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AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL E
ROBÓTICA
AULA 2
construir uma máquina que tivesse capacidade de realizar as atividades humanas sempre foi o sonho
da humanidade. Com a evolução da tecnologia, os robôs têm se tornado cada vez mais capazes de
daqueles robôs que aparecem em filmes de ficção científica dominando o mundo, eles podem ser
evolução, arquitetura e diversos outros aspectos importantes sobre seu funcionamento e operação.
Também abordaremos, nesta etapa, uma tecnologia muito empregada para a automação de
máquinas ferramentas, que é o controle numérico. Vamos discutir sobre as características destes
sistemas, como funcionam, além de distinguir as diferenças entre controle numérico, controle
numérico computadorizado (CNC) e controle numérico distribuído.
Por fim, finalizaremos nossa etapa discutindo a respeito dos comandos elétricos, que são uma
forma de automação rígida, que deu origem aos sistemas envolvendo os controladores lógicos
programáveis, os quais estudaremos em conteúdo posterior. Estes sistemas também são importantes
quando falamos de acionamento de motores elétricos e outros tipos de atuadores. Sendo assim, o
conhecimento sobre comandos elétricos servirá de base para a compreensão de outros assuntos que
tarefas com precisão e de maneira eficiente, o que em alguns casos não é possível quando estas são
realizadas por seres humanos. Neste contexto, é necessário desenvolver equipamentos capazes de
realizar atividades com tais características, para que os processos se tornem mais eficientes e sejam
melhor executados. Ainda, precisamos pensar nas atividades que precisam ser realizadas, porém
oferecem grandes riscos à saúde ou à integridade humana, como operações no fundo do mar ou em
meio à imensidão do espaço. Sendo assim, a substituição da atuação dos humanos por máquinas
neste tipo de ambiente é fundamental para evitar risco à vida humana (Rosário, 2005). E é justamente
neste cenário, que vive em crescente demanda, que surgem os robôs. Mesmo chamando-os de robôs
industriais, precisamos lembrar que eles estão cada vez mais presentes no dia a dia das pessoas,
ocupando lugar em diversas áreas além da indústria.
A vontade de criar uma máquina capaz de substituir a mão de obra humana já era objeto de
estudos desde o início das primeiras civilizações. Sabe-se que a palavra robô tem origem na palavra
tcheca robotnik, que significa servo. Além disso, o primeiro a utilizar o termo foi Karel Capek, em
1923, e trazia o conceito de robô como um “homem mecânico” (Rosário, 2005). Porém, a idealização
de construção de robôs só passou a ter mais força devido às necessidades das indústrias de tornar os
Assim como vemos nos filmes de ficção científica, a humanidade sempre teme que os robôs
passem a pensar por si e resolvam tomar o poder sobre a vida humana. Embora seja possível apenas
no mundo da ficção, isso fez com que as pessoas se precavessem em relação ao assunto. Sendo
assim, em 1940, o escritor russo-americano Isaac Asimov escreveu as três leis fundamentais da
robótica, que visam garantir a segurança de todos em relação aos robôs, principalmente evitando
possíveis danos que estes possam causar aos seres humanos. Estas leis são:
1ª Lei: um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano
seja ferido;
2ª Lei: um robô deve obedecer às ordens dadas por seres humanos, exceto quando isso
3ª Lei: um robô deve proteger sua própria existência, a menos que isso conflite com a primeira
apresentaram ao mercado o que ficou conhecido como o primeiro robô industrial, que foi chamado
de Unimate (Santos, 2015).
Podemos dizer que os primeiros robôs industriais eram muito simples, além de não possuírem
capacidade de sensoriamento para controle de suas ações e serem extremamente dependentes da
intervenção humana nos casos em que ocorriam situações que não estavam projetadas. Além disso,
possuíam altos custos, o que fazia com que não fossem tão atrativos para as indústrias. Contudo,
devido à evolução da microeletrônica e ao surgimento de novas tecnologias, ocorreu uma
considerável redução de custos destes dispositivos, favorecendo assim o crescimento deles nas
indústrias.
Existem diversas vantagens associadas ao uso dos robôs industriais, como aumento da qualidade
impacto social geral pela substituição de postos de trabalho e os altos custos de instalação.
Um robô industrial pode ser definido como um braço mecânico motorizado com características
antropomórficas, ou seja, que possui semelhança com a forma humana. Ainda, este braço robótico é
Segunda a definição da International Organization for Standardization (ISO), por meio da ISO
10218-1, o robô industrial é considerado uma máquina com vários graus de liberdade, com a
capacidade de manipular objetos e ferramentas, contando com possibilidade de reprogramação, para
Tomando como base a definição da ISO, podemos concluir que os robôs industriais são
indicados para sistemas de automação programável e/ou flexível, conceitos que estudamos em
seis partes principais, sendo estas: base fixa, braço articulado, efetuador final, unidade de controle,
dispositivo de programação e fonte de energia. Ao longo desta etapa, discutiremos todos estes
elementos, mas vamos começar pelos elementos básicos, que são: base fixa, braço articulado e
efetuador final.
A Figura 1 traz uma representação dos elementos de um robô industrial, na qual é possível ver a
base, que é fixa e responsável pela estabilidade do dispositivo; o braço articulado, formado
basicamente pelos elos e articulações; além do efetuador final, que sempre fica na ponta do braço
articulado. Basicamente, dividiremos a estrutura do robô em duas partes, que serão nossos focos de
estudo: o braço articulado, cujos elementos discutiremos agora; e o efetuador final, que na Figura 1
está representado por um ponto de interrogação, pois no próximo tópico, veremos que ele pode
apresentar diversas formas, dependendo da aplicação na qual o robô será empregado. Falaremos a
seguir a respeito dos tipos de articulações e como elas interferem no funcionamento e na atuação do
robô industrial, pois conforme combinamos diferentes tipos de articulações, vamos formando
das articulações. Se fizermos uma analogia ao corpo humano, as articulações possuem a mesma
função: garantir a execução de movimentos entre dois membros da estrutura (Groover, 2011).
Basicamente, podemos dizer que uma articulação corresponde a um grau de liberdade do robô,
sendo assim, quanto mais articulações um robô possui, mais graus de liberdade ele terá.
uma forma de classificar as articulações é por meio do movimento que elas executam. Os
movimentos podem ser de dois tipos, de translação ou rotativos, sendo que dependendo da posição
do elo de saída em relação ao elo de entrada, assumirão classificações diferentes. A Figura 2 ilustra os
cinco tipos de articulações presentes nos robôs industriais. A seguir vamos identificar as
características destes tipos de articulações.
Articulação linear (tipo L): trata-se de uma articulação com movimento de deslizamento
translacional relativo entre o elo de entrada e o elo de saída, sendo que os dois elos se
deslizamento translacional relativo entre os dois elos, porém, agora os dois elos são
Articulação rotacional (tipo R): nesta articulação, ocorre um movimento rotacional relativo,
sendo o eixo deste movimento perpendicular em relação aos elos de entrada e saída (Figura 2
(c)).
Articulação de torção (tipo T): neste caso, também ocorre um movimento rotacional relativo,
porém, o eixo de rotação se encontra paralelo aos elos de entrada e saída (Figura 2 (s)).
Articulação rotativa (tipo V): nesta articulação, o eixo do elo de entrada é paralelo ao eixo de
rotação dela, enquanto o eixo do elo de saída é perpendicular ao eixo de rotação, porém, o
movimentos, devem receber um acionamento sobre elas. Este acionamento por sua vez vai depender
da fonte de energia adotada, que pode ser: elétrica, pneumática ou hidráulica. Ainda, existe a
possibilidade de instalar o acionamento diretamente na junta, o que melhora o controle. Porém,
existe a desvantagem de aumentar o peso do braço robótico em alguns casos. Sendo assim, também
é possível instalar o acionamento na base do robô e transmitir o movimento para as articulações,
implementando o acionamento indireto, que claro possui perdas relacionadas à transmissão, mas
não interfere no peso e na capacidade de movimentação do braço robótico.
Dependendo da combinação dos tipos de juntas que acabamos de estudar, são formadas as
configurações de robôs industriais. Neste contexto, a seguir abordaremos as configurações comuns
Conforme discutido por Santos (2015), usualmente, os robôs industriais são classificados pelos
tipos de juntas ou, mais precisamente, pela configuração das juntas que formam o seu sistema de
articulação. Além disso, esta classificação é útil para categorizar algumas características, como:
A primeira configuração que discutiremos é a polar, a qual está representada na Figura 3. Trata-
rotação tanto em torno do eixo vertical (articulação T) quanto ao redor do eixo horizontal (articulação
R).
Outra configuração possível é a cilíndrica, que está representada na Figura 4. Apesar de nesta
existe uma coluna vertical na qual um conjunto de braço é movido para cima ou para baixo
(articulação L). Além disso, este braço pode ser movido tanto para dentro quanto para fora em
relação com o eixo da coluna (articulação O). Ainda, existe a possibilidade de rotacionar a coluna em
Na configuração cartesiana, o robô é formado por duas juntas tipo O e uma junta tipo L, sendo
que os movimentos executados são todos translacionais. Além disso, é chamado de robô cartesiano
orientação angular.
podemos comparar sua configuração com a mesma do braço humano. Trata-se de um braço
articulado constituído por uma coluna que rotaciona em torno da base empregando uma articulação
T. No topo da coluna existe uma articulação de ombro, cujo elo de saída conecta-se a uma
articulação de cotovelo, por meio de uma articulação R. Ainda, existe a possibilidade de implementar
Por fim, temos a configuração SCARA, que se trata de um acrônimo para Selective Compliance
Assembly Robot Arm, que significa braço robótico para montagem com flexibilidade seletiva, o qual é
apresentado na Figura 7. Podemos dizer que esta configuração é similar ao robô articulado, com
exceção dos eixos rotacionais de ombro e cotovelo, os quais são substituídos por verticais. Isso torna
o robô mais rígido na direção vertical, porém flexível na direção horizontal, o que gera vantagens
trataremos a seguir.
efetuador final, podendo assumir dois ou três graus de liberdade. Usualmente, cada grau de
liberdade está associado a uma articulação, sendo que para uma configuração com três graus de
Passaremos agora a estudar as aplicações dos robôs industriais e suas formas de programação,
porém, antes de discutirmos sobre suas aplicações, é necessário entender o que é o efetuador final.
No tópico anterior, vimos por meio da Figura 1 que existe um elemento posicionado na ponta do
braço robótico, e este elemento é o efetuador final. Conforme a aplicação do robô, teremos um tipo
de efetuador diferente, por isso, começaremos este tópico com o estudo sobre os tipos de
efetuadores.
2.1 EFETUADORES
Assim como existem diversos tipos de tarefas que podem ser executadas por um robô industrial,
também existem diversos tipos de efetuadores. Entretanto, uma classificação comum a ser adotada
para estes elementos é quanto ao tipo de aplicação na qual o robô será aplicado. Sendo assim, os
robôs destinados a aplicações de manuseio de material são equipados com garras, enquanto os
robôs aplicados no processamento de material são equipados com ferramentas. Sendo assim,
podemos classificá-los como efetuadores do tipo garra ou do tipo ferramenta:
Efetuadores tipo garra: são destinados à manipulação de materiais, e como existem muitos
tipos de materiais na indústria, são necessários diferentes tipos de garras para atuar na
ser necessários para os processamentos realizados dentro de uma planta industrial. São
exemplos: pistolas de soldagem, pistolas de pintura pulverizada, brocas empregadas em
Agora que vimos quais as possibilidades para os efetuadores, podemos entender melhor as
Quando falamos nas aplicações dos robôs industriais, precisamos ter em mente que elas podem
ser as mais variadas possíveis, porém, vamos classificá-las em dois grandes grupos: operações de
operações que envolvam precisão, que ofereçam riscos à integridade ou à saúde dos seres humanos,
de peças ou materiais de uma posição para outra. Para isso, são empregados efetuadores do tipo
garra, que acabamos de estudar.
Estas garras são projetadas considerando as características da peça a ser manipulada, como o
tamanho e o tipo de material que a compõem. Ainda, segundo Groover (2011), é possível subdividir
as aplicações de manipulação em: transferência de materiais e carga/descarga de uma máquina.
Quando falamos de transferência de material, estamos nos referindo a pegar uma peça de
determinado lugar e reposicioná-la em outro. Esta operação é considerada simples e pode ser
implementada com o uso de um robô de sequência limitada, por exemplo. Entretanto, existem
dispor os objetos sobre o palete. Além da paletização, também são comuns as operações de
despaletização e empilhamento, as quais exigem robôs mais robustos e com melhor precisão.
Além das operações que já mencionamos, existem as que envolvem carga e/ou descarga de
máquinas, as quais podem ser:
Carga de máquinas: nesta operação, o robô é responsável por carregar as peças para dentro da
máquina, sendo a retirada da peça realizada de outra maneira.
peça bruta, feito pelo robô. Quando o processamento é finalizado, o mesmo robô realiza o
descarregamento da máquina. Portanto, tanto a carga quanto a descarga são realizadas pelo
robô industrial.
Outro grupo de operações são as de processamento de materiais, que podemos definir como
todas aquelas nas quais o robô executa um procedimento de processamento na peça ou material,
como: soldagem, furação ou fresamento. Nestas aplicações, se faz necessário que o robô seja
equipado com uma ferramenta em seu efetuador, e não uma garra como nas aplicações que
discutimos anteriormente.
Além disso, neste tipo de operação, o robô é responsável pela operação da ferramenta,
executando assim um determinado ciclo de trabalho. Neste contexto, pode acontecer de o robô
precisar empregar mais de uma ferramenta na operação, portanto, as ferramentas dele podem ser
substituídas para as demais etapas do processo. Também é importante ressaltar que um robô que
tenha sido projetado inicialmente para uma aplicação de manuseio de material pode ser alterado,
como substituindo sua garra por uma ferramenta, por exemplo, sendo assim empregado em outra
aplicação — de processamento, no caso. O contrário também é válido, ou seja, podemos reaproveitar
um robô que era empregado no processamento de materiais em aplicações de manuseio, apenas
realizando algumas mudanças em sua estrutura.
Além das mudanças na estrutura, os robôs industriais podem ser reprogramados para operar em
diferentes processos. Isso os transforma em formas de automação programável, a qual tem ganhado
espaço nas plantas industriais ao longo dos anos, devido à sua flexibilidade. A seguir, falaremos a
respeito da programação dos robôs industriais, a qual se torna importante tanto para a implantação
de um robô em um processo quanto para o reaproveitamento deste em outras aplicações.
Conforme já discutimos, por meio da reprogramação dos robôs industriais, é possível aplicá-los
em outras operações, o que traz mais flexibilidade a eles. Tanto para um robô que será utilizado pela
primeira vez na indústria quanto para um que está sendo reaproveitado, é necessário realizar sua
programação. É por meio da sua programação que enviaremos os comandos necessários para que
ele saiba executar as operações que devem ser realizadas, ou seja, por meio da sua programação que
é informado ao robô o programa de instruções. Além disso, segundo Rosário (2015), é fundamental
realizar a programação dos robôs sem a necessidade de interrupção do ciclo de operação na qual
A capacidade de se adaptar a novas funções e novas linhas de produção automatizadas pode ser
considerada uma das grandes vantagens dos robôs industriais, uma vez que mesmo que o custo da
aquisição dele seja mais elevado do que outras tecnologias, existe essa possibilidade de
reaproveitamento.
Podemos pensar que se consideramos uma gama de possíveis movimentos que um robô pode
executar aliado à possibilidade de reprogramação, podemos empregar este dispositivo na maioria
dos processos dentro de uma planta industrial (Trostmann, 1992).
Ademais, conforme Santos (2015), podemos dividir a programação dos robôs industriais em:
para que o sistema armazene as coordenadas dos movimentos que serão realizados no
processo.
Indireta: na programação indireta, o manipulador não precisa ser utilizado, pois todo o
processo de programação é implementado em outro dispositivo, e na sequência, o programa
de instruções é transferido para o robô.
O uso do método direto vem diminuindo ao longo dos anos, pois exige que o processo seja
interrompido, retirando o robô da operação para realizar sua programação, o que gera custos, pois
enquanto ele está sendo programado, não pode continuar operando. Aliado a este fato, se
considerarmos as aplicações dos robôs industriais em ambientes insalubres, também não é seguro
nem vantajoso realizar a programação deles de maneira direta, por isso, os métodos indiretos vêm se
de instruções que serão enviados ao robô. Por meio destas linguagens, se torna possível o
desenvolvimento de programas mais complexos e que envolvem também decisões lógicas. O grande
controladores lógicos programáveis que estudaremos em conteúdo posterior, ainda não existem
linguagens padrões. Logo, cada fabricante desenvolve sua linguagem de programação para ser
utilizada em seus robôs. A seguir, vamos discutir a programação guiada e a programação offline.
considerada como uma aprendizagem ponto a ponto por parte do robô. Neste tipo de programação,
o robô é ensinado por meio da movimentação de seu manipulador, ou seja, a cada movimento que é
realizado por ele, é necessário gravar a posição em sua memória. Sendo assim, ao final da
programação, o robô saberá a sequência de movimentos que ele precisará executar para a realização
da operação.
A vantagem deste tipo de programação é que o operador não precisa de conhecimentos sobre
Por outro lado, quando falamos na programação offline, temos que o todo o processo de
programação é realizado por meio de software. Isso permite que o processo de programação seja
Por mais que neste caso seja necessário o conhecimento da linguagem de programação adotada
para o robô em questão, existem outras vantagens, como a simulação do programa de instruções
desenvolvido, com a intenção de avaliar o funcionamento, podendo corrigir possíveis erros antes
mesmo do programa ser transferido para o robô. Sendo assim, é empregada a simulação gráfica para
validar os programas, e não existe necessidade de parada do robô para testes, além de diminuir a
probabilidade de erros durante o processo a ser executado por ele.
Para falarmos de controle numérico (CN), primeiramente precisamos definir o que é esta
tecnologia. Por isso, vamos apresentá-la como uma forma de automação programável empregando
máquinas-ferramentas. Porém, o termo máquina-ferramenta pode não ser tão familiar assim, logo, é
responsável por executar operações de processamento sobre peças com a intenção de construí-las
com um programa de instruções formado por caracteres alfanuméricos, podemos então classificá-la
como controle numérico.
Definindo então controle numérico como uma forma de automação para máquinas-ferramentas
e outros equipamentos, temos que esta tecnologia pode ser aplicada a uma gama de processos.
Porém, podemos dividir suas aplicações em duas categorias: aplicações de usinagem e aplicações
cabeçote é controlado pelas instruções definidas no programa alfanumérico, que contém as posições
que este deverá operar.
Sendo assim, podemos dizer que o cabeçote possui uma ferramenta ou outro equipamento
necessário para realizar uma operação sobre a peça que será processada. Existe ainda a possibilidade
de alterar o programa de instruções, implementando novos programas com dados referentes a
Para entendermos melhor esta forma de automação, vamos estudar os componentes básicos de
um sistema CN. Na Figura 8, podemos visualizar uma representação dos componentes básicos do
Programa de instruções: trata-se do conjunto de comandos com passo a passo detalhado que
orientam as ações do equipamento de processamento. Este deve ser escrito pelo programador,
que é responsável pela programação da máquina.
Equipamento de processamento: este é quem realmente executa o trabalho sobre a peça. Ele
receberá os comandos da unidade de controle da máquina para executar todas as ações
necessárias sobre a peça inicial, com a intenção de chegar à peça terminada (Groover, 2011).
de instruções.
Para executar as ações de processamento, o sistema de controle número conta com sistemas de
coordenadas para orientar o posicionamento das peças, além de um sistema de controle de
movimento para que os processos sejam executados de acordo com as necessidades da operação.
Os sistemas de controle numérico contam com dois eixos, sendo um deles empregado para
peças planas e prismáticas, e outro para peças rotacionais, porém, ambos baseados no sistema
definir um eixo padrão para especificar a posição do cabeçote em relação à peça (Groover, 2011). A
Figura 9 (a) apresenta o eixo para peças planas e prismáticas, o qual é formado por três eixos lineares
(x, y e z) do sistema cartesiano de coordenadas, além de mais três eixos rotacionais (a, b e c). Ainda,
na maioria das aplicações os eixos x e y, são empregados para mover e posicionar a mesa de
trabalho, na qual a peça está fixada. Enquanto isso, o eixo z é empregado no posicionamento vertical
da ferramenta. Além disso, os eixos a, b e c são utilizados para especificar as posições angulares
O outro sistema de coordenadas, utilizado para peças rotacionais, é apresentado pela Figura 9
(b). Este sistema está associado aos tornos e ao centro de torneamento. Como podemos perceber
pela análise da figura, o eixo y não é utilizado. O caminho que a ferramenta de corte percorre em
relação à peça que é rotacionada é definido pelo plano x-z, sendo que o eixo x se refere à localização
radial da ferramenta, enquanto o eixo z é paralelo ao eixo de rotação da peça (Groover, 2011).
Outro ponto importante é quanto à origem do sistema de eixos de coordenadas, que deve ser
programação. É possível, por exemplo, definir como origem um dos extremos da peça.
Podemos considerar que existem dois tipos de processos a serem realizados nos sistemas CN,
sendo alguns destes executados em pontos específicos, enquanto outros são executados durante o
movimento do cabeçote da máquina. Para o primeiro caso, onde os processos são realizados em
caminho que o cabeçote da máquina realiza não importará, pois os processos serão realizados nos
pontos discretos. Já nas operações que são executadas pelo cabeçote enquanto este se move, o
caminho é extremamente importante, pois o caminho seguido influenciará a operação que está
consta com sistema de controle de movimento. A Figura 10 ilustra o controle de movimento ponto a
Neste sistema, ocorre a movimentação da mesa de trabalho para posições programadas, sem
considerar o caminho adotado para esta movimentação. Ao chegar na posição programada, a
ferramenta executa alguma operação, como a perfuração. Se analisarmos a Figura 10, não importa
qual a ordem que os furos serão feitos, e sim que ao final do processo tenhamos furos nas posições
1, 2 e 3. Este é o princípio que este sistema de controle de movimento segue. São exemplos de
Outro sistema de controle presente nos sistemas CN é o controle de caminho contínuo, o qual é
Estes sistemas têm a capacidade de controlar ao mesmo tempo dois ou mais eixos
peças. São exemplos de operações controladas por este sistema de controle de movimento o
fresamento e o torneamento.
Portanto, como pudemos perceber, nestas operações, o caminho que a mesa e a ferramenta
percorrem influenciam diretamente a operação. Sendo assim, é preciso ter o controle durante toda a
Com a evolução dos computadores digitais, o que culminou em significativas reduções de suas
dimensões enquanto suas capacidades foram maximizadas, foi possível evoluir os sistemas de
controle numérico, incorporando a própria máquina-ferramenta, a unidade de controle da máquina,
que chamaremos de MCU. Esta mudança originou o que conhecemos por controle numérico
computadorizado, sendo que atualmente quando falamos em controle numérico automaticamente já
A partir de agora, passaremos a discutir quais as características dos sistemas CNC, as quais
caracterizam estes sistemas e mostram a evolução destes quanto ao controle numérico convencional.
Além disso, podemos dizer que a maior parte delas estão relacionadas à MCU. São elas:
programas, que são as fitas perfuradas, os sistemas CNC possuem várias capacidades de
entradas distintas. É possível, assim, entrar com programas de instruções por computadores
externos utilizando uma porta RS-232, ou até mesmo entrar com programas diretamente na
correção de programas, uma vez que tendo a capacidade de editar estes na própria máquina,
temos um processo otimizado. Nesta situação, a edição do programa ocorre enquanto este se
também.
Ciclos fixos e sub-rotinas de programação: existe a possibilidade de definir ciclos mais
utilizados nas rotinas de programação, os chamados macros. Com isso, o programador pode
programá-los novamente.
Interpolação: alguns métodos de interpolação só podem ser empregados por sistemas CNC,
devido aos requisitos computacionais. Sendo assim, a precisão de operação de sistemas que
possuem estas capacidades é melhor. Por exemplo, sistemas CN convencionais podem realizar
interpolação linear e circular, entretanto, métodos mais avançados como interpolação
de o sistema ser equipado com um sensor que fará a medição do tamanho da ferramenta. Com
base nessas informações, o próprio sistema realizará ajustes no caminho programado para a
ferramenta.
trabalho, porém, quando se emprega a desaceleração, quando o curso for ocorrer uma
mudança de caminho e uma aceleração assim que o novo caminho é iniciado, são reduzidos
na comunicação das máquinas CNC com outros dispositivos. Sendo assim, empregando
sinais de falhas iminentes, sendo possível monitorar e até mesmo realizar intervenções
(Groover, 2011).
Estas são algumas características que tornam estes sistemas muito empregados na indústria,
convencionais, temos que a principal diferença está na unidade de controle da máquina, a MCU que
já mencionamos.
Segundo Groover (2011), a MCU é formada por: unidade central de processamento, memória,
interface E/S, controles para eixos da máquina-ferramenta e controle sequências para outras funções
da máquina-ferramenta. Cada elemento possui suas funções, as quais estão relacionadas com as
características que discutimos anteriormente. Além disso, todos estes elementos são conectados por
A seguir, vamos estudar os sistemas de controle numérico distribuídos, que passaram a ser mais
delas. Entre estas informações que são enviadas do computador central para a MCU estão os
programas CN, a lista de ferramentas que serão utilizadas no processo, instruções de configuração da
máquina, instruções para o operador, tempo de ciclo de máquina para o programa de usinagem,
Estas informações são referentes à contagem de peças, tempos reais do ciclo de usinagem, estatística
da vida útil da ferramenta, estatísticas de tempo de uso e não uso da máquina, dados de qualidade
do produto, entre outros.
Devemos ainda notar que estas informações são de extrema importância para diversas áreas,
como a gestão da produção e de manutenção. É possível obter dados para elaboração de relatórios,
planejamento da produção e até mesmo servir de embasamento para tomada de decisões por parte
do nível gerencial da planta. Esta comunicação de duas vias, entre máquinas e computador central,
era o objetivo principal dos sistemas DNC.
Além da configuração ilustrada na Figura 12, os sistemas DNC podem apresentar arranjos
diferentes em suas configurações, isso dependerá de diversos fatores como: número de máquinas-
Finalizaremos essa etapa com os comandos elétricos, os quais foram os responsáveis pelas
primeiras formas de automação que tivemos, presentes nos antigos painéis a relés. Em conteúdo
anterior, discutimos a respeito da evolução que a automação sofreu, além de abordarmos sobre os
painéis eletromecânicos. Estes painéis são formados por dispositivos eletromecânicos, responsáveis
por executar lógicas de comandos sobre os processos. Neste tópico, vamos analisar os principais
tipos de dispositivos empregados nas lógicas de comandos elétricos, verificando suas características
e funcionamento.
manobra, os quais estão diretamente relacionados com o acionamento de cargas e dispositivos. Por
fim, abordaremos os relés temporizadores, responsáveis pelas contagens de tempo nos sistemas
eletromecânicos.
Antes de falarmos sobre a associação de contatos, é importante discutirmos sobre os tipos de
contatos que existem. A Figura 13 traz uma representação dos tipos de contatos, sendo o contato
normalmente fechado (NF) representado pela Figura 13 (a), enquanto o contato normalmente aberto
(NA) sendo representado pela Figura 13 (b).
O contato NF possui seu estado natural, ou seja, quando não se encontra energizado, fechado e
quando percorrido por uma corrente elétrica, muda seu estado natural, passando a ser um contato
aberto e interrompendo a passagem de corrente. Esta característica faz com que ele seja muito
utilizado para comandos de desligamento. Já o contato NA possui seu estado natural como aberto,
sendo assim, ele permanecerá aberto até que seja energizado. Neste caso, ele se fechará, passando a
conduzir a corrente. Ao contrário do contato NF, o contato NA é empregado para acionar elementos
Além disso, se analisarmos a Figura 13, podemos perceber que estes contatos possuem
numeração. Esta numeração será atribuída conforme o componente, porém, é convenção que os
apresentados na Figura 14 (a). Nesta configuração, a corrente só passará por eles caso os dois
contatos sejam energizados, pois caso não seja energizado algum deles, ele continuará aberto,
impedindo a passagem de corrente. Podemos considerar que dois contatos NA associados em série
equivalem a uma lógica AND, pois tanto o primeiro contato quanto o segundo devem ser
Outra possibilidade de associação em série trata-se da associação de dois contatos NF, a qual é
apresentada na Figura 14 (b). Neste caso, como os dois contatos já possuem seus estados naturais
momento que um deles for energizado se abrirá abrindo o circuito, e interrompendo a passagem de
corrente. Esta associação pode ser considerada como uma lógica NOR.
Além da associação em série, existe alternativa de associar tanto contatos NA quanto NF em
paralelo, criando assim novas combinações para o acionamento. A Figura 15 (a) ilustra a associação
de dois contatos NA em paralelo. Quando associamos dois contatos NA em paralelo, criamos dois
caminhos para a passagem de corrente elétrica. Neste caso, quando qualquer um dos dois contatos
for energizado, será fechado um caminho no circuito e poderá ocorrer a condução de corrente
elétrica. Assim, ocorre a implementação de uma condição OR.
Ainda, podemos associar dois contatos NF em paralelo, conforme a Figura 15 (b), sendo que
neste caso temos também dois caminhos para a passagem de corrente. Quando um dos contatos for
energizado, ele se abrirá e o caminho por seu respectivo ramo será interrompido. Entretanto, caso o
outro ainda permaneça desenergizado, este poderá continuar conduzindo. A única combinação que
não permitirá a condução por nenhum dos ramos é quando ambos os contatos são acionados,
interrompendo assim a passagem de corrente elétrica pelos dois caminhos disponíveis. Esta
Estas seriam as associações básicas para os contatos, porém podemos realizar os mais diversos
arranjos com os tipos de contatos, formando lógicas e condições de acionamento mais complexas.
5.2 DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO
podem ocorrer, como sobretensão e sobrecorrente. Como temos diferentes tipos de situações que
oferecem riscos aos circuitos, são necessários diferentes dispositivos para a proteção destas. Neste
contexto, abordaremos os principais dispositivos empregados na proteção de sobrecorrente e curto-
circuito, como os fusíveis e disjuntores, e na proteção de sobrecarga de motores elétricos, como o
relé térmico.
bem simples, sendo utilizados na proteção contra curtos-circuitos. São formados por um elo
condutor pelo qual circula a corrente elétrica, e quando ocorre uma variação de corrente, sendo
esta maior do que a aquela para qual ele foi projetado, este elo se funde devido ao efeito Joule,
interrompendo assim a passagem de corrente. Além disso, trata-se de dispositivos de baixo
custo, porém, a cada surto em que ele atua, é necessário realizar sua substituição.
Disjuntores: estes dispositivos atuam na proteção contra sobrecorrente também, assim como
os fusíveis. Porém, são chaves eletromagnéticas, que ao identificarem uma corrente acima da
que são projetadas, desarmam, interrompendo assim a passagem de corrente para o restante
do circuito. Eles não precisam ser trocados a cada atuação, sendo necessário apenas rearmá-los.
Além disso, são considerados tanto dispositivos de proteção quanto de manobra, pois podem
Relé térmico: quando empregamos motores elétricos, existe sempre o risco associado a
sobrecarga. Por isso, a utilização de dispositivos que tenham a capacidade de lidar com estas
sobreaquecimento do motor, seja por bloqueio do seu eixo ou por emprego de carga acima da
sua capacidade, e após esta constatação realiza o desligamento do circuito de comando e de
força. Isso ocorre para que não ocorram danos à máquina e aos demais elementos da
instalação.
Quando falamos em dispositivos de manobra, estamos nos referindo aos elementos capazes de
acionar e desligar os circuitos, isso ocorre por meio do controle de passagem e bloqueio da corrente
elétrica. Eles são fundamentais, pois é por meio deles que executaremos todas as manobras
necessárias no sistema, ou seja, é pelo acionamento ou desativação deles que faremos com que
elementos como motores, solenoides e outros atuadores sejam acionados.
A respeito das botoeiras, temos que estas podem ser de diferentes tipos, sendo as principais:
botoeiras pulsadoras, com retenção e de emergência. Cada uma delas possui um princípio de
funcionamento diferente. As botoeiras pulsadoras podem ser definidas como aquelas que alteram o
estado de seus contatos enquanto permanecem pressionadas, ou seja, uma botoeira pulsadora NA
permanecerá fechada enquanto for mantida pressionada, e voltará ao seu estado NA quando for
interrompido seu acionamento. Entretanto, estes dispositivos não têm a capacidade de reter esta
mudança de estado apenas com um pulso.
Para situações em que é necessário acionar o circuito apenas com um pulso, ou seja, apenas
pressionando a botoeira uma vez, é preciso empregar uma botoeira com retenção. Isto é, a botoeira
com retenção tem o mesmo princípio de funcionamento que o interruptor das lâmpadas das nossas
casas, quando acionados trocam sua posição e permanecem assim até que sejam desativados. Tanto
as botoeiras pulsadoras quanto as com retenção podem ser do tipo NA ou do tipo NF, sendo
Além dos tipos que já abordamos, existem ainda as chaves seletoras, as quais trataremos a partir
de agora. Podemos definir as chaves seletoras como dispositivos de que acumulam duas posições,
um contato NA e um NF, portanto, é possível selecionar qual posição se deseja que ela esteja. Este
Ainda, existe um tipo de botoeira, chamada de botão de emergência, que é responsável por
desligar os circuitos em situações de riscos ou acidentes. Este botão possui algumas particularidades
tanto no acionamento quanto em sua desativação. Normalmente, ele possui dimensões maiores e
pode ser acionado facilmente com qualquer parte do corpo humano. Uma vez acionado, ele
permanecerá assim, até que ele seja rotacionado no sentido horário para que seja desativado. Esta
Eles podem ser considerados como dispositivos que executam ações a partir da contagem de
TON: este dispositivo começa a contagem de tempo a partir do momento em que sua bobina é
outros dispositivos.
TOF: já o temporizador com retardo na desenergização começa a contagem de tempo a partir
do momento em que sua bobina é desenergizada. Sendo assim, ao energizar sua bobina, ele
automaticamente comuta a posição natural de seus contatos, e quando esta é desligada, ele
estado natural. Usualmente, este tipo de temporizador é utilizado para retardar ações de
desligamento.
O uso dos temporizadores, seja ele do tipo TON ou TOF, permite o desenvolvimento de
acionamentos que tenham a capacidade de lidar com contagem de tempo, sendo um exemplo
comum do uso destes a partida estrela triângulo de um motor elétrico, na qual existe a necessidade
de realizar comutação de contatos após um intervalo de tempo. Ou, ainda, podemos citar como
exemplo também o acionamento de uma esteira por tantos segundos, após um sensor identificar
que um objeto foi posicionado sobre ela.
FINALIZANDO
Finalizamos esta etapa, e nela pudemos analisar e discutir sobre três tecnologias empregadas na
automação industrial, sendo estas: robótica industrial, controle numérico e comandos elétricos.
Vimos que algumas têm a possibilidade de reprogramação de processos, como os robôs industriais e
as máquinas-ferramentas, enquanto em comandos elétricos é necessário refazer conexões físicas.
Começamos com uma introdução à robótica industrial, discutindo os aspectos construtivos dos
robôs e falando sobre suas possíveis configurações formadas pelos conjuntos de diferentes tipos de
articulações. Além disso, foram apresentadas as suas aplicações, sendo estas classificadas em
operações de manipulação e de processamento de materiais. Por fim, vimos como pode ser realizada
sua programação.
Também abordamos nesta etapa as tecnologias envolvendo controle numérico, que se trata de
uma forma de automação para máquinas-ferramentas. Vimos que estes sistemas podem ter a MCU já
incorporada à máquina, formando o que é definido como CNC. Ainda, vimos que existe a
possibilidade de associar diferentes máquinas CNC a um computador central, formando um sistema
com fluxo bidirecional de informação, útil para diversos setores da planta industrial.
Enfim, no último tópico, discorremos a respeito dos comandos elétricos, que é a tecnologia
empregada nos painéis a relés. Estes foram os primeiros sistemas automatizados que tivemos no
ambiente industrial, porém, devido às suas limitações quanto à programação e à flexibilidade, foram
sendo substituídos por outras tecnologias, embora ainda sejam empregados em alguns processos.
Os comandos elétricos foram os precursores dos controladores lógicos programáveis, que serão o
REFERÊNCIAS