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AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL E
ROBÓTICA
AULA 5
Profª Carla Eduarda Orlando de Moraes de Lara
CONVERSA INICIAL
Até aqui, pudemos conhecer e analisar diversos elementos que foram os sistemas de automação
atuadores. Porém, quando analisamos todos esses dispositivos estudados, precisamos nos questionar
sobre a comunicação entre eles e como são monitorados.
Neste contexto, esta etapa traz dois assuntos que são fundamentais para o funcionamento
adequado de qualquer sistema automatizado, os quais são os sistemas supervisórios e as redes
industriais. Quando falamos sobre os sistemas supervisórios, estamos nos referindo aos sistemas
responsáveis pelo monitoramento do sistema automatizado, responsável pela obtenção e
gerenciamento de dados. Esses sistemas possuem diferentes funções e estão relacionados tanto com
os níveis de produção quanto gerenciais, por isso vamos estudá-los detalhadamente nesta etapa.
precisam obter informações sobre estes. Sendo assim, é necessário o uso das redes industriais, tanto
para obtenção de dados quanto para o envio de informações e comandos, além, é claro, da
comunicação entre todos os dispositivos que foram a automação industrial. Portanto, nesta etapa,
componentes que se comunicam entre si, cada qual com sua função dentro do processo que o
sistema controla. Porém, com a complexidade desses sistemas e a evolução que eles sofreram, se fez
necessário monitorá-los e obter informações sobre seu funcionamento. Outro fator que impulsionou
a criação de sistemas capazes de realizar tais funções foi o fato de os sistemas terem sidos
descentralizados, isso devido à necessidade de sistemas mais robustos. Nesse cenário, surgiram os
sistemas supervisórios.
e à operação de sistemas de automação industrial, atuando por meio do gerenciamento das variáveis
dos processos. As variáveis e parâmetros envolvidos nos processos industriais são atualizados a cada
instante; sendo assim, podem ser gerados bancos de dados com as informações dinâmicas dessas
atualizações, formando uma espécie de registro histórico (Moraes, 2010). Outra característica
importante quanto à operação do sistema é que o operador pode monitorar e realizar intervenções
no sistema em tempo real, uma vez que por meio do sistema supervisório ele possui acesso para tal
(Santos, 2014).
Ainda segundo Santos (2014), é comum denominar os sistemas supervisórios como sistemas de
supervisão e aquisição de dados, ou pela sigla Scada que corresponde ao termo em inglês
supervisory control and data acquisition. Esses sistemas empregam softwares para a supervisão,
controle e aquisição de dados por meio de dispositivos de sistemas de controle que são conectados
por meio de controladores específicos. Por meio do software de supervisão são criadas telas
referentes aos processos que este controla, portanto, cria-se uma espécie de interface homem-
Logo, podemos estabelecer que o objetivo do sistema Scada é proporcionar ao operador uma
abstração do processo real por meio da IHM criada no software. Isso faz com que seja possível atuar
sobre os processos realizando intervenções na IHM do sistema Scada. Segundo Santos (2014), as
função de controle – trata-se da função que será realizada seguindo os requisitos do processo
Essas funções do sistema de supervisão trazem diversas vantagens para as indústrias, pois
impacta diretamente na produtividade e qualidade dos bens e serviços, o que está relacionado com a
vantagem competitiva em um mercado globalizado e cheio de desafios. Entre as principais vantagens
dos sistemas supervisórios, podemos citar o que se segue.
redução de custos operacionais – quando pensamos em uma planta monitorada sem o uso
de um sistema supervisório, precisamos pensar na existência de diversos profissionais
capacitados munidos de equipamentos de medição para realizar diversas verificações e
medições ao longo desta. Além disso, o armazenamento desses dados levantados exigiria
instrumentos de campo, elaborar gráficos de tendências, acionar alarmes, tudo isso com menos
funcionários especializados e com um custo menor.
realizadas por instrumentos de campos e em tempo real, é possível intervir mais rapidamente
nos processos. Qualquer parada de máquina ou defeito com equipamento pode ser
identificada e reparada de maneira facilitada, o que torna a ação da produção mais efetiva.
qualidade – quando falamos em melhoria da qualidade, temos que isso ocorre devido ao
monitoramento das variáveis, ou seja, quando qualquer variável ou parâmetro sai da faixa ou
valor especificado para eles, o sistema supervisório poderá alertar de alguma maneira o
operador, que poderá realizar intervenções com a intenção de restaurar os parâmetros para os
níveis desejados. Isso evita possíveis problemas de qualidade do produto, pois é possível
uma base que poderá ser utilizada por outros sistemas em níveis que vão além do
dados em tempo real também auxilia a gestão da produção, que pode utilizar esses dados para
cálculos de índices fundamentais para seu planejamento.
Sendo que essas vantagens são mais a nível gerencial, existem diversas outras a nível de controle
de planta e gerenciamento da produção que vamos discutir ainda durante esta etapa.
Falamos bastante a respeito da obtenção de dados e como ela é importante, porém precisamos
discutir sobre como os sistemas Scada realiza a aquisição dos dados. Basicamente, podemos dizer
que existem dispositivos espalhados pela planta que irão obter os dados e a partir de uma unidade
de processamento, realizam a adequação desses dados de forma visível para o operador por meio do
sistema supervisório. Entre esses dispositivos podemos mencionar os controladores lógicos
programáveis (CLP) e as unidades remotas industriais (do inglês remote terminal unit – RTU). Isso faz
com que seja possível oferecer ao operador uma interface de alto nível, que o informa em tempo real
todos os eventos importantes que estão acontecendo com a planta, possibilitando a intervenção em
tempo real. Cada variável monitorada é associada a uma variável do sistema supervisório,
denominada tagname, sendo que usualmente cada tagname traz consigo dois tipos de informações,
sendo estas a medição da variável e o instante da medição (Santos, 2014).
A Figura 1 ilustra um exemplo de planta física gerenciada por um sistema Scada, sendo possível
observar na figura a presença de um CLP (no caso, na figura foi utilizada a sigla do termo em inglês –
PLC), responsável por enviar os dados da planta industrial para o sistema Scada. O CLP, por sua vez,
realizará a obtenção de informações por meio dos sensores espalhados pela planta, e fará uso desses
dados para executar o controle sobre os processos sobre os quais está atuando. Além disso,
podemos observar a presença de um banco de dados, responsável pelo armazenamento das
informações do sistema Scada. Entre todos esses elementos precisa ocorrer a comunicação, a qual é
implementada por meio das redes industriais ou então pela conexão dos equipamentos.
Os sistemas Scada são formados por subsistemas, sendo estes: estação de supervisão, sistema
Estação de supervisão: conta com a IHM formada pelas telas de supervisão que representam
cada parte do processo controlado. Por meio dessa IHM, o operador realiza o monitoramento
do processo e pode ainda realizar intervenções. Outra consideração interessante a respeito da
estação de supervisão é que esta pode estar tanto dentro da planta industrial quanto em
lugares geograficamente afastados, tornando o sistema mais flexível.
las e enviar os comandos aos atuadores, sendo necessário, às vezes, solicitar intervenções do
operador.
Infraestrutura de comunicação: refere-se a toda conexão entre as estações e dispositivos que
formam o sistema Scada, sendo fundamental para que possa ocorrer a troca de informações
entre os elementos. Além disso, com o passar dos anos, a infraestrutura de comunicação sofreu
remotas, quando estas não estão na mesma região geográfica que os demais elementos do
sistema Scada.
Os sistemas supervisórios constam com algumas características funcionais que tornam esses
sistemas muito úteis para os sistemas de automação e, segundo os autores Rosário (2005) e Santos
gerenciamento de alarmes;
Agora que já tivemos uma base sobre os sistemas supervisórios, discutindo sobre suas
características e subsistemas, podemos dar continuidade aos estudos desses abordando suas
topologias e arquiteturas. Assim como os dispositivos que estudamos como os CLPs e os robôs
industriais, temos que os sistemas Scada sofreram evoluções à medida que ocorreram avanços
tecnológicos. Sendo assim, neste tópico, abordaremos sobre esse processo de evolução que é
Outro aspecto relevante dos sistemas supervisórios trata-se de suas possíveis arquiteturas, as
quais estão relacionadas com o arranjo e formação dos elementos que atuam em conjunto com o
sistema Scada. Logo, neste tópico, também faremos a análise das possíveis arquiteturas dos sistemas
Scada.
Quando falamos em gerações de sistemas Scada, temos que cada uma é marcada por um
avanço tecnológico, o que faz com que cada geração receba uma espécie de apelido relacionado ao
avanço que ela apresenta. Consideraremos em nossos estudos as quatro gerações definidas por
Santos (2014).
de comunicações não eram ainda comuns, portanto, esses sistemas não poderiam se conectar a
proprietários, sendo possível a conexão de dispositivos do mesmo fabricante apenas. Além disso,
esses sistemas eram utilizados em aplicações específicas ou como partes de um processo maior.
A segunda geração corresponde ao período de 1990 a 2000 e são conhecidos como
distribuídos, isso porque essa geração passa a contar com uma rede de comunicação local (LAN).
Em razão dessa possibilidade de conexão em rede, os sistemas são divididos em estações distribuídas
responsáveis pelas informações, comandos e processamentos. Além da vantagem de distribuição em
estações, isso diminuiu os custos com supercomputadores, uma vez que era possível dispositivos
com capacidades menores de serem empregados em cada estação. Embora apresentassem mais
vantagens quando comparados aos monolíticos, essa geração ainda fazia uso de protocolos de
comunicação proprietários e não padronizados.
A terceira geração vai de 2000 a 2010 e é chamada de rede, sendo que o nome da geração é
decorrente da possibilidade de dividir um sistema supervisório complexo em componentes simples
que são interligados por meio de protocolos de comunicação. Nessa geração existe a possibilidade
de uso de mais uma rede LAN; com isso, é possível que as estações que formam o sistema Scada
diferentes.
Já a quarta e última geração, por enquanto, é considerada a partir de 2010. Essa geração é
conhecida como Internet of Things, e tem como principal característica a computação em nuvem. O
uso da computação em nuvem diminui custos com infraestrutura física e ainda garante maior
segurança, além de permitir a integração entre dispositivos de diferente fabricantes. A seguir, vamos
Quando falamos em arquitetura de sistemas supervisórios, estamos nos referindo a como são
dispostos os equipamentos físicos presente na planta, além do tipo de interligação aplicada a eles.
Para ser considerada uma arquitetura de sistema Scada, a configuração deve atender alguns
critérios de desempenho de acordo com os dispositivos. Para sensores e comandos, temos as
seguintes exigências:
A seguir, vamos tratar com mais detalhes de cada tipo de arquitetura que mencionamos
anteriormente.
A arquitetura Scada com CLP é utilizada em aplicações cujo sistema de automação está
distribuído geograficamente, porém o processamento é local. Pode ser empregado um CLP do tipo
modular ou compacto, o modelo dependerá da aplicação. A Figura 2 ilustra uma representação para
essa arquitetura, por meio da qual podemos perceber que o CLP realiza o interfaceamento de
comunicação com os sensores e atuadores para obtenção de dados da planta ou então para envio de
comandos. Por meio de um sistema Scada, o operador pode monitorar e intervir no sistema
automatizado, sendo que o CLP será responsável pelo envio dos comandos do operador ao sistema
controlado.
Existe ainda a possibilidade de implementar esse tipo de arquitetura de três modos distintos,
são enviadas para o CLP por meio cabeado, sendo o CLP responsável pela interface com o
sistema supervisório. Esse tipo de arquitetura não é muito flexível quanto à inserção de novos
sensores ou atuadores, pois exige a adição de uma infraestrutura para a comunicação cabeada.
remotos são montados próximos aos pontos de medição e atuação. Além disso, esses módulos
se comunicam com a central por meio de uma rede que interliga não só os dispositivos de
campo como o CLP, sendo possível a inclusão de mais de um CLP nessa rede, descentralizando
Na arquitetura Scada com barramento fieldbus existe uma rede que conecta todos os
dispositivos e pode ser tanto de protocolo aberto quanto fechado. Seu funcionamento é parecido
com a arquitetura Scada com CLP com rede de comunicação, sendo os dispositivos de controle,
equipamentos de campo como sensores e atuadores, todos conectados por meio da rede fieldbus,
sendo possibilitados o acesso aos dados e a troca de informações. A Figura 3 apresenta um exemplo
dessa arquitetura. Por meio da análise da figura, podemos observar que equipamento que empregam
diferentes protocolos são empregados no meu sistema, por exemplo, temos equipamento utilizando
tipos diferentes de protocolos, como o Hart e o MODBUS, dependendo somente da compatibilidade
dos dispositivos, portanto, essa arquitetura se torna bem versátil e flexível. Nos próximos tópicos,
falaremos sobre as redes industriais, e assim será possível entender melhor sobre esses termos
relacionados a protocolos de comunicação que estamos tratando.
sobre as malhas de controle da planta, sendo assim, ocorre o controle automático de operações,
sendo possível a implementação de topologias de controle proporcional integral derivativo (PID), por
exemplo. Quando estamos nos referindo a um sistema singleloop, temos que existe o controle de
apenas uma operação ou malha, enquanto no sistema multiloop ocorre o controle de diversas malhas
de controle, como se fosse uma junção de diferentes sistemas singleloop.
realização de medições a todo instante, pois a parada da estação resulta em interrupção do controle.
Entender sobre os componentes de hardware e software é muito importante, visto que esses
elementos são vitais para ao funcionamento de uma planta industrial. Para que tanto o sistema
microcomputador industrial; e
drivers de comunicação.
sistema de relatórios.
a implantação do sistema, ele funcione como esperado. Para que sejam escolhidos os equipamentos
a serem empregados no sistema, precisamos começar com uma avaliação sistemática, assim, será
possível entender melhor o processo. Alguns pontos precisam ser avaliados na ocasião do projeto do
sistema, como:
A partir desses critérios, podemos definir a arquitetura da rede de comunicação que será
empregada na planta. Ainda, conforme Santos (2014), uma das formas mais indicadas para a
arquitetura de rede é dividir a comunicação em duas redes, sendo uma dedicada à transmissão de
informações e outra para o controle de variáveis.
capaz de evitar um problema frequente nas redes industriais, que é o consumo de banda de rede, ou
seja, ele é capaz de limitar o número de requisições na rede por tipo de dispositivo ou por camada
de rede, sendo assim, evita a formação de gargalos no envio e tratamento de informações.
Outro ponto a ser avaliado é o sistema operacional, sendo possível definir este como a interface
entre o dispositivo de controle e o usuário. Existem diferentes sistemas operacionais disponíveis,
Windows. Isso porque essa é a plataforma mais empregada a nível global e mantém atualizações
Outra possibilidade é a plataforma Linux, que também é vastamente empregada a nível mundial,
além de oferecer suporte. Entretanto, precisamos mencionar que a quantidade de fabricantes que
priorizam o uso desse sistema operacional é consideravelmente menor que os que empregam o
Um dos grandes desafios da automação industrial, quando nos referimos à comunicação, era a
compatibilidade entre os sistemas. Isso ocorria porque cada equipamento empregado no sistema
automatizado normalmente era de um fabricante, e este possuía suas características e seus
protocolos de comunicação; normalmente eram proprietários, o que aumentava a complexidade da
situação.
assim, para cada equipamento oriundo de diferentes fabricantes, era necessária a utilização de um
driver. A Figura 4 ilustra um exemplo da situação que descrevemos, em que um sistema faz o uso de
três diferentes drivers de comunicação para que possa ocorrer a troca de dados entre os dispositivos
de três fabricantes diferentes, pois cada um deles possui um protocolo proprietário de comunicação
diferente. Por isso, o desenvolvimento de uma tecnologia que alterasse essa situação sempre foi
equipamentos
Fonte: Santos, 2014.
Sendo assim, a partir dessas tecnologias, foi possível a comunicação de equipamentos entre si
por meio de uma mesma rede de comunicação. Além disso, vale mencionar que essas tecnologias
tiveram uma ótima aceitação, o que fez com que os principais fabricantes de software e hardware
possam se comunicar entre si. Isso trouxe inúmeras vantagens, sendo a principal delas a possibilidade
devem ser realizadas para que ao final do desenvolvimento do sistema não ocorram problemas com
o funcionamento.
plataformas e dispositivos diferentes, caso não seja pensado de maneira estratégica, isso pode trazer
complicações para a planta. Por isso, é importante que ocorra uma padronização de informações e
para tal.
torna mais confiável para os intermediários. Além disso, ela é capaz de reduzir o tempo de
diagnóstico em caso de falhas. Nesse sentido, para uma correta padronização do sistema de
supervisão, é necessário ocorrer um alinhamento entre os dispositivos, como os sensores, atuadores,
controladores e próprio sistema Scada. Conforme discutido por Santos (2014), existem regras
internacionais que acabam auxiliando nesse processo de padronização, isso porque a maioria dos
fabricantes seguem essas regras. Entre as principais delas, podemos citar a norma IEC 61131 que
padronizou o controlador lógico programável, conforme já discutimos, e o próprio padrão OPC que
acabamos de discutir, responsável pela padronização da comunicação entre o sistema supervisório e
os controladores.
fundamental avaliar a padronização dos processos executados pelos operadores e a planta industrial.
Isso porque podemos dizer que a cultura organizacional influencia diretamente na questão da
aceitação da padronização e o andamento de todo o funcionamento da planta.
Para a especificação de um sistema Scada, é necessário avaliar também os requisitos que esse
sistema possui. Esses requisitos serão fundamentais para o correto funcionamento do sistema. Entre
necessários e as ações que devem ser executadas. Para isso, é preciso realizar pesquisas de mercado
sobre os diferentes tipos de sistemas oferecidos, avaliando, por exemplo, o padrão de comunicação,
ocorre esse tipo de padronização, o acesso aos dados e à programação do sistema é facilitado
(Santos, 2014).
automatizado. Sendo assim, vamos agora dedicar nossos estudos a respeito das redes industriais,
que são as responsáveis pela troca de comunicação dentro da planta industrial. Podemos começar
pela análise dos sistemas sem o uso das redes, o que os tornaria muito menos robustos e
seria difícil e mais custoso, sob o ponto de vista financeiro. Dessa forma, temos que o
desenvolvimento de uma estrutura de comunicação dentro da planta industrial traz diversos
benefícios, como:
Uma maneira de analisar os elementos da rede industrial pode ser comparada com a sua
especificação, isso porque, para especificar uma rede desse tipo, é necessário conhecer os elementos
dos tipos de redes e avaliar as necessidades da aplicação. Por isso, vamos dividir nosso tema entre os
elementos considerados na especificação das redes industriais, que segundo Moraes (2010), são:
taxa de transmissão – pode ser definida como a média de dados que serão transmitidos por
método de acesso ao meio – algoritmo que será utilizado pelos pontos de comunicação para
acessar ou disponibilizar os dados na rede.
Nas seguintes seções, abordaremos cada item descrito anteriormente em detalhes.
Uma forma de classificar as redes industriais é considerando o tamanho e o tipo de dado que
trafegam por ela. Sendo assim, é comum o emprego das seguintes unidades na troca de
informações: bits, bytes ou maiores como string e packets. Adotando como critério o tipo de dado
transmitido, podemos classificar as redes industriais da seguinte maneira:
As redes do tipo devicebus também podem ser consideradas como redes de chão de fábrica,
porém elas possuem a capacidade de transmitir dados em nível de bytes. Além disso, costumam
cobrir distâncias maiores e transmitir informações mais complexas, como dados analógicos e
discretos.
E, por fim, temos as redes do tipo fieldbus, as quais também podem atuar no chão de fábrica,
porém com a intenção de coletar e distribuir dados para os sensores e atuadores. Essas redes são
caracterizadas pelo uso de IHMs e consoles de gerenciamento, como o sistema Scada que acabamos
de estudar.
Quanto à transmissão de dados nas redes industriais, temos que essa depende de cabeamento,
sendo que este depende ainda da quantidade de cabos ou de condutores necessários para garantir o
fluxo de dados (Forouzan, 2006). Nesse contexto, temos duas possibilidades para a transmissão de
dados.
serial – nesse tipo de transmissão ocorre o envio de um bit por vez, formando uma espécie de
fila. Nesse formato de transmissão, é necessário apenas um caminho para a transmissão, o que
reduz os custos com o meio de transmissão, porém, tanto o envio como a recepção dos dados
nos dispositivos ocorrem de forma paralela, sendo necessário, portanto, o uso de conversores
envio de dados ocorre em maior velocidade, porém o custo de implantação é mais caro devido
Outro ponto importante da transmissão é o padrão de rede, o qual pode ser aberto ou fechado.
Para o padrão aberto temos que a tecnologia tem protocolo e tecnologia aberta, também chamada
de open source, e consiste que todo o desenvolvimento realizado pelos fabricantes é documentado e
sofre constantes melhorias. Nas redes de padrão aberto é comum o conceito de interoperabilidade e
portabilidade, sendo possível definir interoperabilidade como a capacidade de comunicação de
aberto.
A topologia de rede e os meios de transmissão são critérios que precisam ser avaliados no
projeto de uma rede industrial. Sendo assim, vamos discutir sobre as possibilidades para esses
aspectos.
Quando falamos em topologia de rede, estamos nos referindo à forma como dispositivos são
conectados na rede, sendo que existem diferentes possibilidades para tal, como as topologias: anel,
estrela e barramento.
A topologia em anel consiste em uma arquitetura ponto a ponto, na qual os dispositivos são
conectados entre si, sendo que o último dispositivo é conectado ao primeiro fechando o ciclo. A
grande desvantagem desse tipo de arquitetura é a necessidade de parar a comunicação caso seja
necessário realizar qualquer tipo de alteração na rede, como a inserção de um novo dispositivo.
Porém, a vantagem está no fato de a ocorrência de falhas ser menor nesse tipo de topologia, isso
porque se o sinal trafegar por ambos os lados do anel e ocorrer problema com um ponto da rede, as
Outro tipo de topologia é a em estrela, que é um sistema centralizado que pode vir a se tornar
um sistema descentralizado à medida que inserimos mais nós-estrela na rede. É comum o emprego
de processadores centrais redundantes nessa topologia, isso para evitar que ocorra a perda de nós
de dispositivos na ocorrência de falhas na unidade central.
E, por fim, temos a topologia em barramento, a qual possui como principal característica o
compartilhamento do meio físico de comunicação pelos equipamentos que a formam. Podemos dizer
que essa topologia é a mais utilizada, tanto em redes industriais quanto em redes de computadores,
pois caso ocorra algum tipo de falha com um dos dispositivos, não é perdida a comunicação entre os
demais. Outra vantagem dessa topologia está na capacidade de expansão do sistema, sendo possível
ligar um novo dispositivo em qualquer parte do barramento. Além do tipo de topologia, é necessário
avaliar o tipo do meio de transmissão que será adotado para a rede a ser especificada, por isso, na
Quando falamos em meios físicos de transmissão estamos nos referindo ao caminho pelo qual a
informação irá trafegar para chegar aos dispositivos da rede. É um ponto muito importante no
projeto da rede industrial, pois ele está diretamente relacionado com o tipo de informação e com os
custos de implantação do sistema. Podemos citar como exemplos de meios de transmissão os fios de
cobre, a fibra óptica e os meios sem fios, também chamados de wireless.
Os fios de cobre são os mais comuns quando se trata de transmissão de dados em uma rede
industrial, porém são necessários alguns cuidados quanto ao seu uso, principalmente pelo fato de
par trançado.
A transmissão no cabo coaxial ocorre por meio de um único fio, este é rígido e de cobre, envolto
por uma película plástica, uma malha elétrica e, por fim, uma capa externa. A vantagem desse
cabeamento é que ele pode ser empregado em longas distâncias e normalmente é empregado na
topologia do tipo barramento. Por outro lado, tem como desvantagem sua manipulação, uma vez
O cabo do tipo par trançado pode ser não blindado, do inglês unshielded twisted pair (UTP), ou
par trançado blindado, do inglês shielded twisted pair (STP). Em ambos os casos, o cabo possui quatro
pares de vias de cobre rígidas, as quais são protegidas por uma capa fina de plástico, sendo que os
pares são retorcidos e envoltos por uma película externa, também de plástico. Ainda, vale mencionar
que a principal diferença entre o cabo UTP e o STP é uma fina película de alumínio que o cabo STP
possui, sendo que essa tem como função a proteção contra interferência eletromagnética.
Outra possibilidade de cabeamento é a fibra óptica, que podemos dizer que se trata de um meio
de transmissão mais atual. Esse tipo de cabeamento conta com um núcleo de vidro ou plástico,
envolto por uma capa plástica. Dentro desse núcleo, as informações são transmitidas por meio de luz,
Além dos meios que já discutimos, existem os meios sem fios, os quais ainda não são muito
utilizados em ambiente industrial, pois a indústria tende a preferir os meios cabeados. Entretanto,
podemos citar como exemplos de meios sem fios as tecnologias: Wi-Fi, Zigbee e Z-wave.
O método de acesso ao meio se refere a como os nós que pertencem a uma rede industrial
acessam as informações da rede, sendo os métodos mais comuns: CSMA/CD, Token Passing e Polling.
O método CSMA/CD, sigla para o termo em inglês Carrier Sense Multiple Access/Colision
Detection, consiste no envio de dados por parte dos dispositivos sempre que estes detectam que o
canal está disponível. Quando dois dispositivos tentam enviar dados simultaneamente ocorre uma
colisão, sendo, então, necessário que um deles aguarde e comece a transmitir novamente após um
intervalo de tempo aleatório.
Outra possibilidade para o método de acesso ao meio é o Token Passing, o qual é empregado na
topologia em anel. Podemos descrever o funcionamento desse método como uma rede na qual
circula uma ficha, a qual chamamos de token, sendo que um dispositivo só poderá transmitir dados
quando esse estiver de posse do token. Quando o dispositivo finaliza o envio de dados, ele libera o
token que volta a circular na rede, permitindo que outro dispositivo realize a transmissão.
E como último método de acesso ao meio que vamos discutir, temos o Polling, que consiste em
Quanto aos padrões de interface, temos que esses são necessários para que os sistemas possam
Tomando como base os conhecimentos que obtivemos no tópico anterior a respeito das redes
industriais, vamos, neste tópico, explorar alguns exemplos de redes industriais. Para tal, vamos dividir
nossa análise em três exemplos de redes industriais, sendo que esses compreendem os três tipos de
redes que discutimos no tópico anterior. Começaremos pelo estudo de uma rede sensorbus, na
sequência uma rede tipo devicebus e finalizaremos com uma rede tipo fieldbus.
A primeira rede industrial que vamos abordar é a AS-Interface ou ASi como também é
conhecida. Essa rede surgiu em 1990 devido à necessidade de que alguns fabricantes sentiram de
tornar seus dispositivos compatíveis. Nesse contexto, surgiu a AS-International Association, que
Essa rede é baseada no sistema mestre-escravo, sendo que o único mestre existente na rede
controla os equipamentos de campo, que são denominados escravos. Além disso, precisamos
mencionar que essa rede foi desenvolvida para suprir a necessidade de comunicação entre os
fornece uma espécie de proteção contra inversão de polaridade. Outra característica desse cabo é
que ele é autocicatrizante, ou seja, após o dispositivo de campo ser removido do laço, ocorre a
regeneração do local onde ele estava alocado. A Figura 5 ilustra uma representação para o cabo
Ainda, podemos mencionar que um dispositivo pode ser inserido ou retirado da rede sem que
ocorra a necessidade de desligá-la; sendo assim, não ocorre a interrupção da comunicação para isso.
Devido à essa característica de fácil inserção e remoção de dispositivos, essa rede ajuda na medição
posteriormente adquirida pela Rockwell Automation. Essa rede é considerada uma das mais robustas
das redes tipos sensorbus, sendo possível a transmissão de informações de mais do que bits de
status. Ela é capaz de transmitir informações mais complexas como as oriundas de medidores de
campo.
A DeviceNet emprega a topologia tronco com derivações, sendo essa formada por uma linha
central de conexão com terminadores, além de derivações em seu percurso. Nessa rede, o padrão é
alimentar seus dispositivos pelo loop de comunicação; sendo assim, o manejo de cabeamento fica
facilitado. Porém, existe uma limitação quanto a nós e à distância, sendo possível apenas utilizar 64
nós e quanto à distância temos que ela está relacionada com a velocidade de transmissão de dados,
por isso, quanto mais próximos forem os dispositivos da rede, maior será a velocidade de
transmissão.
As redes do tipo fieldbus são destinadas à transmissão de dados maiores que bytes, e o exemplo
desse tipo de rede que abordaremos é o protocolo Hart. Esse protocolo foi desenvolvido na década
Esse protocolo trouxe um avanço inovador, pois permitiu a transmissão de dados analógicos e
digitais no mesmo sinal, fazendo uma sobreposição de sinais. Portanto, o protocolo Hart possui pelo
menos dois canais de comunicação simultâneos, sendo um deles destinado ao sinal digital e outro
destinado a um sinal analógico de 4-20 mA. Sendo assim, podemos dizer que um de seus canais é
digital e o outro é analógico para sinais de 4-20 mA. A Figura 6 apresenta uma representação de um
sinal transmitido em protocolo Hart, por meio da qual podemos verificar que estão sendo
representada pelo nível lógico 1. O sinal analógico representa a variável medida pelo sensor, como
um valor de temperatura, enquanto o sinal digital é dedicado às variáveis auxiliares, como o status do
Devido aos fatores apresentados sobre o protocolo Hart, podemos concluir que ele vem sendo
cada vez mais empregado nas plantas industriais, devido às suas características e vantagens.
FINALIZANDO
Durante esta etapa, pudemos verificar os conceitos que envolvem os sistemas supervisórios e as
verificar o quão importantes os sistemas Scada são, o monitoramento e o controle das plantas
industriais, além das funcionalidades adicionais que auxiliam desde a gestão da produção como os
Porém, verificamos que a implantação dos sistemas Scada só foi possível por meio do
desenvolvimento de meios para transmissão de dados entre os diversos dispositivos que compõem
Vimos, também, que as redes industriais possuem uma série de características que devem ser
atendidas durante o seu projeto, pois esses fatores influenciam diretamente no funcionamento da
rede e na troca de informações entre os dispositivos. Portanto, os elementos que estudamos nesta
REFERÊNCIAS
AS – Interface rubber flat cable. Nexans Deustschland GmbH. Disponível em:
<https://www.nexans-cryogenics.com/eservice/Germany-
en/navigate_343436/AS_INTERFACE_RUBBER_FLAT_CABLE.html#>. Acesso em: 20 abr. 2022.
MORAES, C. C. de. Engenharia de automação industrial. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015.