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APLICADA
Introdução
A ergonomia adota conceitos multidisciplinares sempre voltados à ade-
quação do trabalho e dos seus sistemas ao bem-estar do ser humano.
Esses conceitos possuem diversas abordagens teóricas, que partem desde
perspectivas técnicas e vão até enfoques holísticos. Da mesma forma, a
ampla gama de atuação dos ergonomistas dispõe de uma considerável
amplitude e estudá-la nos permite reconhecer a importância da visão
sistêmica no âmbito das ações ergonômicas corretivas. Essa visão sistêmica
e integrada é a tônica dos diagnósticos e proposições ergonômicos na
contemporaneidade, sendo referenciada na bibliografia do ramo como
macroergonomia, visto que é defendida e adotada por grande parte das
gestões e administrações de empresas do mercado global.
Neste capítulo, serão apresentados alguns dos conceitos básicos
relacionados à ergonomia e as múltiplas aplicações dessa área do co-
nhecimento em variados âmbitos laborais. Também serão discutidas as
teorias basilares que fundamentam as suas principais correntes teóricas e
o modo como tais correntes foram adotadas ao longo do século XX. Por
fim, serão analisadas as contribuições ergonômicas no que tange à solu-
ção de problemas que se apresentam no cotidiano do setor produtivo.
2 Principais conceitos de ergonomia
Sua criação pode estar relacionada a dois fatores que ocorreram a nível inter-
nacional, nos anos que a precederam. Em primeiro lugar, entre 1956 e 1959, o
projeto “Adaptação do Trabalho ao Homem da Agência Europeia de Produ-
tividade”, com iniciativa conjunta do Ministério do Trabalho e da Comissão
Nacional de Planejamento e Produtividade, possibilitou conhecer franceses
que poderiam dar contribuições ao projeto. Destacam-se a realização de um
seminário internacional na Holanda, em 1957, e uma conferência interna-
cional com empresários, sindicatos e profissionais das ciências aplicadas ao
trabalho humano, na Suíça, em 1959. Nesse contexto, em 1958 é publicada
Principais conceitos de ergonomia 7
A análise ergonômica pode ser caracterizada como uma etapa para a im-
plantação da intervenção ergonômica. Essa metodologia prevê, inicialmente,
a compreensão da tarefa: o que se deve fazer e qual é o trabalho prescrito.
Em um segundo momento, ela estuda a atividade: o que é feito, o trabalho
real. Preocupado com a organização do trabalho, esse método responde a
questões simples, porém fundamentais: o que se faz, quem faz, como faz e
de que maneira poderia fazê-lo melhor (MONTMOLLIN, 1990).
8 Principais conceitos de ergonomia
Abordagem contemporânea
A contribuição das duas correntes teóricas principais da ergonomia pertence à
ordem da complementaridade, pois ambas valem-se de métodos e técnicas de
pesquisa cientificamente reconhecidos. Além disso, os dois enfoques possuem
o mesmo objetivo: analisar o trabalhador ao realizar as suas tarefas no local
de trabalho.
A partir da década de 1970, a prática industrial incorporou a ergonomia
de forma significativa. Por influência dos ensinamentos anteriores, os meios
de produção integraram a abordagem baseada na observação e nas teorias
consolidadas no campo da ação prática. Esses métodos ultrapassaram o limite
do processo produtivo industrial e, dessa forma, alcançaram o cotidiano do
usuário comum.
Montmollin (1990) afirma que o volume de estudos ergonômicos já rea-
lizados permite a categorização de situações de trabalho a partir das quais
podemos antever uma nova situação. Trata-se do que conhecemos hoje como
tendências de comportamento, que indicam uma análise ergonômica voltada
à realidade e caracterizada mais pelos enfoques cognitivo e psicológico do que
antropométrico ou fisiológico. Esse caráter privilegia a proposta de soluções
ergonômicas tanto para ambientes de trabalho em grandes centros industriais
quanto para postos de trabalho com dimensões reduzidas.
Na ergonomia contemporânea, observa-se e respeita-se as individualidades
do trabalhador e as normas de grupo em prol de um maior envolvimento dos
usuários nas decisões acerca da tarefa. Iida (2005) ressalta uma consequência
positiva dessa nova postura gerencial: a eliminação gradativa das linhas de
montagem, nas quais o trabalhador desenvolvia um trabalho repetitivo, mecâ-
nico, monótono e desestimulante. O autor interpreta as práticas orientadas pelo
taylorismo como obsoletas e sugere que elas sejam substituídas por atividades
desempenhadas por equipes menores, personalizadas e participativas, às quais
ele denomina grupos autônomos (Figura 1).
Principais conceitos de ergonomia 9
Tecnologia
Artefatos Sociofatos
• Instrumentos • Horários
• Equipamentos • Cultura
• Software • Contratos
Pessoas Organização
Mentefatos
• Competência
• Regras
• Procedimentos
Principais conceitos
Em 2018, a International Ergonomics Association (IEA), federação que reúne
organizações de ergonomia do mundo todo, definiu-a da seguinte forma:
Posto de trabalho
Física
Ambiente físico
Individual
Ergonomia Cognitiva
Coletiva
Normalidade
Organizacional
Anormalidade
https://goo.gl/ywUduw
Áreas de atuação
Estabelecidas pela Norma Regulamentadora (NR) nº. 17 do Ministério do
Trabalho, as áreas de atuação da ergonomia configuram um amplo panorama
profissional para os ergonomistas (BRASIL, 1978). Elaborado de forma bastante
didática por Moraes e Mont’Alvão (2000, p. 14-15), o Quadro 1 sintetiza as
áreas de atuação da ergonomia:
14 Principais conceitos de ergonomia
(Continua)
Principais conceitos de ergonomia 15
(Continuação)
Profissionais Contribuições
(Continua)
Principais conceitos de ergonomia 17
(Continuação)
Profissionais Contribuições
https://goo.gl/EPMuZN
https://goo.gl/REHtrK
https://goo.gl/A9x8m1
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Leituras recomendadas
KROEMER, K. H. E.; GRANDJEAN, E. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao
homem. Porto Alegre: Artes Médicas, 2005.
SANTANA, L. P. B. Abordagens da ergonomia: revisão da literatura. In: Simpósio de
Engenharia de Produção de Sergipe, 7., 2015, Aracajú. Anais... Sergipe: Universidade
Federal de Sergipe, 2015. Disponível em: <https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/7753/2/
AbordagensErgonomiaRevisaoLiteratura.pdf>. Acesso em: 19 set. 2018.
WISNER, A. A inteligência do trabalho: textos selecionados de ergonomia. São Paulo:
Fundacentro, 1994.
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