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E N G E N H A R I A

D A
Q U A L I D A D E

P R O F. J O S É
ROBERTO
A U L A 0 5 – C A P. 0 5
CAPÍTULO 5: AMOSTRAGEM
Introdução

A maneira de se obter a amostra é tão importante, e existem tantos


modos de fazê-la, que estes procedimentos constituem uma
especialidade dentro da Estatística, conhecida como Amostragem. Mas
esses vários procedimentos podem ser agrupados em dois grandes
grupos: os chamados planos probabilísticos e os planos não-
probabilísticos.
CAPÍTULO 5: AMOSTRAGEM
5.2 Amostragem Probabilística
Existem dois tipos de amostragem: a probabilística e a não
probabilística.

A amostragem será probabilística se todos os elementos da


população tiverem probabilidade conhecida e diferente de
zero, de pertencer à amostra; caso contrário será não
probabilística.

A amostragem probabilística implica em se ter a população


finita e totalmente acessível.
CAPÍTULO 5: AMOSTRAGEM
5.2.1 Amostragem Casual Simples
A tabela 5.1 apresenta um pequeno conjunto de números aleatórios, cuja
utilização pode ser exemplificada da seguinte maneira: ao se desejar selecionar
dez nomes de uma lista de 90 pessoas, deve-se começar numerando-os de 01, 02,
..., 90. Em seguida, escolhe-se uma coluna, por exemplo a primeira, e toma-se os
dez primeiros números; que no caso serão:
61, 94, 50, 51, 25, 63, 12, 38, 22, 07
No caso o 94 deve ser eliminado, pois não existe este número na população, e
o 61 deverá aparecer repetido, devendo ser substituído. Existem diversas tabelas
de números aleatórios, porém em alguns casos deve-se fazer uma correlação entre
os valores reais da população e os números da tabela de números aleatórios.
Tabela 5.1 Números Aleatórios

CAPÍTULO 5: 61
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26
40
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13
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22
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AMOSTRAGEM 51
25
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11
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91
32
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06
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71
43
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63 94 61 14 24 60 27 00 00 95 54 31 59 00 79 94 46 32 61 90
12 95 04 73 06 72 76 88 55 62 38 79 18 68 10 31 93 58 66 92
38 06 78 00 85 42 57 29 28 34 79 91 93 58 82 97 37 07 64 67
22 69 28 18 25 08 90 93 53 17 54 12 21 03 56 30 88 53 46 82
5.2.1 Amostragem 07 95 63 14 76 53 62 10 21 57 55 74 57 68 22 38 84 55 57 49

Casual Simples 61
97
41
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81
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16
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36
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30
41
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64
50
64
93
91
75
80
95
39 81 34 84 33 83 42 77 36 00 51 42 82 63 30 47 01 08 96 73
58 36 04 52 06 81 24 32 74 63 28 82 43 36 01 73 36 47 05 76
52 85 30 59 37 00 49 88 07 43 08 04 00 48 36 23 31 88 80 88

41 92 93 01 94 13 33 63 32 35 38 91 18 89 71 67 46 73 42 47
88 51 22 59 99 51 20 74 13 55 30 41 25 99 10 26 01 33 24 13
11 12 32 28 26 67 22 97 11 23 66 24 09 23 47 12 93 44 60 47
33 02 06 80 29 39 78 49 81 21 42 00 99 80 44 56 33 83 46 16
03 67 08 29 16 04 92 31 62 03 94 53 02 60 65 72 46 68 25 93

41 54 93 90 86 52 14 58 90 34 83 00 73 38 14 50 77 58 08 94
18 84 83 61 42 96 82 86 02 30 40 16 65 55 63 20 40 24 79 80
06 15 93 11 72 17 32 31 84 89 53 66 01 99 53 75 79 92 20 61
12 74 92 15 60 93 84 37 29 62 24 96 78 93 28 34 41 69 04 51
79 13 36 81 55 51 46 66 68 85 07 73 35 42 52 61 29 21 02 34

01 78 33 32 06 16 45 94 09 18 40 14 73 03 61 80 69 79 52 95
90 73 28 21 38 57 38 36 24 33 31 99 64 86 19 61 55 50 65 14
44 10 20 96 70 32 41 46 22 97 08 22 02 42 43 57 16 61 81 77
52 47 00 27 41 43 70 17 52 44 51 26 94 73 17 72 16 51 81 77
23 03 84 44 29 43 57 05 46 59 89 00 65 01 20 27 32 66 34 56
Tabela 5.1 Números Aleatórios

CAPÍTULO 5: 61
94
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40
50
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95
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79
40
26
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00
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04
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13
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AMOSTRAGEM 51
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63 94 61 14 24 60 27 00 00 95 54 31 59 00 79 94 46 32 61 90
12 95 04 73 06 72 76 88 55 62 38 79 18 68 10 31 93 58 66 92
38 06 78 00 85 42 57 29 28 34 79 91 93 58 82 97 37 07 64 67
22 69 28 18 25 08 90 93 53 17 54 12 21 03 56 30 88 53 46 82
5.2.1 Amostragem 07 95 63 14 76 53 62 10 21 57 55 74 57 68 22 38 84 55 57 49

Casual Simples 61
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36
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18
32
98
30
41
44
10
64
50
64
93
91
75
80
95
39 81 34 84 33 83 42 77 36 00 51 42 82 63 30 47 01 08 96 73
58 36 04 52 06 81 24 32 74 63 28 82 43 36 01 73 36 47 05 76
52 85 30 59 37 00 49 88 07 43 08 04 00 48 36 23 31 88 80 88

41 92 93 01 94 13 33 63 32 35 38 91 18 89 71 67 46 73 42 47
88 51 22 59 99 51 20 74 13 55 30 41 25 99 10 26 01 33 24 13
11 12 32 28 26 67 22 97 11 23 66 24 09 23 47 12 93 44 60 47
33 02 06 80 29 39 78 49 81 21 42 00 99 80 44 56 33 83 46 16
03 67 08 29 16 04 92 31 62 03 94 53 02 60 65 72 46 68 25 93

41 54 93 90 86 52 14 58 90 34 83 00 73 38 14 50 77 58 08 94
18 84 83 61 42 96 82 86 02 30 40 16 65 55 63 20 40 24 79 80
06 15 93 11 72 17 32 31 84 89 53 66 01 99 53 75 79 92 20 61
12 74 92 15 60 93 84 37 29 62 24 96 78 93 28 34 41 69 04 51
79 13 36 81 55 51 46 66 68 85 07 73 35 42 52 61 29 21 02 34

01 78 33 32 06 16 45 94 09 18 40 14 73 03 61 80 69 79 52 95
90 73 28 21 38 57 38 36 24 33 31 99 64 86 19 61 55 50 65 14
44 10 20 96 70 32 41 46 22 97 08 22 02 42 43 57 16 61 81 77
52 47 00 27 41 43 70 17 52 44 51 26 94 73 17 72 16 51 81 77
23 03 84 44 29 43 57 05 46 59 89 00 65 01 20 27 32 66 34 56
CAPÍTULO 5: AMOSTRAGEM

5.2.1 Amostragem Casual Simples


Um outro entendimento do significado da amostra casual simples é dado da seguinte
forma: consideremos a situação em que se levanta todas as possíveis amostras de tamanho
2, com reposição, da população [1, 3, 5, 5, 7}. Definida a variável X = valor assumido
pelo elemento na população, tem-se que a distribuição de X é dada na tabela 5.2:

Tabela 5.2: Distribuição de X = valor assumido pelo elemento da população


X 1 3 5 7
P(X = x) 1/5 1/5 2/5 1/5
CAPÍTULO 5: AMOSTRAGEM
5.2.1 Amostragem Casual Simples
Indicando por X1 o número selecionado na primeira extração e por X2 o número extraído na segunda extração, vê-
se que é possível escrever a distribuição conjunta do par (X1, X2). As distribuições marginais de X1 e de X2, são
independentes e iguais à distribuição de X.
Assim, as 25 possíveis amostras de tamanho 2 que podemos extrair dessa população correspondem a observar
uma particular realização da variável aleatória (X1, X2), X1 e X2, independentes e tais que P(X1 = x) = P(X2 = x)
para todo x, como indicado na tabela 5.3.
Tabela 5.3: Distribuição de (X1, X2)
X1 1 3 5 7 Total
Uma amostra casual simples de
X2 tamanho n de uma variavél aleatória
1 1/25 1/25 2/25 1/25 1/5 X com uma dada distribuição é o
conjunto de n variáveis aleatórias
3 1/25 1/25 2/25 1/25 1/5 independentes X1, X2, ... , Xn, cada
5 2/25 2/25 4/25 2/25 2/5
uma com a mesma distribuição de X.
Ou seja, a amostra será a n-upla
7 1/25 1/25 2/25 1/25 1/5 ordenada (X1, X2, ..., Xn), onde Xi
indica a observação do i-ésimo
elemento sorteado.
Total 1/5 1/5 2/5 1/5 1
CAPÍTULO 5: AMOSTRAGEM

5.2.2 Amostragem Sistemática


Quando os elementos da população se apresentam ordenados e a
retirada dos elementos da amostra é feita periodicamente, tem-se a
chamada amostragem sistemática.

5.2.3 Amostragem por meio de conglomerados


É quando a população apresenta uma subdivisão em pequenos
grupos, chamados conglomerados e é possível e muitas vezes
conveniente, fazer-se a amostragem por meio desses conglomerados, a
qual consiste em sortear um número suficiente de conglomerados, cujos
elementos constituirão a amostra.
CAPÍTULO 5: AMOSTRAGEM
5.2.4 Amostragem Estratificada
Muitas vezes a população se divide em sub-populações ou estratos, sendo razoável
supor que, de estrato para estrato, a variável de interesse apresente um
comportamento substancialmente diverso, tendo, entretanto, comportamento
razoavelmente homogêneo dentro de cada estrato. A amostragem estratificada
consiste em especificar quantos elementos da amostra serão retirados de cada estrato.
É de costume considerar três tipos de amostragem estratificada: uniforme, proporcional
e ótima. Na amostragem estratificada uniforme, sorteia-se igual número de elementos
de cada estrato; na proporcional, o número de elementos sorteados em cada estrato é
proporcional ao número de elementos existentes no estrato; na ótima, por sua vez,
toma-se em cada estrato um número de elementos proporcional ao número de
elementos do estrato e também à variação da variável de interesse no estrato, medida
pelo seu desvio padrão.

5.2.5 Amostragem Múltipla


Neste caso a amostra é retirada em diversas etapas sucessivas. Dependendo dos
resultados observados, etapas suplementares podem ser dispensadas.
CAPÍTULO 5: AMOSTRAGEM
5.3 Amostragem Não-Probabilística
Amostras não-probabilísticas são também, muitas vezes empregadas
em trabalhos estatísticos, por simplicidade ou por impossibilidade de se
obter amostras probabilísticas. A seguir são apresentados alguns casos
deste tipo de amostragem.

5.3.1 Inacessibilidade a toda a população


Essa situação ocorre com muita frequência na prática, obrigando a
amostragem somente da parte acessível da população, definindo então
a distinção entre população-objeto e população-amostrada.

5.3.2 Amostragem a esmo ou sem norma


É quando o amostrador, para simplificar o processo, procura ser
aleatório sem, no entanto, realizar o sorteio usando algum dispositivo
aleatório confiável.
CAPÍTULO 5: AMOSTRAGEM
5.3.3 População formada por material contínuo
Neste caso é impossível realizar amostragem probabilística devido á
impraticabilidade de um sorteio rigoroso. Se a população for líquida ou gasosa, o que
costuma apresentar resultado satisfatório, é homogeneizá-la e retirar a amostra a
esmo; o que às vezes também pode ser feito com material sólido. Outro procedimento
a ser empregado nestes casos, especialmente quando a homogeneização não é
praticável, é a enquartação, a qual consiste em subdividir a amostra em diversas
partes (a origem do nome pressupõe a divisão em quatro partes), sorteando-se uma ou
mais delas para constituir a amostra ou para delas retirar a amostra.

5.3.4 Amostras Intencionais


É quando o amostrador, deliberadamente, escolhe certos elementos para pertencer
à amostra, por julgá-los bem representativos da população. O perigo desta
amostragem é grande pois o amostrador pode facilmente se equivocar em seu pré-
julgamento.
CAPÍTULO 5: AMOSTRAGEM
5.4 Estatísticas e Parâmetros

Os símbolos não-indexados passarão a ser usados para parâmetros populacionais, ao


passo que as informações correspondentes às distribuições amostrais conterão uma
indicação quanto à estatística à qual se referem. Os símbolos mais comuns são indicados
na tabela 5.4.

Tabela 5.4: Símbolos mais comuns


Estatística Parâmetro
Média x ou E(x) 
Variância S2 2
Nº de elementos N N
Proporção p̂ ou p’ p
CAPÍTULO 5: AMOSTRAGEM
5.5 Distribuições Amostrais
T = (X1, X2, ..., Xn).

População Amostras Distribuição Amostral

t1
X
1
x
t2
2
 .
t.k  t
k .
Figura 5.1: Distribuição Amostral de T
CAPÍTULO 5: AMOSTRAGEM
5.5.1 Distribuição amostral de x
Determinam-se as principais características da distribuição amostral da estatística x ,
média de uma amostra de n elementos. Sendo a população infinita ou a amostragem feita
com reposição, resulta que os diversos valores da amostra podem ser considerados como
valores de variáveis aleatórias independentes, com a mesma distribuição de probabilidade
da população, portanto com a mesma média  e a mesma variância 2 da população. Da
teoria do cálculo de probabilidades, sabe-se que:

a) multiplicando-se os valores de uma variável aleatória por uma constante, a média fica
multiplicada por essa constante;

b) a média de uma soma de variáveis aleatórias é igual à soma das médias dessas
variáveis:
n

x i
x i 1

1
x1  x2  ...xn  (5.1)
n n

Ex   1
n
Ex1   Ex2   ...  Exn   1     ...     1 n.   
n n
(5.2)
CAPÍTULO 5: AMOSTRAGEM
Portanto a média em torno da qual devem variar os possíveis valores da estatística x éa
própria média da população.

a) multiplicando-se os valores de uma variável aleatória por uma constante, a variância


fica multiplicada pelo quadrado dessa constante;

b) a variância de uma soma de variáveis aleatórias independentes é igual à soma das


variâncias:

     
2
 
2
s 2 x    s 2 x1   s 2 x2   ...  s 2 xn   2  2   2  ...   2  2 n 2 
1 1 1
n n n n
(5.3)
CAPÍTULO 5: AMOSTRAGEM
Portanto a variância com que se dispersam os possíveis valores da estatística x é n
vêzes menor do que a variância da população de onde é retirada a amostra. Isto mostra
que há dentro da amostra uma natural compensação entre valores mais elevados e valores
mais baixos, produzindo valores de x que tendem a ser tanto mais próximos da média 
da população quanto maior for o tamanho da amostra n. Resulta imediatamente que:


s x  x 

(5.4)
n
No caso de amostragens sem reposição de populações finitas, em que a independência
entre os valores de xi não se verifica, demonstra-se que:


s2 x 
2 N n
.
n N 1
(5.5)
onde N é o número de elementos da população e o fator
N n
N 1
é chamado de fator de população finita. Note-se que este fator tende à unidade quando o tamanho da população tende ao infinito.
CAPÍTULO 5: AMOSTRAGEM
Na figura 5.2 é representado um caso genérico envolvendo a distribuição amostral de x ,
no caso de população normal.

Figura 5.2 Distribuição amostral de x - população normal


CAPÍTULO 5: AMOSTRAGEM
Na figura 5.3 é representado um caso genérico envolvendo a distribuição amostral de
x , no caso de uma distribuição populacional não-normal.

Figura 5.3 Distribuição amostral de x - população não-normal e amostra


suficientemente grande
CAPÍTULO 5: AMOSTRAGEM
5.5.2 Distribuições Amostrais de f e p’
A frequência f é uma estatística, pois é determinada em função dos elementos da
amostra. Para cada elemento da amostra pode-se considerar a ocorrência de um sucesso,
caso a característica desejada se verifique, e de um fracasso, caso contrário. Seja p a
probabilidade de ocorrência de sucesso para cada elemento da amostra. Se a população é
infinita ou amostragem é feita com reposição, p é constante para todos os elementos da
amostra, e os resultados observados para todos eles serão independentes. Nestas
condições a distribuição amostral de f será uma distribuição binomial com parâmetros n
e p, e pelas suas propriedades:
E f   np (5.6)

s 2  f   np1  p  (5.7)
CAPÍTULO 5: AMOSTRAGEM
A frequência relativa p’, por sua vez, sendo simplesmente o quociente de f pelo tamanho
da amostra n, terá média e variância que são obtidas por:
f 1
E  p'  E      f   np  p
1
(5.8)
n n n

f  1 2 p1  p 
s  p'  s    2   f   2 np1  p  
2 2 1
(5.9)
n n n n

O tipo de distribuição de p’ continua, para todos os efeitos, sendo uma distribuição binomial, porém cujos
possíveis valores foram comprimidos entre 0 e 1, com intervalos de 1/n, ao invés de variarem de 0 a n,
segundo os números naturais.
Sendo a amostra suficientemente grande, pode-se aproximar as distribuições de f e p’ por distribuições
normais de mesma média e mesmo desvio padrão. Em termos práticos, em geral, podemos considerar que a
amostra será suficientemente grande, para efeito dessa aproximação, se np  5 e n (1-p)  5.
CAPÍTULO 5: AMOSTRAGEM
5.5.3 Distribuição Amostral de s2 – Distribuição 2

5.5.3.1 Graus de Liberdade de uma Estatística


A variância de uma amostra é dada por:

s x  
2  
n
x  x
i 1 i
2

(5.10)
n 1
A razão pela qual se recomenda usar n-1 ao invés de n, no denominador dessa
expressão, está relacionada com o número de graus de liberdade dessa estatística. A
questão de graus de liberdade é, possivelmente, abstrata.
n n
Considere-se, por exemplo, as estatísticas x   xi / n e 
 i   2
x /n .
i 1 i 1
CAPÍTULO 5: AMOSTRAGEM
5.5.3.2 Distribuição Amostral de s2
Conforme já mencionado, a variância de uma amostra é calculada por:

s 2
x   
n
x  x
i 1 i
2

(5.11)
n 1
A distribuição amostral da estatística s 2 x  está relacionada com uma família de
distribuições de probabilidades, que são as distribuições tipo 2, que são dadas por:
 xi   
 2 
   
2
   zi
2
(5.12)
i 1    i 1
onde: xi = valores aleatórios independentes retirados de uma população normal
 = média dos valores aleatórios independentes retirados de uma população
normal
 = desvio padrão dos valores aleatórios
 = número de graus de liberdade da distribuição 2
CAPÍTULO 5: AMOSTRAGEM
Os valores zi são os correspondentes valores da variável normal reduzida. Portanto
pode-se considerar a distribuição da variável 2 com  graus de liberdade, como a soma
 
dos quadrados de  valores independentes da variável normal reduzida, na qual  z 2  1
, e donde pode-se tirar:
  2
       zi   zi2   
2
(5.13)
 i 1 
Pode-se também demonstrar que:
 
 2 2  2 , (5.14)

e que a moda da distribuição de 2 é  - 2, para   2.


Como a variável 2 resulta de uma soma de variáveis independentes e igualmente
distribuídas, segue-se pelo teorema do limite central que a família de distribuições do tipo
2 tende à distribuição normal quando o número de graus de liberdade aumenta.
Uma outra propriedade das distribuições 2 é a da aditividade, que diz que a soma de
duas variáveis independentes com distribuições 2 com 1 e 2 graus de liberdade, terá
CAPÍTULO 5: também distribuição 2 com (1 + 2) graus de liberdade.
A figura 5.4 mostra algumas distribuições da família 2 e a tabela 5.5 fornece valores
das variáveis 2 , para  = 1, 2, ..., 30, em função de valores notáveis da probabilidade
AMOSTRAGEM correspondente à cauda à direita, determinada na respectiva distribuição.

Figura 5.4 Distribuições 2


Tabela 5.6 Distribuições  2 - valores de 2, P , onde P  P2  2, P 

CAPÍTULO 5:
AMOSTRAGEM
CAPÍTULO 5: AMOSTRAGEM
O conhecimento das distribuições 2 conduz à determinação da distribuição amostral da
estatística s2, conforme segue: A estatística

 x  x 
n 2
2
 xi  x  i

i 1     2
n i 1
(5.15)
 
tem distribuição do tipo 2 com (n-1) graus de liberdade. Logo:
 x  x  
n  1 i 1 xi  x  n  1s x2
n 2 n 2

  i 1
 2 
2 i
n 1 (5.16)
2  n 1 2
donde resulta:
2
s 
2
 n21 (5.17)
n 1
x

Verifica-se pois que a estatística s2 se distribui conforme uma distribuição do tipo 2


com (n-1) graus de liberdade.
Considerando a estatística acima e a expressão (5.16), obtém-se a média da mesma:
2 2
 s   2
  2
n 1   n  1 n  1   2
(5.18)
n 1
Considerando a expressão (5.13), tira-se a variância da estatística:
4 4 2 4
 s  
2 2
  n 1  
2 2
2n  1  (5.19)
n  12
n  12
n 1
CAPÍTULO 5: AMOSTRAGEM
5.5.4 Distribuição t de Student
Supõe-se que para uma amostra de n valores retirados de uma população normal de
média  e desvio padrão , é definida a estatística:
x
z (5.20)
/ n
Como a distribuição amostral de x seria precisamente normal, com média  e desvio
padrão  / n , segue que essa estatística teria simplemente distribuição normal reduzida,
o que justifica o emprego de z na sua representação.
Porém se for utilizado na expressão o desvio padrão da amostra sx  / n  1 , obtém-
se uma estatística cuja distribuição não é mais normal. Assim Student (W.S. Gosset –
estatístico inglês) demonstrou que a estatística:
x
t (5.21)
sx  / n
distribui-se simetricamente, com média 0, porém não normalmente em torno da média.
Para grandes amostras, s(x) se aproxima de , e as correspondentes distribuições t se
aproximam da distribuição normal reduzida. Existe, portanto, uma família de
distribuições t cuja forma tende à da distribuição normal reduzida, quando n cresce. A
estatística indicada na expressão (5.21) tem (n-1) graus de liberdade, o que passa a ser
indicado por: tn-1.
CAPÍTULO 5: AMOSTRAGEM
A figura 5.5 mostra comparativamente uma distribuição t genérica e a distribuição
normal reduzida z, sendo que a primeira é mais alongada do que a segunda.

Figura 5.5 Distribuição t e distribuição normal reduzida


A tabela 5.7 fornece valores de t em função de diversos valores do grau de liberdade
 e de probabilidades notáveis correspondentes à cauda direita da distribuição.
Tabela 5.7 Distribuições t de Student – valores de t,P, onde P = P(t  t,P)
CAPÍTULO 5:
AMOSTRAGEM

A expressão (5.21) pode ser escrita da seguinte maneira também:


x  
tn 1  z (5.22)
 / n sx  sx 
e considerando a expressão (5.16), obtém-se:
n 1
tn 1  z (5.23)
 n 1
2

que genéricamente é dada por:



t  z (5.24)
2
e que demonstra a relação existente entre as distribuições de t de Student e a de 2
CAPÍTULO 5: AMOSTRAGEM
5.5.5 Distribuição F de Snedecor
Conhecidas duas amostras independentes retiradas de populações normais com
variâncias amostrais s12 e s22 , uma distribuição amostral do quociente delas s12 / s22 será
denominada como distribuição F de Snedecor (G. Snedecor adaptou convenientemente
essas distribuições, anteriormente estudadas por Fisher, adotando F em sua denominação
como uma homenagem a este estatístico).
Define-se a variável F com 1 graus de liberdade no numerador e 2 graus de liberdade
no denominador, ou simplesmente, F 1 , 2 , por:
2 / 1
F 1 , 2  2 1
(5.25)
 / 2
2

onde, conforme a própria notação indica, 2i designa uma variável aleatória com
distribuição 2 com i graus de liberdade, sendo que estas devem ser independentes. Esta
definição geral engloba uma família de distribuições de probabilidades para cada par de
valores (1, 2) e a tabela 5.5 apresenta os valores da variável F que determinam caudas
à direita com probabilidades 0,5; 1; 2,5; 5 e 10%, fornecidos para diversos pares de
valores (1, 2).
CAPÍTULO 5: AMOSTRAGEM
Tabela 5.8 Distribuição F de Snedecor – valores de F 1 , 2 ,p, onde P = P ( F 1 , 2  F 1 , 2 ,p); P = 0,10
CAPÍTULO 5: AMOSTRAGEM
A figura 5.6 mostra esquematicamente como se avalia a probabilidade de ocorrer um
valor acima de um dado aleatório:

Figura 5.6 Distribuição F de Snedecor

Considere-se que de duas populações normais com mesma variâcia 2 (ou o que seria
equivalente, de uma mesma população normal), sejam extraídas duas amostras
independentes com, respectivamente, n1 e n2 elementos e toma-se o quociente s12 / s22 das
variâncias dessas amostras. Utilizando a expressão (5.17), pode-se concluir que a
distribuição amostral desse quociente será uma distribuição Fn1  1, n2  1 , pois:
s12

 
 2 / n1  1  n21 1  n21 1 / n1  1
  Fn1 1, n2 1
 
s22  2 / n2  1  n22 1  n22 1 / n2  1
(5.26)
CAPÍTULO 5: AMOSTRAGEM 1

5.3.5 Relações particulares entre as distribuições z, t, 2 e F


A família de distribuições t de Student converge para a distribuição normal padronizada
de z quando  cresce. Logo a distribuição z equivale à distribuição t.
A distribuição 2 surge de uma soma de  valores independentes de z2. Logo a distribuição
de 12 equivale à distribuição do quadrado de z.
Quanto à distribuição F, tem-se que:
2
F1, 2  12 (5.27)
2
2

Como 12  z 2 , tem-se que a distribuição F1,2 equivale à distribuição do quadrado de t2.
Por outro lado sabendo que:
 
 2   (5.28)
quando 2 tende ao infinito, a distribuição de F1,2 tende à de 21 / 1 :
2
F 1 ,   1
(5.29)
1
Em particular, a distribuição de F1, equivale à de 12 , ou de z2.
Capítulo 5: AMOSTRAGEM

Dúvidas
Obrigado e bons estudos!!!
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