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INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como tema principal a moral provisória de
Descartes. Resumidamente um filósofo durante a sua busca pela veracidade
desenvolveu o que hoje conhecemos por moral provisória, conjunto este
formado por regras de comportamento que o permitiam não hesitar ao agir,
enquanto, não possuía discernimento para conduzir de maneira correta seus
atos.

O objetivo deste trabalho é explicar como foi esse processo, quem foi o
criador, o porquê desse desenvolvimento e abordar diversos conteúdos que
possuem ligação com o tema apresentado.

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CAPÍTULO I: RENÉ DESCARTES
Renatus Cartesius, mais conhecido como, René Descartes foi um grande
Filósofo, Físico e Matemático Francês, nascido em 31 de março de 1596 nas
fronteiras de Poitou e Touraine – cidade de La Haye, que então desde o ano de
1802 passou a ser conhecida como “La Haye – Descartes”.

Seus pais eram Joachim Descartes e Jeanne Brochard; seu pai possuía um
título de nobreza sendo conselheiro no Parlamento de Rennes, além de ser
advogado e dono de terras, sua mãe faleceu durante o parto de sua irmã
quando o próprio tinha um ano de idade. Após o ocorrido René foi criado pela
avó materna e uma ama de leite1, Joachim se casou novamente.

Ainda na infância, o chamavam de pequeno filósofo, já que seus interesses


e inteligência eram superiores ao de outras crianças que possuíam a mesma
idade, em 1604 foi matriculado no colégio Real de La Fleche, dirigido por
jesuítas.

No colégio René tinha algumas “regalias”, por possuir uma saúde frágil,
como por exemplo, permitiam que ele acordasse mais tarde, o que era
diferente com as outras crianças, portanto, ele perdia quase todas as aulas do
período matinal, tanto que, este hábito o perseguiu durante praticamente toda
a sua vida, porém, possuía uma facilidade natural para com os estudos,
fazendo com que isso não o prejudicasse.

Ao longo de sua vida, estudou sempre nas melhores escolas e surpreendia


a todos pelo seu interesse em alcançar a verdade e clareza absoluta das
coisas, durante sua busca desenvolveu um método, já que a tal fez com que
ele passasse a duvidar de tudo e todos.

Afim de ter uma base firme para a sua filosofia, resolve duvidar de tudo o que lhe seja
possível duvidar. Como prevê que o processo possa levar algum tempo, decide,
entrementes, regular sua conduta segundo as normas comumente admitidas; isto
permitirá à sua mente sentir-se embaçada das possíveis consequências de suas
dúvidas em relação com a prática. (RUSSEL,1977, p. 87).

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Ama de leite: Mulher que amamenta criança alheia. Disponível em: https://dicionario.priberam.org

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A percepção de Reale em relação a isto é “Não é algo difícil e tem um estilo
facilitado de forma que não sirva somente para os alunos, e, sim para todas as
pessoas inteligentes” (REALE, 1990, p. 348).
CAPÍTULO II: MORAL PROVISÓRIA
A moral provisória é um método que engloba regras de comportamento,
desenvolvido por René Descartes, que estabeleceu a prática a si mesmo
durante a sua busca pela veracidade. Esse conjunto basicamente atuava como
uma forma dianteira para que o Filósofo não hesitasse ao agir, enquanto, não
possuía discernimento para conduzir de maneira clara e correta seus atos.
Uma das inúmeras frases ditas por ele é: “cogito, ergo sum’ que em geral
traduzida para o português, significa: “penso, logo existo” ou “penso, portanto
sou”, que inaugurou no racionalismo um novo tempo; em outras palavras,
adentramos completamente o pensamento moderno (antropocêntrico 2). A partir
desse momento é fundamental o “penso”, para que as pessoas se constituam
como um ser humano, ser pensante e ser racional. “A filosofia de René,
inaugura completamente o pensamento moderno. O qual foi preparado e
antecipado pelo humanismo do século XVI”. (MARCONDES, 1997, p. 159)
Vamos esforçar-nos por provar que ela é mais que isso, a saber, que a Moral
Provisória
se justifica teoricamente, que se enquadra em linhas práticas, mas também que se
justifica teoricamente, que se enquadra em linhas gerais, na concepção que Descartes
tem do espirito humano, bem como nas determinações do método. Por outras
palavras, que a Moral Provisória é a moral racional que é possível no momento.
(TEIXEIRA, 1990, p. 128)

Sendo um pensador racionalista, René defende o pensamento racional ou


seja, a razão, aonde o indivíduo tem o conhecimento do seu próprio “eu” e o
conhecimento do mundo, pensamento o qual que se dá independente da
experiência sensível, é aquele que tem a capacidade de entender e
estabelecer a verdade ;em oposição ao empirismo, já que o empirismo é uma
teoria filosófica que argumenta em razão de que, para adquirir algum tipo de
conhecimento é necessário experiências sensoriais (por exemplo: é preciso
que leve um choque, para entender que não posso colocar o dedo na tomada)
Seguindo essa linha de raciocínio, para ele é somente viável aceitar
conhecimento se for claro e distinto, seja seguro, e, deve-se rejeitar todo e

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Antropocêntrico: Relativo ao antropocentrismo, à teoria ou ideologia segundo a qual o ser humano é o
centro do Universo, de tudo, estando cercado pelo restante das coisas. Disponível em:
https://www.dicio.com.br
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qualquer tipo de conhecimento que trouxer dúvida de alguma forma. Critica
inclusive a Teologia, Filosofia, História e Química das escolas de Belas Artes.

CAPÍTULO III: MÉTODO – RENÉ DESCARTES


O método de René Descartes, conhecido como método cartesiano, é uma
forma que o pensador encontrou de mostrar a todos que o ser humano possui
capacidade suficiente de adquirir conhecimento por meio do seu próprio
pensamento racional.
Baseado nos fundamentos do racionalismo “o método desenvolvido de
forma leve e fácil, instiga a basear-se em quatro conceitos, que, segundo
Descartes eram essenciais para qualquer conhecimento adquirido” (ROBINET,
2004).
l. Regra da evidência
O primeiro conceito consiste em: “Jamais aceitar as coisas como
verdadeiras se eu não conheço evidentemente 3 como tal”. Segundo o filósofo
essa é uma das regras mais importantes a ser seguida, já que mostra uma
mente focada para distinguir a verdade e o duvidoso. Como citado no capítulo
anterior deve-se aceitar somente aquilo que for claro e distinto, jamais aquilo
que se possa duvidar, como é citado na primeira parte do discurso do método:
O primeiro consistia em nunca aceitar como verdadeira alguma coisa sem conhecer
evidentemente como tal: isto é, evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção;
em não incluir nos nossos juízos senão o que se apresentasse tão clara e tão
distintamente ao meu espírito que não tivesse nenhuma ocasião para o pôr em dúvida.
(DESCARTES, 1979, p. 56-57).

II. Regra da análise


O segundo conceito consiste em: “Dividir (repartir) cada uma das
dificuldades que eu analisa-se em tantas partes quanto possível e quantas
necessárias para melhor resolvê-las”. Esse conceito se trata de basicamente
dividir as coisas, sendo elas complexas ou simples. Descartes aconselha:
“dividir cada uma das dificuldades que eu havia de examinar e tantas e quantas
parcelas fosse possível e necessário para melhor as resolver” (1979, p. 49).
lll. Regra da síntese

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Evidentemente: De maneira evidente; em que há clareza; em que não há dúvida. Disponível em:
https://www.dicio.com.br/
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O terceiro conceito consiste em: “Concluir (conduzir) por ordem dos meus
pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de serem
conhecidos para, aos poucos, como que por degrau até os mais complexos”.
Descartes sugere:
[...] conduzir por ordem meus pensamentos, começando pelos objetos mais simples e
e mais fáceis de conhecer, para subir pouco a pouco, gradualmente, até ao
conhecimento dos mais compostos; e supondo mesmo certa ordem entre os que não
se precedem naturalmente uns aos outros (DESCARTES, 1979, p. 57-58).
lV. Regra do desmembramento
O quarto conceito consiste em: “Para cada caso fazer enumeração o mais
exatas possíveis, a ponto de estar certo de nada ter omitido”. Descartes na
segunda parte do seu livro diz que: “Fazer sempre enumerações tão íntegras 4,
e revisões tão gerais que tivesse a certeza de nada omitir” (1979, p. 58). Na
prática, devemos nos certificar de que não esquecemos realmente de nada.

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Íntegras: Texto completo; todas as partes; totalidade; sem faltar nada. Disponível em:
https://dicionario.priberam.org/
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que Descartes avaliou de fato o que em sua concepção era bom
para as pessoas, ainda nos dias atuais, podemos aplicar na sociedade o
método desenvolvido pelo filósofo, já que é simples e objetivo, e pode ajudar a
todos, instruindo a maneira correta de seguir mediante diversas situações.
Seguindo a linha de objetivo do método, de certa forma, segui-lo traria as
pessoas a verdade de forma concreta, já que nos dias atuais, basicamente
todos acreditam e até seguem o duvidoso.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando.


Introdução à filosofia, 5° edição, São Paulo, 2013, p. 134-136.

GONÇALVES, Angela. Verdade e método em René Descartes. Porto Alegre,


2014.

JESUS, Jean Carlos Bucker de. As regras do método cartesiano: pretensão


de verdade. Acesso em: 21/05/2023, p. 10-15.

SANTOS, Fabiano Pereira dos; VIEIRA, Maciel Antoninho. Sobre a noção de


moral provisória em Descartes. Rio Grande do Sul, 2016.

SILVA, Emanuel Isaque Cordeiro da. René Descartes: Uma biografia. Belo
Jardim - Pernambuco, 2019.

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