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Filosofia Moderna: Racionalismo e Empirismo

1) Enquanto a filosofia medieval era teocêntrica, ou seja, focada na religião, a filosofia


moderna era antropocêntrica, tendo foco no ser humano. Os filósofos medievais dividiam-
se em dois principais grupos, os patrísticos, cujo principal representante foi Santo
Agostinho, que dedicavam-se a adaptar os ensinamentos da filosofia grega aos princípios
cristãos, como os conceitos de imortalidade da alma, existência de um só Deus, e
dogmas como a Santíssima Trindade. E havia também os escolásticos, que surgiram
após os patrísticos e tinham como principal representante São Tomás de Aquino, eles se
ocupavam com tentar justificar a fé a partir da razão, defendendo que era possível
conhecer a Deus através do empirismo, da lógica e da razão.
Porém, no final do século XV a Europa passava por um período de revolução cultural,
científica e social, com a revolução científica, o surgimento da burguesia, a extinção do
feudalismo e a reforma protestante. O que provocou uma grande mudança no modo de
pensar nos filósofos daquela época, que ficaram conhecidos como modernos, que passou
a se desvincular da religião e a focar na filosofia laica, no cientificismo, na valorização da
natureza e no antropocentrismo.

2) O racionalismo foi uma corrente filosófica que foi defendida principalmente por
Descartes, Leibniz e Espinoza, ela afirma que o único caminho para se chegar à verdade
seria através de um exercício estritamente racional, sem recorrer aos dados da
experiência prática, mas sim ao puro raciocínio por meio da abstração intelectual.
Essa corrente também acreditava na existência de ideias “inatas”, ou seja, verdades
fundamentais ou experiências que trazemos de outras vidas. Dessa forma, a
experimentação não era necessária para aprender algo novo, pois já nascemos com
essas ideias fundamentais e nos caberia apenas despertá-las por meio do exercício da
razão, através da dedução, .
Por outro lado, o empirismo, cujos principais filósofos foram Locke, Hume e Francis
Bacon, argumentava que a realidade e o conhecimento são derivados unicamente de
nossa experiência sensorial, contrastando com os racionalistas. Desse modo, o único tipo
de conhecimento que importa para o empirista é aquele que pode ser formalmente
medido ou verificado.
Ao contrário dos racionalistas que usavam a dedução para chegarem a suas
conclusões, os empiristas utilizavam a indução, um exemplo da lógica indutiva seria:
“Uma árvore cai na floresta e ninguém está perto para ouvi-la, sua queda produzirá
som?”, para um empirista, é impossível saber se a árvore fez barulho ou não, já que não
havia ninguém por perto para ouvi-la. Por sua vez, o racionalista diria que a árvore ao cair
produz som. Afinal, pela experiência, as árvores quando caem fazem barulho por conta do
peso e do choque com outras árvores ao cair no solo.

3) O método cartesiano de Descartes consiste na aplicação do chamado “ceticismo


metodológico”, onde duvida-se de cada ideia que pode ser duvidada, com o intuito de
separar o verdadeiro do falso, e do que pode ou não ser submetido a uma análise, o
método que Descartes descreve é antepassado do que viria a ser o método científico
moderno, que todos os cientistas e pesquisadores utilizam para a produção de
conhecimento.
O método cartesiano consiste em 4 regras: a regra da evidência, da análise, ordem e
enumeração. A regre da evidência consiste em nunca aceitar alguma coisa como
verdadeira que se não conhecesse evidentemente como tal, além disso, a ideia deve
também ser distinta o suficiente para que se possa separá-la de todas as outras ideias
que passam pelo pensamento de uma pessoa.
Já a segunda regra, a da análise, estabelece que se deve dividir cada uma das
dificuldades que serão examinadas em tantas partes que sejam possíveis e necessárias
para resolvê-las da melhor maneira. Segundo o filósofo, dividir o problema o torna mais
fácil de ser enfrentado.
A regra da ordem, diz que após o problema ter sido dividido em partes menores, deve-
se ordenar estas partes, conduzindo o pensamento a solucionar as dificuldades,
começando pelas questões mais simples, para gradativamente e ordenadamente tratar
dos problemas mais complexos.
A quarta regra é a da enumeração, que trata de fazer enumerações completas e
revisões gerais de modo que nada seja omitido. Ou seja, sempre se deve ter certeza de
que nada foi esquecido, de que nenhuma lacuna foi deixada para trás e todos de que
todos os elos estejam conectados.

4) O raciocínio dedutivo se inicia em uma ou várias reivindicações ou premissas, e é


concluído com uma afirmação que será necessariamente verdadeira, contanto que seu
processo de raciocínio seja válido.
Um dos exemplos mais clássicos desse tipo de raciocínio é: “Todos os homens são
mortais. Sócrates é um homem. Portanto, Sócrates é mortal.” Percebe-se que essa
conclusão é verdadeira pois ambas as premissas são verdadeiras, bem como o raciocínio
utilizado para alcançar a conclusão.
Porém, ao contrário do método dedutivo, que utiliza premissas amplas para chegar a
uma conclusão mais específica, porém, necessariamente verdadeira, o método indutivo
utiliza casos específicos para chegar a uma lei geral. Por exemplo: “O ferro é metal e
conduz eletricidade, assim como o ouro é metal e conduz eletricidade, e o cobre é metal e
conduz eletricidade. Logo, os metais conduzem eletricidade.” Onde a partir de casos de
metais específicos, formulou-se uma regra geral que se aplica a todos os metais.
Porém, devido a sua natureza de afirmar uma conclusão que é maior que as suas
premissas, nem sempre o raciocínio indutivo funcionará, por exemplo: “Tenho visto muitos
cisnes e eles eram todos brancos. Portanto, todos os cisnes são brancos.” Essa
afirmação está correta segundo o raciocínio indutivo, mas ela não corresponde com a
realidade, já que é de conhecimento geral que também existem cisnes negros.

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