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EXPLORANDO OS
4 ELEMENTOS DA NATUREZA,
RELATO DE PROPOSTAS
DESENVOLVIDAS
Renata Muriel da Rosa Schneider1
Retiele da Cunha Rodrigues2
RESUMO
O presente artigo tem como finalidade relatar o projeto desenvolvido nas turmas do
maternal 3C e 3D, de uma EMEI da Rede Pública de Novo Hamburgo, cujo objetivo é
proporcionar a exploração, a experimentação, a criação e a investigação dos elementos
da natureza como matéria prima natural, instigando a curiosidade e o interesse das
crianças pelos processos científicos. A escola busca, com essas práticas, contribuir
com o desenvolvimento das crianças, colocando-as como protagonistas de seus
saberes e conhecimentos, em busca de experiências direto com a natureza, sem deixar
de fazer uso consciente dos recursos que ela disponibiliza. As ideias aqui discutidas
embasam-se em Gandhy Piorski (2016), Stela Barbieri (2012) e Maria Barros (2018),
que buscam na natureza o imaginário e o brincar. A partir deste estudo, constatou-se
que o professor precisa realizar suas propostas de acordo o centro de interesses das
crianças, transformando-os em protagonistas de sua história, a partir do brincar e do
lúdico. Trabalhar os quatro elementos da natureza permite que a criança amplie seus
repertórios, vivências e experiências naturais, enriquecendo o universo, exercitando os
seus direitos e estabelecendo contato com os campos de experiência.
1 Graduada em Pedagogia pela FACCAT. E-mail: renatamuriel.rosa@gmail.com. Professora da Rede Municipal de Ensino de Novo
Hamburgo, lotada na EMEI Vila das Flores, RS, Brasil.
2 Pós-Graduada em Orientação e Supervisão Escolar (Faculdade de Educação São Luís). E-mail: retielecunha@gmail.com. Professora
e atualmente Coordenadora Pedagógica da Rede Municipal de Ensino de Novo Hamburgo, lotada na EMEI Vila das Flores, RS, Brasil.
INTRODUÇÃO
Cada escola nos traz diferentes possibilidades. [...] A materialidade está sempre por ser
inventada, retomada, investigada. Ela depende de conseguirmos olhar em volta e perceber
como podemos usar materiais, substâncias e objetos inusitados (BARBIERI, 2012, p.72).
Esses materiais podem ser conhecidos ou não pelas crianças. Ainda, de acordo
com Barbieri,
Todos os lugares são lugares de aprender. Cidades, florestas, quintais, territórios a serem
investigados, com árvores, rios, clareiras, praças e praias. A natureza é um manancial de
possibilidades para a formação estética, não só para as crianças, como para todos os seres
humanos (2012, p.115).
Ao brincar com os quatro elementos da natureza (água, terra, fogo e ar) as crianças
abrem um leque de caminhos para a imaginação. Alcançam os sentidos escondidos, por
meio de suas produções materiais, gestuais e narrativas. O inconsciente das crianças
é trabalhado, dessa maneira. Como relata Piorski (2016, p. 19), “uma imaginação que
estabelece vínculo entre a criança e a natureza e tem capacidades específicas e maior
plasticidade: é transformadora, regeneradora”.
[...] Imaginar pelo fogo é criar imagens e narrativas quentes, calóricas, agitadas, guerreiras,
apaixonadas, acolhedoras (se fogo íntimo) e amorosas. Imaginar pela água faz vicejar uma
corporeidade fluida, entregue, emocional, saudosa e até melancólica, cheia de sentimentos,
lacrimosa pela alegria ou pela saudade. Imaginar pelo ar é construir uma materialidade das
levezas, da suspensão, dos vôos, fazer brinquedos expansivos, com coisas leves, penas,
setas, sublimações do brincar. Imaginar pela terra é fazer coisinhas enraizadas no mundo,
na vida social, no interior das formas, buracos, miniaturas, esconderijos, numa busca pela
estrutura da natureza.
METODOLOGIA
Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, utilizando diferentes
linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura e
às diferenças entre as pessoas. Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes
espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando
seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade,
suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e
relacionais. Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento
da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da realização das
atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais e dos
ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo
e se posicionando. Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras,
emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na
escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura em suas diversas modalidades:
as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia. Expressar, como sujeito dialógico, criativo
e sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas,
opiniões, questionamentos, por meio de diferentes linguagens. Conhecer-se e construir
sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus
grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras
e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário.
É na interação com os pares e com adultos que as crianças vão constituindo um modo
próprio de agir, sentir e pensar e vão descobrindo que existem outros modos de vida,
pessoas diferentes, com outros pontos de vista. [...] Ao mesmo tempo que participam
de relações sociais e de cuidados pessoais, as crianças constroem sua autonomia e
senso de autocuidado, de reciprocidade e de interdependência com o meio. [...] Nessas
experiências, elas podem ampliar o modo de perceber a si mesmas e ao outro, valorizar
sua identidade, respeitar os outros e reconhecer as diferenças que nos constituem como
seres humanos.
Para trabalhar o fogo, nada melhor que uma fogueira. Num primeiro momento,
foi necessário pensar no que precisávamos para sua construção. Surgiram do
grupo grande ideias, bem como “gravetos”, “algo para acender o fogo”, “alguma
coisa no espeto para assar”, e assim uma resposta foi complementando a outra.
Fizemos a saída de campo ao lado da escola, em um terreno baldio, em busca de
gravetos para a nossa fogueira. Cada criança pegou a quantidade que conseguiu e,
chegando à escola, iniciamos a sua construção. Após esse movimento, acendemos
o fogo com fósforo e cada uma se aproximou com seu palito de Marshmallow,
saboreando essa deliciosa vivência. Essa proposta exigiu trabalho em equipe e o
esforço de todos para que alcançassem os objetivos almejados.
A partir dos gravetos da fogueira, surgiu outra ideia: “Professora, podemos usar
os galhos como pincel?”. Desse pensamento, fomos dando continuidade como grupo,
reaproveitando os galhos para as pinturas de obras de arte e utilizamos também tinta
natural de beterraba e cenoura. Com a consciência da preservação da natureza e
do ambiente que vivenciamos, utilizamos aqueles elementos caídos no chão para a
construção de lindas pinturas. As crianças sentiram-se grandes artistas de sua própria
obra.
4º ELEMENTO: TERRA
Outra proposta simples que encantou os pequenos na sala foi brincar com
folhas secas de plátano, permitindo que percebessem vários aspectos, como textura,
quantidade, tamanho, cor, cheiro, peso e formas.
Imagens 16, 17 e 18 - aprendendo matemática com folhas secas de plátano
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BARBIERI, Stela. Interações: Onde está a arte na infância? São Paulo: Blucher, 2012.