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Resumo
A fluidização caracteriza-se pelo o escoamento de um determinado fluido por um leito de partículas.
Em tal fenômeno, o fluido precisa escoar a uma velocidade capaz de sustentar o peso das partículas
sem arrastá-las para fora do recipiente e dessa maneira, as partículas sólidas passam a comportar-se
similarmente a um líquido em ebulição. Tal operação unitária vem sendo utilizada em diversos ramos
industriais, como na geração de energia, calcinação, produção de cimento, craqueamento catalítico
de petróleo, na área alimentícia, metalúrgica, de pinturas, além de outros. Nesse sentido, o objetivo
desse procedimento experimental é estudar o comportamento fluidodinâmico de um leito de
partículas sólidas fluidizadas, através de medidas do gradiente de pressão, velocidade de mínima
fluidização e outras. O método utilizado para o experimento prático foi um ensaio de fluidização em
escala laboratorial, tendo como fluido de trabalho ar comprimido, para realização das medidas
utilizou-se um rotâmetro e dois manômetros de tubo em U. Os resultados indicam que a queda de
pressão capaz de sustentar o leito é de 2469,23 Pa e a velocidade mínima de fluidização
correlacionam-se com a apresentada na literatura.
Palavras-chave: Fluidização, perda de carga, leito fluidizado, queda de pressão.
1. Introdução Na velocidade mínima de fluidização
ocorre a expansão do leito, caracterizada pelo
Leito fluidizado é o nome que se dá a momento onde a força de arraste do fluido é
um leito de partículas por onde ocorre o fluxo igualada pelo peso das partículas. A perda de
ascendente de um fluido, podendo este ser carga passa a ser constante e o equilíbrio entre
líquido ou gasoso, ocasionando a fluidização força de arraste e peso não é alterado mesmo
das mesmas. O leito consiste basicamente em com o aumento da altura do leito (SANTOS et
uma coluna vertical recheada de partículas al, 2019). Na Figura 1 está exposto o gráfico
onde um jato de fluido entra pela parte inferior relacionando a velocidade de fluxo com a
da coluna, mantendo-as em suspensão perda de carga, tanto para fluidização sólido-
(COSTA, 2019). líquido quanto sólido-gás.
No fenômeno da fluidização, o fluido
é escoado a uma tal velocidade que sustente o Figura 1 – Gráfico da perda de em carga em
peso das partículas sem arrastá-las para fora do função da velocidade de fluxo.
recipiente, e assim os sólidos adquirem um
comportamento similar a um líquido em
ebulição. Como as partículas deixam a forma
de leito fixo depositadas umas sobre as outras
e passam a ficar em suspensão, têm-se um
aumento da área superficial e
consequentemente dos coeficientes de
transferência de calor e massa (SANTOS et al,
2019). Fonte: SANTOS et al, 2019.
Quando a velocidade do fluido é baixa,
o mesmo passa pelos sólidos praticamente sem Analisando o gráfico, percebe-se que
movê-los. Porém, conforme vai sendo para velocidades muito baixas o fluido (seja ele
aumentada, observa-se que as partículas gás ou líquido) escoa sem levantar as
deixam suas posições fixas e ficam em partículas, que permanecem em leito fixo, e
agitação com o fluido. A esta velocidade, dá-se perda de carga vai aumentando linearmente
o nome de velocidade mínima de fluidização. com o aumento da velocidade. Em um
determinado ponto, as partículas começam a
ser carregadas (início da fluidização) e no resíduos para a geração de energia,
momento em que todas deixam o leito fixo e dessulfurização de gases, calcinação, produção
ficam em suspensão têm-se a velocidade de cimento, craqueamento catalítico de
mínima de fluidização (SANTOS et al, 2019). petróleo, na indústria alimentícia e metalúrgica
Conforme a velocidade é aumentada, gás e nos sistemas de torrefação de café, mistura,
líquidos passam a se comportar de maneira aquecimento e resfriamento de sólidos,
diferente (MOSKEN, 2020). congelamento, pelotização, adsorção e
Na fluidização sólido-líquido, o produção de borracha, além de outros
aumento da velocidade ocasiona uma suave e (MOSKEN, 2020).
progressiva expansão do leito, até a altura
máxima da coluna recipiente, sem a presença
de bolhas ou uniformidades, sendo 2. Materiais e Métodos
denominada homogênea. A partir de uma certa
velocidade a força de arraste carrega as O presente estudo foi realizado no
partículas para fora do recipiente, juntamente Laboratório de Operações Unitárias I da
com o fluido. Já na fluidização sólido-gás há a Universidade Comunitária da Região de
presença de bolhas e instabilidades no leito, Chapecó (Unochapecó) com o objetivo de
com o surgimento de caminhos preferenciais, analisar o comportamento fluidodinâmico de
sem grandes expansões, sendo denominada um leito de partículas sólidas fluidizadas com
fluidização heterogênea. Além disso, pode ar comprimido.
ocorrer o fenômeno chamado Slugging, onde
em colunas de diâmetro pequeno e alta 2.1. Aparato Experimental
velocidade de escoamento forma-se uma bolha
de mesmo diâmetro da coluna que arrasta os O equipamento utilizado para a
particulados para fora do recipiente. técnica de Fluidização Gás-Sólido é
(MOSKEN, 2020). constituído por um tubo de vidro de 7,0 cm de
Em uma velocidade suficientemente diâmetro interno recheado com 1700 gramas
alta do gás o leito atinge o regime chamado de partículas de sílica com diâmetro médio
fluidização com transporte pneumático, onde a (Dp) de 0,25mm perfazendo um leito;
fase densa (sólidos) desaparece, a porosidade Rotâmetro (Medidor de Vazão) contendo ar
do leito aumenta e as partículas são carregadas comprimido; e dois manômetros de tubo em U
juntamente com o gás. Essa velocidade é igual contendo tetracloreto de carbono (CCl4) como
ou superior à velocidade terminal das fluido manométrico.
partículas (MOSKEN, 2020).
Um cuidado especial deve ser tomado 2.2. Procedimento Experimental
em relação aos componentes internos
instalados nos reatores de leito fluidizado, tais Com o leito inicialmente compactado,
como defletores, tubos e sensores, usados tanto anotou-se a altura inicial do leito na régua do
para melhorar a eficiência da reação e troca de equipamento e calculou-se a porosidade inicial
calor quanto para medições. A agitação do leito pelo volume de vazios sobre o volume
excessiva destes componentes causada pelas total da amostra. Em seguida, aumentou-se a
forças dinâmicas em atuação pode levar à sua vazão de ar de 0,5 em 0,5 L/min, sendo que,
falha e até comprometer o funcionamento do para cada vazão, mediu-se a perda de carga no
reator como um todo, portanto é sempre leito pelo desnível nos dois manômetros e a
importante ter o conhecimento das forças variação de altura no leito.
atuantes em diferentes condições de operação Quando atingiu-se a vazão de 9,0
para garantir a segurança do reator (LIU et al, L/min, realizou-se o procedimento inverso,
2020). diminuiu-se a vazão de 0,5 em 0,5 L/min,
A tecnologia dos leitos fluidizados medindo-se para cada ponto a perda de carga
vêm sendo utilizada em diversos ramos da nos dois manômetros e a variação de altura no
indústria, como por exemplo na combustão de leito.
3. Resultados e Discussão
6. Memória de cálculo
A resolução dos cálculos apresentada abaixo, referem-se ao ponto dois, sendo os demais
pontos, resolvidos da mesma forma.
∆Pexperimental = ρ ∙ g ∙ Hcoluna
𝑘𝑔 𝑚
∆Pexperimental = 1000 ∙ 9,81 ∙0,012 m
𝑚³ 𝑠²
∆Pexperimental = 117,58 Pa
𝜌 ∙ 𝑢𝑏 ∙ 𝐷𝑝
𝑅𝑒 =
𝜇
𝑘𝑔 𝑚
1,17 ∙ 0,00025 𝑚 ∙ 0,00217 𝑠
𝑅𝑒 = 𝑚³
𝑘𝑔
1,85 ∙ 10−5 𝑚 ∙ 𝑠
𝑅𝑒 = 3,45 ∙ 10−2
𝑅𝑒
𝑅𝑒′ =
1−𝜀
3,45 ∙ 10−2
𝑅𝑒′ =
1 − 0,54
𝑅𝑒′ = 7,5 ∙ 10−2
𝑢𝑏²
𝐹𝑟 =
𝐷𝑝 ∙ 𝑔
𝑚
(2,17 ∙ 10−3 𝑠 )²
𝐹𝑟 = 𝑚
0,00025 𝑚 ∙ 9,81
𝑠²
𝐹𝑟 = 1,9 ∙ 10−3
6.9 Altura máxima do leito
𝑄 − 𝑄0
1+
𝐻𝑚 = 𝐻 𝑙𝑒𝑖𝑡𝑜 ∙ 𝐴 ∙ (𝑔 ∙ 𝐷𝑖)12
0,35
𝑚3
8,33 ∙ 10−6 𝑠
1+
3,85 ∙ 10−3 𝑚2 𝑚 1
𝐻𝑚 = 0,299 𝑚 ∙ ∙ (9,81 ∙ 0,07 𝑚)2
0,35 𝑠²
𝐻𝑚 = 0,301 𝑚