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VIDA E OBRA DE DESCARTES

René Descartes foi um filósofo, físico e matemático francês.


Considerado o “fundador da filosofia moderna” e “pai da
matemática moderna”, foi um dos principais racionalistas
modernos e é muitas vezes referido como o criador da geometria
analítica, tendo formulado o referencial cartesiano.

Nascido no dia 31 de maio de 1596, em La Haye, Descartes perdeu


a sua mãe, Jeanee Brochard, com apenas 1 ano de idade, tendo
sido criado pela sua avó materna. Entre 1604 e 1606, ingressou no
colégio jesuíta Royal Henry Le Grand, onde teve uma educação
clássica virada para as ciências e a filosofia. Por vontade de seu pai,
Joachim Brochard, formou-se em direito, graduando-se na
Universidade de Poitiers, em 1616, mas por falta de interesse
acabou por não exercer a profissão.

Em 1619, serviu o exército de Maximiliano da Baviera, na Alemanha.No ano de 1621, deixou o serviço
militar para se focar nas ciências e na filosofia, viajando por vários países: Dinamarca, Polónia, França…;
fixando-se, a partir de 1628, na Holanda, onde terá tido uma filha com Helena Jans van der Strom,
Francine, que morrera com 5 anos.

Em 1649, foi para Estocolmo na Suécia ensinar filosofia e matemática à rainha Cristina, e em 1950, contraiu
uma pneumonia, vindo a falecer no 11 de fevereiro desse ano, com 53 anos de idade.

Já desde os seus tempos de estudante, Descartes percebeu que, enquanto a matemática fornecia respostas
únicas e exatas, os filósofos discordavam muitas vezes entre si. Inspirado por essa constatação, nos seus
trabalhos, Descartes defende a ideia de que a filosofia e as restantes áreas do conhecimento, incluindo a
matemática, não são áreas totalmente separadas, mas sim ramos de uma mesma árvore: a metafísica. Assim,
Descartes procura que a filosofia, tal como a matemática, nos forneça respostas claras e seguras, afastando
qualquer dúvida, o que o leva a originar o racionalismo moderno, baseado numa lógica dedutiva, que
defende que o conhecimento humano é inato, ou seja, já nascemos com ele, tendo apenas de o obter ao
longo da nossa vida. Para além disso, acredita que os problemas filosóficos, bem como as outras áreas da
ciência, devem ser respondidos segundo um método exato e universal, de modo a atingir a verdade – o
método cartesiano, baseado na evidência, análise, síntese e enumeração.

Todas estas ideias são apresentadas por este filósofo nas suas obras, sendo algumas das mais conhecidas o
“Discurso do Método”-1637 (onde apresenta o método cartesiano), “Meditações sobre Filosofia Primeira”,-
1641;”Princípios da Filosofia”-1644 e “As paixões da Alma”-1649. Ao longo destas, e de muitas outras,
Descartes apresenta vários conceitos que sustentam a sua teoria do racionalismo dedutivo, entre os quais:
• A dúvida metódica: consiste num método infalível e que se baseia na dúvida. Para Descartes, todas as
nossas crenças devem passar pelo teste da dúvida, só sendo consideradas conhecimento se o
passarem, ou seja, se não forem encontras incertezas nas mesmas. O método baseia-se na ideia de
que devemos duvidar e, provisoriamente, considerar falsas todas as crenças. Após este exercício,
devemos proceder a um método que nos permite encontrar crenças seguras e fundacionais que
provam a possibilidade do conhecimento.

• O génio maligno: baseia-se numa experiência mental que coloca a possibilidade de um deus
enganador manipular os nossos sentimentos sem nos apercebermos disso. Descartes considera esta
entidade um génio, por ser poderosa como um deus, mas não um deus, por ser enganador. Esta teoria
obriga-nos a duvidar das crenças que obtemos a partir da dúvida metódica, pois este génio poderá
manipular as nossas crenças, fazendo-nos acreditar em algo que é falso. Após, assim, colocar toda a
realidade em dúvida, Descartes chega à sua primeira verdade:

• “Penso logo existo” (“Cogito, ergo sum”): após colocar a hipótese do génio maligno, Descartes conclui
que a única coisa que não duvidada era a própria dúvida. Tendo em vista que a dúvida corresponde ao
nosso pensamento, podemos concluir, então, que o nosso pensamento existe e, então, também o ser
humano existe. A partir desta verdade, indubitável e, por isso, fundacional, Descartes chega à distinção
alma-corpo, isto é, a divisão do ser humano numa substância pensante-“ res cogitans” - independente
do corpo-“ res extensa”.

https://mundoeducacao.uol.com.br/filosofia/rene-descartes.htm

https://universodafilosofia.com/2019/09/o-genio-maligno/

https://ensina.rtp.pt/artigo/a-duvida-metodica-de-descartes-penso-logo-existo/

Ágora 11

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