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Inspeções em pontes e viadutos são necessárias

para evitar colapsos e rupturas


Casos recentes de desabamentos total ou parcial de pontes colocam
em evidência a necessidade de se realizar vistorias periódicas em
obras de arte especiais

Texto: Juliana Nakamura

As pontes e os viadutos devem ser vistoriados periodicamente (Joshua Rainey Photography /


shutterstock)

Imprescindíveis para organizar e dar fluidez ao trânsito nas grandes


cidades, pontes e viadutos são estruturas que precisam ser submetidas
a vistorias periódicas que assegurem suas condições de utilização. Tais
avaliações estão prescritas na ABNT NBR 9452:2016, que apresenta um conjunto
de diretrizes e especificações para a realização das atividades de inspeção.
O texto da norma define parâmetros estruturais, de durabilidade e de
funcionalidade para a avaliação do estado de conservação das obras de arte
especiais. Para cada parâmetro analisado são atribuídas notas de classificação:
crítica, ruim, regular, boa e excelente.

COMO DEVE SER FEITA A INSPEÇÃO?


Para averiguar se a ponte ou viaduto possui problemas estruturais, é necessário,
em um primeiro momento, efetuar um cadastramento detalhado do viaduto com
informações relativas aos seus aspectos construtivos. Esta é a chamada Inspeção
Cadastral, que deve detalhar características estruturais da obra de arte, como
comprimento total, seção tipo, número de vãos e aparelhos de apoio.
“Em seguida devem ser inspecionadas as condições das peças estruturais, como
pilares, vigas, muros de arrimo, tabuleiros, juntas de dilatação, aparelhos de apoio
e tubulações”, diz o perito em engenharia Celso Amaral. Ele conta que as
patologias eventualmente encontradas devem ser classificadas por seu grau de
risco, e um relatório deve ser elaborado com o detalhamento dos achados e as
recomendações para correção.
“A inspeção visual permite identificar várias anomalias e problemas visíveis, como
infiltrações, crescimento de vegetação, fissuras e outros”, comenta o engenheiro
Roberto Kochen, diretor da divisão de infraestrutura do Instituto de Engenharia.
A inspeção visual permite identificar várias anomalias e
problemas visíveis, como infiltrações, crescimento de
vegetação, fissuras e outros
Roberto Kochen

Ele conta que também é possível realizar ensaios intrusivos complementares,


como esclerometria, retirada de corpos de prova para avaliação do concreto,
termografia e ultrassom. “Esses ensaios devem ser realizados periodicamente em
complementação às inspeções visuais, ou sempre que forem detectadas
anomalias que os tornem necessários”, destaca Kochen, lembrando que todos
esses procedimentos precisam ser realizados por empresa de engenharia
especializada, qualificada e competente.

TÉCNICAS DE INSPEÇÃO
Além das inspeções rotineiras (anuais), as obras de arte especiais podem ser
submetidas a inspeções especiais. Segundo a NBR 9452, essa vistoria deve ser
feita a cada cinco anos, podendo ser postergada em até oito anos quando
apresentar boas condições de durabilidade.
“Quando não é permitido o acesso pela região inferior do tabuleiro, as inspeções
especiais são realizadas por meio de caminhões posicionados sobre as faixas de
rolamento. Esses veículos são providos de braços mecânicos articulados com
cestos que permitem a aproximação do profissional ao local inspecionado”, detalha
o engenheiro Ciro José Ribeiro Villela Araújo, chefe da Seção de Engenharia de
Estruturas do CT-Obras do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas).
Quando não é permitido o acesso pela região inferior do
tabuleiro, as inspeções especiais são realizadas por meio de
caminhões posicionados sobre as faixas de rolamento
Ciro José Ribeiro Villela Araújo

Segundo ele, também podem ser utilizados equipamentos provisórios, como


passarelas, escadas telescópicas e treliças móveis, complementados por
dispositivos de segurança como redes tensionadas de proteção.
Mais recentemente, a inspeção em pontes e viadutos passou a utilizar drones para
auxiliar os trabalhos de inspeção e monitoramento das estruturas de pontes e
viadutos. “Mesmo com o uso dessa tecnologia, não se pode dispensar o
acompanhamento de profissionais habilitados para realização dos trabalhos de
inspeção”, adverte o pesquisador do IPT.
A responsabilidade de garantir a integridade de pontes e viadutos é da
administração responsável pela malha viária em questão. As prefeituras
respondem pelas pontes localizadas em seu perímetro urbano. Os governos
estaduais devem zelar pelas obras em rodovias estaduais. Já a União é
responsável pelas obras de arte em vias federais. Vale lembrar que, mesmo
quando a rodovia está sob concessão, é responsabilidade do poder público
fiscalizar se as obras de manutenção estão sendo realizadas como determinam as
normas.

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