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Como controlar a dosagem de água no traço de

concreto? Entenda
Relação água/cimento influencia o desempenho da mistura e é
fundamental para evitar patologias estruturais e aumentar a
durabilidade das estruturas

Texto: Juliana Nakamura

O excesso de água pode ocasionar a perda de resistência mecânica final do concreto (foto:
bubutu/shutterstock)

A água é um elemento fundamental para o desempenho do concreto. Quando


adicionada em quantidade menor do que a necessária, a trabalhabilidade é
comprometida, dificultando os processos de lançamento e adensamento e gerando
falhas de concretagem. Por outro lado, quando acrescida em excesso, põe em
risco a resistência mecânica do produto final. Vale lembrar que a resistência do
concreto depende diretamente do fator água/cimento (a/c). Quanto menor for
este fator, maior tende a ser a resistência.
Segregação, exsudação, patologias superficiais, fissuras, além
de baixa resistência mecânica são muito comuns quando se
adiciona volume suplementar de água nos concretos
Flávio Renato Pereira Capuruço
Os problemas causados por falta de controle na dosagem de água são imensos.
“Segregação, exsudação, patologias superficiais, fissuras, além de baixa
resistência mecânica são muito comuns quando se adiciona volume suplementar
de água nos concretos”, diz o engenheiro Flávio Renato Pereira Capuruço, sócio-
diretor da Beton Engenharia e Consultoria. Ele lembra que, além dessas
manifestações patológicas, concretos produzidos com água em demasia tendem a
ser mais porosos e permeáveis, prejudicando a durabilidade das estruturas.

CUIDADOS BÁSICOS
O controle da adição de água usada na produção do concreto começa na
elaboração do traço, que deve levar em conta o local e o tipo de aplicação,
requisitos de projeto, qualidade do cimento e agregados disponíveis, entre outros
fatores. “Em um país de proporções continentais como o Brasil, cada construção
apresenta particularidades que necessitam ser consideradas. Por isso, é
recomendado abolir as tabelas de traço geral”, recomenda o professor Marcos
Valin Júnior, do Instituto Federal de Mato Grosso.
Em um país de proporções continentais como o Brasil, cada
construção apresenta particularidades que necessitam ser
consideradas. Por isso, é recomendado abolir as tabelas de
traço geral
Marcos Valin Júnior

Outra prática importante é o uso exclusivo de água potável e com baixos teores de
cloretos. Uma referência técnica importante é a ABNT NBR 15.900 – Água para
amassamento do concreto.

TECNOLOGIAS PARA CONTROLE DO VOLUME DE


ÁGUA
No canteiro, é imprescindível que haja rigor na medição do volume de água
adicionada à betoneira. As quantidades devem ser exatamente as previstas no
traço. Além disso, é fundamental o uso de medidas padronizadas. Em obras de
pequeno porte, nas quais o concreto é produzido manualmente, um balde ou
proveta graduada podem ser utilizados. Obras de maior porte ou complexidade, no
entanto, exigem equipamentos mais precisos.
Um exemplo nesse sentido são as sondas equipadas com sensores, que podem
ser fixadas no fundo ou nas pás dos misturadores. “Com esse tipo de tecnologia é
possível realizar o monitoramento da adição de água em tempo real, o que
contribui para melhor controle da qualidade do produto final”, diz Marcos Valin.
Além da medição da água adicionada, há outros fatores que interferem no teor do
líquido presente na mistura do concreto. Entre eles, destaca-se o teor de umidade
dos agregados miúdos (areia ou pó de pedra por exemplo) e dos graúdos (brita e
seixo por exemplo), que também precisa ser controlado.

CURA DO CONCRETO
O processo de cura após a concretagem também interfere no desempenho final do
concreto e mantém estreita relação com os teores de água. “A cura é importante
para promover uma completa hidratação do cimento. Se não tivermos um
procedimento adequado, uma parte da água evaporará, impedindo que essa
hidratação aconteça como se espera”, explica o engenheiro da Beton.
Ele conta que descuidos nessa etapa comprometem as características mecânicas
do concreto, em especial a resistência à compressão e o módulo de elasticidade.
Além disso, podem induzir fissuras por retrações, aumentando a porosidade e a
permeabilidade do concreto e reduzindo sua durabilidade.
Múltiplos aspectos devem ser levados em consideração no planejamento e
execução da cura do concreto. Os principais são o tipo de cimento utilizado na
dosagem, as condições climáticas, como temperatura e umidade relativa do ar, a
incidência e velocidade dos ventos, o início e o fim de pega do concreto. “O mais
importante é dispor de um excelente controle tecnológico, no qual todas essas
variáveis possam ser analisadas, desde o traço do concreto até sua aplicação”,
conclui Flávio Capuruço.

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