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PROPÓSITO
Conhecer os principais pontos de aproximação entre a realidade profissional, a legislação
e a
ética permite entender os limites, as melhores práticas e a regulação de seu escopo
de
trabalho como psicólogo.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
A prática profissional de qualquer psicólogo é marcada por inúmeras questões legais e
éticas
muito profundas e complexas, a começar por sua regulamentação como profissão no
país feita
pela Lei nº 4.119, de 27 de agosto de 1962.
MÓDULO 1
O escopo de atuação do psicólogo educacional foi descrito enquanto ramo profissional pelo
Conselho Federal de Psicologia (CFP) e enviado à Classificação Brasileira de Ocupações
(CBO) em 1992. Além disso, o próprio CFP regulamenta essa especialidade na Resolução nº
13/2007, explicando em detalhes como se dá toda a atuação desse profissional em escolas
e
instituições de ensino.
CLASSIFICAÇÃO DA ESPECIALIDADE EM
PSICOLOGIA ESCOLAR
Antes de mais nada, é importante entendermos o registro e a regulamentação da prática
profissional, bem como o seu escopo de atuação, para que tenhamos uma ideia tanto das
possíveis contribuições dessa prática para a sociedade quanto de seus limites.
(CFP, 1992, p. 5)
Perceba que não há aqui nenhum incentivo a uma atuação direcionada para a adaptação do
comportamento, isto é, o uso de intervenções voltadas para a correção e o enquadramento
de
comportamentos considerados desejáveis na escola, o que poderia contribuir
diretamente para:
A patologização do comportamento.
A isenção das demais partes envolvidas no caminho educacional sobre seu papel
efetivo
nas dificuldades de aprendizagem do aluno.
A normatização de posturas.
Esse profissional não pode e nem deve desconsiderar ou negar questões como o contexto
social e a realidade familiar do indivíduo, além do caráter histórico-cultural da
subjetividade. Em
outras palavras, não se pode fragmentar o sujeito e nem separá-lo de
sua história.
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS
HUMANOS E PSICOLOGIA ESCOLAR
“ART. 26:
Esse artigo é, sem dúvida, uma das bases que definem a educação como um direito básico e
universal, fato que também é descrito na Constituição Federal de 1988, nos artigos 6º e
205.
Note que esse entendimento é importante para situar a atuação do psicólogo escolar.
Imagine
um quadro de desinvestimento de políticas públicas, marcado por ataques
ao conteúdo
do conhecimento científico e à própria ideia da educação como direito
universal. O que
aconteceria?
O campo de atuação desse profissional deve ser fonte de emancipação para a comunidade e
para todos os profissionais de uma escola, por meio do incentivo a um espaço
compartilhado
de escolhas e de práticas participativas, que, gradativamente, são
assimiladas pelos próprios
profissionais da escola, pela comunidade em si, pelas
famílias e pelas crianças.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
Assim como a escola, o hospital pode ser considerado uma das instituições básicas nas
nossas vidas. Até onde nossa memória alcança, o hospital sempre foi citado como algo que
é
parte viva e integrante de nosso cotidiano e da nossa sociedade. E, é claro, onde
temos
pessoas inseridas em um contexto, temos também a atuação da Psicologia.
CLASSIFICAÇÃO DA ESPECIALIDADE EM
PSICOLOGIA HOSPITALAR
Esse registro segue a Resolução nº 13/2007 do CFP, que regulamenta a prática profissional
do
psicólogo hospitalar e traz um recorte da atuação profissional nos hospitais dentro
de equipes
interdisciplinares.
O psicólogo hospitalar atua, então, nas seguintes questões, de maneira a contribuir para
o
bem-estar físico e emocional do paciente:
Quer dizer que o psicólogo hospitalar deve se voltar ao contexto geral do paciente,
considerando duas grandes tríades de atuação: a tríade de ação e a tríade de
atuação.
Tríades nada mais são que um conjunto de três elementos que são considerados. Veja a
seguir:
TRÍADE DE AÇÃO
O contexto do adoecimento.
O contexto da hospitalização.
É nesse momento que o paciente tem que sair desse ambiente familiar e
acolhedor para ir ao
hospital. Na verdade, ele deixa de ter a saúde que
tinha anteriormente, o que lhe causa um
impacto muito grande. É justamente
isso que o psicólogo precisa avaliar, além de, obviamente,
entender como o
diagnóstico repercute em todo o contexto familiar e social do paciente.
TRÍADE DE ATUAÇÃO
O paciente.
A Constituição Federal de 1988 nos mostra a base fundamental da atuação em Saúde no país:
Podemos notar que é um direito básico de cada cidadão a atenção em Saúde por parte do
Estado. Foi partindo desse princípio que se deu a consolidação do Sistema Único de Saúde
(SUS) no Brasil, com o objetivo de tornar claro o papel do Estado e a respectiva forma
de
administrar a Saúde Pública.
Nesse cenário, é importante lembrar que o SUS passou por um processo de transformação. O
sistema era marcado pelo cuidado hospitalar centrado somente em procedimentos
tecnológicos, que davam origem a uma atenção em Saúde totalmente quebrada e
desorganizada, arruinando todo o cuidado, gerando a decepção dos usuários e levando à
baixa
eficiência do sistema.
Observe neste ponto que o exercício da Psicologia Hospitalar está, então, diretamente
ligado
ao direito básico à saúde, uma vez que toda a regulamentação legal amplia o
cenário da
atuação do psicólogo como ator fundamental na promoção de saúde e na garantia
de relações
humanizadas. Isso demanda não só competência técnica, mas também compromisso
ético e
participação cidadã desse profissional, que deve dar atenção especial às lutas
pela mudança
das condições sociais da população brasileira para a garantia dos direitos
da população e a
defesa do SUS.
Além disso, vale lembrar que o Ministério da Saúde possui várias portarias que incluem,
obrigatoriamente, o psicólogo hospitalar na equipe mínima. É o caso da Portaria nº 628,
de 26
de abril de 2001, que trata de serviços destinados à realização da cirurgia
bariátrica. Já a
Portaria nº 400, de 16 de novembro de 2009, prevê a presença de um
psicólogo na equipe de
Saúde para atenção aos ostomizados. Por sua vez, a Portaria nº
930, de 10 de maio de 2012,
recomenda que a equipe de Saúde inclua um psicólogo na
organização da atenção integral e
humanizada ao recém-nascido grave ou potencialmente
grave. Outras portarias, que podem
ser encontradas no site do Ministério da Saúde, ainda
recomendam assistência psicológica nos
serviços de média e alta complexidade, o que
inclui ambulatórios e hospitais (CFP, 2019c).
OSTOMIZADOS
“Uma pessoa ostomizada é aquela que precisou passar por uma intervenção
cirúrgica para
fazer no corpo uma abertura ou um caminho alternativo de
comunicação com o meio exterior,
para a saída de fezes ou urina, assim
como auxiliar na respiração ou na alimentação” (BRASIL,
2009, n. p.).
Dessa forma, a atuação do psicólogo em hospitais sempre será marcada por uma relação
íntima com diversos profissionais.
E como fica o sigilo das informações no atendimento? Perceba que o Código de Ética é bem
claro sobre esse tema:
“ART. 6º – O PSICÓLOGO, NO RELACIONAMENTO
COM PROFISSIONAIS NÃO PSICÓLOGOS:
[...]
[...]
O psicólogo hospitalar deve dar voz ao paciente, receber suas questões, compreender sua
condição trágica e dar suporte ao desamparo e à solidão.
O PSICÓLOGO HOSPITALAR E O SIGILO
PROFISSIONAL
Neste vídeo, o professor reflete sobre o papel e as
responsabilidades do psicólogo hospitalar
em relação ao compartilhamento de informações
com a equipe multidisciplinar e suas
implicações.
MÓDULO 3
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL
Imagine o quanto a vida de cada pessoa é ou já foi influenciada e afetada pelo
funcionamento
das diversas organizações. Quanto do bem-estar, da qualidade de vida e dos
problemas
pessoais não estão intimamente ligados ao trabalho?
Não há, então, separação possível entre o mundo do trabalho e a vida pessoal de cada um.
É
tarefa central do psicólogo organizacional explorar, analisar e compreender como
funciona a
dinâmica de interação das diversas dimensões da vida das pessoas, dos grupos
e das
organizações, em um mundo extremamente volátil e complexo, de maneira a preservar
a
qualidade de vida e o bem-estar das pessoas.
CLASSIFICAÇÃO DA ESPECIALIDADE EM
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL
Com isso, o escopo de atuação passou a ser voltado para análises mais conectadas com a
organização como um todo. Há aqui maior destaque para atividades voltadas à análise e ao
desenvolvimento organizacional, ao desenvolvimento de equipes, à consultoria
organizacional,
ao estudo e planejamento das condições de trabalho, além de estudos e
intervenções dirigidos
à saúde do trabalhador.
Dessa forma, as funções do psicólogo organizacional ganham corpo, permitindo que esse
profissional atue na promoção de programas e atividades em saúde e segurança do
trabalho,
relacionando aspectos psicossociais para garantir condições ocupacionais
satisfatórias.
Envolvem também ações destinadas a mediar e entender as relações de
trabalho para garantir
aumento de produtividade, a realização pessoal de indivíduos e
grupos, o fomento e o estímulo
à criatividade e o tratamento justo em processos de
demissão, aposentadoria e projetos de
vida.
Para que isso ocorra, ele utiliza recursos, métodos e técnicas da Psicologia aplicada ao
trabalho, tais como entrevistas, testes, provas, dinâmicas de grupo, ações voltadas à gestão de
pessoas, etc., dando base às decisões na área de Recursos Humanos. São elas: promoção,
movimentação de pessoal, incentivo, remuneração de carreira, capacitação, auxílio na
formação e desenvolvimento de carreira e integração funcional. Como consequência, o
psicólogo organizacional promove a autorrealização no trabalho
É fundamental entender as bases que sustentam o direito ao trabalho para que o psicólogo
organizacional oriente sua prática nas organizações.
O Brasil aprovou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em 1943. A partir de então,
passamos a ter uma lei geral e consolidada que orienta e regula as relações de trabalho
no
país. Seu conteúdo se inicia com o seguinte artigo: “Art. 1º – Esta Consolidação
estatui as
normas que regulam as relações individuais e coletivas de trabalho nela
previstas.”
Note que a CLT é o pilar que sustenta toda questão relacionada ao trabalho e é nela que o
psicólogo organizacional deve se apoiar antes de qualquer tipo de análise, proposta de
intervenção ou orientação frente às demandas das organizações.
É muito importante ter a CLT como um instrumento de consulta contínua de estudo para
garantir relações de trabalho justas entre empregador e empregado, evitando ações
coercitivas
que possam gerar mal-estar e outras consequências emocionais.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) nos mostra ainda que tudo começa no
entendimento de que devem ser asseguradas condições que evitem relações de trabalho
análogas à escravidão, que comprometem a saúde e o bem-estar do trabalhador ou que
retiram dele direitos humanos essenciais. Veja:
(ONU, 1948)
Além disso, a Declaração amplia essa perspectiva ao tratar das condições de escolha,
justiça,
remuneração, organização sindical para proteção e manutenção das condições
básicas de vida
em sociedade:
“ART. 23:
(ONU, 1948)
Perceba que a CLT consolida toda a questão nacional que envolve os direitos trabalhistas
e a
Declaração Universal dos Direitos Humanos ampara toda a perspectiva internacional
sobre o
direito ao trabalho e as condições que envolvem o trabalhador.
É possível ver o aspecto complementar nessa relação que fundamenta ainda o direito ao
trabalho expresso na Constituição Federal de 1988:
“ART. 6º – SÃO DIREITOS SOCIAIS A EDUCAÇÃO,
A
SAÚDE, A ALIMENTAÇÃO, O TRABALHO, A MORADIA,
O TRANSPORTE, O
LAZER, A SEGURANÇA, A
PREVIDÊNCIA SOCIAL, A PROTEÇÃO À
MATERNIDADE E À INFÂNCIA, A
ASSISTÊNCIA AOS
DESAMPARADOS, NA FORMA DESTA
CONSTITUIÇÃO.”
É muito importante entender a relação entre todo esse aparato legal como uma sinfonia, na
qual cada instrumento complementa o outro para gerar uma melodia no final. A CLT, a
Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Constituição Federal são os instrumentos,
enquanto os direitos trabalhistas são a melodia. Todos afinados e tocando em conjunto
para a
garantia de condições justas e do bem-estar ao trabalhador e sua família.
Mas existem outros marcos legais que o psicólogo organizacional deve considerar?
Sim.
Universalidade.
Prevenção.
Diálogo social.
Integralidade.
É claro que toda essa dinâmica deve respeitar o Código de Ética Profissional do
Psicólogo.
Esse profissional poderá confrontar aspectos éticos relativos à sua atividade
em organizações
que podem gerar punições como multas e penalidades educativas aos
empregadores que não
respeitarem a legislação relativa ao trabalho e à saúde. Sua
atuação deve ser isenta, isto é,
sem quaisquer influências em remuneração ou incentivos
não monetários que possam
configurar algum tipo de crime ou descaso.
E como fica a relação entre saúde mental e trabalho? Como se manter imparcial em
uma
organização?
Lembre-se do que nos diz o Código de Ética (2005) sobre o que é impedido na atuação do
psicólogo:
ART. 2º – AO PSICÓLOGO É VEDADO:
É importante lembrar que a formação em Psicologia pode, muitas vezes, não abordar com
profundidade a relação entre saúde mental e trabalho, o que acaba fazendo com que o
psicólogo organizacional deixe de lado essa premissa básica sem saber. Isso pode
colaborar
para a origem e a manutenção de situações de exploração, violência, crueldade
e opressão,
indo de encontro a tudo o que abordamos sobre o Código de Ética
Profissional.
A atuação em organizações exige, sim, que o profissional esteja sempre alerta e atento às
queixas relacionadas ao trabalho de forma geral.
A SAÚDE MENTAL NO TRABALHO E A
RESPONSABILIDADE
ÉTICA DO
PSICÓLOGO ORGANIZACIONAL
Neste vídeo, o especialista aborda a relação entre saúde
mental e trabalho e a
responsabilidade ética do psicólogo organizacional.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 4
Difícil, não? Ter de lidar com medos, frustrações e emoções pode ser aterrorizante. E foi
exatamente com esse quadro que a sociedade se deparou quando se viu em isolamento diante
da pandemia da covid-19. Não havia possibilidade de fugir, haviam condições limitadas para
encontrar pessoas, para distração... Todos estavam vivenciando situações desconfortáveis e
sentimentos de estarem a sós consigo mesmos.
Dessa forma, a valorização e a notoriedade da prática clínica cresceu exponencialmente
durante o período de pandemia entre 2020 e 2021. As pessoas cada vez mais precisam e
valorizam a contribuição da Psicologia, entendendo que ela é fundamental para que a
sociedade se organize de uma maneira mais igualitária, mais justa e organizada.
PSICOLOGIA CLÍNICA
A contribuição do CFP em 1992 mostra que o psicólogo clínico atua em saúde de forma
preventiva ou curativa junto a pessoas que possam apresentar questões e problemas intra
e
interpessoais, que também podem estar relacionados ao comportamento familiar e/ou
social e
a distúrbios psíquicos. O profissional da área Clínica faz uso de técnicas
psicológicas
adequadas para subsidiar o diagnóstico e o caminho terapêutico,
possibilitando que o indivíduo
consiga se direcionar para o bem-estar e a inserção na
vida em comunidade.
O psicólogo clínico atuará, então, em contextos diversos, por meio de intervenções que
têm o
objetivo de diminuir o sofrimento psíquico do indivíduo, ao mesmo tempo que leva
em
consideração a dinâmica complexa do ser humano e sua respectiva subjetividade. Essa
atuação pode ocorrer a nível individual, grupal, social ou até mesmo institucional,
fazendo uso
de inúmeras possibilidades clínicas já consolidadas e respeitadas, além de
desenvolver novas
possibilidades.
Tanto o CBO quanto a Resolução nº 13/2007 trazem a ideia de uma atuação voltada para
iniciativas preventivas (diagnósticos) ou curativas. A intenção é marcar aqui o caráter
de
promoção de mudanças e transformações que visam de forma geral ao benefício dos
indivíduos em situações de crise, de problemas de desenvolvimento ou de quadros
psicopatológicos.
Seus atendimentos podem se dar em diversas modalidades, tais como a psicoterapia
individual, de casal, familiar ou em grupo. Além disso, existem os campos da
Psicoterapia
Lúdica, Psicomotora, Arteterapia, Orientação de Pais, entre outras, podendo
atuar em equipes
multiprofissionais na identificação e compreensão de fatores emocionais
que influenciam de
forma direta a saúde das pessoas.
Esse recorte de atuação pode se dar em instituições específicas de saúde mental como os
hospitais-dia, as unidades psiquiátricas e outros, de maneira a intervir em quadros
psicopatológicos a nível individual e grupal, suportando o diagnóstico e no esquema
terapêutico proposto em equipe, além de programas de pesquisa, treinamento e
desenvolvimento de políticas de saúde mental.
É preciso sempre ter em mente que os Códigos de Ética expressam uma concepção de
homem e
sociedade que determinam as relações entre as pessoas e que são essas relações
as quais
formam princípios e normas que devem ser orientados pelo respeito ao ser humano e
aos
seus direitos fundamentais.
Dessa forma, a elaboração do atual Código de Ética atendeu ao contexto de organização dos
psicólogos no qual o país se encontrava em 2005 e ao estágio de desenvolvimento da
Psicologia como campo científico e profissional.
Os princípios fundamentais do Código de Ética Profissional são sete, mas um deles deve
ser
destacado aqui:
Vale ressaltar alguns artigos que envolvem as questões mais demandadas e evidentes da
prática em Psicoterapia pelos Conselhos que monitoram e regulamentam a profissão.
O material utilizado pelo psicólogo clínico deve ser preservado, guardado e trancado
dentro do consultório. O psicólogo trabalha com testes, e estes não devem ser
vulgarizados. É preciso tomar muito cuidado, pois vários processos ocorrem porque
muitas vezes o psicólogo delega a outra pessoa o arquivo dos documentos ou não
garante a guarda correta deles.
O art. 2º também é importante aqui porque fornece a base fundamental para tudo que é
vedado ao psicólogo. Destaca-se:
E sobre a remuneração, há algo no Código sobre como o psicólogo clínico cobra seus
serviços? Claro. Observe:
O psicólogo clínico tem certa liberdade para cobrar pelo seu atendimento o valor que ele
entender que seja suficiente para o exercício do seu trabalho. Existe uma tabela que o
CFP
esboçou e que orienta valores mínimo e máximo que o psicólogo deve cobrar, mas é
claro que
não significa que o profissional não possa cobrar um valor maior ou menor.
Lembre-se de que tratamos aqui de uma profissão autônoma, e o psicólogo clínico tem a
condição de fazer essa escolha. A grande questão é que é preciso ter bom senso de cobrar
um
valor que seja justo pelo que você estudou, pelo que batalhou, pelos cursos que
investiu, pela
sua especialidade, entendendo que também se deve ter um limite. Por outro
lado, a cobrança
do serviço, no caso de Psicoterapia, representa uma condição necessária
para manter a
relação e o vínculo a nível profissional, destacando a importância do
esforço e do envolvimento
no processo por parte do paciente ou cliente.
Além disso, o art. 20 complementa essa análise trazendo a questão da promoção de seus
serviços. O psicólogo não poderá utilizar o preço do serviço como propaganda, ou seja,
não há
aqui espaço para barganha, usar artifícios comuns como “compre um e leve dois”,
nem fazer
nenhum tipo de previsão sobre o resultado do trabalho, isto é, dizer “faça
terapia comigo e a
satisfação é garantida ou seu dinheiro de volta” ou “em dois meses eu
garanto que resolverá
todos os seus problemas”.
E mais uma vez você pode se perguntar: e quanto ao sigilo das informações? Posso
compartilhar o que acontece nas sessões?
Lembre-se do art. 9º, que trata justamente do sigilo. Esse artigo mostra que é dever do
psicólogo respeitar o sigilo profissional, isto é, não se deve comentar com familiares,
amigos e
cônjuges o que é compartilhado. O profissional deve zelar pela informação
recebida, mas é
possível, sim, quebrar o sigilo em situações extremas, se necessário.
Imagine, por exemplo,
um paciente que vá cometer um crime que ameace a sua própria vida.
É preciso denunciar e
compartilhar a informação na busca do menor prejuízo.
Além disso, é importante estar atento a outras regulações que podem complementar o Código
de Ética no exercício profissional, como estatutos (criança e adolescente, idosos) e
normatizações sobre saúde mental.
Quando alguém fala que está indo à terapia, o que vem imediatamente à cabeça?
Aromaterapia.
Existem diversas terapias alternativas. Para citar algumas, podemos trazer a terapia de
vidas
passadas e a programação neurolinguística, muito popularizada por alguns gurus da
autoajuda.
A procura crescente por esse tipo de terapia muitas vezes é determinada pela
busca de um
alívio mais imediato, um conforto mais rápido dos problemas.
Não se trata aqui de dizer que as terapias alternativas não tenham efeitos terapêuticos
nas
pessoas e nas situações que elas trazem como queixas e sintomas, mas elas não são
psicológicas, não têm a mesma busca de respostas que a Psicologia.
ATENÇÃO
O Código de Ética Profissional é muito claro em seu art. 18, ao mencionar a não
divulgação,
ensino, cessão, empréstimo ou venda a leigos de instrumentos e técnicas
psicológicas que
permitam ou facilitem o exercício ilegal da profissão. Um exemplo
prático disso seriam os tipos
de treinamento de análise psicológica para candidatos de
concursos públicos, o que configura
um crime punível pelo próprio Conselho de
Psicologia, assim como pelo Judiciário.
Parece ser um pouco confuso, mas não é. Geralmente, o coach (aquele que pratica
o
coaching) não é um psicólogo, mas sim uma pessoa que possui experiência
relevante em
determinada área para a qual seu cliente o procurou. Um exemplo bem comum
seria o da
carreira profissional. Normalmente, um coach que atua com um
executivo de uma empresa já
passou por experiência similar e possui alguma formação
específica, que vão dar a ele
ferramentas para ajudar aquela pessoa que tem objetivos
específicos. Há sempre uma
analogia com o ambiente esportivo, considerando a figura de
um treinador que conhece seu
atleta, suas deficiências e pontos fortes para propor um
conjunto de exercícios, treinamentos e
atividades que vai ajudá-lo a sair de onde ele
está e chegar aonde ele quer.
O psicólogo clínico é formado e tem registro ativo. Além disso, ele não parte de um
processo
que já esteja necessariamente predeterminado, estipulando uma quantidade de
sessões para
sair de um ponto e chegar a outro ou dar qualquer previsibilidade de
resultado. Essa não é a
forma de trabalhar de um psicólogo clínico. Ele fará, na
verdade, um diagnóstico mais amplo,
vai entender as questões mais profundamente, vai
entrar em questões existenciais densas, em
traumas e em psicopatologias.
Na verdade, Psicologia e coaching são áreas complementares. O indivíduo pode
fazer um
processo de psicoterapia e, em paralelo, realizar o acompanhamento com o
coach. Não há
conflito quando o critério é bem definido. O psicólogo clínico
muitas vezes não consegue entrar
no âmbito da orientação profissional como falamos, e
nem precisa, na verdade. Cabe a
atuação do coach para cumprir esse papel e
encaminhar o seu cliente ao psicólogo sempre
que o limite estiver próximo.
O psicólogo clínico que fizer uso das metodologias do coaching nas sessões
deverá seguir
rigorosamente os princípios fundamentais e artigos do Código de Ética
Profissional do
Psicólogo (Resolução CFP nº 10/2005). Além disso, baseará seu trabalho
no conhecimento
técnico, científico e ético da profissão e zelará pela garantia dos
serviços prestados, visando à
proteção da população atendida (CFP, 2019a).
Com relação ao coaching, a mesma nota diz que o profissional não inscrito no CRP
(Conselho
Regional de Psicologia) que fizer uso de métodos exclusivos da Psicologia
durante as sessões
de coaching ou desenvolva qualquer outra atividade de
atribuição da Psicologia, está
exercendo ilegalmente a profissão de acordo com o art. 30
da Lei nº 5.766, de 20 de dezembro
de 1971, e o art. 47 da Lei das Contravenções Penais,
sob pena de prisão simples ou multa
(CFP, 2019a).
A PSICOLOGIA DIANTE DAS TERAPIAS
ALTERNATIVAS E DO
COACHING
Neste vídeo, o especialista discute sobre o papel da
Psicologia diante das terapias alternativas
e do coaching, os limites e as
possibilidades.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste material, tivemos contato e aprendemos questões centrais que envolvem a
relação dinâmica entre legislação e ética em algumas áreas da Psicologia. Vimos que a
Psicologia Escolar, a Psicologia Hospitalar, a Psicologia Organizacional e a Psicologia Clínica
têm como fundamento principal o Código de Ética Profissional do Psicólogo, emitido pelo CFP
em 2005. Aprendemos que não só o Código de Ética, como também a Constituição Federal, as
Resoluções do CFP, as leis trabalhistas e a Declaração Universal dos Direitos Humanos são
também fundamentais para o exercício profissional do psicólogo nessas áreas.
Conhecemos diversos tipos de relações de trabalho do psicólogo e como este deve se manter
firme aos princípios norteadores da profissão independentemente de sua atuação em escolas,
hospitais, organizações ou consultórios. Vimos, ainda, a importância de se estar antenado aos
Conselhos Federais e Regionais para acompanhar qualquer novidade ou atualização, de modo
a amparar sua atuação.
PODCAST
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BRASIL. Classificação Brasileira de Ocupações. CBO – 2010 – 3. ed. Brasília: MTE, SPPE,
2010.
BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção à saúde das pessoas ostomizadas. Novembro, 2009.
Não paginado.
FRANCISCHINI, R.; VIANA, M. N.: Psicologia Escolar: que fazer é esse? Brasília: Conselho
Federal de Psicologia, 2016. 215p.
EXPLORE+
CONTEUDISTA
Guilherme Almentero Marques