperatório
Preparo pré-operatório:
Controlar fatores com impacto na evolução cirúrgica
• Exames pré-operatórios
• Avaliação do risco cirúrgico
• Medicação de uso crônico
• Profilaxia de TVP/TEP
• Profilaxia antibiótica
Exames pré-operatórios
Dependem do paciente e do tipo de cirurgia..
Com relação ao paciente:
• < 45 anos: nenhum exame é necessário
• 45-54 anos: ECG para homens
• 55-70 anos: ECG + hemograma com contagem plaquetária
• > 70 anos: ECG + hemograma + eletrólitos + glicemia + função renal
• Outros exames na dependência de patologias de base
Com relação a cirurgia:
• Coagulograma: estimativa de perda > 2 litros, neurocirurgia, cirurgias cardíaca e torácica
• Rx tórax: cirurgias cardíaca e torácica
Profilaxia antibiótica:
Evitar infecção de ferida operatória (S. aureus).
Anestesia:
Mallampati:
Classe 1: palato duro + palato mole e base úvula + abertura de orofaringe + pilar amigdaliano
Classe 2: palato duro + palato mole e base da úvula + abertura de orofaringe
Classe 3: palato duro + palato mole e base da úvula
Classe 4: palato duro
Funções da anestesia:
- Analgesia (opioides, anestésico local)
- Inconsciência (halogenados – gás, hipnóticos venosos, opioides)
- Relaxamento muscular (bloqueio neuromuscular, anestésico local)
- Bloqueio neurovegetativo (opioides, anestésico local)
Obs.: anestésico local bloqueia a fibra sensitiva.
Anestesia de neuroeixo:
Raquianestesia:
• Espaço subaracnoide (bloqueio “raqui para baixo”)
• Menor quantidade (contato direto com as fibras)
• Menor duração do efeito
• Efeito adverso: hipotensão, aumento da PIC, cefaleia
Peridural ou epidural:
• Espaço peridural (bloqueio segmentar)
• Maior quantidade
• Maior duração do efeito (cateter – permite o prolongamento da anestesia)
• Efeito adverso: hipotensão
Obs.: paciente com instabilidade hemodinâmica fica contraindicado para anestesia de
neuroeixo, devido ao risco de hipotensão. Outras contraindicações são distúrbios de
coagulação e lesão no local de punção.
Anestesia geral:
Analgesia, rebaixamento de consciência, bloqueio neuromuscular e vegetativo
1) Indução
a) Hipnótico IV (etomidato, propofol) e/ou halogenado (gás – isoflurano)
b) Ventilação sob máscara
c) Bloqueio neuromuscular + opioide
d) Intubação (TOT)
- Indução por sequência rápida – não há fase de ventilação; para pacientes
considerados “estômago cheio” (vítimas de trauma, gestante que evolui para geral) –
risco de vômitos e broncoaspiração de conteúdo gástrico
2) Manutenção
3) Despertar (ou emergência)
Pediatria
199
Síndromes Exantemáticas
Exantema ou rash – erupção cutânea disseminada.
Doenças exantemáticas – grupo de condições caracterizadas pelo surgimento agudo desta
erupção.
Período de incubação:
Vai do momento do contágio até o surgimento dos primeiros sinais e sintomas.
• Virais: entre 1 e 3 semanas
• Bacterianos: poucos dias
Pródromos:
• Febre: vai progressivamente aumentando e alcança o pico no dia que aparece a
erupção cutânea.
• Sinal típico: tosse (cof), coriza, conjuntivite não purulenta (fotofobia)
• Obs.: a tosse é uma das primeiras manifestações a aparecer e desaparece apenas no
período de convalescência.
• Enantema: mancha de Koplik (MIRA) – lesões brancas de 1mm circunscritas por halo
de hiperemia na face interna das bochechas; patognomônico.
CoCoCoKo
Exantema:
• Tipo morbiliforme – lesões maculopapulares eritematosas com tendência à confluência,
porém, intercaladas por pele saudável.
• Progressão: fronte, nuca, retroauricular (acompanha linha de implantação do cabelo);
craniocaudal lenta
• Descamação: furfurácea (fina)
Complicações:
• OMA (otite média aguda) – complicação mais comum
• Pneumonia – complicação mais grave; pode ser pelo próprio vírus do sarampo ou
bacteriana secundária a lesão epitelial
Conduta:
• Notificação compulsória e imediata!
• Profilaxia pré-exposição: vacinação tríplice viral (agente vivo atenuado) – 12/15 meses
• Profilaxia pós-exposição:
- < de 6 meses, grávidas ou imunodeprimidos (IG6*) → IG Padão
- > de 6 meses → vacina até o 3º dia (72hrs), IG até o 6º dia.
200
Rubéola (RUBOLA)
• Família Togavírus
• Contágio → gotícula
• Tempo de incubação → 14-21 dias
COMPLICAÇÕES:
Eritema infeccioso 19
• Parvovírus B19 → secreções/ tropismo linhagem eritróide.
Pródromos:
• Inespecíficos ou inexistentes
• Doença febril inespecífica no pico da viremia
• No momento em que começa a produção de anticorpos, encerram-se os sintomas
Exantema:
• Tipo trifásica:
1º FASE→ FACE ESBOFETEADA
o Exposição ao sol;
o Exercício físico;
o Calor ou estresse.
• Progressão craniocaudal
• Descamação ausente ou discreta
Conduta:
• Após o início do exantema, o paciente não é mais capaz de transmitir a doença, portanto,
não é necessário afastamento das atividades diárias.
201
Complicações:
O parvovírus B19 tem tropismo pelas células precursoras da linhagem eritroide e, ao infectá-
las, causa sua destruição, com interrupção temporária da eritropoiese.
Em casos transmissão para gestantes, essa interrupção pode causar anemia grave no feto,
podendo levar ao quadro de hidropisia fetal.
Em pacientes com doenças hemolíticas (ex.: anemia falciforme) pode causar crise aplásica
transitória.
Pode haver artralgia.
Pródromos:
• Febre alta que progressivamente aumenta e some em crise (subitamente)
• A erupção cutânea surge algumas horas após o desaparecimento da febre
Exantema:
• Tipo maculopapular
• Progressão: início no tronco e caráter centrífugo, vai para extremidades
(dura por poucas horas/dias)
Obs.: por ser lactente e quadro prodrômico inespecífico, muitas vezes entra-se com
antibioticoterapia. O surgimento do exantema pode ser então considerado como reação
alérgica ao antibiótico, porém, para diferenciar, se fosse reação alérgica, se esperaria
prurido e eosinofilia.
• Descamação ausente
Varicela (5A)
• Varicela Zoster
Dica:
Período de incubação: 10-21 dias Varicela 54
Pródromos:
• Inexistentes
Exantema:
• Tipo:
o Mácula eritematosa e pruriginosa → pápula → vesícula → pústula com umbilificação
central e formação de CROSTAS
o Lesões em diferentes estágios evolutivos (polimorfismo)
o Paciente deixa de ser contagioso quando todas as lesões atingem o estado de crosta
o Muito pruriginosas
o Acomete mucosas oral, conjuntival, vaginal
• Disseminação centrífuga – primeiras lesões surgiram no tronco e progridem para as
extremidades; porém, com distribuição centrípeta, ou seja, mais lesões no tronco
• Descamação ausente
Complicação:
• Infecção bacteriana secundária – lesões com perda de integridade e pruriginosas
- Vesícula nova com halo eritematoso ao redor
- Febre se prolonga por mais de 3 dias após o rash
- Complicação mais comum
• Síndrome de Reye – associação de infecção viral (varicela ou influenza) com uso de AAS
provocando disfunção hepática com hipoglicemia e encefalopatia.
• Ataxia cerebelar ou cerebelite – alteração do equilíbrio, fala e nistagmo.
Tratamento com Aciclovir: >13 anos/ 2º caso em casa/ uso de corticoide/ uso crônico de
AAS/ Dc crônica de pele ou Pulmão
202
Mononucleose
• Epstein-Barr vírus
• Período de incubação: 40 dias
Clínica:
• Faringite – hipertrofia amigdaliana, exsudato com petéquias no palato
• Linfadenopatia generalizada, principalmente em cadeias cervicais posteriores e
anteriores, mas também podem aparecer em axilares e inguinais
• Esplenomegalia não exuberante (2-3 cm do rebordo costal)
• Sinal de Hoagland – edema palpebral
• Exantema após amoxicilina
Laboratorial:
• Leucocitose com linfócitos atípicos
• Trombocitopenia
• Anti capsídeo viral/ ANTI EA/ ANTI EBNA
Escarlatina
• Streptococcus pyogenes ou estreptococo beta-hemolítico do grupo A de Lancefield –
infectado por um bacteriófago produtor de exotoxina pirogênica.
Pródromos:
• Doença estreptocócica – faringite estreptocócica (exsudativa, petéquias em palato e
adenomegalia)
• Enantema – língua em morango/framboesa (papilas linguais hiperemiadas e
hipertrofiadas)
- Morango branco – secreção brancacenta recobrindo as papilas hiperemiadas
- Morango vermelho
Exantema:
• Tipo micropapular (lixa)
Sinais clássicos:
o Sinal de Pastia – acentuação do exantema em Pregas/ não desaparece á dígito-
pressão.
o Sinal de Filatov – palidez peribucal
• Progressão centrífuga (inicia-se ao redor do pescoço e progride para o resto do corpo)
• Descamação lamelar (principalmente nas extremidades)
Tratamento:
• Penicilina G Benzatina – 1.200.00 UI IM dose única
203
Doença de Kawasaki
• Vasculite mais comum da infância
• Acomete especialmente artérias de médio calibre com predileção pelas coronárias
Febre há pelo menos 5 dias (critério obrigatório) +4
1. Conjuntivite bilateral não exsudativa (não purulenta)
2. Alteração de mucosas → lábios (fissuras) e cavidade oral (língua em morango,
hiperemia difusa)
3. Adenomegalia – gânglio com > 1,5 cm (critério menos comum)
4. Exantema com diversos aspectos possíveis, geralmente mais intenso na região inguinal
5. Alteração das extremidades – edema, eritema de mãos e pés (aguda), e
descamação (fase subaguda)
Exame complementar:
• Ecocardiograma – solicitar no momento do diagnóstico, repetido em 2-3 semanas e
novamente após 6-8 semanas se os anteriores foram normais.
Tratamento:
• Imunoglobulina venosa (IVIG): 2g/kg IV em 10-12 horas
• AAS 80-100 mg/kg/dia VO até 48h afebril
Obs.: a partir de então reduzir a dose para 3-5 mg/kg/dia (antitrombótica) até normalizar
o VHS ou até 6-8 semanas
Como diferenciar de escarlatina?
• Idade: mais comum em < 5 anos
Obs.: escarlatina é mais comum > 5 anos
• Conjuntivite
Obs.: ausente na escarlatina
• Duração da febre – Kawasaki evolui com febre prolongada.
Obs.: escarlatina é autolimitada e evolui com melhora espontânea, raramente com febre
acima de 5 dias.
204
205
Classificação:
• Sem estridor, sem taquipneia = Infecção das vias aéreas superiores
o Resfriado comum – mais comum
o Complicações do resfriado
- OMA
- Sinusite
o Faringite bacteriana
• Com estridor (FR variável) = doenças periglóticas (laringe, porção extratorácica traqueia)
o Abscessos profundos de pescoço
o Epiglotite aguda
o Laringotraqueíte aguda
• Com taquipneia, sem estridor = pneumonia
Complicações:
Otite média aguda:
• Complicação mais comum (até 30% dos resfriados comuns)
• Inflamação e infecção da orelha média
206
Diagnóstico diferencial:
→ Rinite alérgica: prurido e espirros, palidez de mucosa, eosinófilos
→ Sífilis congênita: primeiros 3 meses de vida, obstrução intensa, secreção sanguinolenta
→ Corpo estranho: rinorreia unilateral, fétida, sanguinolenta
Faringite bacteriana
• Entre 5-15 anos
Etiologia: Streptococcus beta hemolítico do grupo A de Lancefield (S. pyogenes)
Quadro clínico:
• Febre alta e dor de garganta
• Exsudato amigdaliano
• Petéquias no palato
• Adenomegalia cervical
• Não tem coriza ou tosse
Diagnóstico complementar:
• Teste rápido: swab oral (muito específico, mas menos sensível que cultura)
• Cultura: padrão-ouro
Diagnóstico diferencial:
→ Herpangina: coxsackie A – lesões vesiculares, ulceradas em região posterior cavidade oral
→ Adenovirose: febre, faringite exsudativa, conjuntivite
→ Mononucleose: linfadenopatia, esplenomegalia, linfocitose com atipia
→ PFAPA – crise febre periódica (~3 semanas), estomatite aftosa, faringite exsudativa, adenite
Quando pensar? Aftas + quadros recorres + culturas negativas. Tratamento: corticoide
→ Angina de Vincent: placas ulceronecróticas recobertas por exsudato pseudomembranoso
em amígdalas, palato e úvula, associada a péssimas condições de higiene bucal e halitose.
Tratamento:
✓ Penicilina benzatina: < 27kg = 600.000U; > 27 kg = 1.200.000U
✓ Amoxicilina por 10 dias
✓ Alergia a penicilina – Macrolídeos (Azitromicina 1x dia por 5 dias)
Obs.: não prescrever Sulfametoxazol-Trimetoprim (Bactrim)
Complicações:
Abscesso peritonsilar:
• Quadro clínico: amigdalite, disfagia, sialorreia (disfagia grave), trismo, desvio de úvula
• Tratamento: internação (?), ATB parenteral*, drenagem
o Clindamicina (SGA + anaeróbios)
o Drenagem por aspiração por agulha ou incisão e drenagem
Abscesso retrofaríngeo:
• Resultado da adenite dos gânglios que ocupam o espaço retrofaríngeo
• Quadro clínico: IVAS recente (qualquer que seja), febre alta e dor de garganta, disfagia
e sialorreia, dor à mobilização do pescoço, estridor (raro)
208
Doenças periglóticas
Estridor: ruído predominantemente inspiratório
Epiglotite aguda
Infecção bacteriana que causa inflamação e edema da epiglote e tecidos adjacentes.
Obs.: a epiglotite pode levar à morte por insuficiência respiratória aguda.
Etiologia:
• Haemophilus influenzae B – mais comum
• S. pneumoniae
• S. pyogenes
• S. aureus
Quadro clínico:
• Agudo e fulminante
• Febre alta e toxemia
• Dor de garganta, disfagia, sialorreia
• Estridor (dificuldade de passagem do ar na inspiração) – marcador de obstrução
respiratória eminente
• Posição do tripé – anteriorizar o tronco, extensão cervical, língua para fora (tracionando
a epiglote)
Conduta imediata:
Garantir a via aérea imediatamente!
• Intubação traqueal
• Traqueostomia
Tratamento:
✓ Antibioticoterapia
Quadro clínico:
• Pródromos catarrais
• Febre baixa
• Tosse metálica (crupe) = “tosse de cachorro” ou “tosse ladrante”
• Estridor
• Rouquidão
• Voz em “batata quente”
Exames complementares:
• Radiografia simples – sinal da torre ou do lápis (estreitamento infraglótico secundário ao
edema da mucosa laríngea)
Obs.: pode estar ausente.
Tratamento:
✓ Com estridor em repouso (obstrução mais grave): nebulização adrenalina + corticoide
✓ Sem estridor em repouso (só com agitação): corticoide
Diagnóstico diferencial:
→ Laringite estridulosa (crupe espasmótica): despertar súbito sem pródromos
Complicação:
Traqueíte bacteriana:
• Quadro de laringotraqueíte viral com febre alta e piora clínica
• Desenvolvimento de infecção bacteriana da mucosa da traqueia
• Resposta parcial ou ausente à adrenalina
• Tratamento: internação + ATB parenteral (S. aureus) + considerar IOT
209
Classificação:
• BACTERIANA – agudo, grave, maior mortalidade
• ATÍPICA – insidioso (arrastado)
• VIRAL (bronquiolite) – sibilos, mais comum em crianças < 2 anos
Quadro clínico:
• Pródromos catarrais
• Febre alta e tosse
• Taquipneia – alteração de maior sensibilidade
• Sinais clássicos
• Sinais de gravidade – tiragem, batimento de asa de nariz (BAN), gemência, cianose
Diagnóstico complementar:
• Radiografia de tórax
o Padrão de condensação alveolar (hipotransparência difusa) – sugere infecção
bacteriana
Obs.: cuidado!! Sinal do barco a vela = timo (normal)
• Outros exames (somente nas crianças hospitalizadas):
o Hemograma: leucocitose com predomínio neutrofílico
o Hemocultura: taxa de positividade baixa (10-30% nas pneumocócicas)
o Líquido pleural (quando houver derrame pleural)
Tratamento:
Indicações de hospitalização:
• Idade < 2 meses
• Comprometimento respiratório grave – tiragem, BAN, cianose
• Sinais gerais de perigo – vomita tudo que ingere, incapaz de mamar ou aceitar líquidos
• Doença de base
• Complicação
Escolha antimicrobiana:
• Tratamento ambulatorial (> 2 meses):
✓ Amoxicilina por 10 dias
✓ Penicilina procaína IM
• Tratamento hospitalar (> 2 meses):
✓ Penicilina cristalina EV
✓ Pneumonia muito grave: Oxacilina + Ceftriaxona
• Tratamento hospitalar (< 2 meses):
✓ Ampicilina + aminoglicosídeo
Falha terapêutica:
Falha após 48-72 horas:
• Radiografia de tórax
210
Complicações:
1. Derrame pleural:
Agente mais frequente: S. pneumoniae
Obs.: embora seja mais característico da infecção pelo S. aureus.
Exsudato x transudato:
Transudato: líquido sem características inflamatórias que se acumula por alterações
mecânicas (aumento da pressão vascular, insuficiência cardíaca, diminuição da pressão
oncótica).
Exsudato: líquido com características inflamatórias como aumento de proteínas e LDH
(relacionado à doença pleural).
➔ Inflamatório: se resolve tratando a pneumonia
➔ Empiema: se resolve apenas com a drenagem torácica
Critérios de Light:
• Relação proteína do LP/sérica > 0,5
• Relação LDH LP/sérica > 0,6
• LDH LP > 2/3 LDH sérico ou > 200 IU/L
Radiografia de tórax:
• Derrame?
o Sim → toracocentese
▪ Empiema? Aspecto purulento, pH < 7,2, glicose < 40 mg/dL, bactérias
- Sim. Drenagem torácica + manter tratamento
Pneumonia Atípica
Etiologia:
Mycoplasma pneumoniae < 5 anos
Quadro clínico:
- Inicio gradual
- Cefaléia + odinofagia + rouquidão
- Não tem coriza
- Tosse + taquipneia
Tratamento:
✓ Macrolídeos (Claritromicina mais usado) por 10-14 dias.
Diagnóstico diferencial:
• Coqueluche – Bordetella pertussis – gram negativo
Quadro clínico:
- Fase catarral
- Fase paroxística: acessos de tosse seguidos por um guincho
- Fase de convalescença
< 3 meses: tosse + apneia + cianose;
Quadro clínico:
• < 2 anos
• Pródromos catarrais
• Febre e tosse
• Taquipneia
• Sibilos – predominantemente expiratórios
Clássico: lactente que após poucos dias de “resfriado” evolui com taquipneia e sibilância.
Exames complementares:
Diagnóstico é clínico!
• Hemograma: pode ser normal ou haver linfocitose
• Antígenos virais (nasofaringe)
• Radiografia de tórax – hiperinsuflação (hipertransparência pulmonar, retificação de arcos
costais e cúpulas diafragmáticas)
Diagnóstico diferencial:
• Asma
o Sibilante transitório precoce – criança que começou a sibilar antes dos 3 anos e depois
não sibilou mais
o Sibilante persistente – criança que começou a sibilar antes dos 3 anos e continuou
sibilando
o Sibilante de início tardio – começou a sibilar após os 3 anos de idade
o Fatores preditores: episódios recorrentes, histórias familiar positiva, rinite alérgica e
eczema atópico, eosinofilia (> 3%), sibilância na ausência de resfriado
Imunizações
Calendário do Programa Nacional de Imunizações (PNI):
- Ao nascer: BCG + Hepatite B
- 2 meses: pentavalente + pólio (VIP) + pneumo-10 + rotavírus (“piriri”) - 4P
Obs.: pentavalente: difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus-B
- 3 meses: meningo-C
- 4 meses = 2 meses
- 5 meses = 3 meses
- 6 meses: pentavalente + pólio (VIP) – 6 doenças
- 9 meses: febre amarela (área com recomendação)
- 12 meses: tríplice viral + meningo-C + pneumo-10
Obs.: tríplice viral – sarampo, caxumba e rubéola
- 15 meses: hepatite A + DTP + VOP + tetraviral
- Obs.: tetraviral – sarampo, caxumba, rubéola, varicela
- 4 anos: DTP + VOP + varicela
- Adolescente: HPV + meningo-C
Influenza: campanhas (6 meses – 5 anos)
dT: reforço 10 em 10 anos
Regras básicas:
• Podem ser simultâneas
*exceto febre amarela + tríplice viral ou febre amarela + tetraviral em < de 2 anos
(resposta imune insatisfatória) – intervalo de 30 dias
• Não há intervalo máximo entre doses de uma vacina
Obs.: se o intervalo recomendado não for respeitado, não é necessário reiniciar o
esquema vacinal.
• Período de latência – intervalo de tempo entre a aplicação da vacina e o início da
produção de anticorpos
Febre amarela: 10 dias
Falsas contraindicações:
• Doenças comuns benignas – diarreia leve, resfriado comum (pelo MS, apenas doença
afebril)
• Desnutrição
• Alergia não grave a uma dose previa da vacina ou a algum componente da vacina
Contraindicação: anafilaxia prévia (acometimento cutaneomucoso + dificuldade
respiratório + tratamento hospitalar)
• Hospitalização
Contraindicação: VOP (SBIM: + rotavírus VO)
• História familiar de evento adverso
• Dose baixa de corticoide
Contraindicação: ≥ 2 mg/kg/dia ou 20 mg por > 14 dias (vacinas de agentes vivos)
Agentes vivos:
- BCG + Rotavírus + Febre Amarela + Varicela + VOP + Tríplice viral + Tetraviral
- Microorganismos vivos atenuados (baixa patogenicidade)
- Autorreplicativos
- Podem causar doença
- Contraindicação: imunodeprimidos e gestantes
BCG:
• M.bovis atenuado
• Proteção contra as formas graves de tuberculose – meníngea e miliar
• MS: até 5 anos incompletos
213
Rotavírus (VORH)
• Rotavírus atenuados
• Prevenção da doença diarreica grave
• Cuidado:
o 1ª dose: até 3 meses e 15 dias
o 2ª dose: até 7 meses e 29 dias
Obs.: a 2ª dose só pode ser feita se tiver realizado a 1ª dose.
• Contraindicações:
o Imunodeficientes
o Invaginação prévia
o Malformação intestinal não corrigida
• Nunca reaplicar a vacina
VOP (Sabin)
• Poliovírus atenuados
• MS: reforço em menores de 5 anos (após 3 doses da VIP)
Obs.: enquanto existir poliomielite no mundo, a VOP deverá ser feita, pois é capaz de
interromper a cadeia de transmissão do poliovírus selvagem.
• Eventos adversos: poliomielite vacinal
• Contraindicações:
o Imunodeficientes e contactantes de imunodeficientes e hospitalizados
• Revacinar apenas 1 vez (cospe, vomita)
Febre amarela
• Vírus atenuados cultivados em ovos de galinha
• Nas áreas com recomendação da vacina (ACRV): 9 meses a 60 anos incompletos
• Dose única (10 dias antes de viajar para área de risco)
• Eventos adversos: doença neurológica, viscerotrópica
• Contraindicação:
o < 6 meses ou mulheres amamentando crianças < 6 meses
o Anafilaxia a ovo
o Imunodeficientes e gravidez
Obs.: > 60 anos – apenas após avaliação médica (risco de efeito adverso é maior)
• Dose fracionada: imunidade garantida por no mínimo 8 anos
o Não pode ser feita: < 2 anos, grávidas e imunodeprimidos
Tríplice viral
• Vírus atenuados do sarampo, rubéola e caxumba
• MS: 1-49 anos
• Anafilaxia a ovo não é contraindicação
• Intervalo com hemoderivados (adiar se uso recente de IG, sangue ou derivados)
• Revacinar se IG, sangue ou derivados até 15 dias após a vacinação
• Esquema:
214
Hepatite B
• Ag de superfície (HBsAg)
• Recomendado para toda a população
• Aplicação: primeiras 12 horas de vida (reduzir risco de transmissão vertical)
Obs.: se mãe HBsAg+, vacinar e aplicar imunoglobulina ao RN
• > 7 anos não vacinado: 3 doses (0/1/6 meses)
• Sorologia pós-vacinal: profissional de saúde
o Vacinado: anti-HBs
o 1-2 meses após esquema com sorologia negativa: repetir 3 doses
Pentavalente
• DTP – toxoide diftérico e tetânico, bacilos mortos da coqueluche
Hib – sacarídeo conjugado → sacarídeo + proteína (capaz de imunizar < 2 anos)
Hepatite B
• Eventos adversos:
o Febre alta (>39,5ºC) ou choro persistente ou incontrolável: DTP
o Episódio hipotônico-hiporrensponsivo e/ou convulsão: DTPa
o Encefalopatia: DT
Pneumocócica 10-valente
• Sacarídeos de 10 sorotipos (conjugada)
• Protege contra doença pneumocócica invasiva (DPI) e OMA
• > 1 ano não vacinado: dose única (até 4 anos)
Obs.: pneumo 23-valente (polissacarídica) – péssimo indutor de resposta imune
• Comorbidades (> 2 anos após pnm-10) e idosos institucionalizados
Meningocócica C
• Sacarídeo capsular (conjugada)
• > 1 ano não vacinado: dose única (até 4 anos)
• 2018: adolescentes 11-14 anos (1 dose)
VIP
• Poliovírus inativada
• MS: até 5 anos
Hepatite A
• Vírus inteiro inativado
• PNI: dose única aos 15 meses (até 4 anos)
• SBP: 2 doses (12/18 meses)
215
Influenza
• Composição: vírus inativado – trivalente (A e B)
• Administração:
o 6m-9a: 2 doses na primovacinação
o ≥ 9a: 1 dose + reforço anual
• Contraindicação: anafilaxia a ovo
HPV
• Composição: 6, 11, 16, 18
• Indicação MS:
o Meninas: 9-14 anos
o Meninos: 11-14 anos (em 2018)
o 2 doses (0/6 meses)
o HIV/AIDS e imunossuprimidos – 9-26 anos em ambos os sexos, 3 doses (0/2/6 meses)
216
Síndromes urinárias
É normal o controle miccional a partir dos 2 anos de idade, começando pelo controle
miccional diurno e posteriormente com controle miccional noturno (até 5 anos).
Infecção urinária
Infecção ascendente – bactéria que coloniza o períneo ou prepúcio consegue ascender
pela uretra e alcançar o interior da bexiga, onde se multiplica e desencadeia um processo
inflamatório (cistite); eventualmente essa bactéria é capaz de ascender pelo ureter e atingir
o parênquima renal (pielonefrite).
Obs.: a micção é um grande protetor contra as ITUs.
Etiologia:
• E. coli (Gram negativa)
• Proteus – está relacionada com a formação de cálculos de estruvita; frequente em
meninos > 1 ano
• Outros Gram negativos
o Klebsiella
o Pseudomonas (submetidos a manipulação trato urinário, principalmente se ocorreu
em ambiente hospitalar – cateterismo)
• Gram positivos – S. saprophyticus (mulheres jovens e sexualmente ativas)
Obs.: é possível que seja apenas uma contaminação da amostra de urina.
• Vírus – adenovírus (cistite hemorrágica)
Quadro clínico:
- Manifestações inespecíficas: vômitos, hiporexia, baixo ganho ponderal
- Manifestações específicas: mais velhos
- Febre – pode ser a única manifestação (provável pielonefrite)
Diagnóstico:
• EAS (urina tipo I):
Objetivo: identificar sinais de inflamação e marcadores da presença bacteriana
o Esterase leucocitária
o Piúria (≥ 5 piócitos/campo)
o Nitrito – indica a presença de bactérias Gram negativas, pois são elas as capazes de
transformar o nitrato em nitrito
o Bacteriúria e Gram (Bacterioscopia)
Obs.: o EAS alterado não confirma o diagnóstico, apenas corrobora a suspeita.
217
Refluxo vesicoureteral
• Normal: implantação oblíqua do ureter pela parede da bexiga
• Primário: implantação anômala do ureter na parede da bexiga (perpendicular) = RVU
primário idiopático
Graus leves – tendem a apresentar uma resolução espontânea
• Secundário: implantação normal, porém bexiga com aumento da pressão, provocando
o refluxo
Exames de imagem:
• USG de rim e vias urinárias – permite identificar malformações grosseiras do trato urinário;
não permite o diagnóstico definitivo de RVU
• Cintilografia renal com DMSA – fase aguda permite observar alterações do parênquima
renal (pielonefrite); permite observar cicatrizes no parênquima renal
• Uretrocistografia miccional (UCM) – padrão-ouro para o diagnóstico de RVU e avaliar o
grau de refluxo
Quando investigar?
AAP – 2011 (NELSON)
• 1º episódio de pielonefrite:
USG: se normal, encerrar investigação
Se alteração presente na USG: UCM
• Após 2º episódio:
UCM sempre
Tratado SBP
• < 2 anos com ITU confirmada
USG + UCM
218
Síndromes ponderoestaturais
Avaliação nutricional
Gómez: peso x idade (P/I)
Interpretação:
• > 90%: eutrófico
• 90-76%: desnutrição leve (1º grau)
• 75-61%: desnutrição moderada (2º grau)
• ≤ 60%: desnutrido grave (3º grau)
• Edema = desnutrição grave
Limitações:
• Precisa da idade
• Não considera a estatura
• Não informa duração da desnutrição, se presente
Ministério da saúde:
Escore Z: indica a distância em desvio-padrão da média da população
Percentil: indica a posição do paciente na distribuição ordenada e crescente de valores
Obs.: p15: 15% da população é mais baixa e 85% da população é mais alta que o indivíduo.
• +3 → p99,9
• +2 → p97
• +1 → p85
• 0 → p50
• -1 → p15
• -2 → p3
• -3 → p0,1
Interpretação:
P/I E/I P/E IMC
EZ < -2 Baixo peso Baixa estatura Magreza
EZ < -3 Muito baixo peso Muita baixa estatura Magreza acentuada
*Magreza ~ desnutrição moderada
**Magreza acentuada ~ desnutrição grave
EZ ≥ -2 e ≤ +1 = eutrófico
Crescimento:
Peso:
• RN termo: 3400g (perde 10% do peso na primeira semana de vida e recupera até o 10/14º
dia de vida)
Primeiro ano: crescimento intenso e desacelerado
• 1º tri: 700 g/mês
2º tri: 600 g/mês duplica com 4-5 meses
3º tri: 500 g/mês triplica com 1 ano
4º tri: 400 g/mês
219
Desnutrição grave:
1) Marasmo
- Forma mais comum, geralmente o primeiro ano de vida
- Deficiência global de energia e proteínas
- Não há edema
- Ausência de tecido adiposo; fácies senil ou simiesca; hipotrofia muscular e hipotonia
- Não há alterações de pele ou cabelo
3) Kwashiorkor-marasmático
Tratamento:
• Estabilização: 1-7 dias
✓ Prevenção e tratamento:
o Hipotermia (marasmo – sem tecido subcutâneo; kwashiorkor – perda da
termogênese): agasalhar
o Hipoglicemia: alimentação de 3/3h, glicose se hipoglicemia (preferência VO)
o Distúrbios hidroeletrolíticos:
- Hidratação via oral (preferência); parenteral só em casos de choque
- Não tratar hiponatremia (Na+ está retido no intracelular)
o Infecção: ATB (amoxicilina VO ou gentamicina + ampicilina IM ou IV)
✓ Alimentação para a idade: 1) evitar a hipoglicemia, 2) interromper o catabolismo
Obs.: síndrome de realimentação – a hiperalimentação leva a hiperinsulinemia e
estímulo anabólico muito intenso, com grande captação celular de elementos,
causando principalmente hipofosfatemia.
✓ Micronutrientes:
o K, Mg, Zn (acelera a recuperação nutricional)
o Vitaminas (principais: vit. A e ácido fólico)
o Não fazer ferro!
Obs.: o ferro pode amplificar o processo inflamatório.
• Reabilitação: 2-6 semanas
✓ Dieta hiperproteica e hipercalórica: catch up
✓ Ferro
• Acompanhamento:
✓ Pesagem regular
220
Baixa estatura
OMS → estatura abaixo do percentil 3 ou EZ -2.
Variantes normais do crescimento:
• Baixa estatura familiar – crianças baixas que crescem em ritmo constante dentro do alvo
genético. IO = IC.
• Atraso constitucional do crescimento e da puberdade – desenvolvimento mais lento com
idade óssea atrasada em relação à idade cronológica, mas compatível com a idade
estatura. Bom prognóstico de estatura final.
Condições mórbidas:
• Desnutrição primaria – falta do alimento (miséria)
• Desnutrição secundária – patologia (síndrome disabsortiva – doença celíaca, aumento
da taxa metabólica basal - cardiopatia)
• Doença endócrina:
o Hipotireoidismo – causa endócrina mais comum; a desaceleração do crescimento
pode ser a primeira manifestação do hipotireoidismo adquirido
o Deficiência de GH – forma congênita ou formas parciais
o Hipercortisolismo – corticoterapia exógena/endógena; estigmas síndrome de Cushing
• Doenças genéticas:
o Displasias ósseas (acondroplasia) – baixa estatura desproporcional (alteração entre
SS/SI – aumentada)
Obs.: toda baixa estatura desproporcional é patológica.
o Síndromes cromossomiais (+ congênitas, teratogênicas)
Diagnóstico:
- Definir se há baixa estatura: E/I < p3
- Avaliar velocidade de crescimento
o Normal: variante normal do crescimento
▪ IO = IC > IE e pais baixos → baixa estatura familiar
▪ IO atrasada (IE = IO < IC) e pais com altura normal → retardo constitucional
o Anormal: condições mórbidas
▪ ♀ : cariótipo → Turner
▪ Alterações fenotípicas → doença genética
▪ Sem alterações fenotípicas → IMC bem nutrido ou obeso → doença endócrina
221
Obesidade
Etiologia:
• Primária – exógena (relacionada essencialmente com aporte calórico excessivo e
sedentarismo extremo = balanço energético positivo)
Obs.: criança obesa e alta.
• Secundária – endocrinopatia ou condição subjacente
Obs.: criança obesa e baixa.
Como definir?
• IMC = P (kg)/A2 (m)
• Ministério da Saúde:
0-5 anos 5-19 anos
EZ > +3 Obesidade Obesidade grave
EZ > +2 Sobrepeso Obesidade
EZ > +1 Risco de sobrepeso Sobrepeso
Comorbidades e avaliações:
• HAS
• Dislipidemia (solicitar CT, HDL, LDL, TGL)
• Esteatose hepática (solicitar TGP)
• Resistência insulínica e DM (solicitar glicemia em jejum)
• Síndrome metabólica (a partir dos 10 anos)
Obs.: os exames a serem solicitados são os que aparecem no manual de obesidade do SBP.
Tratamento:
• Planejamento dietético
o Esclarecimento
o Mudança de comportamento alimentar – hábitos alimentares, local onde faz as
refeições, número de refeições/dia
o Reduzir porções
o Qualidade
• Atividades físicas
o Atividade diária
o Diminuição das atividades sedentárias (< tempo de tela)
• Tratamento medicamentoso (principalmente para adolescentes)
o Não é tratamento inicial
222
Eventos puberais:
• Telarca – presença de tecido glandular mamário no sexo feminino; aumento de
estrógenos, no momento da gonadarca
• Pubarca – crescimento dos pelos, pilificação dependente de androgênios circulantes no
momento da adrenarca
• Menarca – evento tardio; nos primeiros meses os ciclos são anovulatórios e irregulares
Obs.: Ginecomastia – tecido glandular mamário no sexo masculino; fruto de um desequilíbrio
na quantidade de estrogênio e androgênio. Comum na puberdade, uni ou bilateral,
involução em 2-3 anos.
Crescimento:
Fases do crescimento:
• Peripuberal – estabilização da VC
• Estirão – quanto mais tardio o pico do estirão, maior a estatura final
Obs.: o pico do estirão puberal nos meninos ocorre 2-3 anos mais tarde do que nas
meninas e o crescimento se prolonga por mais 2-3 anos após as meninas pararem de
crescer. Por isso os homens possuem uma estatura final maior do que as mulheres (13 cm).
• Desaceleração
Características do crescimento:
• Centrípeto – primeiro crescem as extremidades e depois o tronco
• Distal-proximal – primeiro crescem as mãos e os pés
Composição corporal:
• Homem: aumento da massa magra
• Mulher: aumento da massa gorda (deposita-se no subcutâneo e quadril)
Masculino:
• G1: pré-puberal
• P1: pré-puberal
• G2: aumento do volume testicular (ação das gonadotrofinas hipofisárias);
Aumentado quando ≥ 4 mL no orquidômetro de Prader
Início: 9-14 anos
• P2: pubarca; base do pênis
• G3: aumento do pênis em comprimento
• P3: sínfise púbica
• G4: aumento do pênis em diâmetro (contorno da glande se destaca)
Crescimento: 9-10 cm/ano
• P4: grande quantidade
• G5: genitália adulta
• P5: raiz das coxas
• P6: ascende em direção a cicatriz umbilical
Puberdade precoce
Como caracterizar?
• Sinais puberais + aceleração de crescimento:
- Meninas < 8 anos
- Meninos: < 9 anos
Consequências:
• Psicossociais
• Perda de estatura na vida adulta (fechamento das epífises antes da idade certa)
Alta estatura na infância (IE > IC), porém, com baixa estatura no adulto
Etiologia:
Central ou verdadeira
Sempre isossexual – meninas com sinais de hiperestrogenismo e meninos com virilização.
- GnRH dependente – ativação precoce do eixo HHG
- Mais comum no sexo feminino
- Idiopática (90% nas ♀)
- Alterações do SNC (>50% nos ♂)
- Hamartoma hipotalâmico – malformação congênita com neurônios capazes de secretar
GnRH em localização ectópica; epilepsia com crises gelásticas (risos incontroláveis)
- Neoplasias do SNC, outras
Obs.: craniofaringioma – causa de puberdade tardia
Periférica ou pseudopuberdade
Isossexual ou heterossexual (contrassexual) – características do sexo oposto, como virilização
no sexo feminino ou feminização no sexo masculino.
- GnRH independente
- Tumores gonadais (testicular ou ovariano)
- Cistos ovarianos
- Tumores de suprarrenal, hiperplasia adrenal congênita
Obs.: sinal de virilização com aumento testicular, significa ação de gonadotrofinas, portanto,
de causa central. Já virilização sem aumento testicular, provável causa adrenal, ou seja,
periférica. Em meninos com assimetria testicular, procurar por tumor testicular.
Síndrome de McCune-Albright
• Mais comum em meninas
224
Clínica:
• Forma clássica:
o Perdedora de sal (mais grave): genitália atípica no sexo feminino; RN com vômitos
e desidratação (deficiência de cortisol); hiponatremia + hipercalemia
(hipoaldosteronismo)
o Virilizante simples: menina com genitália atípica ou menino com virilização precoce
• Forma não clássica: pubarca precoce
Laboratório:
• Dosagem: 17-OH-progesterona aumentado (precursor da 21-hidroxilase)
• FSH/LH: diminuídos
Avaliação:
• RX de mão e punho E – idade óssea (puberdade precoce IO > IE > IC)
Tratamento:
• Puberdade precoce central: análogo de GnRH
• Puberdade precoce periférica: tratar causa base (cirurgia – tumor; corticoide – HAC)
225
Neonatologia
Como classificar o RN?
Idade gestacional:
• DUM e USG
• Exame físico – Capurro e Ballard
Obs.: o método de Capurro não pode ser utilizado em < 29 semanas.
- Pós-termo: ≥ 42 semanas
- Termo: 37 semanas a 41 semanas e 6 dias
- Pré-termo: < 37 semanas
o Limítrofe ou tardio: 34 a < 37 semanas
o extremo: < 28 semanas
Peso de nascimento:
- Baixo peso: < 2.500g
- Muito baixo peso: < 1.500g
- Extremo baixo peso: < 1.000g
Reanimação neonatal
- Anamnese materna
- Preparo do material
- Preparo do ambiente (23-26ºC)
Após o nascimento:
• RN a termo?
• Respirando ou chorando?
• Tônus adequado? Em flexão
SIM nas 3 perguntas → clampeamento oportuno do cordão entre 1-3 min, colo da mãe e
iniciar aleitamento.
1) Aquecer, posicionar, aspirar (SN), secar
Avaliar FC e respiração → 30 segundos
Se FC < 100, apneia, respiração irregular
2) VPP (por 30”)
Oxímetro + Monitor cardíaco – ombros e coxa → 30 segundos
O2: < 34 sem – 30%; > 34 sem – ar ambiente
Se FC < 100
3) Checar técnica e IOT
Se FC < 60
4) Massagem cardíaca externa (3 compressões : 1 ventilação) → 60 segundos
Se FC <60
5) Epinefrina
Detalhes:
- Aquecer: recepcionar em campos aquecidos, colocar sob fonte de calor radiante,
se IG < 34 semanas – saco de plástico de polietileno + touca
- Posicionar: leve extensão da cabeça
- Aspirar: se necessário – 1º boca, 2º narinas
- Secar: remover campos úmidos, secar o corpo
- Avaliar FC: com estetoscópio
- VPP:
Máscara apropriada (cobrir nariz, boca e ponta do queixo)
Balão autoinflável ou ventilador mecânico manual em T (útil para prematuros)
Oxigênio: ≥ 34 sem – iniciar em ar ambiente; < 34 sem – iniciar com 30% O2
Oximetria de pulso – MSD (pré-ductal) ---------------------- < 34 sem desde início (A-P-A-S)
Monitor cardíaco – avaliar a FC de forma contínua
IOT: ventilação ineficaz ou prolongada, MCE/drogas, hérnia diafragmática (abdome
escavado), cada tentativa por 30”, opção – máscara laríngea.
- Massagem cardíaca externa: 1/3 inferior do esterno, profundidade de 1/3 do diâmetro AP
3 C : 1 V por 60 seg
- Epinefrina:
Administração: IV veia umbilical ou via traqueal 1x só
Expansão de volume (soro fisiológico), 10 ml/kg: palidez, evidencia de choque
Infecções congênitas
Conceito: Infecções que se estabelecem por via hematogênica transplacentária, ou seja,
ocorre durante a gestação.
O maior risco de transmissão ocorre no final da gestação (placenta maior e mais
vascularizada), porém, a gravidade é menor.
Quando suspeitar?
• RN assintomático – maioria das vezes
o Suspeita com doença ou sorologia materna
• RN sintomático:
o Quadro antenatal – abortamento, RCF, prematuridade
o Quadro inespecífico ou específico – visceral (hepatomegalia – via hematogênica pela
veia umbilical), ocular, neurológica, cutânea (exantema petequial ou icterícia),
medular
o Sequelas – neurológica, visual (cegueira) e auditiva (surdez)
Atenção!! IgM no RN significa infecção, porém, IgG no RN pode ser transmissão de anticorpos
maternos.
Sífilis:
• Treponema pallidum
100% das crianças geradas por mães que contraíram sífilis durante a gestação, apresentarão
a infecção ao nascimento.
Clínica:
• Sífilis precoce (< 2 anos):
o Rinite – secreção sanguinolenta (Treponema causa destruição da mucosa nasal)
o Lesões mucosas
▪ Placa mucosa: lesão elevada em qualquer superfície mucosa
▪ Condiloma plano: lesão condilomatosa ao redor de orifícios corporais, ex.: perianal
o Lesões cutâneas – pênfigo palmoplantar
227
o Lesões ósseas
▪ Osteocondrite: lesão lítica em região da metáfise; dolorosa, choro durante
movimentação do membro
▪ Pseudoparalisia de Parrot: imobilidade álgica
▪ Periostite: inflamação do periósteo na diáfise dos ossos longos e ossos planos,
principalmente ossos do crânio; sinal do duplo contorno
Obs.: crianças com sífilis congênita devem ser mantidas em precaução de contato
até 24h após início do tratamento, pois as lesões úmidas são ricas em Treponemas.
• Sífilis tardia (> 2 anos):
o Fronte olímpica (bossa frontal em decorrência da periostite do osso frontal) e nariz em
sela (desmoronamento do osso nasal em decorrência da rinite)
o Rágades: sulcos, em geral, no canto da boca, em decorrência da cicatrização de
placas mucosas
o Alterações dentárias: dentes de Hutchinson (incisivos deformados) e molar em “amora”
(múltiplas cúspides)
o Tíbia em sabre: deformação óssea decorrente da periostite e osteocondrite
o Articulação de Clutton – derrame crônico estéril nos joelhos
o Ceratite intersticial – opacificação da córnea
Como investigar?
Na suspeita (manifestação clínica do RN ou suspeita materna)... sempre:
• VDRL (sangue periférico) – teste não treponêmico
Valorizar: maior que o materno em 2 diluições (ex.: materno – 1:4; RN – 1:16)
Em alguns casos...
• Hemograma: anemia, plaquetopenia, leucopenia ou leucocitose
• Líquor: VDRL + (mais específica); células (> 25); proteínas (> 150)
• Rx de ossos longos
• Avaliação auditiva e visual
• Avaliação hepática e eletrólitos
Tratamento:
Como foi o tratamento da GESTANTE?
✓ Tratamento adequado:
o Penicilina benzatina
o Adequado para a fase (doses e intervalos)
- Primária, secundária ou latente recente (< 1 ano): 1 dose de 2.4000.000 UI
- Latente tardia (> 1 ano) ou terciária ou indeterminada: 3 doses de 2.400.000 UI com
intervalo de 1 semana. Reiniciar: intervalo não respeitado > 14 dias
o Iniciado até 30 dias antes do parto
o Avaliado risco de reinfecção
o Queda de VDRL documentada
✓ Mãe não tratada ou inadequadamente tratada:
o Realizar todos os exames e tratar todos os casos
o Notificação
Como tratar o RN? VDRL do RN sempre
✓ Mãe adequadamente tratada:
o Sintomático ou VDRL > materno em 2 diluições: todos os exames e tratar com
penicilina cristalina ou penicilina procaína
o RN assintomático e VDRL ≤ materno – acompanhamento ou exames + tratamento
o VDRL não reagente: acompanhamento ou penicilina benzatina (quando não há
garantia de acompanhamento)
✓ Mão não tratada ou inadequadamente tratada:
o Líquor alterado: penicilina cristalina IV por 10 dias
228
Acompanhamento:
✓ Acompanhar até 18 meses
✓ VDRL seriado
✓ Líquor a cada 6 meses (se alterado)
✓ Avaliação auditiva e visual
Toxoplasmose
• Toxoplasma gondii
A gestante deve contrair a doença após a concepção, com exceção da gestante
imunossuprimida que pode evoluir com reativação da doença.
Diagnóstico da gestante:
O IgM fica reagente por muito tempo, mesmo após a resolução da infecção aguda.
• IgM (-) e IgG (+): infecção pregressa
• IgM (+) e IgG (-): indica infecção aguda recente; repetir → IgM (+) e IgG (+)
• IgM (+) e IgG (+):
o Índice de avidez da IgG: avidez aumentada – infecção há mais de 3-4 meses
Investigação do feto:
• USG
• Amniocentese – técnica de PCR no líquido amniótico
Tratamento na gestante:
✓ Espiramicina – no momento do diagnóstico (reduz a passagem do Toxoplasma pela
placenta)
✓ Infecção fetal = Sulfadiazina + Pirimetamina + ácido folínico (após o 1º trimestre)
Obs.: são medicações teratogênicas, por isso só podem ser feitas após 1º tri.
Obs.: a reposição é com ácido folínico, metabólito ativo do ácido fólico, já que as
medicações antagonizam a ação do ácido fólico, mas não do folínico.
Clínica:
• RN assintomático
• TRÍADE DE SABIN – coriorretinite, hidrocefalia obstrutiva, calcificações difusas
Obs.: a coriorretinite se desenvolve em todas as crianças infectadas se não forem
tratadas.
Tratamento do RN:
✓ Sulfadiazina + Pirimetamina + ácido folínico – durante o primeiro ano de vida
✓ Corticoide – quadro grave (coriorretinite grave e proteína líquor > 1g/dL)
Citomegalovirose
• Citomegalovírus – família Herpesviridae
Gestante adquire infecção aguda após concepção ou reativação de infecção latente.
Tratamento:
✓ Ganciclovir IV por 6 semanas – doença grave
✓ Valganciclovir VO
Sequelas:
229
• Surdez
Obs.: a infecção congênita pelo CMV é a principal causa de surdez neurossensorial não
hereditária na criança.
Rubéola congênita
Gestante adquire infecção aguda após a concepção.
Síndrome da rubéola congênita se estabelece quando a infecção ocorre nas primeiras 16
semanas de gestação, principalmente nas primeiras 8 semanas (período de embriogênese).
Clínica:
• Catarata – pesquisa do reflexo vermelho ausente
• Coriorretinite em padrão de sal e pimenta
• Surdez – manifestação clínica mais comum
• Cardiopatia congênita – persistência do canal arterial (PCA – mais comum; sopro em
maquinária) ou estenose da artéria pulmonar
Conduta: manejo das sequelas e cuidados com a transmissão por até 1 ano.
Varicela congênita
Gestante adquire a infecção com < 20 semanas (principalmente nas primeiras 13 semanas).
Clínica:
• Lesões cicatriciais que acompanham o trajeto de um dermátomo
• Hipoplasia dos membros
• Doença neurológica
Quem?
Fatores de risco:
• Prematuridade
• Asfixia
• Sexo masculino
230
Como?
Clínica:
• Início nas primeiras horas de vida e melhora após o ~3º dia de vida
• Desconforto respiratório clássico – taquipneia, retração, gemência
Radiografia:
• Infiltrado reticulogranular difuso (“vidro moído”) + aerobroncograma – hipotransparência
pulmonar difusa
• Volume pulmonar reduzido
Tratamento:
✓ Oxigênio por capacete (hood)
✓ CPAP nasal – mantém a estabilidade alveolar
✓ Ventilação mecânica – se acidose respiratória, hipoxemia com CPAP ou apneia
persistente
✓ Surfactante exógeno
✓ Antibióticos – Ampicilina/ Gentamicina
Prevenção:
• Corticoide antenatal – 24 a 34 semanas
• Surfactante x CPAP
Quem?
Fatores de risco:
• Bolsa rota > 18 horas
• Corioamnionite
• Colonização materna por GBS
• Prematuridade
Como?
Clínica:
• Pode haver período assintomático (até 48h)
• Desconforto respiratório
• Doença sistêmica – alteração da temperatura (febre/hipotermia), hipoatividade
Radiografia:
• Infiltrado reticulogranular difuso + aerobroncograma = DMH
Exames adicionais:
231
Tratamento:
✓ Infecção precoce: ampicilina + aminoglicosídeo (gentamicina)
Quem?
História: cesariana eletiva + RN termo
Como?
Clínica:
• Início nas primeiras horas de vida
• Desconforto leve/moderado
• Rápida resolução (< 72 horas)
Radiografia:
• Congestão hilar
• Aumento da trama vascular
• Líquido cisural
• Derrame pleural
• Cardiomegalia discreta
• Hiperinsuflação pulmonar – retificação dos arcos costais, afastamento dos arcos costais
Tratamento:
✓ Oxigenoterapia (< 40%)
✓ Suporte
✓ Não fazer diuréticos!
Prevenção:
• Evitar cesariana eletiva
Quem?
História:
• LA meconial
• Sofrimento fetal
• Termo e pós-termo
Como?
Clínica:
• Início nas primeiras horas
• Desconforto respiratório grave
Radiografia:
• Infiltrado grosseiro e/ou pneumotórax
• Volume pulmonar aumentado
Tratamento:
✓ Suporte ventilatório
✓ Surfactante
Complicação: hipertensão pulmonar persistente neonatal
Resistência vascular pulmonar – permanece ↑ após o nascimento → mantem o shunt D–E →
cianose e labilidade intensa
Icterícia neonatal
Icterícia fisiológica:
• Produção exagerada:
A hipóxia intrauterina faz com que o RN possua um hematócrito alto, pois, em resposta a
hipóxia há produção aumentada de hemácias fetais, que possuem meia vida menor e,
portanto, há maior degradação
• Captação e conjugação deficientes
Baixa atividade da enzima glucuroniltransferase nos primeiros dias de vida
• Aumento do ciclo enterro-hepático
A bilirrubina conjugada pode ser desconjugada e reabsorvida pelo intestino
O trânsito intestinal é mais lento nos primeiros dias, favorecendo uma maior
desconjugação da bilirrubina, e além disso, há pouca presença de bactérias, que seriam
responsáveis pela transformação da bilirrubina conjugada em estercobilina.
A enzima betaglicuronidase está aumentada (responsável pelo ciclo enterohepático).
Icterícia precoce
Anemia hemolítica:
• Isoimune: incompatibilidade ABO e Rh
o ABO: mãe O e RN A ou B
o Rh: mãe Rh (-) e CI (+) e RN Rh (+)
• Esferocitose
• Deficiência de G6PD
Investigação:
• BT e frações
• Hematócrito (ou Hb) e reticulócitos
• Tipagem sanguínea, Rh e Coombs direto
Incompatibilidade Rh: CD +; Incompatibilidade ABO: CD + ou –
• Hematoscopia: corpúsculos de Heinz (marcador de deficiência de G6PD) e esferócitos
Tratamento:
• Fototerapia
Aleitamento materno
Profilaxia da anemia ferropriva:
SBP:
• > 37 semanas ou > 2,5 kg: 3 meses a 2 anos – 1 mg/kg/dia de Fe (exceto se receber > 500
mL/dia de fórmula infantil)
• < 2,5 kg: 30 dias a 2 anos
1º ano de vida:
o < 1000g (extremo baixo peso): 4 mg/kg/dia
o < 1500g (muito baixo peso): 3 mg/kg/dia
o < 2500g (baixo peso): 2 mg/kg/dia
2º ano de vida: 1 mg/kg/dia
Fisiologia do aleitamento:
• Produção láctea:
o Sucção:
- Estimula a liberação da prolactina (hormônio responsável pela produção láctea)
- Estimula a liberação de ocitocina (hormônio responsável pela ejeção do leite)
o Esvaziamento correto da mama
Técnica de amamentação:
Posicionamento: criança bem apoiada, cabeça e tronco alinhados no mesmo eixo, corpo
próximo, rosto de frente para a mama.
234
Pega: boca bem aberta, lábio inferior evertido, aréola mais visível acima da boca, queixo
toca na mama.
Cardiopatias congênitas
Circulação fetal:
- Trocas gasosas: placenta
- Alta resistência pulmonar (pulmões colabados)
- Desvios da direita – esquerda
VCI – AD – forame oval – AE (sangue oxigenado) – VE – aorta ascendente (sangue oxigenado)
VCS – AD – VD – Artéria pulmonar – canal arterial – aorta descendente (sangue não
oxigenado)
Circulação pós-natal:
- Redução da resistência pulmonar → aumento do fluxo pulmonar
- ↑ V e P no AE
- Fechamento do forame oval
- Aumento da resistência sistêmica → shunt E-D (↑ PO2 + ↓ PG)
- Fechamento do canal arterial
Cardiopatias congênitas:
Acianóticas
Se manifestam pela presença de sopro, arritmias, insuficiência cardíaca, mas sem cianose
Volume: shunt esquerda-direita
Relação Qpulmonar/Qsistêmica > 1 = aumento da circulação pulmonar
O grande determinante da magnitude do shunt é a diferença de pressão entre as 2 câmaras.
• CIV:
- Cardiopatia congênita mais comum
- Localização:
- Perimembranosa: mais frequente;
- Muscular
- Clínica:
- Logo após o nascimento: assintomático, sem manifestações, shunt VE-VD é limitado
- CIV pequena: assintomática; sopro holossistólico BEE inferior (turbilhonamento)
- CIV moderada/grave: IC (taquipneia, interrupção das mamadas, sudorese), sopro
holossistólico/ruflar diastólico mitral, hiperfonese de B2 na área pulmonar
- Diagnóstico:
- RX tórax: normal (CIV pequena) ou aumento da circulação pulmonar (vasculatura
pulmonar ingurgitada)
- ECG: sobrecarga AE e VE, sobrecarga biventricular
- Eco
- Tratamento:
235
• CIA:
- Tipos:
- Ostium secundum (tipo fossa oval) – mais frequente; defeito no meio do septo
interatrial
- Ostium primum – localizado adjacente as válvulas atrioventriculares; também
chamado de defeito parcial do septo atrioventricular
- Clínica:
- Assintomática
- Desdobramento fixo da B2
- Sopro sistólico ejetivo BEE média e alta (estenose pulmonar relativa); sopro diastólico
tricúspide (↑↑↑ Qp/Qs)
- Diagnóstico:
- RX tórax: aumento do AD, VD, aumento da art. pulmonar e circulação pulmonar
- ECG: sobrecarga VD; BRD
- Eco: dx definitivo
- Tratamento:
- Acompanhamento: CIA pequena e assintomáticos
- Cirurgia ou cateterismo: sintomáticos, repercussão hemodinâmica
- Diagnóstico:
- RX de tórax: CoA leve – erosões costais, sinal do 3
- Tratamento:
- RN: prostaglandina (manter perfusão sistêmica)
- Cirurgia ou cateterismo
Cianótica
Mecanismos:
• Tetralogia de Fallot – shunt direita-esquerda
• Transposição de grandes vasos (TGV) – discordância ventrículo-arterial
• Mistura de sangue oxigenado e não oxigenado
Teste da hiperóxia: cianose cardíaca x não cardíaca
- Gasometria após oferta de O2 100%
- PaO2 > 250 mmHg → exclui causa cardíaca
- PaO2 < 100 mmHg → cardiopatia
• Tetralogia de Fallot
- Dextroposição da aorta
- Obstrução na via de saída do VD
- Hipertrofia do VD
- CIV
- Clínica: depende do grau de obstrução
- Grave: cianose no RN
- Não grave: cianose progressiva
- Crise hipercianótica: < 2 anos, ao acordar ou após o choro, cianose intensa –
hipoxemia – diminuição do sopro
Flexão das pernas sobre o tórax (genupeitoral) para aumentar a resistência periférica
Morfina, oxigênio, betabloqueador
- Sopro sistólico ejetivo no foco pulmonar
- Diagnóstico:
- RX:
Coração em bota (hipertrofia VD com levantamento da ponta cardíaca + arco médio
escavado) e redução da circulação pulmonar
- ECG: aumento de VD
- Eco
- Tratamento:
- Cirurgia
- Paliativo: Blalock-Taussig (subclávia → pulmonar)
Causas reversíveis:
• 6 H’s: hipoglicemia* +
• 5 T’s:
IOT:
• > 2 anos, sem cuff → (idade) + 4
4
< 1 ano: tubo 3,5
1-2 anos: tubo 4
• > 2 anos com cuff → (idade) + 3,5
4
Ginecologia
&
Obstetrícia
239
Vulvovaginites
Vaginose: ----- cheiro de peixe podre ---- nugento
• Agente: Gardnerella vaginalis
• Causa: desequilíbrio da flora vaginal e crescimento polimicrobiano de bactérias
anaeróbias
• Diagnóstico: 3 de 4 critérios de Amsel
1. Corrimento branco-acinzentado, fino, homogêneo
2. pH vaginal > 4,5
3. Teste das aminas (Whiff) positivo
4. Clue cells (células alvo) na microscopia direta → várias Gardnerellas aderidas ao
citoplasma.
5. PADRÃO OURO → NUGENT (gram.)
240
Obs.: o cheiro piora durante a relação sexual (mas não há dispareunia) e durante o período
menstrual.
• Tratamento:
✓ Metronidazol 500 mg VO 12/12h por 7 dias (abstinência alcoólica)
✓ Clindamicina 300 mg VO 12/12h por 7 dias em gestantes no 1º trimestre (MS), depois
complementa com Metronizadol por 7 dias.
Não é necessário tratar o parceiro, pois se deve a um desequilíbrio de flora bacteriana.
Candidíase:
• Agente: Candida sp
• Diagnóstico:
1. Corrimento branco aderido, em nata (leite coalhado), PRURIGINOSO.
2. pH < 4,5*
Obs: a única com pH ácido. ***********
3. Whiff teste negativo
4. PSEUDO-HIFAS na microscopia.
• Tratamento:
✓ Nistatina creme por 14 noites ou Miconazol creme a 2% p/ 7 noites → 1º LINHA (CREME)
✓ Fluconazol 150 mg VO 1 cp nos dias 1, 4 e 7 e após 1 cp p/ semana por 6 meses –-----
NA RECORRÊNCIA
Obs.: não tratar parceiro se estiver sem manifestações clínicas.
Tricomoníase:
• Agente: Trichomonas vaginalis – não está presente na flora vaginal normal
Obs.: se achado na flora vaginal de criança, indica abuso sexual.
• Diagnóstico:
1. Corrimento amarelo esverdeado, bolhoso, COLO em framboesa/morango
(Teste de Schiller – aspecto tigroide)
2. pH > 5 (típico 5-6)
3. Whiff teste positivo
4. Protozoário móvel
Cervicites
Agentes: Gonococo (Neisseria gonorrhoeae) e Clamídia (Chlamydia trachomatis)
Fatores de risco:
• Transmissão sexual – sexarca precoce, múltiplos parceiros, DST prévia, não usar condom
Diagnóstico:
• Corrimento cervical, colo hiperemiado, friável, sinusorragia, dispareunia.
Tratamento:
✓ Ceftriaxone 500 mg IM (GonoCoCo) + AzitromicinA 1g VO dose única (ClAmídiA)
✓ Rastrear outras DSTs
✓ Tratar parceiro
✓ Consulta de retorno.
Diagnóstico:
3 critérios maiores ou mínimos:
o DOR hipogástrica + anexial + à mobilização do colo
+
1 critério menor:
o Febre
o Leucocitose
o VHS/PCR elevados
o Cervicite
Ou
1 critério elaborado:
o Endometrite (na biópsia)
o Abscesso tubo-ovariano ou no fundo de saco
o DIP na laparoscopia
Tratamento:
Classificação de Monif:
→ Estágio 1 – DIP não complicada
→ Estágio 2 – DIP com peritonite
→ Estágio 3 – oclusão de trompa ou abscesso tubo-ovariano
→ Estágio 4 – abscesso > 10 cm ou roto – cirúrgico
Complicações:
• Infertilidade
• Gravidez ectópica
• Dor pélvica crônica
• Dispareunia
• Recorrência da DIP
• Fase crônica da síndrome de Fitz-Hugh-Curtis (acometimento da cápsula de Glisson do
fígado)
243
Úlceras genitais
• Herpes
• Cancro mole
• Sífilis (cancro duro)
• Linfogranulomas
• Donovanose
Perguntar:
1. São múltiplas úlceras?
o Sim: Herpes, Cancro, Donovanose
o Não: Linfogranuloma, Sífilis
2. Dolorosas? PRINCIPAL
o Sim: Herpes (limpa), Cancro (suja)
o Não: Linfogranuloma, Sífilis, Donovanose (Lesões Sem Dor)
3. Fistulização de linfonodos?
o Sim: Cancro (único), Linfogranuloma (múltiplos)
o Não: Herpes, Sífilis, Donovanose
Cancro mOle:
• Agente: HaemOphilus ducreyi
• Diagnóstico:
- múltiplas úlceras, dolorosas, fundo sujo, adenopatia que fistuliza para 1 orifício,
odor fétido
• Tratamento:
✓ Azitromicina 1g VO dose única ou
✓ Ceftriaxone 500 mg IM
Herpes:
• Agente: Herpes simplex tipo 1 (orais) e tipo 2 (genitais)
• Tratamento:
✓ Aciclovir 400 mg 3x/dia por 7 dias + sintomáticos (primo-infecção herpética)
5 dias (infecção recorrente)
✓ Banho de assento com solução antisséptica
Sífilis:
• Agente: Treponema pallidum
• Formas clínicas:
o Primária: CANCRO DURO – úlcera única, indolor, bordos limpos, some 4 semanas
o Secundária: CONDILOMA PLANO e cutaneomucosa não ulcerada.
o Terciária: gomas, tabes dorsalis, aneurisma aórtico
• Diagnóstico:
Teste treponêmico = tem ou teve SÍFILIS.
Obs.: o FTA Abs é o positiva rápido, porém, uma vez que houve a infecção, nunca mais ficará
negativo. Não serve para controle de cura.
Obs.: o VDRL demora para positivar, mas é ótimo para SEGUIMENTO, ou seja, indicar CURA.
Obs.: NA gestação, após tratamento → VDRL mensal.
FORA do período gestacional → controle trimestral.
Recomendação MS: gestantes com teste positivo, iniciam tratamento e fazem sorologia
confirmatória com teste diferente do primeiro.
Ex.: se primeiro foi VDRL, o segundo deve ser treponêmico.
Violência sexual
Atendimento:
• Acolhimento (não exigir, apenas sugerir boletim de ocorrência e perícia)
• Notificação imediata (SINAN)
• Se menor de idade, notificar conselho tutelar
Contracepção:
• Levonorgestrel 1,5 mg VO dose única até 5 dias
Obs.: se contracepção de alta eficácia, não fazer
Profilaxia:
• Virais:
o HIV: Tenofovir + Lamivudina + Dolutegravir (2017) até 72h (obrigatoriamente) por 28d
o HBV: vacina e imunoglobulina até 14 dias
• Não virais:
o Penicilina benzatina 2.400.000 UI IM – sífilis
o Azitromicina 1 g VO DU – cancro mole, clamídia
o Ceftriaxone 500 mg IM DU – gonococo
o Metronidazol 2 g VO DU – tricomoníase
Obs.: o metronidazol pode interferir com os antirretrovirais, portanto, realizar após 28
dias de TARV.
FAZ O ABC
Neoplasias ginecológicas
Mama
Derrame papilar
✓ Lácteo:
o Hiperprolactinemia – prolactinoma, gravidez, medicamentosa (antagonista de
dopamina, metoclopramida)
✓ Multicolor (verde, amarelo ou marrom):
o Alteração funcional benigna da mama
o Ectasia ductal
✓ Sanguíneo ou serosanguinolento:
o Papiloma intraductal – maior causa
o Carcinoma papilífero
o Gravidez
Quando investigar?
✓ Espontâneo
✓ Uniductal ressecção ductal
✓ Unilateral
✓ Líquido “água de rocha” (cristalino) ou sanguinolento
Obs.: citologia negativa não exclui o diagnóstico.
Nódulo mamário
Exame clínico
↓
PAAF:
✓ Cístico → avaliar líquido e USG/MMG
✓ Sólido → MMG/USG ou biópsia
Exame clínico:
- Sugere benignidade: bem delimitado, móvel, regular, fibroelástico, sem retração da pele
- Sugere malignidade: mal delimitado, aderido, irregular, duro (pétreo), com retração da
pele
Obs.: exame das mamas – inspeção estática, inspeção dinâmica (levantar braços, forçar
musculatura), palpação de linfonodos, palpação da mama.
Obs.: o CA de mama geralmente se localiza no quadrante superior externo (QSE) ou
quadrante superior lateral (QSL).
PAAF:
- Líquido amarelo esverdeado – não deve ser CA → MMG ou USG de acordo com a idade
- Líquido sanguinolento, > 2 recidivas, massa residual ou nódulo sólido → biópsia
USG:
Indicações: MMG inconclusiva (BI-RADS 0), sólido x cístico, avaliação de nódulo em mulher
jovem e gestante.
- Sugere benignidade: bem delimitado, homogêneo, anecoico (sem ecogenicidade),
reforço acústico posterior
- Sugere malignidade: mal delimitado, misto, heterogêneo, sombra acústica posterior
RM:
Indicações: prótese mamária, múltiplas cirurgias, BI-RADS 0
Desvantagens: não mostra lesões < 2 mm ou microcalcificação (não é rastreio de CA mama)
Mamografia:
Incidências:
248
Biópsia:
✓ Core biopsy (ou punção por agulha grossa) – mais simples e mais barata
✓ Mamotomia – maiores fragmentos
Ambas são biópsias ambulatoriais de lesões palpáveis
✓ Biópsia cirúrgica – padrão-ouro
o Incisional: retira parte do tumor; lesões maiores
o Excisional: retira todo o tumor; lesões menores
✓ Lesão impalpável: estereotaxia
Patologias benignas:
Fibroadenoma:
✓ É a lesão sólida mais comum em mulheres jovens (20-35 anos)
✓ Fibroelástico, móvel, sem retração de pele, 20-35 mm
✓ USG: bem delimitado, sólido, homogêneo
Retirar se: > 35 anos, > 35 mm
Tumor filoides:
✓ Semelhante ao fibroadenoma com crescimento rápido → biópsia
✓ Tratamento: ressecção com margem cirúrgica
Esteatonecrose:
✓ Nódulo após trauma
Câncer de mama:
Fatores de risco:
✓ Sexo feminino
✓ Idade
✓ História familiar (parente de 1º grau – mãe, irmã, filha)
✓ Mutação BRCA (mama, ovário)
✓ Nuliparidade (mama, ovário)
✓ Menacne prolongado - menarca precoce e menopausa tardia (mama, ovário)
Obs.: quanto maior o tempo de ação hormonal, maior a chance de CA de mama
✓ Dieta rica em gordura
✓ CA in situ (lesão precursora, não câncer) e hiperplasias atípicas
Obs.: mesmos fatores para CA de endométrio e ovário (adenocarcinomas).
249
Tipos histológicos:
✓ Precursoras: ductal e lobular in situ
✓ Ductal infiltrante: tipo invasor mais comum
✓ Lobular infiltrante: bilateral e multicêntrico
✓ CA inflamatório: é localmente avançado
✓ Paget: descamação unilateral, pouco pruriginoso, deformidade de complexo areolo-
papilar (diferenciar de eczema, muito pruriginoso)
Rastreamento:
Mamografia bienal de 50-69 anos
2015: MS contraindicou o autoexame e o exame clínico passou a ser benefício incerto.
2013: MS – alto risco (parente de primeiro grau com CA < 50 anos ou CA bilateral ou parente
CA mama masculino): clínico + MMG anuais > 35 anos
Tratamento:
Tipos de cirurgia:
✓ Conservadora: avaliar a relação tumor/mama (até 3,5 cm que corresponda a 20% da
mama)
- Quadrantectomia ou Segmentectomia
- Contraindicação: doença multicêntrica e impossibilidade de RT pós-operatória
✓ Radical – mastectomia:
- Halsted – mais radical, tira os 2 peitorais
- Patey – tira o peitoral menor
- Madden – deixa os peitorais
Radioterapia adjuvante:
✓ Cirurgia conservadora
✓ Tumores > 4 cm
Hormonioterapia:
✓ Receptor de estrogênio positivo = tamoxifeno SERM (antagonista para mama, mas
agonista para endométrio) ou inibidores de aromatase por 5 anos
Obs.: tamoxifeno é SERM – modulador seletivo do receptor de estrogênio
Pior prognóstico:
Não ter receptor hormonal, linfonodo comprometido, superexpressão de HER2, CA de mama
em mulher jovem.
250
Ovário
Fatores de risco:
✓ História familiar (aumenta 3x a chance)
✓ Mutação BRCA (CA mama/ovário)
✓ Idade (> 60 anos)
✓ Dieta rica em gordura
✓ Menacne longo
✓ Nuliparidade
✓ Indutores de ovulação
✓ Obesidade
✓ Tabagismo
Fatores de proteção:
✓ Amamentação
✓ Uso de anovulatórios
✓ Laqueadura tubária
Diagnóstico:
- Clínica e USG → “suspeita”
Sólida
USG Doppler (IR baixo (< 0,4)
Septada (espesso)
Papilas
Espessamento da parede
Irregular
Tamanho > 8 cm
Antes ou após o menacne
- CA 125 → principal marcador tumoral
Ruim: falso negativo (normal) em CA ovário em fases iniciais; inespecífico (DIP, mioma,
adenomiose, gravidez)
Bom: complementar avaliação tumoral, seguimento pós-tratamento
Suspeito: > 35 pós-menopausa ou > 200 no menacne
Definitivo: histopatológico
Tumores benignos:
✓ Não neoplásicos:
o Cistos funcionais (folicular/corpo lúteo)
o Endometrioma – mulher jovem com dismenorreia secundária progressiva e que
surge com uma massa anexial
o Abscesso
✓ Neoplásico:
o Teratoma benigno – células dos 3 folhetos embrionários; mulher jovem, grávida
Complicação: torção
o Cistadenoma
o Struma ovarii – contem tecido tireoidiano (massa anexial + crise tireotóxica)
o Fibroma – TU ovário + ascite + derrame pleural = síndrome de Meigs
Tumores malignos:
✓ Epitelial:
o Adenocarcinoma seroso: mais comum
251
✓ Germinativo:
o Disgerminoma – tumor germinativo maligno mais comum
o Teratoma imaturo – pseudopuberdade precoce (secreta estrogênio)
✓ Cordão sexual:
o Androblastoma – produtor de androgênio (virilização súbita)
o Krukenberg – metástase de TGI (anel de sinete) – mais comum a partir de CA
estômago
Realizar endoscopia!
Obs.: não existe célula em anel de sinete no ovário, portanto, quando presente,
indica metástase.
Estadiamento:
IA: apenas em 1 ovário
IB: bilateral
IC: cápsula rota ou citologia +
II: pelve
III: abdome
IV: metástase fora do abdome
Obs.: disseminação em gineco é linfática, exceto ovário → transcelômica (espalha-se
rapidamente pelo peritônio)
Tratamento:
✓ Laparotomia → diagnóstico, estadiamento e tratamento
✓ Lavado peritoneal + histerectomia total + anexectomia bilateral + omentectomia +
ressecar implantes e linfonodos
✓ QT adjuvante: ≥ IC ou tumor indiferenciado (G3)
✓ Idade fértil IA e G1 (bem diferenciado): avaliar salpingo-ooforoplastia unilateral ou
salpingo-ooforectomia unilateral
252
Colo do útero
Sangramento vaginal:
✓ Obstétrico: verificar atraso menstrual, tamanho do útero
✓ Infecção: verificar corrimento vaginal, DST
✓ Neoplasia: idade, fator de risco, HPV
✓ Disfuncional: típico em adolescente e mulheres em perimenopausa, menstruação
irregular
Fatores de risco:
✓ HPV e fatores para DST
✓ Tabagismo
✓ Baixa imunidade
Abordagem:
✓ Anamnese + exame físico
✓ Estágios avançados: dor, corrimento, sangue
✓ Rastreio: colpocitologia
1) Quando colher?
1 vez por ano, após 2 exames negativos, a cada 3 anos
Entre 25 a 64 anos, após a sexarca
Situações especiais:
- Gestante: igual
- HIV: após sexarca 6/6m no 1º ano; CD4 < 200 manter 6/6m
- Virgem: não colher
2) Como colher?
- Coleta ectocervical
- Coleta endocervical
3) Como conduzir?
o LIE-BG (LSIL): repetir em 6m (≥ 25 anos) ou 3 anos (< 25 anos)
2 LIE-BG: colposcopia
o ASC-US: repetir em 6m (≥ 30 anos) ou 12m (25-29 anos) ou 3 anos (< 25 anos)
2 ASC-US: colposcopia
o ASC-H: colposcopia
o AGC (AGUS): colposcopia → avaliando canal (local onde estão as glândulas)
– escovado endocervical
o LIE-AG (HSIL): colposcopia
o AOI (origem indefinida): colposcopia
o HIV+ com LIE-BG ou ASC-US: colposcopia
o Se parece com CA: colposcopia
Diagnóstico:
Colposcopia + biópsia:
✓ Ácido acético: marca áreas de alta atividade proteica (fica acetobranca)
✓ Teste de Schiller (lugol): normal = corar bastante; baixo glicogênio fica iodo negativo
(Schiller+)
Obs.: gestante só realizar biópsia na suspeita de invasão (tabela de achados colposcópicos).
Tratamento:
Lesões intraepiteliais (NIC):
✓ Destrutivo – NIC 1 por 2 anos: crioterapia ou cauterização
✓ Exérese – ≥ NIC 2: CAF ou CONE
o CAF (cirurgia de alta frequência) ou EZT (exérese da zona de transformação)
Contraindicação: suspeita de invasão, não vê limite da lesão, JEC não visível
o CONE
Estadiamento:
Estágio 0: carcinoma in situ
Estágio I: restrito ao colo (3,5-4 cm)
- I A1: ≤ 3 mm profundidade
- I A2: 3-5 mm profundidade
- I B1: 5 mm a 4 cm profundidade
- I B2: > 4 cm profundidade
Estágio II: continuidade
- II A: parte superior da vagina (II A1: até 4 cm; II A2: > 4 cm)
- II B: invade paramétrio (toque retal)
Estágio III:
- III A: 1/3 inferior da vagina
- III B: parede pélvica, hidronefrose, exclusão renal
Estágio IV:
- IV A: bexiga e reto
- IV B: metástase a distância
Tratamento:
✓ Estágio 0: cone é diagnóstico e terapêutico
✓ Estágio I A1: histerectomia total tipo 1; deseja gestar: cone
✓ Estágio I A2: histerectomia total tipo 2 + linfadenectomia pélvica
✓ Estágio I B1: Wertheim-Meigs (histerectomia total tipo 3)
✓ Estágio I B2 ou II A: Whertheim-Meigs ou Quimiorradioterapia
✓ Estágio ≥ II B: quimiorradioterapia
254
Câncer de vulva
Fatores de risco:
✓ HPV
✓ Tabagismo
✓ Linfogranulomas venéreos
Diagnóstico:
Clínica: prurido (mais comum) – 70%
Exames: teste de Collins e biópsia
Tipo histológico mais comum: escamoso
Local mais comum: grandes lábios
Disseminação: linfática
Tratamento:
✓ ≤ 2 cm: retirada da lesão com margem cirúrgica de 2 cm
✓ > 2 cm: vulvectomia
Endométrio
Sangramento vaginal na pós-menopausa:
✓ Atrofia – 30% dos casos: USG endométrio fino
✓ Terapia hormonal – 30% dos casos: uso de medicação
✓ CA de endométrio – 15% dos casos: USG endométrio espesso + fator de risco
Suspeita de câncer:
✓ Menopausa:
o Endométrio > 4 mm sem TH
o Endométrio > 8 mm com TH
✓ Colpocitologia pode ser suspeita: célula endometrial após a menopausa
Fatores de risco:
✓ Obesidade – principal (maior formação de estrogênio)
✓ > 60 anos
✓ Nuliparidade
✓ Branca
✓ Anovulação crônica
✓ Menacne longo
✓ DM, dieta rica em gordura
✓ Hiperplasia
Fatores de proteção:
✓ Multiparidade
✓ Tabagismo
✓ ACO
✓ DIU progesterona
Diagnóstico:
Clínica e USG → suspeita
Suspeita → realizar biópsia (cureta de Novak ou curetagem fracionada/semi-ótica ou
histeroscopia com biópsia – padrão-ouro)
Hiperplasia endometrial:
Precede 80% dos CA endométrio
Tratamento:
✓ Simples ou complexa sem atipia:
o Progesterona: é o mais utilizado (injetável trimestral) por 3 a 6 meses
o Histerectomia: pós-menopausa e falha do tratamento clínico (exceção)
✓ Simples ou complexa com atipia:
o Progesterona: desejo de gestar ou alto risco cirúrgico (exceção)
o Histerectomia: eleição na presença de atipia
Câncer de endométrio:
Tipo histológico mais comum: endometrioide (melhor prognóstico)
Tratamento:
✓ Laparotomia: estadiamento e tratamento
o Lavado peritoneal + histerectomia total abdominal + anexectomia bilateral
(salpingooforectomia) + linfadenectomia
✓ Radioterapia: ≥ 50% invasão miometrial (≥ IB)
✓ Quimioterapia: metástase
256
Amenorreia
Primária – nunca menstruaram
• 14 anos sem menstruação e sem desenvolvimento sexual secundário
• 16 anos sem menstruação com desenvolvimento sexual secundário
Secundária – menstruavam e parou
• Sem menstruação por 6 meses ou 3 ciclos
Investigação:
Amenorreia secundária
1º) Excluir gestação → beta-hCG quantitativo
2º) Dosar TSH e prolactina (juntos)
- Hipotireoidismo
- Hiperprolactinemia (normal 5-20):
o Prolactinoma (> 100): sinais de compressão de quiasma óptico (diplopia), cefaleia
- Diagnóstico: RM
- Tratamento: inicialmente é clínico – cabergolina* ou bromocriptina
Obs.: são drogas agonistas dopaminérgicas. Dopamina é um fator inibidor de
prolactina.
o Medicamentosa: metoclopramida (plasil), neurolépticos, tricíclicos, ranitidina,
ACO, antagonistas da dopamina
o Outras: gestação, lactação, estimulação, lesão torácica (queimação),
insuficiência renal
Obs.: se houver ao mesmo tempo hipotireoidismo e hiperprolactinemia, tratar a tireoide.
3º) Teste da progesterona – avalia os níveis de estrogênio e trato de saída
- Medroxiprogesterona 10 mg por 5-10 dias
o Houve sangramento – havia ação estrogênica e o trato estava livre = anovulação
(ex.: SOP)
o Sem sangramento: prosseguir..
▪ Baixo estrogênio
▪ Lesão de endométrio
▪ Obstrução ao fluxo
4º) Estrogênio + progesterona – avalia a anatomia (endométrio e o trato de saída)
- Estrogênio + progesterona por 21 dias
Estrogênio por 21 dias e nos últimos 10 dias acrescentar progesterona
o Houve sangramento: prosseguir
▪ Causa ovariana
▪ Causa central
o Sem sangramento:
▪ Causa uterovaginal
5º) Dosagem de FSH: avalia se causa central ou ovariana
- FSH aumentado (> 20): causa ovariana
- FSH normal ou diminuído (< 5): prosseguir
o Causa hipofisária
o Causa hipotalâmica
6º) Teste do GnRH:
- Administra GnRH
o LH aumentou e/ou FSH aumentou: causa hipotalâmica
o Não aumentou FSH ou LH: causa hipofisária
257
Investigação:
Amenorreia primária
1º) Exame físico – estigmas de Turner, hímen imperfurado (criptomenorreia)
- Caracteres sexuais secundários presentes?
o Não:
▪ LH, FSH aumentados – solicitar cariótipo = disgenesia gonadal
▪ LH, FSH diminuídos – solicitar teste GnRH = causa hipofisária/hipotalâmica
o Sim: avaliação uterovaginal
▪ Síndrome de Roktansky
▪ Síndrome de Morris: pseudo-hermafroditismo masculino
Disgenesia gonadal:
Principal causa de amenorreia primária sem caracter sexual secundário
• Síndrome de Turner (45 XO) – é a mais comum: pescoço alado, baixa estatura, tórax em
escudo, hipertelorismo mamário, ovários em fita.
• Disgenesia com Y (Síndrome de Swyer 46 XY) – presença de testículo fibrosado, genitália
interna e externa femininas = retirar a gônada
258
Síndrome de Roktansky:
• 46 XX (feminina)
• Agenesia mulleriana – não desenvolvimento de útero, trompas e parte superior da vagina
• Ovários normais
• Clínica; amenorreia primária, com caracter sexual secundário, sem útero, trompas e parte
superior da vagina. Com pilificação normal.
Obs.: pode vir associado a outras malformações (ex.: renal).
Síndrome de Morris:
• 46 XY (masculino)
• Defeito no receptor androgênico – genitália externa feminina
• Não há útero, pois há fator de inibição mulleriana
• Tem testículo (as vezes na forma de hérnia)
• Clínica: amenorreia primária, mama pequena, sem útero e parte superior da vagina, sem
pelos.
• Conduta: retirar a gônada
Manifestações clínicas:
• Resistência insulínica: acantose nigricans – dobras, pescoço, região axilar, inguinal
• Hiperandrogenismo: acne, alopecia, hirsutismo (pelo grosso em localização típica
masculina)
Obs.: o hirsutismo pode ser definido pela escala de Ferriman ≥ 8
• Anovulação: irregularidade menstrual e infertilidade
Diagnóstico:
Critérios de Roterdã: 2 de 3 critérios
• Ovários policísticos à USG (≥ 12 folículos de 2-9 mm ou ovário ≥ 10 cm3)
• Oligo ou anovulação
• Hiperandrogenismo – clínico ou laboratorial
Excluir outras causas de anovulação hiperandrogênica
Tratamento:
✓ Atividade física + dieta + perda de peso
✓ Controle glicêmico – metformina
✓ Tratar hirsutismo – estético, ciproterona
✓ Controle do ciclo menstrual – ACO ou progesterona
✓ Gestação – indutores da ovulação (clomifeno)
259
Infertilidade
Ausência de gravidez após 1 ano de tentativas.
Principais causas:
• Fator masculino: 35%
• Fator tuboperitoneal: 35%
• Anovulação: 15%
Avaliação básica:
- Hormônios: FSH, progesterona, TSH, prolactina
- USG TV: avaliação anatômica
- Histerossalpingografia
- Espermograma
Avaliação avançada:
- Vídeo (laparoscopia, histeroscopia)
Infertilidade masculina:
Espermograma:
• Normal: não repetir
• Anormal: repetir após 3 meses (nova espermatogênese)
Infertilidade feminina:
Fator ovariano:
• Dosagem de progesterona na fase lútea (21-24º dia do ciclo) – níveis aumentados,
significam ovulação
• Dosagem de FSH – avalia reserva ovariana (boa se 3º dia se FSH < 10)
Obs.: se FSH elevado significa que os ovários estão envelhecidos ou há resistência folicular
à ação do FSH.
Opção: hormônio anti-mulleriano
• Biópsia de endométrio – transformação de proliferativo para secretor (garante que houve
ovulação e o endométrio é responsivo ao estímulo); já foi padrão-ouro, hoje em desuso
• USG TV seriada – documenta ovulação (programar coito ou intervenções – FIV) e
contagem de folículos (prognóstico na reprodução assistida)
Obs.: quanto maior o número de folículos, maior a chance de haver um bom folículo,
capaz de ser fecundado.
Fator tuboperitoneal:
• Histerossalpingografia – exame inicial para trompa
o Trompa pérvia = prova de Cotte positiva
• Videolaparoscopia – padrão-ouro para doença tubária e peritoneal
Fator uterino:
• USG TV e histerossalpingografia
• Histeroscopia – padrão-ouro para cavidade endometrial
Tratamento:
✓ Masculino: maioria FIV
✓ Fator ovariano: indução (clomifeno) ou FIV
✓ Fator tuboperitoneal: laparoscopia (retirar aderência, endometriose, salpingoplastia)
✓ Fator uterino: histeroscopia (retirada de pólipos, septos)
✓ Inseminação intrauterina: infertilidade sem causa aparente, só masculino leve > 5 milhões
260
Investigação:
1º exame = especular!
História clínica:
- Pós-coito (sinusorragia)? Cervicite, CA de colo, lesão vaginal
- Menacne? Sexualmente ativa e sem contracepção eficaz: pedir β-hCG
- Medicamento? Escape do contraceptivo, TH na pós-menopausa
- Intrauterino? Avaliar USG TV
USG TV:
• Endométrio suspeito após menopausa:
o > 4-5 mm sem TH
o > 8 mm com TH
Avaliação endometrial + biópsia = histeroscopia (padrão-ouro)
Sangramento disfuncional
• Excluídas as causas orgânicas
• Extremos da vida reprodutiva (2 primeiros anos após menarca e 2 últimos anos antes da
menopausa)
Tratamento:
✓ Intenso: ACO 8/8h por 7 dias e após 7 dias de pausa (vai sangrar) usar 1x/dia
✓ Leve/moderado: AINEs, ACO 1x/dia ou progesterona
261
Pólipos
• Cervical – pode ser causa de sinusorragia ou assintomático
• Endometrial – maioria assintomáticos; achado ultrassonográfico (espessamento focal do
endométrio; imagem hiperecogênica)
• Risco de malignização é baixo (< 0,5%)
Tratamento: polipectomia histeroscópica
Miomas:
• Fator de risco: raça negra
• Maioria são assintomáticos (achado ultrassonográfico)
• Subseroso – não causa sangramento, pois não distende a cavidade uterina
• Intramural podem causar sangramento
• Submucoso
Diagnóstico: nódulo hipoecogênico ao USG
Tratamento:
✓ Assintomático – não tratar
✓ Sintomático:
o Leve/moderado: clínico (ACO – trata a sintomatologia, mas não trata o mioma)
o Intenso e nulípara: miomectomia
o Intenso e multípara: histerectomia
Obs.: mesmo multípara, se único problema for mioma submucoso, tratar com
miomectomia histeroscópica.
✓ Análogo de GnRH – diminui tamanho do mioma e sangramento, corrige hematimetria:
preparo cirúrgico (pode ser utilizado por no máximo 6 meses)
Obs.: quando utilizado por longo período induz menopausa química.
✓ Embolização de artéria uterina – múltiplos miomas e não pediculados
Desvantagem: embolização errônea de artéria ovariana causando falência ovariana
Degeneração:
• Hialina – mais comum
• Rubra/vermelha ou necrose asséptica – gestação (provoca dor)
• Sarcomatosa – maligna (mioma que cresce após a menopausa)
Dismenorreia secundária
Adenomiose:
Tecido endometrial no miométrio
Clínica: sangramento uterino anormal + dismenorreia secundária + aumento uterino
Diagnóstico:
• USG (miométrio heterogêneo) e RM (zona juncional mioendometrial > 12 mm)
• Padrão-ouro: histopatológico
Tratamento:
✓ DIU progesterona, ablação do endométrio, ACO (atrofia do endométrio ectópico)
✓ Definitivo – histerectomia
Endometriose:
Tecido endometrial (glândulas e estroma) fora do útero. Não causa sangramento uterino.
- Localização mais comum: ovariana
Fatores de risco:
Menacne longo, primiparidade tardia, nuliparidade, história familiar, branca, malformações
uterinas, excesso de café e álcool.
Obs.: na gestação há progesterona, portanto, multíparas ficam protegidas pelo período das
gestações.
Clínica:
• Dismenorreia secundária, dispareunia e infertilidade
• Podem ser assintomáticas
• Exame físico: nódulo ao toque vaginal/retal, útero fixo, doloroso, massa anexial
262
Diagnóstico:
• USG (endometrioma) ou RM (implantes)
• Laparoscopia (padrão-ouro) – confirma e trata
Atividade das lesões: vermelha > preta > branca
Obs.: não existe correlação direta entre a extensão da doença e a intensidade da dor.
Tratamento:
✓ Dor: inicialmente clínico – ACO combinado contínuo, progesterona, análogo GnRH,
inibidores da aromatase
✓ Laparoscopia – falha clínica
✓ Endometrioma – cistectomia
✓ Infertilidade – clínico não resolve
o Endometriose mínima/leve: laparoscopia
o Endometriose severa: FIV
263
Anticoncepção
Comportamentais:
• Tabelinha
• Curva térmica
• Muco cervical
Barreira:
• Condom – proteção para DSTs (parcial HPV e herpes)
• Diafragma
Alta taxa de falhas
Clássico de prova:
Categoria 1: pode usar
Categoria 2: pode usar com cautela
Categoria 3: contraindicação relativa
Categoria 4: contraindicação absoluta
DIU (dispositivo intrauterino)
Mecanismo de ação:
Não são anovulatórios. Eficácia próxima a laqueadura.
• Cobre: duração 10 anos
o Ação irritativa, inflamatória e espermicida (cobre)
o Evitar: muito fluxo, muita cólica
• Progesterona: duração 5 anos
o Atrofia endométrio, torna muco hostil – ação local da progesterona
Contraindicações:
• Alterações intrauterinas: distorção da cavidade, SUA inexplicada, CA ginecológico,
infecção (endometrite, cervicite, DIP), suspeita de gravidez
Obs.: DIP na vigência de DIU – não retirar, tentar tratamento com ATB e remover apenas
se não for efetivo.
• Entre 48h e 4 semanas pós-parto
Hormonais sistêmicos
Mecanismo de ação:
• Cerazette (desogestrel) – pílula de progesterona: promove anovulação
• Minipílula (baixa dose de progesterona):
o Mecanismo de ação: altera muco cervical e atrofia endométrio
o Ideal: amamentação (primeiros 6 meses de aleitamento) ou peri-menopausa
Obs.: não leva a anovulação.
• Injetável trimestral ou implante subdérmico (apenas progesterona):
o Altera o muco, endométrio e anovulação
o Desvantagem: spotting, ganho de peso, diminuição da densidade mineral óssea
reversível (injetável trimestral)
< 6 semanas após parto amamentando: minipílula e implante – categoria 2
< 6 semanas após parto sem amamentar: qualquer progesterona – categoria 1
Contraindicações:
• Categoria 3: gravidez, tumor hepático, HAS grave, AVE, TVP, TEP aguda
• Categoria 4: CA de mama atual
Contraindicações:
• Categoria 4:
o Amamentação < 6 semanas pós-parto
o CA mama atual
o Tabagismo (≥ 15 cigarros) após 35 anos
o IAM, TVP, TEP, AVE atuais ou prévios
o Enxaqueca com aura
265
Sangramentos da gravidez
Quando vejo gestação?
• USG transvaginal:
o 4 semanas: saco gestacional (SG)
o 5 semanas: vesícula vitelínica
o 6 semanas: embrião
o Final da 6ª semana/7 semanas: batimento cardíaco embrionário (BCE+)
• USG abdominal: aparecimento 1 semana após o do USG transvaginal
• SG ≥ 25 mm: embrião
Classificação do sangramento:
• Primeira metade da gestação (até 20 semanas)
o Abortamento
o Doença trofoblástica gestacional (mola)
o Gravidez ectópica
• Segunda metade da gestação (após 20 semanas)
o DPP – descolamento prematuro de placenta
o Placenta prévia
o Rotura uterina
Causas:
• Anomalias cromossomiais – trissomias são as mais frequentes (trissomia do 16 – principal)
• Alterações hormonais – insuficiência do corpo lúteo
• Alterações do ambiente uterino – miomas, malformações, sinéquias
• Infecções maternas
• Doenças maternas descompensadas – tireoide, DM, lúpus
• Insuficiência istmocervical
• Tabagismo, álcool, traumas
Classificações:
- Precoce: ≤ 12 semanas
- Tardio: > 12 semanas
- Espontâneo
- Provocado:
o Legal:
▪ Estupro (sentimental): não solicitar juiz, BO, perícia; até 20/22 semanas
▪ Anencefalia: diagnóstico inequívoco (> 12 semanas) e 2 médicos assinam o
laudo
▪ Risco à vida materna: pode ser feita em qualquer momento da gestação; 2
médicos assinam o laudo
▪ Outras malformações: autorização judicial!
- Esporádico
- Habitual (recorrente): 3 abortamentos consecutivos; necessita investigação
o Incompetência istmo cervical: aborto tardio, colo fica curto, dilatação indolor, feto
vivo e sem malformações
Conduta: circlagem 12-16 semanas (14 semanas) – Mc Donald
o Síndrome do anticorpo anti-fosfolipídio: colo normal, lúpus, anticorpos positivos
confirmados e repetidos 2x (anticardiolipina, anticoagulante lúpico, anti-
beta2glicoproteína), tromboses, feto morto
o Insuficiência do corpo lúteo: aborto precoce, colo normal, falta de progesterona
266
Quadro clínico:
• Cólica + sangramento
• Exame especular para avaliar se colo aberto ou fechado
Colo fechado:
• Abortamento completo: útero menor e vazio (endométrio < 15 mm); seguimento
ambulatorial
• Ameaça: embrião vivo, útero compatível; repouso e antiespasmódico
• Abortamento retido: embrião morto, útero menor que IG; esvaziamento
Colo aberto:
• Abortamento incompleto: útero menor, restos na cavidade; esvaziamento
• Abortamento inevitável: embrião vivo, útero compatível; esvaziamento
• Abortamento infectado: febre, odor fétido, leucocitose, desvio para a esquerda;
antibioticoterapia (clindamicina + gentamicina) + esvaziamento
Esvaziar como?
• ≤ 12 semanas: AMIU ou curetagem
Obs.: AMIU – aspiração manual intrauterina
• > 12 semanas:
o Sem feto: curetagem
o Com feto: misoprostol ± curetagem
Doença trofoblástica
Benigna (mola hidatiforme):
• Completa – óvulo sem material genético fecundado por um espermatozoide normal
(genes paternos 46 XX/XY); não há embrião; 20% de malignização;
• Parcial – óvulo normal fecundado por 2 espermatozoides (triploide 69 XXX/XYY/XXY);
tecido fetal; 5% de malignização
Quadro clínico:
• Sangramento de repetição
• Sangramento em “suco de ameixa”
• Vesículas
• Útero amolecido, indolor, aumentado
• Pré-eclâmpsia precoce
• Cistos anexiais bilaterais (tecaluteínicos)
• Hiperêmese
• Aumento do beta-hCG
• USG: “flocos de neve”, “cachos de uva”
Tratamento:
✓ Esvaziamento uterino – vácuo-aspiração
✓ Histopatológico
✓ Histerectomia: prole definida e > 40 anos
✓ E os anexos? Não retirar, vão regredir
Obs.: mesmo se com tumores, eles são hormônio-dependentes e irão regredir após
histerectomia.
Controle de cura:
• Beta-hCG semanal até 3 negativos
Obs.: USP-SP beta-hCG quinzenal até 3 negativos
• Beta-hCG mensal até 6 meses de negativação
267
Sugere malignização:
• 3 valores em ascensão
• 4 valores em platô (± 10%) → QT
• 6 meses ainda positivo (questionável)
• Metástases – mais comum pulmão, e segundo vagina
Lembrar da contracepção (exceto DIU)
Maligna
• Mola invasora – mais comum
• Coriocarcinoma
• Tumor trofoblástico do sítio placentário
Gravidez ectópica
Implantação do ovo fora da cavidade uterina.
Clínica:
• Atraso menstrual + dor abdominal
Obs.: nem toda gravidez ectópica tem sangramento. Se presente, será discreto.
Obs.: exceção – gravidez ectópica com sangramento intenso sugere implantação
cervical.
Beta-hCG:
• > 1.500 (compatível com presença de saco gestacional ao USG)
Obs.: dosagem de progesterona em gestação tópica > 25 ng/mL e ectópica < 10 ng/mL.
USG:
• Útero vazio
Qual o local mais comum de ectópica?
• Região ampular da trompa uterina
Fatores de risco:
• DIP (principal causa)
• Ectópica prévia
• Endometriose
• Tabagismo
• Raça negra
• > 35 anos
• Cirurgia abdominal
• DIU (relativo)
Tratamento:
✓ Expectante: ectópica íntegra e beta-hCG declinante
Seguimento: dosagem semanal de beta-hCG
✓ Medicamentoso: ectópica íntegra (obrigatório)
Condições ideais: sem BCF, massa < 3,5 cm, beta-hCG < 5.000
o Metotrexate injeção local ou sistêmica
o Beta-hCG no 4º e 7º dia da aplicação e deve cair pelo menos 15%
Dosar semanalmente se queda ≤ 15%
Tentar novamente se critérios presentes e queda inferior a 15% - até 3x
✓ Cirúrgico conservador: ectópica íntegra (obrigatório) + desejo reprodutivo
o Salpingostomia
o Laparoscopia
✓ Cirúrgico radical: ectópica rota (sangue na cavidade)
o Sanpingectomia
▪ Laparoscopia se paciente estável hemodinamicamente
▪ Laparotomia se paciente instável hemodinamicamente
268
Seguimento:
• Coombs indireto negativo: repetir com 28, 32, 36 e 40 semanas (mensalmente a partir das
28 semanas)
• Coombs indireto positivo (indica sensibilização):
o < 1:16 – dosagem mensal
o ≥ 1:16 (1:32, 1:64) – investigar feto
▪ Doppler da a. cerebral média – avalia de forma não invasiva o pico de
velocidade máxima; exame de rastreio;
Vmáx > 1,5 → cordocentese
▪ Amniocentese – exame invasivo; curva de Liley (bilirrubina do líquido); o
aumento de bilirrubina sugere hemólise
▪ Cordocentese – padrão-ouro para diagnóstico definitivo (hematimetria
fetal) e tratamento (transfusão se < 34 sem); chance de óbito fetal de 1-2%
Fatores de risco:
• HAS (crise hipertensiva) – principal fator de risco
• Trauma
• Idade > 35 anos
• Polidrâmnia, gemelar (após a saída do primeiro feto)
• Drogas (tabaco, cocaína)
269
Quadro clínico:
O hematoma retroplacentário irrita o miométrio e desencadeia hiperatividade uterina...
• Dor abdominal
• Taquissistolia
• Hipertonia
Obs.: tônus uterino – menor pressão no intervalo das contrações.
Obs.: em casos de hipertonia, o sangue não chega adequadamente ao útero, causando
sofrimento fetal.
• Sofrimento fetal agudo
20% dos casos não evoluem com sangramento vaginal, pois o hematoma disseca em direção
ao fundo do útero.
• Sangramento (sangue escuro) – 80% dos casos: hematoma disseca em direção ao colo
do útero e drena para o exterior
Diagnóstico:
Clínico
Obs.: a USG protela o tratamento e não permite a visualização do hematoma
retroplacentário. Está proibida!
Conduta:
Internação hospitalar + amniotomia
Depende do feto...
• Vivo:
o Via mais rápida (na maioria das vezes cesariana)
o Parto iminente: vaginal (condições de aplicabilidade do fórceps)
• Morto = DPP grave:
o Preferencialmente via vaginal
o Se demorar: cesariana (paciente em sangramento com consumo de fatores de
coagulação)
Realizar antes amniotomia (romper a bolsa) – diminui a gravidade e melhora o prognóstico
Vantagens:
- Diminui a pressão no hematoma (diminui a velocidade do descolamento)
- Diminui infiltração de miométrio
- Diminui a entrada de tromboplastina para a mãe (diminui risco de CIVD)
Complicações:
Útero de Couvelaire (apoplexia uteroplacentária):
✓ Útero hipotônico com sufusões hemorrágicas
✓ Massagem uterina + ocitocina
Misoprostol
Sutura de B-Lynch
Ligadura de artéria hipogástrica ou uterina
Histerectomia
Síndrome de Sheehan:
✓ Necrose hipofisária com amenorreia
✓ Pode acontecer em qualquer patologia que curse com sangramento puerperal
CIVD:
✓ Passagem de tromboplastina para a circulação materna
✓ Avaliação prática de CIVD – 8 mL de sangue em tubo de ensaio e manter a 37ºC –
coágulo em 10 minutos e permanece firme por mais 15 minutos = afasta coagulopatia
270
Classificação:
✓ Marginal – placenta próxima ao colo do útero (tangencia o colo)
✓ Parcial – placenta cobre parcialmente o colo do útero – maioria é cesariana
✓ Total – placenta cobre totalmente o colo do útero – sempre é cesariana (vivo ou morto)
Obs.: placenta prévia total é indicação ABSOLUTA de cesariana.
Quadro clínico:
✓ Progressivo – sangramento que vai sangrar mais a cada episódio
✓ Repetição – vários episódios
✓ Espontâneo
✓ Vermelho vivo (vermelho rutilante)
✓ Indolor
✓ Ausência de hipertonia e sofrimento fetal agudo (SFA)
Fatores de risco:
✓ Cesárea (principal fator de risco) e Curetagem
✓ > 35 anos e Multiparidade
✓ Endometrite
✓ Tabagismo
Diagnóstico:
➔ Clínica (PREVIA)
Obs.: nunca realizar o toque em paciente com PP, pois pode causar sangramento.
➔ Realizar exame especular
➔ USG: confirma o diagnóstico e classifica
Conduta:
✓ A termo (> 37 semanas) + sangramento: interrupção
✓ Prematuro: depende da intensidade do sangramento
o Intenso: interrupção
o Escasso: expectante
Via de parto:
✓ Total: cesariana
✓ Parcial: maioria cesariana
✓ Marginal: avaliar parto vaginal
Complicações:
Se a placenta tem inserção anormal...
- Apresentação anormal (pélvico, córmico)
- Penetração do útero anormal = acretismo (dificuldade de retirar a placenta)
- Puerpério anormal: hemorragia, infecção
Acretismo placentário:
✓ Diagnóstico:
o Suspeita: placenta prévia + cesariana anterior
o Pré-natal: USG ou RM (melhor exame)
✓ Classificação e conduta:
o Acreta: até camada esponjosa do endométrio → extração manual
o Increta: até miométrio → histerectomia
o Percreta: até serosa ou órgãos adjacentes → histerectomia
Obs.: a placenta normalmente fica até a camada superficial do endométrio.
271
Roturas
Rotura de seio marginal
Quadro clínico:
✓ Sangramento indolor, vermelho vivo, espontâneo
✓ Periparto
✓ Tônus uterino normal
✓ Sem sofrimento fetal
USG normal
Fatores de risco:
✓ Placenta bilobada – 2 lobos
✓ Placenta suscenturiada – placenta + placenta acessória
✓ Inserção velamentosa de cordão – vasos do cordão umbilical que correm entre as
membranas amnióticas; principal fator de risco
Quadro clínico:
✓ Trabalho de parto normal até rompimento da bolsa
✓ Sangramento vaginal após amniorrexe ou amniotomia
✓ Sofrimento fetal agudo (óbito rápido)
Conduta:
✓ Cesariana de urgência
Rotura uterina
Rompimento parcial ou total do miométrio durante a gravidez ou trabalho de parto,
comunicando a cavidade uterina com a cavidade abdominal.
Fatores de risco:
✓ Multiparidade
✓ Indução de parto com misoprostol
✓ Kristeller – empurrar o abdome gravídico
✓ Cicatriz uterina (miomectomia, cesariana)
✓ Parto obstruído – desproporção cefalopélvica, apresentações anômalas
✓ Malformação uterina
Quadro clínico:
✓ Dor escapular – sangramento intra-abdominal com irritação do nervo frênico
✓ Iminência de rotura → síndrome de Bandl-Frommel
o Bandl – anel que separa o corpo do segmento no ponto onde irá ocorrer a rotura
o Frommel – ligamentos redondos distendidos (torna-se palpável)
o Dor lancinante
✓ Rotura consumada – alívio da dor com período de acalmia
o Fácil percepção de partes fetais
o Sinal de Reasens (subida da apresentação fetal ao toque)
o Sinal de Clark (crepitação na palpação abdominal – enfisema subcutâneo)
Conduta:
✓ Iminência: cesariana
✓ Consumada:
o Histerectomia
o Histerorrafia
272
Definição:
Surgimento após 20ª semanas de gestação:
• PA ≥ 140x90 mmHg
• Proteinúria ≥ 300 mg/dia ou proteína/creatinina urina ≥ 0,3 ou ≥ + na fita
Classificação da pré-eclâmpsia:
o Leve: aquela que não é grave
• Grave:
o PAS ≥ 160 ou PAD ≥ 110
o Proteinúria ≥ 5 g/urina 24h ou +2 na fita
o Edema agudo de pulmão, oligúria, creatinina ≥ 1,3 mg/dL
o HELLP:
▪ Hemólise: LDH ≥ 600; esquizócito; bilirrubina total ≥ 1,2
▪ Enzima hepática: AST ≥ 70
▪ Plaquetas < 100.000
Obs.: pode ocorrer na ausência de pré-eclâmpsia
o Iminência de eclampsia: cefaleia, escotoma, epigastralgia (“em barra”), hiperrreflexia
Fatores de risco:
• Raça negra
• Idade > 35 anos
• HAS
• Pré-eclâmpsia anterior
• Primigesta
Obs.: tabagismo é fator de proteção!
Conduta:
✓ Anti-hipertensivos:
Não fazer caso PA < 160 x 110 mmHg
Objetivo: manter PAS 140-155 e PAD 90-100
o Crise hipertensiva:
▪ Hidralazina IV
▪ Labetalol IV
▪ Nifedipina VO
o Manutenção (HAS crônica que necessita de medicação):
▪ Metildopa VO
▪ Hidralazina VO
▪ Pindolol VO
▪ Evitar: diurético, iECA, propranolol
273
✓ Prevenção de eclampsia:
Em toda pré-eclâmpsia grave, iminência ou eclampsia
o Sulfato de magnésio (Ataque + Manutenção no mínimo 24h)
▪ Pritchard*: A – 4g IV + 10g IM e M – 5g IM 4/4h
▪ Zuspan*: A – 4g IV e M – 1-2g/h IV em bomba de infusão
▪ Sibai: A – 6g IV e M – 2-3g/h IV em BI
Magnesemia terapêutica: 4-7 meq/L
Interrupção da gestação?
• Leve: expectante até o termo, conforme condições maternas e fetais.
• Grave: tratamento definitivo é o parto
Quando?
o ≥ 34 semanas → parto
o < 34 semanas → avaliar bem condições maternas e fetais para tentativa de corticoide
→ parto se piorar
Via de parto?
Parto só após a estabilização!
o Vaginal – depende das condições maternas (gravidade, BISHOP) e fetais (SFA)
o Cesárea
Complicações:
• Maternas: eclampsia, DPP, rotura hepática
• Fetais: CIUR (crescimento intrauterino restrito), óbito, centralização
274
Laboratório:
• Aumento de bilirrubinas (as custas de direta)
• Aumento de transaminases
• Aumento de creatinina
• Hipoglicemia – consumo do glicogênio
• Hipofibrogenemia
• Hiperuricemia
Tratamento:
✓ Estabilização – plasma fresco (distúrbio de coagulação)
✓ Parto
Complicações:
• Insuficiência renal
• Insuficiência hepática
Obs.: é uma patologia grave que cursa frequentemente com morte fetal devido à acidose
materna.
Diagnóstico diferencial:
→ HELLP: a ausência de hemólise e plaquetas normais afastam esta síndrome.
→ Hepatites virais: é a maior causa de icterícia na gestação
→ Hiperêmese: ocorre no primeiro trimestre
275
Diabetes gestacional
Definição:
Intolerância aos carboidratos iniciada durante a gestação.
Na segunda metade da gestação a placenta secreta: estrogênio, progesterona, cortisol e
lactogênio placentário (hormônios contra-insulínicos).
Ocorre uma resistência periférica a insulina, fazendo com que a insulina circule por mais
tempo e a glicose chegue ao feto (passa por difusão facilitada pela placenta).
Diagnóstico:
1ª consulta (1º trimestre)
• Glicemia de jejum:
o Glicemia de jejum < 92 → TOTG 75g (24-28 semanas)
o Glicemia de jejum ≥ 92 e < 126 → DM gestacional
o Glicemia de jejum ≥ 126 → DM prévio
• Glicemia aleatória sem jejum ≥ 200 → DM prévio
• HbA1c ≥ 6,5% → DM prévio
24-28 semanas
• TOTG 75g:
o Glicemia de jejum ≥ 92
o Após 1 hora ≥ 180
o Após 2 horas ≥ 153
1 valor alterado confirma DM gestacional
Conduta:
• DM gestacional:
o Dieta fracionada (6 refeições): 50% carboidratos, 30% lípides, 20% proteínas
o Atividade física 1-2 semanas
o Controle glicêmico
o Não controlada → insulina
• DM prévio:
o Insulina – droga de escolha
o 1º trimestre/pós-parto: < dose insulina
o 2º/3º trimestre: > dose insulina
Se hipoglicemia no 3º trimestre avaliar insuficiência placentária!
Parto:
276
Gemelaridade
Classificação:
• Monozigótica: 1 óvulo fecundado por 1 espermatozoide dá origem a mais de um embrião
o Dicoriônica diamniótica – 2 placentas diferentes, 2 cavidades amnióticas
o Monocoriônica diamniótica – 1 placenta, 2 cavidades amnióticas
o Monocoriônica monoamniótica – 1 placenta, 1 cavidade amniótica; maior
morbimortalidade
• Dizigótica: óvulos diferentes fecundados por espermatozoides diferentes
o Sempre dicoriônica e diamniótica
Fator de risco:
• História familiar, raça negra, idade avançada → dizigóticos
• Técnicas de fertilização → monozigóticos e dizigóticos
Diagnóstico:
• Sinal do Y ou lambda → dicoriônica
• Sinal do T → monocoriônica diamniótica
Conduta:
• Dicoriônica: parto ± 38 semanas (antes se complicar)
• Monocoriônica: parto ± 36 semanas (antes se complicar)
Complicações:
Mais comum nas monocoriônicas
Infecção urinária
Agente principal:
• Escherichia coli
Cistite:
Mesmo tratamento e controle anterior.
277
Pielonefrite:
Sempre internar + ATB parenteral por 14 dias + urocultura de controle
Sofrimento fetal
Crescimento intrauterino restrito (CIUR)
➔ 1º passo: IG correta (USG 1º trimestre – 6 a 12 semanas)
➔ 2º passo: altura uterina (é o rastreio!)
- AU concorda com a IG entre 18 e 30 semanas
- AU 3 cm menor sugere CIUR
➔ 3º passo: USG obstétrico
- Peso inferior ao p10 para IG
Indicador mais sensível de CIUR: circunferência abdominal (primeiro marcador a alterar)
➔ 4º passo: confirmação diagnóstica → após o parto
Tipos de CIUR:
• Simétrico (tipo I – 1ª metade):
5-10% dos casos; agressão no início da gravidez; relação CC/CA* mantida (simétrico)
Ex.: infecção congênita 1º trimestre, cromossomopatias (aneuplodia, trissomia), drogas
(propranolol).
Diferencial de PIG
• Assimétrico (tipo II – 2ª metade):
80% dos casos; agressão de 2º/3º trimestres; relação CC/CA aumentada (CA diminui por
ser o marcador mais sensível).
Ex.: insuficiência placentária (HAS, DM)
• Misto (tipo III ou intermediário):
Raro; “assimétrico precoce”
Ex.: infecção, cromossomopatias
*CC = circunferência cefálica/CA = circunferência abdominal
Oligodramnia
Diagnóstico:
• AU abaixo do esperado para IG → suspeita
• USG → estabelece o diagnóstico
- ILA < 5 cm ou maior bolsão < 2 cm
*ILA normal: 8-18 cm/ILA 5-8 cm: reduzido
Causas:
• Insuficiência placentária
• RPMO
• Malformação do trato urinário
- Agenesia renal bilateral provoca oligodramnia precoce e severa
Obs.: na segunda metade da gravidez o principal componente do LA é a diurese fetal.
• iECA
• Indometacina – inibidor da COX (tocolítico)
Dopplerfluxometria
• Uterina: circulação materna
- Incisura protodiastólica bilateral > 26 sem = risco de CIUR e pré-eclâmpsia
• Umbilical: circulação placentária
- Normal: baixa resistência (alto fluxo)
- Alterada: alta resistência, diástole 0 ou reversa
Obs.: quando ocorre diástole reversa, apenas 10% da placenta está funcionando,
portanto, a conduta é ativa.
• Cerebral média: circulação fetal
- Normal: vaso de alta resistência e baixo fluxo
- Avalia centralização fetal (cérebro, coração, suprarrenais)
Centralização = S/D umbilical ≥ 1
278
• Perfil biofísico
Cardiotocografia + 4 parâmetros USG:
- Líquido amniótico (VLA)
- Movimento fetal
- Movimento respiratório fetal
- Tônus fetal
Indicação: alto risco e complementa a cardiotocografia.
A FC (cardiotocografia) é a 1ª alteração do PBF
O líquido amniótico é a última alteração do PBF (alteração crônica)
279
Fórcipe
Tipos:
• Simpson: qualquer variedade (exceto occipito-transverso)
Obs.: não faz grandes rotações.
• Piper: pélvico - cabeça derradeira
• Kielland: variedade transversa (rotação)
Pegada ideal: biparietomalomentoniana
Condições para aplicar:
• Ausência de colo (dilatação total)
• Pelve proporcional
• Livre canal de parto
• Insinuação (De Lee 0 em diante)
• Conhecer a variedade de posição
• Amniotomia
• Reto/bexiga vazios
Indicações:
Maternas: descolamento de retina, cardiopatia, exaustão, hérnia abdominal
Fetais: SFA, prolapso de cordão, cabeça derradeira
Complicações:
Maternas: laceração vulvar, vaginal, retal, vesical, colo
Fetais: cefalohematoma, fratura de crânio, hemorragia intracraniana, escoriações fetais
280
Puerpério
Puerpério fisiológico:
• Imediato: 1º ao 10º dia
• Tardio: 11º ao 45º dia
Normal:
• Mama:
o 1º dia – colostro (maior teor proteico, menor teor lipídico, mamadas mais frequentes)
o Até 3º dia – apojadura (“descida” do leite)
3 etapas da lactação:
- Mamogênese: desenvolvimento da mama durante a gravidez
- Lactogênese: início da lactação (não depende de estímulo)
- Lactopoiese: manutenção da lactação (depende de estímulo)
• Ovário: ovulação em 6-8 semanas
• Útero:
o Na cicatriz umbilical após o parto
o Intrapélvico em 2 semanas
o Reflexo útero-mamário (“cólica durante mamadas”) = involução mais rápida do útero
• Colo: fechado em 1 semana
• Vagina: “crise vaginal” na primeira semana – atrofia
• Lóquios:
o Até o 4º dia: avermelhados
o > 10º dia: esbranquiçados
➔ Vermelho após 2ª semana = restos
➔ Odor fétido, febre e pus = infecção
Resguardo sexual: pelo menos 30 dias
Puerpério patológico:
Infecções puerperais (morbidade febril puerperal):
TAX ≥ 38ºC por mais de 48h, do 2º ao 10º dia pós-parto
Obs.: no primeiro dia ocorre resposta metabólica ao trauma.
• Endometrite
o Fatores de risco: cesariana, anemia, desnutrição, RPMO
o Etiologia: polimicrobiana (ascensão de microrganismos da flora vaginal)
Obs.: após 10º dia – Clamídia (não respeitou resguardo sexual)
o Tríade de Bumm: útero amolecido, subinvoluído e doloroso
o Profilaxia: antibioticoterapia (cesárea – Cefazolina DU na indução anestésica),
integridade da bolsa, ↓ nº de toques, assepsia
o Tratamento: clindamicina + gentamicina IV – até 72h afebril e assintomática
• Abscesso pélvico
o Persistência da febre após tratamento com ATB
o Diagnóstico: USG
Alterações mamárias
• Mastite puerperal:
o Agente: Staphylococcus aureus
o Fatores de risco: jovens < 25 anos, primíparas, ingurgitamento
o Causa: pega incorreta e fissuras mamárias
o Diagnóstico: mastalgia + sinais flogísticos + febre
281
Hemorragias
Perdas > 500 mL (vaginal) e > 1 L (cesariana)
Fatores de risco: gemelaridade, polidramnia, mioma, coriamnionite, trabalho de parto muito
acelerado ou muito prolongado.
O parto
Estática fetal:
• Situação: transversa ou longitudinal
• Posição: dorso fetal com abdome da mãe
• Apresentação: polo desce 1º na pelve (cefálico, pélvico ou córmico)
o Fletida ou occipital – referência lambda (queixo encosta no tórax); mais favorável
Apresenta o menor diâmetro de apresentação: subocciptobregmático
o Defletida de 1º grau ou bregmática – referência bregma
o Defletida de 2º grau ou fronte – referência glabela → indicação de cesárea
o Defletida de 3º grau ou face – referência mento
Bacias:
• Ginecoide: mais comum; mais favorável; forma arredondada
• Androide: forma de coração/triangular; causa mais distócia
• Platipeloide: mais rara
• Antropoide: única que o maior diâmetro é o anteroposterior
Estreito superior:
• Obstétrica: face interna da sínfise púbica até o promontório; 1,5 cm menor que a diagonal
Deve ser > 10,5 cm para ser favorável
• Diagonal: borda inferior da sínfise púbica até o promontório; pode ser medida pelo toque
vaginal
Estreito médio:
• Espinhas isquiáticas: plano 0 DeLee; ideal ≥ 10 cm
Obs.: marcam o ponto do bloqueio do nervo pudendo.
Estreito inferior:
• Ângulo subpúbico: ideal ≥ 90º
Mecanismos de parto:
Tempos principais: Tempos acessórios:
• Insinuação • Flexão
• Descida • Rotação interna
• Desprendimento • Deflexão
• Restituição ou rotação externa • Desprendimento de ombros
283
Cesariana
Indicações absolutas:
• Desproporção cefalopélvica absoluta (bacia ou tamanho fetal)
• Placenta prévia total
• Herpes genital ativo
• Apresentação córmica (mantida) e defletida de 2º grau
• Cesárea clássica (incisão corporal = longitudinal)
• Condiloma se obstruir o canal de parto
Técnicas:
• Corporal (longitudinal)
• Pfannenstiel – incisão arciforme, 3 cm acima da sínfise púbica
Obs.: manobra de extração fetal na cesariana – manobra de Geppert (o obstetra coloca a
mão no occipício do feto e o auxiliar empurra o fundo)
Obs.: cesarianas segmentares anteriores não são contraindicação absoluta para nova
cesariana. Apenas a corporal que é.
Amniorrexe prematura
Diagnóstico:
• Exame especular – padrão-ouro
• Outros:
o Teste da nitrazina (aumento do pH vaginal)
o Teste da cristalização (RPMO há cristalização) – indica presença de progesterona
o AmniSure – pesquisa de alfa-microglobulina placentária
o USG – oligodramnia
Conduta:
• Corioamnionite – Tax ≥ 37,8ºC + 2 (leucocitose + taquicardia materna/fetal + útero
doloroso + líquido fétido) → Sempre parto!
• Ausência de infecção ou sofrimento fetal agudo:
o 24-32/34 semanas:
- Corticoide (betametasona 12 mg IM 2 doses)
- Antibiótico (Ampicilina 2 g IV 6/6h + Azitromicina 1g VO dose única)
Obs.: ATB é utilizado para aumentar o tempo de latência.
o > 32/34 semanas: parto + profilaxia para GBS (penicilina cristalina)
Antiobioticoprofilaxia:
1 dos seguintes critérios – febre, trabalho de parto prematuro e RPMO > 18 horas.
Feito com penicilina cristalina – 5.000.000 ataque + 2.500.000 4/4h até clampear cordão
Conduta:
• 24-34 semanas:
o Corticoide (betametasona ou dexametasona IM)
o Tocólise: nifedipina (VO), indometacina*, beta-agonista, atosiban (manter até 24h
após última dose do corticoide)
*indometacina (inibidor da COX): não fazer > 32 semanas por risco de fechamento
precoce de ducto arterioso
*atosiban (antagonista da ocitocina): menos efeitos colaterais
o Neuroproteção com sulfato de magnésio: < 32 semanas
• > 34 semanas: parto + avaliar profilaxia para GBS
Partograma:
• Fase ativa prolongada:
o Dilatação progride de forma lenta (dilatação < 1 cm/h)
o Causa: discinesia uterina (falta de contração uterina)
o Conduta: ocitocina IV
• Parada secundária da dilatação:
o Dilatação mantida em 2 horas
o Causa: desproporção cefalopélvica ou discinesia uterina
o Conduta: DCP – cesárea; discinesia – ocitocina
• Parada secundária da descida:
o Expulsivo: altura mantida por 1 hora com dilatação total
• Período pélvico prolongado:
o Expulsivo: descida é lenta (mas não parou)
• Parto precipitado (taquitócito):
o Dilatação, descida e expulsão ≤ 4 horas
o Alto risco para hemorragia puerperal
Assistência clínica
Fases clínicas:
• Dilatação (1º período): inicia com o trabalho de parto (fase ativa)
o Colo útero: 3/4 cm com dilatação progressiva
o Contrações: 2/3 a cada 10 minutos rítmicas e regulares
o Conduta:
- Dieta: líquidos claros (água, chá) sem resíduos
- Decúbito: evitar decúbito dorsal; deambulação livre
Ideal: decúbito lateral esquerdo (melhora o retorno venoso e a perfusão uterina)
- Tricotomia: não; se necessária, na hora da incisão
- Amniotomia: não fazer de rotina
- Número de toques: a cada 1-2 horas
- Ausculta BCF: antes, durante e após contração; se baixo risco de 30/30 min
Obs.: cardiotocografia não é rotina em baixo risco.
• Expulsivo (2º período): após dilatação total e término com expulsão completa do feto
o Conduta:
- Posição ideal: semiverticalização
285
Preventiva
287
ÉtIcUs/doutrinários:
• UNIVERSALIZAÇÃO: acesso a todos os cidadãos.
• INTEGRALIDADE: prevenção, cura e reabilitação.
• EQUIDADE: tratamento desigual para os desiguais, priorizando aquele que mais necessita.
Organizacionais/operativos:
• DESCENTRALIZAÇÃO: divisão de poderes (gestão única em cada esfera de governo)
• REGIONALIZAÇÃO: municipalização
• HIERARQUIZAÇÃO: organizar os níveis de complexidade da assistência (básica, média e
alta complexidade – posto/hospital/diálise)
• PARTICIPAÇÃO SOCIAL: conselhos e conferências
• RESOLUBILIDADE: SUS deve ser capaz de resolver os problemas de sua população
• COMPLEMENTARIEDADE: contratar o privado (preferência para as instituições filantrópicas
ou privados não lucrativos)
Evolução do SUS:
Lei 8080: funcionamento do SUS
Cabe à direção:
- Nacional: definir políticas, normas
- Estadual: coordenar
- Municipal: executar
Nacional pode executar? Sim. Vigilância de portos, aeroportos, fronteiras, ou em situações
inusitadas.
O setor privado pode participar? Pode atuar de forma livre e complementar
NOB 93:
- Municipalização: municípios → gestores (transferência regular e automática)
- Comissão intergestores:
o Bipartite (estadual): estados e municípios (COSEMS)
o Tripartite (nacional): MS, estados (CONASS), municípios (CONASEMS)
Áreas estratégicas:
BK, hanseníase, HAS, DM, saúde bucal, criança, mulher, idoso, desnutrição
As 8 características de prova: atenção PRIMÁREA
• PLInCípios PLInCipais
• Reabilitação
• Integral – 40h semanais
• Multidisciplinar: médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, 1 ACS p/ máx 750 pessoas
• Acolhimento e autonomia (participação da comunidade)
• Reorientação (substitutivo) → centrado na pessoa (e não no sintoma)
• Elevada complexidade (preferencialmente especialista em SF) e baixa densidade
• Adscrição de clientela/ territorialização (2000-3500 pessoas)
Medicina de família:
Anatomia:
• Genograma: gráfico das interações familiares, ≥ 3 gerações
• Ecomapa: família e o ambiente – escola, igreja, trabalho
Histologia:
• Ciclos de vida: evolução ao longo da vida
Crises: evolutivas x imprevisíveis
Fisiologia:
• APGAR – satisfação do paciente na família
• PRACTICE – reunião com a família para avaliá-la frente a um problema
• FIRO – sentimento nas relações do cotidiano – inclusão/controle/intimidade
Decreto 7508/2011:
• Região de saúde: espaço geográfico, agrupamento de municípios* (exerce uma
assistência médica completa dentro de uma região)
o Atenção primária, secundária e hospitalar, urgência, psicossocial, vigilância
• Contrato organizativo de ação pública: acordo entre os municípios
• Mapa de saúde: descrição geográfica de recurso humano e ações de saúde (SUS e rede
privada)
Financiamento do SUS:
Seguridade social → financia a saúde e previdência
A seguridade social é alimentada pelo COFINS, CSLL (lucro líquido das empresas).
O INSS (desconto do salário) não entra na saúde, apenas na previdência.
O financiamento do SUS é uma responsabilidade comum da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios.
Blocos:
I. Custeio das ações e serviços públicos
II. Investimento na rede de serviços públicos
Transição demográfica:
• Queda da fecundidade
• Queda da mortalidade geral
• Aumento da esperança de vida (Brasil ~77 anos; homem: 74 anos; mulher: 81 anos)
Obs.: a sobremortalidade masculina se deve as causas externas.
• Aumento do índice de envelhecimento: idosos (≥ 60 anos)
jovens (≤ 15 anos)
293
Transição epidemiológica:
• Diminuição das DIP (transmissíveis)
• Aumento das doenças crônico-degenerativas e causas externas
Ob.: tripla carga de doenças.
Estudos epidemiológicos
A. Classificação
1) Investigados
o População – agregado
o Indivíduos – individuado
2) Investigador
o Observação
o Intervenção – ensaio
3) Tempo
o Transversal – seccional/prevalência (situação pontual)
o Longitudinal (acompanhamento do paciente)
Níveis de evidência
Nível I: ensaio clínico
Nível II: coorte
Nível III: caso-controle
Nível IV: ecológico
Nível V: opinião de especialista
Estudo ecológico
• Agregado, observação, transversal, nível IV
• Fácil, barato, rápido
• Gera suspeitas, mas não confirma
• Pode induzir a erro (falácia ecológica)
• Determina apenas a prevalência
Estudo coorte
• Individuado, observação, longitudinal prospectivo, nível II
• Grupos:
o Fator de risco
▪ Doentes
▪ Não doentes
o Sem fator de risco
▪ Doentes
294
▪ Não doentes
Obs.: estudo mais famoso – Framingham.
• Define riscos e confirma suspeitas
• Caro, longo, vulnerável a perdas
• Doença com curto período de incubação = bom (estudo mais rápido)
• Doença rara ou longa = ruim
Fator de risco → doença
• Pode analisar várias doenças
• Fator de risco pode ser raro
• Melhor para calcular incidência e história natural da doença (prognóstico)
Estudo caso-controle
• Individuado, observação, longitudinal retrospectivo, nível III
• Retrospectivo
• Grupos:
o Doentes (casos)
▪ Com fatores de risco
▪ Sem fatores de risco
o Não doentes (controles)
▪ Com fatores de risco
▪ Sem fatores de risco
• Rápido, barato
• Bom para doenças raras e longas
• Estimativa do risco, baseado no passado
• Mais vulnerável a erros
o Viés de memória – doentes referem melhor informação do passado do que os não
doentes
• Ruim para fatores de risco raros
• Pode analisar vários fatores de risco
Fator de risco doença
Ensaio clínico
• Individuado, intervencional, longitudinal, nível I
• Teste em animais (fase pré-clínica)
• Fases:
o Fase I: segurança em humanos (utiliza poucos pacientes)
o Fase II: descobrir a dose correta
o Fase III: ensaio clínico (estudos comparativos com placebo e tratamento
convencional)
o Fase IV: vigilância pós-comercialização (manter ou retirar a droga do mercado?)
• Grupos:
o Substância
▪ Efeito presente
▪ Efeito ausente
o Placebo/droga convencional
▪ Efeito presente
▪ Efeito ausente
• “Coorte intervencionista”
• Consegue controlar os fatores
• Melhor para testar medicamentos
• Social, ético
• Complexo, caro, longo, vulnerável a perdas
• Efeito Hawthorne – investigado muda seus atos por estar sendo observado
• Efeito placebo – investigado refere melhora por acreditar na intervenção
Controlado (grupo controle) – evita o erro de intervenção
295
B. Análise
1) Frequência – mede a doença
o Prevalência – transversal
o Incidência – coorte/ensaio
2) Associação – fator x doença
3) Estatística – posso confiar?
o p < 0,05 – estudo estatisticamente significativo
o p > 0,05 – estudo estatisticamente não significativo
Associação:
Caso controle:
Jateamento de areia Pneumoconiose Total
Sim Não
Exposto 100 300 400
Não exposto 20 480 500
Total 120 780 900
Coorte:
Cigarro Câncer de pulmão Total
Sim Não
Fumante 90 10 100
Não fumante 5 95 100
Total 95 105 200
Ensaio clínico:
Grupo Doença Total
Sim Não
Nova droga 15 85 100
Controle 20 80 100
IC 20%
Estudo x Análise
Estudo Frequência Associação
Transversal Prevalência Razão de prevalência
Caso-controle ------ Odds Ratio
Coorte Incidência Risco relativo
Ensaio Incidência Risco relativo
Redução do risco relativo
Número necessário ao TTO
= 1 → sem associação
RR, OR ou RP > 1 → fator de risco
< 1 → fator protetor
Estatística:
• Erro sistemático (viés):
o Seleção: quando grupos de comparação são diferentes
o Aferição (informação): variáveis são medidas de formas diferentes entre os grupos
Ex. esfigmomanômetro descalibrado
o Confundimento (confusão): 3ª variável é associada ao desfecho, porém não tem
ligação
Ex. quem bebe mais café tem mais IAM? Na verdade, quem bebe mais café, fuma
mais.
• Erro aleatório (acaso):
o p < 0,05 (5%)
o Intervalo de confiança – IC 95%
Obs.: RR = 5, IC 95% (2,7 – 7,6)
IC 95% = 2,7 a 7,6 significa que, embora o RR tenha sido de 5 (meu estudo), ao repetir 100x,
em 95x o RR esteve entre 2,7 e 7,6 – RR verdadeiro.
Obs.:
3 estudos de coorte:
Estudo 1 → RR = 3 (IC 95% = 2,3 – 4,1)
Estudo 2 → RR = 5 (IC 95% = 0,9 – 8,4)
Estudo 3 → RR = 6 (IC 95% = 3,2 – 9,9)
- Em qual estudo eu não confio? Estudo 2 (ora foi fator protetor, ora fator de risco)
Se o IC 95% estiver sempre > 1, é confiável.
- Qual estudo foi mais preciso? Estudo 1 (apresenta o intervalo de confiança mais estreito)
- Qual estudo trabalhou com mais gente? Estudo 1
Estudos com poucos participantes levam a amplos intervalos de confiança
Estudos com muitos participantes levam a estreitos intervalos de confiança (uma resposta
diferente, não altera muito o resultado final)
- Houve diferença estatística entre o 1 e o 3? Não
Se houver sobreposição dos intervalos de confiança entre um estudo e outro, é porque não
houve diferença estatística.
297
Testes diagnósticos
a = verdadeiro positivo
b = falso positivo
c = falso negativo
d = verdadeiro negativo
Conceitos:
• Sensibilidade e especificidade são características do teste e não variam
• O valor preditivo varia com a prevalência
- Quanto maior a prevalência, maior o VPP e menor o VPN
- Quanto menor a prevalência, menor o VPP e maior o VPN
Curva ROC
Maior acurácia
Sensibilidade
C
B
100% E 0% E
Especificidade
Maior acurácia: B
Mais específico: A
Mais sensível: C
Maior falso-positivo: C
299
Declaração de óbito
Atestado = Declaração de óbito
• 3 vias – município, quem preencheu, familiar – registrar no cartório).
Certidão de óbito: documento definitivo emitido pelo cartório a partir da declaração de
óbito, que permite o sepultamento.
Cremação: 2 médicos precisam preencher a declaração de óbito.
Morte natural:
• Com assistência (PSF, particular, ambulância, plantonista, substituto) → médico preenche
• Sem assistência médica (se ninguém prestava assistência em PSF ou particular)
→ SVO
→ Sem SVO: médico público ou qualquer médico
→ Sem médico: 2 testemunhas qualificadas + responsável (cartório)
Não declara:
• Aborto: < 20 semanas, < 500g, < 25 cm
• Partes do corpo amputadas
300
Prevenção de doenças
História natural:
• Agente
• Susceptível
• Meio ambiente
Período pré-patogênico: não ocorreu interação entre o agente agressor e a pessoa
susceptível.
- Fatores sociais, ambientais, genéticos que podem propiciar essa interação.
Ex.: pessoa faz sexo desprotegido (ambiente favorecendo o contato com o vírus HBV).
→ Prevenção primária
Período patogênico:
• Interação estímulo-susceptível
• Alterações bioquímicas, fisiológicas, histológicas → período de incubação
• Sinais e sintomas
• Defeitos permanentes/cronicidade
→ Prevenção secundária
Desenlace
→ Prevenção terciária
Níveis de prevenção:
• Primária:
o Promoção a saúde (primordial) – moradia, alimentação, higiene
o Proteção específica – vacinação, controle de vetores, aconselhamento genético
• Secundária:
o Diagnóstico e tratamento precoce → exames periódicos, inquéritos, isolamento de
casos
o Limitação de invalidez → evitar sequelas
• Terciária: reabilitação, fisioterapia
• Quaternária: evitar a iatrogenia
Ética médica
Bioética:
• Beneficência – fazer o bem
• Não maleficência – não fazer o mal (prevenção quaternária)
• Autonomia – liberdade de decisão do indivíduo (privacidade)
• Justiça – tratar todos de forma justa (igualdade/equidade)
Obs.: a beneficência deve ser maior do que a não maleficência.
Obs.: a beneficência deve ser maior do que a autonomia.
Mesmo que o paciente não queira ser reanimado, é obrigação do médico reanimá-lo. A
reanimação só não deve ser feita em pacientes terminais, para não provocar a distanásia.
Paciente testemunha de Jeová assina por escrito que não quer transfusão sanguínea, entra
em choque hemorrágico, e o médico deve transfundir.
O sigilo deve ser preservado até que haja risco iminente de morte ou risco a outras pessoas.
Não pode ser rompido nem em investigações criminais.
Erro médico:
• Negligência – omissão; médico não faz o que deveria ser feito
• Imprudência – precipitação; médico faz o que não deveria ser feito (sabe do risco, e faz!)
• Imperícia – faz mal o que deveria ser bem feito (despreparo técnico)
301
Vigilância da saúde
Objetivo de controlar doenças...
• Coletar dados para ações de prevenção e controle
• Notificação compulsória
Notificação compulsória:
Comunicar um agravo à autoridade de saúde.
• Quem? Qualquer cidadão
• Quando? Na suspeita da doença
• Como? Normal – semanal ou Imediata – 24 h
• O que?
o Agravos nacionais (e internacionais)
o Agravos estaduais e municipais
o Agravos inusitados
Critérios de inclusão:
• Magnitude – frequência e importância da doença na região (prevalência e incidência)
• Transcendência – consequência da doença, gravidade (letalidade), relevância social e
econômica
• Disseminação – fonte de infecção
• Vulnerabilidade – é controlável?
• Internacionais – VIPS
• Eventos inusitados – epidemia
Doenças:
Internacionais: VIPS
- Varíola
- Influenza
- Poliomielite/Paralisia flácida aguda
- SARS (coronavírus)
Vacinas - MS
- Tuberculose
- Hepatites virais
- Difteria, tétano, coqueluche, hemófilo invasivo
- Rotavírus* (diarreia aguda/SHU)
- Doença pneumocócica “invasiva”*
*só serão notificadas as unidades de saúde sentinela
- Doença meningocócica/outras meningites
- Febre amarela
- Sarampo, rubéola, caxumba
- Varicela (caso grave/óbito)
- Síndrome gripal*
Síndromes febris
- Dengue, Zika, Chikungunya
- Malária
- Leptospirose
- Hantavirose
- Febre tifoide
- Febre maculosa/riquetioses
- Febre do Nilo Ocidental/arboviroses
- Febre hemorrágica e-reemergente (febre purpúrica brasileira, arenavírus, lassa, ebola,
Marbug)
302
Endêmicas
- Doença de Chagas (aguda)
- Esquistossomose
- Hanseníase
- Leishmaniose
- Acidente de trabalho (biológico/grave MMM (menor de idade, mutilação ou morte)
doenças do trabalho*)
- Óbito materno e infantil
Terrorismo:
- Antraz pneumônico
- Botulismo
- Tularemia
- Violência (sexual, doméstica, suicídio)
Bichos “loucos”
- Creutzfeldt-Jakob
- Animais peçonhentos (cobra, aranha)
- Raiva/acidente com animal
- Peste (“pulga louca”)
- Toxoplasmose (congênita/gestante)
Exógenas:
- Agrotóxicos
- Metais pesados
- Gases tóxicos
“Si”...
- Sífilis
- SIDA/HIV
- Síndrome do corrimento uretral masculino (gonorreia)*
- Síndrome neurológica pós-febre (Guillain-Barré)*
- “sinistra” cólera
BESTEIRAS
• Bichos loucos
• Endêmicas
• Síndromes febris
• Terrorismo
• Exógenas
• Internacionais
• Risco a saúde publica
• Anticorpo
• SI
Treinamento Prático
Semiologia cardíaca
- Foco mitral – é o único não fixo – se localiza no ictus cardíaco (normal: 5º espaço
intercostal esquerdo, na linha hemiclavicular)
- Foco tricúspide – borda esternal esquerda baixa
- Foco pulmonar - 2º espaço intercostal a esquerda
- Foco aórtico – 2º espaço intercostal a direita
- Foco aórtico acessório (valva aórtica) – 3º espaço intercostal a esquerda
Valvopatias:
• Estenose: restrição à abertura
• Insuficiência: fechamento inadequado
Estágios de progressão:
Estágio Definição
A Fatores de risco para valvopatia
B Valvopatia leve a moderada e assintomática (doença progressiva)
C Valvopatia grave e assintomática
D Valvopatia grave e sintomática
Indicação cirúrgica classe I: doença grave desde que sintomática (D) ou com redução da
fração de ejeção (alguns C) ou com indicação de cirurgia cardíaca por outro motivo.
Estenose mitral:
• Sopro (ruflar) diastólico
• Hiperfonese B1
• Estalido de abertura
• Reforço pré-sistólico
Estenose aórtica:
• Sopro mesossístolico (mais intenso no meio da sístole)
• Desdobramento paradoxal de B2
• Presença de B4
• Pulso parvus e tardus (baixa amplitude e longa duração)
Sintomas cardinais: angina, síncope e dispneia
O VE se torna hipertrofiado para vencer a abertura da valva aórtica. Em uma situação de
estresse, pode não haver saída suficiente de sangue pela valva defeituosa (fluxo reduzido),
causando síncope, além de falha na perfusão da massa cardíaca hipertrofiada.
Insuficiência mitral:
• Sopro holossistólico
• Presença de B3
• Ictus VE desviado
304
Insuficiência aórtica:
• Sopro protodiastólico
• Sopro de Austin-Flint (sopro de estenose mitral funcional)
Obs.: o sangue que retorna ao coração através da valva aórtica insuficiente causa uma
compressão, impedindo a abertura da valva mitral (estenose funcional da valva mitral).
Obs.: para diferenciar de lesão mitral orgânica, não há B1 hiperfonética e nem estalido de
abertura.
• Ictus VE desviado
• Tudo pulsa:
o Pulso de Corrigan (martelo d’agua) – rápida ascensão e rápida queda
o Sinal de Musset – pulsação da cabeça
o Sinal de Müller – pulsação da úvula
o Sinal de Quincke – pulsação do leito ungueal
Manobras semiológicas:
Manobra Consequência
Valsalva ↓ sopros (diminui o retorno venoso)
2 exceções
Agachamento (acocoramento) ↑ sopros (aumento o retorno venoso)
2 exceções
Handgrip ↑ IAo
(mãos fechadas com intensidade por 10”) ↓ EAo
Vasodilatador ↓ IAo
↑ EAo
Inspiração profunda ↑ sopros à direita (tricúspide, pulmonar)
(Rivero-Carvalho)
Exceções:
• Cardiomiopatia hipertrófica: hipertrofia assimétrica do VE – ao reduzir o retorno venoso,
aproxima o septo da mitral e aumenta o sopro
• Prolapso mitral
305
Semiologia osteoarticular
Ombro
• Lesão do manguito rotador*
• Tendinite bicipital*
• Lesão acromioclavicular
• Artrose glenohumeral
• Bursite
Síndrome do impacto = manifestações de dor no ombro referidas ao levantar o braço, pois é
quando as estruturas daquela região sofrem maior impacto.
Manguito rotador:
- Supraespinhoso: abdução (tendão que passa abaixo do acrômio)
Obs.: é o mais associado à síndrome do impacto.
- Infraespinhoso: rotação externa (ou lateral)
- Subescapular: rotação interna (ou medial)
- Redondo menor
1) Tendinite (dor)
2) Ruptura do tensão (fraqueza)
Cotovelo:
• Epicondilite lateral – extensão (lateral) = cotovelo do tenista
- Dor com extensão do punho contra resistência
• Epicondilite medial – flexão (medial) = cotovelo do golfista
- Dor com flexão do punho contra a resistência
Punho e mãos:
Tenossinovite de DeQuervain
Lesão dos tendões do polegar: abdutor longo e extensor curto do polegar
Obs.: ocorre fricção do tendão no retináculo, que inflama e causa dor.
Joelho:
• Ligamento colateral lateral – estabilização lateral
• Ligamento colateral medial – estabilização medial
Obs.: a lesão ocorre no ligamento contralateral ao trauma. Ex.: se o trauma ocorre
medialmente, a lesão ocorrerá no ligamento colateral lateral.
• Ligamento cruzado anterior (LCA) estabilização anteroposterior do fêmur
• Ligamento cruzado posterior (LCP) em relação a tíbia
• Menisco medial absorção do impacto
• Menisco lateral
Semiologia respiratória
1) Inspeção:
• Morfologia do tórax (descrever)
Ex.: tórax em tonel (hiperinsuflação)
pectus excavatum
• Lesoes, cicatrizes (localizar)
o Linhas torácicas – hemiclavicular médio-esternal
o Linhas axilares – anterior, média, posterior
• Respiração:
o Ortopneia (horizontal) – ICC
o Platipneia (ortostase) – síndrome hepatopulmonar
o Trepopneia (lateral) – derrame pleural, piora do lado do derrame
Padrão de respiração:
o Cheyne-Stokes: ICC, uremia, lesão SNC
o Kussmaul: acidose metabólica
o Biot: HIC, lesão SNC
2) Palpação:
• Expansibilidade no local (derrame pleural reduzida)
• Elasticidade
• Frêmito toraco-vocal
o Aumento: consolidação
o Redução: derrame pleural, pneumotórax, atelectasia
3) Percussão:
Técnica adequada:
• Aquecer as mãos
• Dedo médio da mão não dominante apoiado no EIC
• Percutir na interfalangianas distal usando flexão do punho
4) Ausculta:
- Normal: murmúrio vesicular (vem dos alvéolos) – ausculta na periferia do tórax (insp > exp)
som broncoalveolar (vem dos bronquíolos terminais) – ausculta central (insp = exp)
som traqueal/brônquico (vem da traqueia/brônquios fontes) – (insp < exp)
- Transmissão da voz:
• Broncofonia: nitidez da vocalização do paciente (não é normal; pneumonia)
• Pectorilóquia afônica (nitidez do sussurro)
• Egofonia (som de “e” vira “a”)
- Ruídos adventícios:
• Sibilo – som agudo, contínuo e expiratório (broncoespasmo)
• Ronco – contínuo, pode ser inspiratório ou expiratório (secreção)
• Estridor – agudo, contínuo, pode ser inspiratório ou expiratório, audível sem
estetoscópio (estreitamento de via aérea superior)
• Atrito pleural – roçar de couro, na inspiração e expiração (doença pleural)
• Estertor crepitante – no final da inspiração (pneumonia)
• Estertor subcrepitante
308
Queimaduras
Primeira conduta:
• Garantir a segurança da cena
• Afastar a vítima da fonte de calor e interromper o processo (água em temperatura
ambiente por até 15 minutos)
Obs.: após 15 minutos a lesão já está estabelecida.
• Prevenir a hipotermia
• Retirar joias e adornos
➔ Esquecer a queimadura: ATLS (ABCDE)
C – reposição volêmica com acessos calibrosos periféricos
Obs.: se queimadura extensa em braços, puncionar sobre a queimadura. Se não der
certo, acesso venoso central ou safena
RL = P (kg) X SCQ (%)/8 - extra-hospitalar
Hidrataçao pré-hospitalar:
Ringer lactato = P (kg) X SCQ (%)/8
Local de tratamento:
Transferência para centro de tratamento de queimados ou grande queimado:
• Espessura parcial > 10% ou qualquer espessura total (3º grau)
• Face, mãos, pés, genitália, períneo, articulações (áreas que podem evoluir com
complicações a partir da cicatrização)
• Lesão por inalação ou comorbidades que podem ser agravadas (queimadura elétrica)
• Crianças em hospitais não qualificados
• Necessidade de intervenção especial
Queimadura elétrica
Lesões mais intensas do que aparecem
Intensa lesão muscular:
• Rabdomiólise → mioglobinúria (urina escura) → IRA
• Hidratação venosa: diurese de 2 ml/kg/h ou 100 ml/h (manitol 25g 6/6h); alcalinizar a urina
ATLS: 1-1,5 ml/kg/h
• Síndrome compartimental: fasciotomia
• Alterações ECG,, PCR: solicitar ECG
• Complicações tardias: catarata, encefalopatia, hemiplegia, afasia
Queimadura química:
• Dano progressivo até a inativação
• Nunca neutralizar
• Tratamento: retirar as vestimentas, lavagem copiosa (15-20 litros de água); pH 7-7,5
Obs.: a queimadura por álcali (base) é mais grave que a por ácido.