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CONFORTO
AMBIENTAL
Introdução
As mudanças e as transformações são intrínsecas à nossa vida. Os mo-
tivos variam: algumas mudanças são causadas por uma necessidade
momentânea, outras se devem à evolução tecnológica; outras, ainda,
podem se dar por razões mais drásticas, como ocorreu nos períodos
pós-guerra e na Revolução Industrial. Existe uma característica comum
entre essas transformações: a necessidade cada vez maior de interação
entre homens e máquinas, criando automaticamente um sistema de
interdependência.
Neste capítulo, você vai estudar como se relacionam os conceitos
do sistema homem–tarefa–máquina (SHTM), criando uma unidade de
produção. Você vai identificar as virtudes e as limitações de cada elemento
envolvido no processo produtivo: os homens e as máquinas. Por fim,
vai explorar alguns exemplos que evidenciam a dependência entre o
homem, as tarefas e as máquinas.
2 Sistema homem–tarefa–máquina: dispositivos e controle
Conceitos fundamentais
O mundo do trabalho está constantemente envolvido em um processo de rees-
truturação produtiva e organizacional, e é nesse cenário de transformação que
são gerados novos cenários produtivos. A forma de trabalho é alterada o tempo
todo, e os requisitos para as tarefas e os processos variam de acordo com a trans-
formação. Portanto, a necessidade de transformar e adaptar a forma de trabalho
é constante, e o homem, por consequência, trabalha cada vez com máquinas.
Tendo em vista essa necessidade de transformação, e como forma de
otimizar a produção, homem e máquina devem estabelecer um vínculo de
cooperação. Somente adaptar o homem à máquina, conforme a teoria inicial de
Frederick Winslow Taylor, está no contraponto dessa questão (TAYLOR, 2010).
O projeto de qualquer máquina não pode ser entendido como uma atividade
isolada, mas como uma forma de desenvolver soluções e complementar a ação
do homem. Portanto, as máquinas e os homens fazem parte de um processo,
ou seja, estão inseridos em um sistema de produção. Não é possível separar
as atividades do homem e as da máquina.
Os sistemas são divididos nos seguintes componentes (IIDA; BUARQUE,
1990):
dando o homem e o meio ambiente onde ele trabalha (que pode ser a máquina),
fecha-se um elo entre homem e máquina, formando uma unidade produtiva.
Para tornar possível essa interligação entre homem e máquina, são obser-
vados os fatores humanos (aspectos psicofisiológicos, psicológicos e sociais)
e os fatores técnico-mecânicos envolvidos (conceitos de máquinas). Assim,
na ergonomia, estudamos o inter-relacionamento entre o homem e a máquina.
Dessa forma, o SHTM pode ser conceituado como uma forma de coo-
peração entre homem e máquina, que se complementam para executar uma
determinada função, partindo de estímulos de entrada (inputs) dentro das
condições de um determinado ambiente. Para que essas premissas funcionem
em um estudo ou projeto de um SHTM, existe uma interface de relacionamento
entre homem e máquina. Trata-se de uma interação entre os dois elementos,
com o objetivo de criar a cooperação e definir a unidade produtiva. Essa
interface possui três elementos básicos, a serem verificados:
Interface homem–máquina
As interfaces estão presentes em todas as atividades quando utilizamos ferramentas.
Por isso é extremamente importante o estudo prévio dos objetivos das interfaces,
a fim de definir a melhor ferramenta para a atividade. A análise dessas interfaces
4 Sistema homem–tarefa–máquina: dispositivos e controle
Aplicações
As aplicações do SHTM podem ser executadas em todos os lugares, como na
indústria, no comércio, nos hospitais e em vários outros estabelecimentos. A
missão de se estabelecer um bom sistema de interação é difícil, pois é neces-
sário entender as limitações e as capacidades do homem e da máquina, bem
como verificar o ambiente no qual será inserido o sistema de produção. Muitas
vezes, a condição de bem-estar pode ser empírica, dificultando a análise do
resultado. Preliminarmente ao processo de aplicação do sistema, a coleta de
informações e de dados deve ser exaustiva.
A seguir, veremos um exemplo de aplicação do SHTM no processo produ-
tivo de uma lavanderia. Mais adiante, veremos os dispositivos de aplicação do
sistema de interação homem–máquina: os painéis de controle, os mostradores,
os altímetros e o emprego de cores para a distinção de elementos importantes
de maquinários, como tubulações.
Sistema homem–tarefa–máquina: dispositivos e controle 7
Painéis de controle
Não existe um sistema completamente manual ou completamente auto-
mático — em algum momento, o sistema vai depender do homem, para a
operação, a manutenção ou o controle. Os painéis de controle traduzem
bem essa relação entre homem e máquina, já que, apesar de o painel con-
seguir controlar vários dados de uma planta industrial, a ação do homem
é fundamental (Figura 7).
Mostradores
Os mostradores são classificados em três categorias: mostrador digital,
escala circular de ponteiro móvel e indicar fi xo sobre escala móvel. Em
cada um dos mostradores, a leitura dos valores se distingue de acordo com
a precisão requerida em cada tarefa. Se a tarefa exigir apenas ler o valor
exato de uma certa quantidade, o contador digital é o mais indicado. Caso
seja necessário avaliar a amplitude, a direção ou a mudança, a utilização
do ponteiro se movendo sobre uma escala fi xa vai atender melhor à lei-
tura. Quando a escala se movimenta sobre algum ponteiro fi xo, existe a
desvantagem de ser mais difícil a memorização de leituras anteriores ou
10 Sistema homem–tarefa–máquina: dispositivos e controle
Altímetro
O altímetro é um instrumento utilizado na aviação que indica a altitude da ae-
ronave. Esse aparelho foi a causa de vários acidentes aéreos. Tradicionalmente,
tinha três ponteiros: o primeiro deles lia as centenas de pés, o segundo lia os
milhares e o terceiro, os milhões. A modificação no desenho desse aparelho,
proposta por Hill e Chernikof em 1965, foi, por um longo período, a menos
problemática e a mais agradável de usar. O aparelho consistia em um único
ponteiro móvel para a escala de 100 pés e duas janelas. Uma mostrava as faixas
mais altas e, a outra, a pressão atmosférica.
Leituras recomendadas
ABRAHÃO, J. I.; PINHO, D. L. M. As transformações do trabalho e desafios teórico-
-metodológicos da Ergonomia. Estudos de Psicologia, 2002, v. 7, n. esp., p. 45-52, 2002.
MADEIRA, P. H. A. Aplicação do estudo da interface homem máquina em cadeiras de rodas
motorizadas. 2008. 200 f. Dissertação (Mestrado) — Universidade Estadual de Campinas,
Faculdade de Engenharia Mecânica. Campinas, UNICAMP, 2008.
OKUYAMA, M. P. Ergonomia e engenharia de usabilidade aplicadas no desenvolvimento
da interface homem-máquina para um sistema interativo de soldagem automatizada.
2012. 165 f. Dissertação (Mestrado) — Universidade Federal de Santa Catarina. Floria-
nópolis, UFSC, 2012.
RIGHI, C. A. R. Aplicação de recomendações ergonômicas ao componente de apresentação
da interface de softwares interativos. 1993. 100 f. Dissertação (Mestrado) — Universidade
Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico. Programa de Pós-Graduação em En-
genharia de Produção. Florianópolis, UFSC, 1993.