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Universidade Federal da Grande Dourados

Hospital Universitário
Programa de Residência Multiprofissional

Icterícia do Recém Nascido

Enfª. Camila Fortes Corrêa


Preceptora da UCI Neonatal

Dourados - 2020
Bilirrubina

 É um pigmento da bile produzido por quebra do heme e


redução da biliverdina, que normalmente circula
no plasma sanguíneo.
 Cerca de 70% a 80% da bilirrubina são provenientes da
destruição das hemácias velhas, 15% de fontes hepáticas e o
restante é proveniente da destruição de hemácias defeituosas
na medula óssea e nos citocromos.
 Essa bilirrubina recém-formada circula no sangue ligada
à albumina, é absorvida pelos hepatócitos por difusão passiva e
endocitose.
Degradação do Heme da Bilirrubina se liga a albumina
hemoglobina (heme e é conduzida ao fígado
oxigenase)= Biliverdina (Ligandinas ou proteina Y)

Glucuronil transferase
Biliverdina redutase = bilirrubina BI  BD (CONJUGAÇÃO)
na sua forma não conjugada
lipossoluvel (indireta)

Circulação entero-
hepatica
Betaglucuronidase
 BD é revertida
Bactérias do intestino em BI – será
agem sobre a BD reabsorvida no
formando intestino e volta
Urubilinogenio – para o fígado
hidrossoluveis parte
excretados nas fezes
e parte reabsorvido
Introdução
A icterícia é um dos problemas mais frequentes no
período neonatal e corresponde a expressão
clínica da hiperbilirrubinemia

Concentração sérica BI > 1,5 mg/dL


Concentração sérica BD > 1,5 mg/dL, desde que
represente mais do que 10% do valor da BT.

A hiperbilirruminemia indireta
manifesta-se clinicamente
quando > 5mg/dL

60% dos RN de termo


80% dos RNPT
Drogas que desfazem a Situações de aumento da
ligação Bilirrubina – oferta do Heme
Albumina • Anemia hemolitica isoimune
• Sulfonamidas • Deficiencia de G-6-PD
• Acido fusídico • Esferocitose hereditária
• Aspirina • Hematoma

Defeitos genéticos da Glucuronil


transferase
Trato gastrointestinal
• Sd. Crigler Najjar I – não há enzima
• Ação da Beta-glucuronidase:
• Sd Crigler Najjar II – pouca enzima aumenta circulação entero-
• Sd. Gilbert – deficiência pequena da hepatica da Bilirrubina
enzima • Ação das bacterias – formação
• Teste com fenobarbital – melhora a dos urobilinóides (RN com
atividade da G.transferase pouca bactéria)
Icterícia em Recém – Nascido com 35
semanas ou mais
Identificação de Risco
A hiperbilirrubinemia indireta, comum no RN e não lesiva, é
denominada fisiológica e caracteriza-se na população de termo por
inicio tardio (após 24 horas) com pico de 12 mg/dL entre o 3º e 4º dias
de vida.
Identificação de Risco
Icterícia nas primeiras 24 – 36 horas de vida
•Alerta para a presença de doença hemolítica imune:
Incompatibilidade sanguínea materno-fetal Rh: mãe antígeno D
negativo e RN positivo
Anticorpos maternos anti-D e Coombs direto positivo; anemia e
reticulócitos aumentados
•Incompatibilidade ABO: mãe O com RN A ou B
Coombs direto negativo, presença de esferocitos
•Antígenos eritrocitários irregulares
Anticorpos materno anti-c, e, E, Kell. Coombs direto positivo
IG entre 35 e 36 semanas, independente do peso ao
nascer, é considerada um dos fatores de risco mais
importantes para hiperbilirrubinemia significante.
Possuem capacidade diminuída de conjugação hepática
da bilirrubina e apresentam dificuldade na sucção e na
deglutição para manter uma oferta adequada de leite
materno.

RN 36s tem OITO vezes mais chance de desenvolver


BT > 20 mg/dL em relação a um RN 41s.
Identificação de Risco
Aleitamento materno com dificuldade

Aumento da circulação entero-hepática da bilirrubina e


sobrecarga de bilirrubina ao hepatócito
Observar perda de peso > 7% Peso do Nascimento
Perda máxima de peso de 5% com 48-72 hrs de vida e
recuperação do peso ao redor do 5º dia de vida.
Identificação de Risco

Descendência asiática

Possível polimorfismo genético associado a atividade


reduzida da glicuroniltransferase (diminuição
conjugação hepatica).
Questionar se irmão com icterícia neonatal foi tratado
com fototerapia.
Identificação de Risco
Céfalo-hematoma e equimoses
Hiperbilirrubinemia manifesta-se 48-72hs após
o extravasamento sanguíneo e pode causar
icterícia prolongada

Filho de mães diabéticas


Policitemia

Clampeamento tardio cordão umbilical


Identificação de Risco
Deficiência de G-6-PD

Deve ser pesquisada em todo RN que apresenta icterícia


não fisiológica, mesmo que outra causa explique a
hiperbilirrubinemia.
Doença genética associada ao cromossomo X e afeta
igualmente os sexos.
Hemolítica aguda – rápida ascensão da BI
desencadeada por agentes oxidantes (antimaláricos,
infecção, naftalina ...).
Hemolítica leve – expressão reduzida da glicuronil-
transferase e conjugação limitada, sem anemia.
Progressão cefalocaudal

Apresentação
Apenas a estimativa clínica não é suficiente para detectar
os pacientes com BT>12 mg/dL, recomenda-se a dosagem
rotineira da bilirrubina.
Quando e como investigar
Quando:
Aparece nas primeiras 24hs de
vida;
Taxa de aumento da bilirrubina >
5mg/dL /24 hrs;
Icterícia após 2 semanas de vida
Bilirrubina direta >2 mg/dL.

Como:
Bilirrubina direta e indireta
Hemoglobina
Reticulócitos
Tipagem sanguínea (mãe e RN)
Teste de Coombs
Esfregaço de sangue periférico
Análise Concentração de BT

Risco de 40

Risco de 13%
Risco de 2%

Risco inexistente

Normograma com os percentis 40, 75 e 95 de bt sérica (mg/dL) em RNs > ou = 35


semanas com peso ao nascer > ou = 2.000 g, segundo a idade pós –natal para
determinar risco de BT > ou = 17,5 mg/dL
Fonte: Bhutani e colaboradores (1999)
Icterícia Neonatal Prolongada
Ictericia que persiste além dos setes dias.
Importante diferenciar aumento de BI x BD.
Ictericia prolongada pode ser a única manifestação do
hipotireoidismo congênito (hormonio tireoidiano é indutor
da atividade da glicuronil-transferase).
Ictericia do Leite materno.
Metabolitos da progesterona no LM que inibe a glucuronil-
transferase;
Elevada concentração de ácidos graxos não esterificados que
inibem GT;
Atividade elevada da betaglucuronidase no leite;
Mutação gene UGT1AI determinante na estrutura de uma enzima
que conjuga BI (detectada em paciente com Sr. Gilbert) .
Icterícia Neonatal Prolongada
Icterícia do Aleitamento materno
1ª semana de vida – icterícia do PROCESSO de
aleitamento
Pouco volume leite
Funcionamento intestinal prejudicado
Aumento da circulação entero-hepática
Manter e estimular aleitamento materno
Icterícia do Leite Materno
Após 7º dia de vida
Diagnóstico de exclusão
Aleitamento materno suspenso por 48 horas
APENAS de BT próxima a níveis de
exsanguíneotransfusão (queda brusca BT e não
volta a subir).
Conduta Terapêutica

Irradiância de 8 – 12 uW/cm2/nm – Standard


Irradiância de 30 uW/cm2/nm – Alta intensidade
Fototerapia na UCI Neonatal

 Posicionar o RN, sem roupa;


 Proteger os olhos (óculos);
 Instalar o Biltron com distância de 30cm;
 Verificar a radiância do Bilitron da seguinte forma:
 Liga o bilitron e pocisiona em torno de 30cm de distância;
 Verifica a Radiância (nosso Bilitron indica uma radiância com
objetivo de 25 a 40de radiância- portanto faz rgra de 3
100%-------------- 60 radiancia
x%------------------40radiancia
Conduta Terapêutica
Exsanguíneotransfusão
Procedimento associado a elevada
morbidade com complicações
metabólicas, hemodinâmicas,
infecciosas, vasculares,
hematológicas.

Realizada se houver elevação de


BT > ou = 0,5 a 1 mg/dL/horas nas
primeiras 36 horas de vida ou,
conforme peso ao nascer e a
presença de fatores agravantes.
Conduta Terapêutica
Imunoglobulina

0,5 a 1 g/kg em duas horas nas doença hemolíticas imunes, se a BT


aumentar, apesar da fototerapia de alta intensidade ou se a BT se
aproximar 2 – 3 mg/dL do nível de indicação da
exsanguíneotransfusão.

Aumento na incidência de ECN.


Icterícia em Recém – Nascido com 34
semanas ou menos
< 34 semanas
A hiperbilirrubinemia indireta é encontrada em
praticamente todos os pré-termos com IG inferior a
35 semanas e a icterícia é mais intensa na
primeira semana com um pico mais tardio do que a
do termo. BT entre 10 e 12 mg/dL no quinto dia.

Qual nível da BT pode ocasionar alterações de


Kernicterus no recém nascido pré-termo ?
< 34 semanas

* Evitar alta intensidade – potencial toxicidade


Seguimento do RN Ictérico
Recomendação da alta hospitalar RNs > 35
semanas é de 48 – 72 horas e o pico da icterícia
ocorre entre o 3º e o 4º dia.
Pico da icterícia no pré-termo tardio 5º ao 6º dia de vida

A avaliação da icterícia pré-alta e a verificação da


BT segundo Bhutani são úteis na programação do
retorno ambulatorial do RN ictérico após a alta.
Seguimento do RN Ictérico
Condições associadas ao aumento na chance de
readmissão hospitalar por hiperbilirrubinemia:

IG entre 34 – 36 semanas e entre 37 – 38 semanas


Icterícia na primeira internação
Aleitamento materno exclusivo
Perda de peso > 7% PN
Descendência asiática
Sexo masculino
Tempo de permanência hospitalar < 48 horas
Seguimento do RN Ictérico
O acompanhamento ambulatorial é necessário
ate que se tenha segurança do declínio da BT e
do estabelecimento da amamentação com ganho
de peso adequado.
Referência Bibliográfica
PRORN Programa de Atualização em
Neonatologia: Ciclo 13 / 2015
Obrigada

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