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FILOSOFIA
AULA 1
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CONVERSA INICIAL
filósofos
como Sócrates, Platão e Aristóteles (séculos IV a III a.C.), todos eles
promovendo a
motivos a
filosofia buscou combatê-lo ao empregar visões consideradas mais racionais.
Antes do surgimento da
filosofia e do pensamento considerado racional, na Grécia Antiga, as
de compreensão da
realidade. Mas, afinal, o que é o mito?
Os mitos representam
explicações sobrenaturais e fantásticas sobre a origem do Universo, dos
seres
humanos e da natureza. Em grego, o termo deriva da palavra mythos, que
significa narração.
as construções
míticas podem ser categorizadas em cosmogonias e teogonias. Do
grego cosmos,
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sentimentos e contradições
do comportamento humano, quanto também as forças e ciclos da
natureza.
Apresentados na maioria das vezes oralmente, por poetas, ou nos teatros gregos,
por meio
Os mitos representavam
elementos sagrados da cultura grega. Possuíam também papel de
justificação e
organização da sociedade, seja do ponto de vista político, seja do ponto de
vista social,
As principais fontes de
narrativas míticas entre os gregos provinham do poeta Homero, que teria
vivido
entre os séculos XIX e VIII a.C. e escrito a Ilíada, referente ao
conflito entre gregos e troianos, e
e que se
confronta com os deuses gregos na tentativa de retornar para sua cidade natal,
Ítaca, após
em relatos
da Antiguidade como um cego, andarilho que narrava os mitos gregos de cidade em
cidade.
de Hesíodo
(2002, 2003), que viveu no século VII e escreveu importantes obras, como Os
trabalhos e
na Grécia,
com a intenção de combater essas explicações sensíveis e divinas presentes nos
mitos.
Ainda que os mitos sejam atacados pela filosofia, autores como Vernant
(2001) não deixam de
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mundo
humano.
passagem das
explicações míticas em direção ao surgimento do pensamento racional e
filosófico.
Quando
se procura estabelecer que a filosofia nasceu na Grécia Antiga, por volta do século
VII a.C.,
com Tales de Mileto, isso não quer dizer que outras culturas ou
sociedades não tenham
difere a
filosofia ocidental das demais e o que fornece a ela um caráter sui generis
é a realização de
comportamento e
instituições humanas, ou seja, em que as explicações mítico-religiosas se
conduzem ao erro e à
ignorância.
A partir do pensamento
pré-socrático, que será abordado no próximo item, a cultura ocidental
passará
por uma ruptura com a tradição mítica, em direção à construção de modelos
racionais que
A palavra filosofia
teria surgido de um pensador pré-socrático conhecido como Pitágoras de
Samos
(século V a.C.). Filosofia, em grego é a justaposição de dois termos: philia,
que significa
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grego thaumazein,
que é traduzido como estranhamento, perplexidade, assombro,
maravilhamento,
nossa
volta, isto é, no instante em que não se observa mais o mundo com os olhos
habituais, como
permanente
questionamento a respeito da ordem do mundo e de suas interpretações
corriqueiras,
Universo e a
vida humana.
social, a
política, as crenças, as hierarquias e a posição que nossa existência ocupa no Universo,
ela
quanto
mais se busca o conhecimento ou a verdade, maior a certeza de nossa ignorância.
de conhecimento
científico, sejam elas ciências exatas, sejam ciências naturais ou humanas,
exatamente por possuir a percepção de que as verdadeiras perguntas são mais
relevantes que a
comum, a virtude ou
os atributos cognitivos que permitem à mente estar certa ou equivocada.
que
significa dizer que ela evolui, se aprimora ou se desenvolve de tal forma que
nos permite dizer
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científico. Já a
filosofia não permite esse tipo de constatação, de modo que não se pode dizer
que,
Aprender o
pensamento de um filósofo é como aprender um idioma novo. Há um vocabulário
Enquanto a ciência
avança como uma linha do progresso, com seus métodos e respostas, a filosofia
opera como uma espiral, porque seus problemas e perguntas são transversais,
isto é, estão
Na obra Convite à
filosofia, a filósofa Marilena Chauí (1994) responde de forma irônica à
questão
nossa
volta.
TEMA 3 – OS PRÉ-SOCRÁTICOS
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conforme
aponta Vernant (2001), pois o trabalho escravo, embora forçado e oposto à
liberdade
humana, possibilitava que alguns homens, considerados cidadãos, tivessem
condições como dispor
Os pré-socráticos ou primeiros
filósofos são também conhecidos como filósofos da natureza.
Isso se deve
ao fato de que, diferentemente do que veio a ocorrer a partir da filosofia de
Sócrates
(470-399 a.C.), preocupada com questões em torno do ser, da relação
entre corpo e alma, da justiça,
Esse
elemento primordial que buscavam explicar é designado arché.
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todos os seres da
natureza; e em seus estados sólidos, líquidos e gasosos. No Egito, percebeu
como
a terra desértica se tornava fértil com a cheia do Rio Nilo. Em altas
montanhas, encontrou fósseis de
(610-547 a.C.), buscou dar uma outra resposta sobre o elemento constituinte de
toda a realidade.
Diverge de seu mestre ao propor que a arché é o ápeiron,
palavra grega que significa ilimitado,
indeterminado, indefinível,
sem origem e inominável, sendo, portanto, imaterial, infinita e imortal,
mas
que origina todos os elementos e toda a matéria presente no Universo. O
indeterminado é a origem e
surgir o
quente (fogo) e o frio (ar); nele, há equilíbrio e retribuição entre os
contrários ou substâncias
opostas. Os seres comuns, quando morrem, retornam ao ápeiron
(Kirk; Raven; Schofield, 1994).
Anaxímenes
(Mileto, 585-528/525 a.C.), filósofo jônio, afirma que a arché é o ar (pneuma).
Tales), o ar é invisível,
mas nem por isso deixa de ser natural e estar presente em tudo o quanto
existe,
sendo o elemento primordial constituinte do Universo. Anaxímenes constata que,
do nascer
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apresentando
nenhum elemento sólido como o princípio de tudo, mas manifestando-se com base no
elemento terra. A concepção de um deus único, imortal e imutável como princípio
de tudo esboça
1994).
Heráclito (Éfeso,
540-470 a.C.) foi um filósofo jônio conhecido como O Obscuro ou O Fazedor
de
ao termo criado
por Heráclito, o logos (razão ou inteligência) presente na
natureza, havendo assim
estabilidade na mudança, sendo o fogo o garantidor do
fluxo dos contrários (Kirk; Raven; Schofield,
1994).
verdadeira – alétheia)
e aparência (que se transforma sempre, como a doxa – opinião, algo, portanto,
instável, falso e ilusório). O mobilismo de Heráclito não levaria, segundo
Parmênides, ao
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Zenão (489-430
a.C.), por sua vez, foi discípulo de Parmênides e seu pensamento consiste na
defesa das teorias monistas (sobre o indivisível, o imutável e o verdadeiro)
de seu mestre por meio
possivelmente uma
escola de pensamento e certamente uma seita religiosa secreta, que no futuro
exerceria influência sobre Platão. Pitágoras considera a arché como do
âmbito dos números, das
Empédocles (Agrigento,
490-435 a.C.) foi político, poeta, médico e cosmólogo e não buscou um
único
princípio das coisas. Ao contrário, defendeu que a arché é constituída
pelos quatro elementos:
fogo, terra, água e ar. Esses quatro elementos são
separados e unidos pelo ódio (que se forma pelas
morais à natureza
e o reconhecimento da presença de certa unicidade (uno-divino) entre os quatro
Anaxágoras (Clazômenas,
cerca de 500-428 a.C.), de origem jônia, teria vivido em Atenas por
cerca de 30
anos e por lá fundado uma escola de filosofia. Considera a arché
composta de uma
divisível e
não do uno e do limitado. A quantidade de coisas no mundo seria, assim, sempre
a
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mesma, e tudo seria infinitamente divisível. Nessa visão, não existe o nada. Anaxágoras
concebe a
Leucipo
(Mileto, séc. V a.C.) e Demócrito (Abdera, cerca de 460-370 a.C.) são
conhecidos como
significavam
partículas indivisíveis, individuais, finitas e invariáveis, eternas e em perpétuo
costumes e
visões de mundo dos gregos, baseados na mitologia. Avaliaremos a relação do
mestre
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a.C.)
foi pertencente a uma família abastada e nobre de Atenas; Xenofonte (430-355
a.C.) foi um
385 a.C.), um
poeta crítico às ideias do filósofo por considerá-lo subversivo por atacar as
tradições
políticas e religiosas dos atenienses (Jaeger, 2001).
Xenofonte e Platão
descrevem Sócrates como homem de mente rigorosa, racional e
em proveito próprio)
(Châtelet, 1994).
O pensamento
socrático-platônico desejava substituir a democracia ateniense por um modelo
confiscadas e
administradas pelos filósofos, com o objetivo de se gerar uma cidade justa.
Devido às
suas ideias, consideradas radicais, Sócrates foi condenado à morte e
envenenado por ingestão de
eternas e o
corpo, os sentidos ou as sensações corporais como corruptíveis, mutáveis e
perecíveis
(Châtelet, 1994).
aflorarem
as emoções, paixões, sensações e crenças equivocadas entre os gregos, Sócrates,
e
depois Platão, desenvolveram o primeiro método racional e filosófico da
cultura ocidental, a
vaga, ignorante e
equivocada porque vinculada aos mitos, sensações e paixões humanas. Sócrates
deseja que sejamos guiados pela razão, esta sim capaz de conduzir à verdade e
às virtudes, e não
pelas paixões ou emoções, fontes de todo erro e de vícios
que corrompem o bem comum e levam a
Sócrates e Platão
foram responsáveis por proporem a diferenciação do real do falso, da verdade
da
aparência, por meio da oposição entre o que denominaram mundo sensível e
mundo inteligível (ou
mundo das ideias). O sensível corresponderia
a tudo o que é concreto, físico, material e sensível (as
nossas sensações
corporais), aos objetos sensíveis diante dos nossos olhos e demais sentidos.
mundo sensível,
portanto, seria dominado pelas aparências, segundo essa linha de pensamento,
do prazer. O mundo
sensível deve ser, assim, relacionado à noção de simulacro (conjunto de
sombras
e aparências) (Châtelet, 1994).
O mundo inteligível,
por sua vez, só seria acessível por meio do uso da razão. Nesse mundo
estão as
verdades, também chamadas de essências, formas ou ideias.
A verdade seria eterna,
imutável e universal, não se transformando jamais, o
que a diferiria das aparências presentes no
para
o bom caminho e não para os vícios. Segundo Marilena Chauí (1994, p. 269-270):
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mundos
inteiramente diferentes e separados: o mundo sensível da mudança, da aparência,
do
devir dos contrários, e o mundo inteligível da identidade, da permanência,
da verdade, conhecido
das essências é
o mundo do Ser; o mundo sensível das coisas ou aparências é o mundo do Não-
Ser.
O mundo sensível é uma sombra, uma cópia deformada ou imperfeita do mundo
inteligível das
ideias ou essências.
inteligível
após a sua morte, tomando conhecimento pleno do que seja a verdade, a justiça,
o bem, o
belo e Deus. É importante ressaltar que Sócrates e Platão são os
primeiros filósofos a defenderam o
dois filósofos
porque Deus deve ser único, eterno, imutável e seus pensamentos são superiores
e
inconcebíveis pelos sentimentos humanos (Châtelet, 1994).
Segundo Châtelet
(1994), como a relação entre corpo e alma é acidental, quando nossa
existência
é dada ainda no mundo sensível apenas é possível alcançar as ideias originais,
essências
malfeitas e degeneradas
das essências. Além disso, o mundo sensível apresenta dois patamares. O
erro e à ignorância.
A Figura 1 permite
compreender as distinções entre os dois mundos avaliados por Sócrates e
Platão.
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(razão,
ciência, conhecimento, discurso racional que nos leva à verdade, ou seja, elementos
da
atividade do filósofo). Já no mundo sensível (ou das aparências) apenas
vemos as cópias das
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Vamos estudar
agora uma das narrativas mais conhecidas da história da filosofia. Platão e
manipulando, na frente de
uma fogueira, objetos que davam origem às sombras projetadas na
parede, como em
um teatro de sombras de fantoches ou um simulacro.
No entanto, um dos
prisioneiros, o filósofo, consegue se desacorrentar, pois seus instrumentos
de
libertação são a razão, o estranhamento e os questionamentos. O filósofo
percebe então que
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em Atenas.
NA PRÁTICA
do que as emoções e as
crenças pessoais” (Word, 2016, tradução nossa). A noção de pós-verdade
diz respeito ao processo de deslegitimação das ciências, de certezas racionais
em nome de opiniões
FINALIZANDO
Avaliamos
que o discurso filosófico na Grécia apareceu com os filósofos conhecidos como pré-
socráticos,
que foram responsáveis por produzir reflexões de teor racional, sobre a
natureza, em
oposição às intepretações de cunho fantástico e sobrenatural
presentes nos mitos. Investigamos a
originalidade do pensamento
socrático-platônico, que trouxe novos questionamentos ao
pensamento filosófico.
Enquanto os pré-socráticos se perguntavam essencialmente pela arché,
Sócrates inova sobretudo com os seguintes elementos:
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REFERÊNCIAS
1994.
KIRK, G. S.; RAVEN, J. E.; SCHOFIELD, M. Os filósofos pré-socráticos. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 1994.
_____. O
Universo, os deuses, os homens. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
<https://languages.oup.com/word-of-the-year/2016/>.
Acesso em: 2 fev. 2022.
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