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UNIVERSIDADE PAULISTA

Curso de Psicologia – Campus Norte

Disciplina: Genética

PSICOLOGIA E GENÉTICA
Sumário

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 3
2 FILME ‘O ÓLEO DE LORENZO’.....................................................................................4
2.1 Análise das mudanças comportamentais dos familiares de Lorenzo......................4
3 FILME ‘UMA PROVA DE AMOR’....................................................................................6
3.1 Análise das tecnologias para o tratamento do câncer.............................................6
4 INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA DURANTE O TRATAMENTO DO CÂNCER...............8
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................11
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................12
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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho objetiva destacar as características comportamentais


identificáveis nos personagens do filme ‘O Óleo de Lorenzo’, evidenciar as novas
tecnologias para o tratamento do câncer apresentadas / discutidas no filme ‘Uma
prova de amor’ e, discorrer sobre a importância da psicologia na interface com a
genética, aqui representada pelo tratamento aos portadores de câncer.

2 FILME ‘O ÓLEO DE LORENZO’


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2.1 Análise das mudanças comportamentais dos familiares de Lorenzo

Baseado em uma história real, o filme retrata a angústia da família Odone,


quando o filho Lorenzo, de apenas 6 anos, começa a apresentar comportamentos
incomuns, como crises nervosas e ataques agressivos na escola e em casa. Os
pais, ao procurarem auxílio, não aceitaram o diagnóstico inicial de hiperatividade e a
sugestão para que o matriculassem em uma escola especial.
Logo, o quadro do garoto foi se agravando, com episódios constantes de
quedas e aparente surdez. Procuraram por diversos médicos em busca de um
diagnóstico, até que um deles concluiu que Lorenzo é portador da
Adrenoleucodistrofia, mais conhecida pela sigla ALD, que é uma doença genética
rara, degenerativa e incurável em que ocorre o desgaste da mielina (presente no
neurônio), provocado pelo acúmulo de gorduras saturadas. A sobrevida é de dois
anos e o sofrimento do menino é visível. Augusto e Michaela Odone, pais de
Lorenzo, ficam inconformados com o prognóstico do médico não aceitando o fato de
que, em pouco tempo, e com tanto sofrimento, iriam perder seu filho.
O sentimento de culpa por parte dos pais foi bastante explorado no filme, visto
que Michaela, ao descobrir que a ALD é uma doença causada pela herança ligada
ao sexo, de caráter recessivo e transmitida pelas mães, sente-se responsável pelo
sofrimento do filho e passa a dedicar-se integralmente aos cuidados do mesmo,
deixando inclusive de comer e dormir. O casal parte numa busca obsessiva por um
milagre. Assim, vão estudar e pesquisar por conta própria, na esperança de
descobrir algo que pudesse deter o avanço da doença.
Enquanto o pequeno Lorenzo é estudado pelos médicos, seus pais
descobrem mais sobre a doença e com base nessas descobertas, desenvolvem por
sua conta e risco um óleo (extrato de ácidos de azeites de oliva e de colza), que
“enganava” a lógica da doença. Esse óleo não era a cura, mas tornava mais lenta a
evolução da doença.
Os pais de Lorenzo promovem uma campanha, contando com doações e
formas de publicidade. Participam de congressos a fim de unir estudiosos e permitir
que eles trocassem conhecimentos entre si, podendo chegar em uma solução que
possa salvar o filho deles.
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O uso do óleo não fez Lorenzo voltar ao seu estado normal, mas impediu a
evolução da doença e, através de tratamentos, a criança conseguiu uma grande
melhoria na sua qualidade de vida.
A todo momento, a família tenta amenizar o sofrimento do filho, em uma das
cenas, por exemplo, os pais e a tia de Lorenzo comem macarrão com as mãos para
acompanhá-lo, aliviando a tensão da situação com empatia e bom humor.
Durante uma convenção com outros pais, cujos filhos também eram
portadores da Adrenoleucodistrofia, são relatados diversos casos de separações,
crises e danos aos casamentos em decorrência da doença. Mães solteiras,
alegaram que foram deixadas por seus companheiros, por serem portadoras da
doença, sendo trocadas por mulheres “saudáveis”.
Além das perdas materiais, financeiras e necessidade de abandonar suas
carreiras, o estresse é extremo e o estado psicológico da família, fragmentado. No
filme, não foi retratado apoio psicológico algum à família.
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3 FILME ‘UMA PROVA DE AMOR’

3.1 Análise das tecnologias para o tratamento do câncer

O filme retrata a história de Kate, uma adolescente portadora da Leucemia


Promielocítica Aguda (mais conhecida como LPA) desde criança. Nem sua mãe
Sara, seu pai Brian ou seu irmão Jesse têm compatibilidade o suficiente para as
transfusões de sangue e doações de órgãos e medula que deveriam ser feitas para
Kate.
Como as chances de encontrar doadores compatíveis são muito pequenas,
Sara resolve então, por indicação médica, conceber outra filha em proveta,
geneticamente criada para salvar a própria irmã. Assim nasce Anna, que pouco após
o seu nascimento, teve seu DNA coletado para confirmar se era apta para ser
doadora, além do sangue do cordão umbilical ser utilizado para transfusão de
sangue para a irmã. Desde pequena, Anna frequenta hospitais para fazer exames
de sangue, cirurgias, tomar injeções, tudo em prol da melhora de Kate. Aos cinco
anos, Anna já doava linfócitos e granulócitos para a irmã.
É relatado que Kate fez tratamentos de diálise, aspiração de medula e
quimioterapia. Há trechos do filme que sugere que ela passou por diversas cirurgias,
assim como a irmã. Não foi visto em nenhum momento o tratamento com
radioterapia.

Aos 15 anos, Kate passa a sofrer de insuficiência renal. Anna sabe que será a
doadora e entra com uma ação judicial para impedir a doação do rim, visto que foi
submetida à diversos procedimentos médicos em prol da irmã e que teria direito a
decidir por ela mesma. Posteriormente, revela-se que essa atitude foi um pedido da
própria Kate, que não aguentava mais nenhum tipo de tratamento e sofrimento
decorrente de todos os procedimentos que ambas tinham passado até então.

Os avanços tecnológicos, permitiram análise de células troncos, transplante


de medula, dentre outros processos, melhorar a qualidade de vida dos pacientes em
tratamento de câncer.

No filme, é analisado o quanto os avanços tecnológicos podem causar


impactos significativos (positivos e negativos), na vida de quem tem câncer e seus
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familiares, por exemplo, quando a tecnologia permite o nascimento de que uma


criança geneticamente compatível, com o intuito de salvar a vida de outra.

Nem sempre o avanço tecnológico pode melhorar as condições psicológicas


de quem tem câncer. No filme, Anna, pede para irmã não ajuda-la mais no
tratamento, porque mesmo com os avanços, ele se torna exaustivo.
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4 INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA DURANTE O TRATAMENTO DO CÂNCER

O projeto do Ministério da Saúde ‘EDUCASUS’ contempla um programa de


educação continuada à distância. A palestra ‘O papel do psicólogo/psicologia em
um ambulatório oncológico’, preparada pela psicóloga Alyne Lopes Braghetto, do
Centro de Oncologia e Hematologia do Hospital Israelita Albert Einstein, apresenta
de forma lúcida a importância da intervenção psicológica durante o tratamento do
câncer.
Segundo a psicóloga, diante do adoecimento do corpo, há necessariamente,
um acometimento psíquico que convoca o paciente, seus familiares e até mesmo a
equipe de saúde a lidar com questões fundamentais relacionadas à situação.

Qual é a primeira palavra que vem à nossa mente ao pensarmos em câncer?

A fragilidade humana se torna evidente diante dos estigmas sociais e culturais


que associam fortemente o câncer com a morte, com o sofrimento físico e emocional
associados ao processo do tratamento, do enfrentamento da doença.
O diagnóstico oncológico causa mudanças na vida do sujeito, ameaça os
planos futuros, mobiliza desesperança, medo e ansiedade. O impacto causado pelo
adoecimento depende de vários fatores: a cronicidade, o prognóstico, sentimentos
de ameaça ou de medo diante das limitações desencadeadas pela doença
(submeter-se à quimioterapia e/ou radioterapia; efeitos colaterais). O período de vida
em que ocorre o adoecimento irá diferenciar esses sentimentos.
O paciente oncológico tem seu sentido de vida abalado: a ilusão de
eternidade rui e leva à angústia. Sabemos que não somos eternos, mas não
vivemos com esta realidade à nossa porta. A manifestação da angústia é única e
dependerá da história pessoa, de preocupações e dificuldades anteriores à doença,
da forma de se relacionar com as pessoas, da maneira como se posiciona diante
das situações traumáticas – se já enfrentou outras grandes dificuldades na vida, se
adotou posição de vítima ou participante ativo, etc.
Após o diagnóstico, o paciente busca um sentido para o adoecimento (Por
que comigo?), passando pelo estágio das questões psíquicas relacionadas à finitude
e transitoriedade. Em seguida, surgem: as questões da autoimagem face às
mudanças corporais decorrentes do tratamento; alterações significativas em hábitos
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prévios (dieta, medicamentos); diminuição da autonomia e aumento da dependência;


angústia frente à falta de controle (progressão da doença versus remissão);
adaptação ao início do tratamento (retorno ao trabalho, contato social, rotina de
tratamento, intercorrências, alteração de papéis desempenhados); insegurança
frente à retomada da rotina, já que muitos pacientes relatam sentirem-se ‘protegidos’
pelo tratamento. Para que o paciente não passe a viver o tempo todo ‘em
sofrimento’, será necessário que construa e/ou fortaleça mecanismos para encarar a
vida de uma outra maneira.
Quando se fala do sentido da doença, surge a reflexão sobre os valores e
escolhas, sobre a construção de um novo sentido também para a vida.
O sentido do tratamento está presente no manejo da angústia frente à
doença e tratamento. Perdas significativas são o preço de uma tentativa de cura,
onde o paciente precisa realizar a opção por se tratar, sendo altíssima a expectativa
de eficácia dos procedimentos aos quais se submente – a cura é o objetivo maior. O
psicólogo busca apresentar elementos que deem sentido ao investimento que o
paciente deve realizar no tratamento – mesmo quando a resposta não é a esperada
(quando acontece uma recidiva ou é identificada a metástase).
Tal investimento abarca também a família, pois o contexto familiar sofre
mudanças significativas quando um dos membros adoece, o que pode trazer uma
série de implicações em níveis físico, emocional, afetivo, profissional e financeiro
para o sujeito doente. As situações de estresse, tensão e conflito também
comprometem as relações familiares. Além das questões emocionais, a rotina e os
papéis desempenhados por cada membro familiar mudam muito, uma vez que o
tratamento do câncer comumente exige uma atenção integral ao paciente.
Diante disso, se delineia o papel da psicologia no tratamento do doente de
câncer: caberá ao psicólogo entender em que momento do tratamento o paciente se
encontra e que caminhos percorreu até esta etapa em que está sendo envolvido no
processo. Quais sentidos estão sendo construídos pelo paciente? Diante da
experiência de perda (da condição de sadio, da condição de ‘inteiro’), como está
estruturando resposta à pergunta: quem sou eu agora?
São intuitos do acompanhamento psicológico: propiciar espaço para
manifestação dos sentimentos (do paciente, da família); auxiliar o paciente na
descoberta de maneiras para a atenuação do estresse, da ansiedade e da angústia;
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contribuir na mobilização de recursos criativos para o enfrentamento da doença,


para a adesão adequada ao tratamento.
Na medida em que o psicólogo promove a fala e a escuta do paciente, a partir
de uma posição diferente (que é a posição analítica), abre possibilidade para o
próprio sujeito escutar-se, propiciando, dessa forma, a subjetivação. A escuta
analítica pode levar o paciente a elaborar e lidar melhor com a situação traumática
vivida, de forma a se tornar parte ativa do próprio tratamento.
Cabe à equipe multiprofissional favorecer a compreensão da dinâmica
psíquica do paciente e da dinâmica familiar; promover a adequação do protocolo à
singularidade de cada caso; como parte desta equipe, ao psicólogo cabe o
compartilhamento do saber psicológico, ampliando a visão da equipe em como lidar
melhor com a situação dramática vivida pelo grupo familiar e o paciente, objetivando
um refinamento das demandas.
O cuidado psíquico é atribuição do profissional de Saúde Mental, mas o
cuidado emocional é de responsabilidade de todos os envolvidos.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As doenças genéticas podem ser identificadas, e muitas delas são


controladas ou até curadas através dos avanços farmacológicos e tecnológicos.

Porém, a fragilidade humana, desnudada diante do diagnóstico de uma


doença genética, é um aspecto que demanda atenção especializada por parte de
uma equipe multiprofissional, onde o psicólogo assume o papel de minimizar o
sofrimento (dor emocional), realizando a conexão entre os envolvidos: o paciente,
seus familiares e a equipe responsável pelo tratamento.
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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRAGHETTO, Alyne L. (2016). O papel do psicólogo/psicologia em um


ambulatório oncológico. Retirado em 15.11.2019, do site:
https://educasus.org.br/qual-e-o-papel-do-psicologo-psicologia-em-um-ambulatorio-
oncologico/

O Óleo de Lorenzo (Lorenzo's Oil, 1992), dirigido por George Miller, com Susan
Sarandon, Nick Nolte, Zack o'Malley Greenburg, Aaron Jackson, Peter Ustinov,
Kathleen Wilhoite, Gerry Bamman, Margo Martindale, James Rebhorn, Ann Hearn e
Maduka Steady.

Uma Prova de Amor (My Sister’s Keeper, 2009, EUA) dirigido por Nick Cassavetes,
com Cameron Diaz, Abigail Breslin, Sofia Vassilieva, Jason Patric, Alec Baldwin,
Evan Ellingson, Joan Cusack.

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