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ROBÓTICA
ATUALIZAÇÃO TECNOLÓGICA EM MECATRÔNICA
ROBÓTICA
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Robson Braga de Andrade
Presidente
Conselho Nacional
ROBÓTICA
© 2015. SENAI – Departamento Nacional
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por escrito, do SENAI – Departamento Regional do Rio Grande do Sul.
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Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................6
Referências............................................................................................................................................................................28
Introdução
Neste livro, estudaremos as principais características dos robôs industriais. Vamos abordar os principais
aspectos do uso de robôs na indústria e as características e os movimentos de um robô antropomórfico
industrial articulado, muito utilizado no desenvolvimento de sistemas automatizados na área de mecatrônica.
Nosso objetivo é contribuir para a compreensão desses sistemas robotizados nos processos industriais.
Desse modo, iniciaremos nosso estudo conhecendo o histórico dos robôs na indústria e as premissas
que priorizam a segurança do homem e, posteriormente, do próprio robô. Veremos a necessidade de
flexibilização desses equipamentos para os mais variados tipos de serviços e aplicações, em ações como
manipulação, soldagem, montagem, pintura, entre outros. Estudaremos também, as características, as
variações de construção física e as diferentes interpretações geométricas relacionadas aos movimentos.
Aprenderemos que os movimentos dos robôs podem ser realizados por meio de sistema de controle
remotamente operado ou autômato, e outros aspectos fundamentais.
Já no capítulo Características dos Robôs Antropormóficos Industriais, estudaremos as características
desses equipamentos em função do número de eixos, dos graus de liberdade, da interpolação, da capacidade
de carga ou payload, assim como a velocidade, aceleração, acurácia, repetibilidade e conectividade.
Também veremos como funcionam os freios, os encoders, os ciclos start, stop e hold. Conheceremos o
painel de comando conhecido como teach pendant e seus vários comandos.
Por fim, entenderemos os movimentos de um robô antropomórfico industrial articulado, que é um
dos mais utilizados em sistemas mecatrônicos, e os dois tipos de elementos essenciais na programação
de movimentos de um robô: os pontos e os tipos de deslocamento. Aprenderemos a programar esses
pontos em relação aos seus movimentos. Veremos que, embora existam variações entre as linguagens de
programação dos diferentes fabricantes de robôs industriais, na maioria dos casos, serão encontrados os
tipos de movimento interpolado, linear, circular e em sequência de movimentos.
Histórico dos robôs na indústria
Em 1921, Karel Čapek, dramaturgo tcheco, utilizou o termo robota em uma peça de teatro apresentada
em Nova Iorque. Em eslavo, essa palavra significa “trabalho compulsório”, ou, ainda, “trabalho escravo”.
Algumas décadas após, um famoso autor de ficção científica, Isaac Asimov, popularizou o tema em sua
obra “Eu, robô”, que continha as três leis da robótica. Embora se tratassem de ficção, essas leis refletiam as
premissas básicas de funcionamento de equipamentos robóticos, priorizando a segurança do homem e,
posteriormente, do próprio equipamento. Veja, no Quadro 1, as três leis:
1ª lei Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir
que um ser humano sofra algum mal.
2ª lei Um robô deve obedecer às ordens que lhe sejam dadas por
seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens entrem em
conflito com a primeira lei.
3ª lei Um robô deve proteger a sua própria existência, desde que tal
proteção não entre em conflito com a primeira ou segunda leis.
Quadro 1 - As três leis da robótica
Fonte: ASIMOV, 2004
A necessidade de flexibilização dos processos produtivos gerou, cada vez mais, a necessidade de
equipamentos multifuncionais que pudessem ser aplicados em ações de manipulação, soldagem, montagem,
pintura, entre outras. Nesse contexto, algumas empresas passaram a criar manipuladores multipropósito
programáveis, que eram controlados automaticamente, realizando movimentos de forma planejada e
repetitiva. Surgiram, então, os primeiros robôs industriais.
Atualmente, as aplicações típicas para a robótica na indústria são as mais diversas, existindo variações
nas características dos robôs para poder atendê-las. Robôs de soldagem devem possuir uma boa
quantidade de graus de liberdade, permitindo a realização de movimentos que facilitem a soldagem em
pontos de difícil acesso. Já robôs de pintura devem ser leves, rápidos e suportar ambientes com aspersão
de tintas e solventes. E os robôs de manipulação, por sua vez, devem ser versáteis e suportar cargas
maiores (FIGURA 1).
a)
b)
Dentre as várias características dos robôs industriais, destacamos as principais, que classificamos quanto
ao seu sistema de controle, ao tipo de mobilidade, à estrutura cinética, a sua geometria, seu princípio de
acionamento e sua aplicação, conforme descrito no Quadro 2, a seguir.
2 HISTÓRICO DOS ROBÔS NA INDÚSTRIA
9
CARACTERÍSTICA CLASSIFICAÇÃO
Quanto ao sistema de controle, um robô pode ser classificado em dois tipos: remotamente operado,
controlado por um operador; ou autômato, sem a necessidade de interação com o operador.
Remotamente operado: embora possa haver algum grau de independência nesses robôs, seus movimentos
são controlados por um operador. São geralmente utilizados com o intuito de estender as ações humanas de
forma segura como, por exemplo, os robôs terrestres de inspeção e os drones (FIGURA 2 e FIGURA 3).
Figura 2 - Robô terrestre de inspeção remotamente operado Figura 3 - Veículo aéreo não tripulado operado remotamente (drone)
Fonte: SENAI-RS Fonte: SENAI-RS
Autômato: seus movimentos são gerados por um Controlador Programável (CP), permitindo agir de forma
independente, sem a necessidade de interação com o operador durante o uso. Os robôs autômatos são muito
utilizados em processos automatizados na indústria. A Figura 4 apresenta um robô autômato.
MECATRÔNICA INDUSTRIAL
10
b)
a)
A mobilidade dos robôs está associada principalmente a sua utilização. Os robôs são classificados em fixos,
geralmente utilizados na indústria, e os móveis, utilizados em aplicações diversas como, por exemplo, o robô
Opportunity que está em Marte desde 2004.
O robô Opportunity foi lançado ao planeta Marte em janeiro de 2004, junto com outro
robô, o Spirit, que está off-line desde 2009. O Opportunity é considerado obsoleto em
VOCÊ comparação ao robô Curiosity, que é apontado como sendo um dos robôs móveis mais
SABIA? avançados do mundo. Porém, mesmo estando com sua tecnologia ultrapassada, o
Opportunity fez grandes descobertas e tem superado expectativas.
Os robôs fixos possuem sua base afixada ao solo ou a um ponto específico, por isso sua maior aplicação é em
montadoras, fazendo parte das linhas de produção. Já os móveis podem se deslocar pelo solo, geralmente por
meio do uso de rodas ou de dispositivos que simulam pernas. Esses robôs também são utilizados na indústria
como dispositivos de transporte automatizado (AGVs) ou como dispositivos de inspeção de tubulações ou
espaços confinados.
A estrutura cinemática dos robôs, assim como seu controle e mobilidade, é classificada de duas formas:
o movimento dos eixos pode ocorrer em série ou em paralelo. Nos eixos em série, o movimento gerado é
composto pela disposição em série de suas articulações. É o tipo mais comum de robô aplicado na indústria. Já
nos eixos em paralelo, o movimento gerado é dado pela articulação sincronizada de mais de uma articulação,
permitindo uma maior aplicação de força, menor peso e maior velocidade, embora o sistema de controle se
torne muito mais complexo. É utilizado em processos de usinagem e de manipulação. A Figura 5 ilustra esses
dois tipos de estrutura.
2 HISTÓRICO DOS ROBÔS NA INDÚSTRIA
11
a) base b) base
Eixos em série
Eixos em paralelo
Figura 5 - a) Representação de robô com eixos em série; b) Representação de robô com eixos em paralelo
Fonte: SENAI-RS
O tipo de movimentação dos robôs determina sua geometria. Essa geometria tem como base o sistema
de coordenada cartesiano para posicionamento, e coordenadas cilíndricas e esféricas para a orientação.
Essas geometrias podem ser encontradas em várias combinações de configurações rotacionais e lineares,
dependendo da sua aplicação.
Robô de coordenadas cartesianas: movimentação dos eixos
em linhas retas (lineares), coincidentes com o plano cartesiano,
permitindo movimentos de deslocamento nos eixos X, Y e Z.
Muito utilizado como robôs de usinagem, de transporte ou
manipulação. Não costumam ser muito rápidos e, geralmente,
são de grandes dimensões. Veja um exemplo na Figura 6.
Figura 6 - Robô cartesiano, com três eixos (X, Y e Z)
Fonte: SENAI-RS
Os tipos de acionamentos dos robôs são responsáveis pelo movimento das articulações e desempenho
dinâmico do robô. Esses dispositivos são classificados em elétricos, pneumáticos ou hidráulicos, cada um com
suas características, as quais estudaremos a seguir.
Acionamento elétrico: é o princípio de acionamento da maioria dos robôs. Nesse caso, o conjunto de
motorredutores elétricos é aplicado nos eixos para que ocorra a movimentação. É comum, nesse tipo de
acionamento, que os motores utilizados nas articulações possuam também um sistema de realimentação
independente de posicionamento, denominado encoders, permitindo que o robô se adapte a diferentes cargas
e velocidades. Esses robôs também possuem um servomotor, que é um conjunto composto pelo motor, seus
sensores de posicionamento e seu controlador dedicado. Diferente de um motor convencional, esse servomotor
possui sistema de controle de posicionamento eletrônico integrado, além de freios e conjuntos redutores.
Acionamento pneumático: é o princípio que utiliza o ar comprimido para movimentar articulações.
Atualmente, o ar comprimido é muito utilizado nos dispositivos de manipulação, como garras e ventosas,
e não, na movimentação dos eixos. Estão em desenvolvimento sistemas de controle robustos e atuadores
inspirados em seres vivos, como o músculo pneumático, que em um curto espaço de tempo, possibilitarão o
aumento de aplicações para a movimentação robótica.
Acionamento hidráulico: princípio de acionamento similar ao pneumático, mas que utiliza o acionamento
hidráulico, oferecendo maior força, e, geralmente, menor velocidade. Os componentes desse sistema são o
motor, a bomba hidráulica, as válvulas e os atuadores. Esse tipo de acionamento é geralmente associado aos
2 HISTÓRICO DOS ROBÔS NA INDÚSTRIA
13
robôs de grande porte, porém sua precisão é menor em relação aos acionamentos elétricos. Apresentam-se
como alternativas quando há a necessidade de movimentação de grandes cargas ou quando o comprimento
do braço exigir um grande esforço.
No Quadro 3, temos um comparativo dos três tipos de acionamentos em função dos movimentos; da
repetitividade, da velocidade, da facilidade de controle, da força e do custo.
Os robôs são utilizados para a execução de diversos tipos de trabalhos, desde os mais simples, como posicionar
uma peça em uma máquina, até os mais complexos como, por exemplo, os robôs espaciais que chegam a se
comunicar a 360 milhões de Km de distância. Como nosso estudo é voltado para a indústria, conheceremos
a utilização prática desses equipamentos nos sistemas de manufaturas como, por exemplo, nas linhas de
produção, nas etapas de montagem, soldagem, manipulação, inspeção, pintura, usinagem e transporte.
Montagem: nessa etapa, o robô é utilizado para inserção ou junção de partes de um produto. É
frequentemente empregado na indústria eletrônica e na automotiva. Desse tipo de robô, frequentemente,
são exigidos posicionamentos rápidos, precisos e com grande repetitividade. A ferramenta utilizada nesses
robôs, empregados na linha de montagem, geralmente é desenvolvida especificamente para sua função. Em
alguns casos, essas ferramentas são multifuncionais, possibilitando, por exemplo, que o mesmo robô possa
aplicar cola e inserir o componente. A Figura 11 mostra um robô utilizado na etapa de montagem.
MECATRÔNICA INDUSTRIAL
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Soldagem: os robôs utilizados nas etapas de soldagem têm como principal objetivo a substituição da
mão de obra humana em atividades perigosas e insalubres, como a união de chapas e tubos metálicos com
o uso de solda. Uma das grandes vantagens dessa aplicação é sua repetitividade, característica que ajuda a
garantir uma mesma qualidade no processo de soldagem em toda a produção.
Alguns desses robôs são integrados a fontes e equipamentos de soldagem, podendo ainda possuir
movimentos otimizados para executar vários processos. Alguns fabricantes oferecem robôs de soldagem
que possuem fonte integrada no próprio equipamento.
Manipulação: nessa etapa, o robô tem função específica no manuseio de produtos. São frequentemente
empregados em processos de empilhamento e paletização. Esse robô também faz a adição de matéria-prima
em processos como, por exemplo, alimentação de prensas, ou ainda, na remoção de produtos finalizados em
operações de manufatura, como usinagem, injeção, prensagem, entre outros. É comum sua utilização em
ambientes insalubres ou perigosos, como fundições e processos de forjamento e conformação. Dependendo
da dimensão desse robô, pode-se manipular desde alguns quilos, até mais de uma tonelada.
Inspeção: nessa aplicação, o robô detecta falhas
construtivas e dimensionais, identificando a presença de
elementos estranhos, ou a falta de algum componente.
Essa aplicação utiliza robôs especialistas, fabricados com
características específicas para atender uma determinada
necessidade como, por exemplo, um robô de inspeção
de tubulação, ou, ainda, robôs de movimentação
adaptados com sensores, sondas e câmeras para coletar
informações em pontos específicos de um determinado
Figura 12 - Ferramenta aplicada a um robô para inspeção
produto. Veja um exemplo de robô utilizado na indústria Fonte: SENAI-RS
automobilística (FIGURA 12).
Pintura: os robôs utilizados para pintura geralmente são leves e possuem um bom alcance. Não necessitam
de precisão elevada, mas devem suportar o ambiente sujeito à aspersão de vernizes e solventes. Alguns
desses robôs possuem revestimentos especiais, e outros contam ainda com seu corpo pressurizado, evitando
que pigmentos de tinta atinjam suas partes funcionais internas.
2 HISTÓRICO DOS ROBÔS NA INDÚSTRIA
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Usinagem: geralmente nessa etapa é utilizado um robô de manipulação que possui uma ferramenta de
usinagem como, por exemplo, um cabeçote fresador no lugar de uma garra. Embora a precisão deste tipo
de aplicação seja questionável, se comparada com máquinas CNC, ganha-se muito em flexibilidade e em
área de trabalho.
Transporte: esse tipo de aplicação destina-se tanto aos robôs fixos quanto aos móveis. Esses robôs fazem
a coleta e a entrega de cargas, deslocando-se automaticamente em uma determinada área.
Os robôs móveis são caracterizados por serem veículos guiados automaticamente, denominados
Automatic Guided Vehicles (AGVs). Já os robôs fixos, são os grandes robôs cartesianos, geralmente utilizados
em centros de armazenamento automatizados.
CASOS E RELATOS
RECAPITULANDO
Nesse capítulo, ao falarmos sobre o histórico da criação dos robôs, conhecemos as três leis da robótica e suas
premissas que regem a área. Também vimos que, com o aumento do número de indústrias, houve a necessidade
de flexibilizar cada vez mais as funções desses equipamentos.
Dessa forma, percebemos que a necessidade de flexibilização do uso dos robôs acarretou em suas diversas
características, que incluem variações em sua mobilidade, cinemática, geometria, acionamento e aplicações.
Conhecemos, por exemplo, as diferenças entre os robôs utilizados para montagem, soldagem, manipulação,
pintura e inspeção.
Características dos Robôs
Antropomórficos Industriais
Embora não seja regra, a concepção física mais tradicional de um robô antropomórfico industrial é a
que imita um braço humano, apresentando articulações que se assemelham ao ombro, cotovelo e punho,
e segmentos que lembram o braço e o antebraço. Essa concepção física que imita o corpo humano ou
parte dele é denominada “antropomórfica”, conforme vemos na Figura 13.
PUNHO
ANTEBRAÇO
COTOVELO
BRAÇO
OMBRO
BASE
É muito comum associar os graus de liberdade ao número de eixos, embora possa haver algumas
divergências nesse sentido. Esse termo pode ser subdividido em graus de liberdade de movimento e graus
de liberdade do espaço de trabalho.
Em relação aos graus de liberdade de movimento, nos robôs com articulações em série, o número de
graus de liberdade equivale ao número de eixos. No segundo caso, entende-se como um grau de liberdade
a possibilidade de executar um movimento em um sentido. Sendo assim, um robô que consegue deslocar a
garra em três sentidos (X,Y e Z), permitindo também rotacionar sobre os 3 eixos, possui 6 graus de liberdade
do espaço de trabalho.
3.3 INTERPOLAÇÃO
A maioria dos robôs industriais com acionamentos elétricos possui esse recurso, que é a capacidade do
sistema de movimentação do robô efetuar o controle simultâneo de duas ou mais articulações, tendo como
resposta a movimentação da ferramenta em uma trajetória específica. Essa interpolação pode ser linear ou
circular conforme ilustra a Figura 15.
Tcp da tange
P1 - Movj
P3 - MovC
Tcp da
ferramenta
P5 - MovL
P2 - MovC
P4 - MovC
É designado pelo volume de alcance do robô. Os fabricantes de robôs industriais fornecem essa informação
na forma de um desenho tridimensional, conforme apresentado na Figura 16, destacando os pontos de alcance
do flange de fixação do robô. Esse flange é o ponto no qual a garra, a ventosa ou a tocha de solda, é fixada.
578.42 575.68
375 115
80 295
108
Point P
°
120
105
65
J5
12
90
+ 0° J3
R57 +
8.4
2
4
Workable space
9.7
R21 defined by point P
270
10
0°
J2
135°
R158.79 +
R3
08
9°
390.95
170°
.42
20
335
73.46
203
76
187.7
R2
R3084
33
.79
164.34
2
75 Point P
J6 J4
+ +
79 67
-
51 59
J1
Workable space +
defined by point P +360° +190°
170°
FIQUE A vida útil do robô e a segurança dos seus movimentos são afetadas quando o limite de
ALERTA carga não é respeitado.
3.6 CONECTIVIDADE
Alguns controladores (CP) oferecem a capacidade de integração com periféricos, podendo ler informação
de sensores e controlar atuadores externos. Essa capacidade de conectividade é necessária para a leitura
de painéis de comando externos e de sensores de segurança. Alguns modelos de robôs apresentam mais
recursos de conectividade que outros. Essa conectividade permite a interconexão de controladoras para que
dois ou mais robôs trabalhem de forma sincronizada, denominado robótica cooperativa.
Os parâmetros de movimentação determinam a velocidade dos robôs, a sua aceleração, assim como a
acurácia e a repetitividade.
A velocidade pode ser medida em m/s e refere-se à velocidade máxima que o robô consegue
desempenhar na última posição de seu braço (ferramenta). Já a aceleração define o tempo em que o robô
consegue acelerar a ferramenta.
A acurácia, por sua vez, é a característica que define quão próximo do valor ideal é possível se alcançar
em um movimento. Em algumas situações, por questões físicas (inércia) ou limitações dos mecanismos de
redução e posicionamento, um determinado ponto pode ser alcançado com uma acurácia maior ou menor.
Quanto mais próximo um robô consegue chegar do ponto ideal, maior a sua acurácia. Enquanto a precisão
de um robô é determinada pela repetitividade dos movimentos, a acurácia define o quão próximo podemos
atingir de um ponto almejado. A Figura 18 ilustra a diferença entre acurácia e precisão.
Já a repetitividade é a característica de repetir diversas vezes o mesmo movimento sem erros, ou ainda,
com erros, porém, dentro de uma determinada tolerância. Alguns robôs, por questões construtivas e de
controle, podem apresentar uma repetitividade inferior no que diz respeito a posicionamentos. Em robôs
cujos movimentos não são críticos, como em robôs de pintura ou de soldagem, podem ocorrer pequenos
erros milimétricos, sem prejuízo ao processo. Já em processos de posicionamento e montagem, uma maior
repetitividade pode ser exigida para que a qualidade do processo seja mantida. Esse fator está relacionado à
precisão do equipamento e é proporcional à qualidade construtiva do sistema de posicionamento, composto
por motores, encoders, reduções, acoplamentos mecânicos, entre outros.
Dentre os vários componentes dos robôs, alguns têm uma grande importância na sua funcionalidade
como, por exemplo, os motores das articulações, que possuem sensores de posicionamento (encoders), assim
como freios. Os encoders garantem a repetitividade e acurácia nos movimentos. Além disso, realimentam
o sistema de controle dos motores, juntamente com os freios das juntas, que param os robôs em pontos
determinados ou em situações de emergência.
Alguns robôs possuem encoders absolutos, que detectam a informação de posicionamento no instante em
que o robô é energizado. Outros robôs utilizam encoders relativos que precisam ser referenciados por meio de
um procedimento chamado homing. Esse processo dá-se quando cada articulação do robô é movimentada até
uma posição específica que, geralmente, é dada pelo final de curso da articulação. Após todas as articulações
estarem referenciadas, os encoders são zerados e as posições são calculadas para cada movimento. A vantagem
desses encoders relativos é que apresentam uma resolução muito superior e, para evitar que o homing seja
executado a cada inicialização do robô, muitos fabricantes integram em seus equipamentos o uso de baterias
que mantêm os encoders energizados mesmo quando o robô é desligado da energia.
A maioria dos robôs elétricos de médio e grande porte possui freios junto aos motores das juntas, que são
liberados quando o robô é acionado e são acionados quando o robô é desligado, garantindo que o robô não
se movimente quando não estiver sendo alimentado por energia elétrica. Algumas controladoras possuem,
ainda, botões de liberação dos freios, permitindo que o robô tenha suas juntas movimentadas por ação
externa. O uso de freios também é fundamental para garantir paradas seguras em situações de emergência.
A Figura 19 apresenta os componentes funcionais de um robô.
REDUTOR
MOTOR J2 J2+
+
FREIO
ENCODER
J3
+
+ J1
J4
+
J5 -
Os robôs são controlados por meio de comandos de acionamentos como start, stop e hold, ou, ainda, por
um painel de controle denominado teach pendant, que estudaremos a seguir:
• teach pendant: é o painel de controle do robô, no qual são definidos os posicionamentos, podendo
ainda ser utilizado para criar, editar e alterar os programas. É composto por vários botões e, geralmente,
por uma interface de visualização (display), permitindo controlar movimentos no robô. Esse painel de
comando ou teach pendant, conforme mostrado na Figura 20, é uma das maneiras mais práticas de se
programar um robô industrial;
• ciclo start: geralmente presente na controladora do robô, permite iniciar a execução de um programa. Os
controladores de robôs suportam mais de um programa simultaneamente, porém, somente o programa
principal (carregado na controladora) é disparado quando o botão de ciclo start é pressionado;
• ciclo stop: esse ciclo é recomendado somente para situações de emergência. Está associado à função do
botão de emergência, que efetua a parada imediata das partes móveis do robô. Em robôs de médio e
grande porte, isso implica no acionamento dos freios, causando uma frenagem brusca com o intuito de
proporcionar maior segurança ao operador, mesmo podendo causar danos ou desgastes no equipamento;
• ciclo hold: esse controle é utilizado para interromper o programa ou o movimento do robô, geralmente,
desacelerando ou finalizando esse movimento. O controle Hold também é útil quando se deseja parar
ou pausar o processo sem que haja uma parada brusca;
• deadman switch: é uma chave de segurança
antipânico localizada, geralmente, na parte posterior Deadman switch
do teach pendant, permitindo que o sistema seja
desbloqueado quando a pressão correta é aplicada.
Se o operador não pressionar esse dispositivo, ou
se pressioná-lo excessivamente, o movimento é
interrompido. Por exemplo: em um momento de
pânico, o operador tende a soltar ou a pressionar
mais o dispositivo, e, dessa forma, ambas as possíveis
Figura 21 - Chave de segurança antipânico
reações são detectadas, aumentando a segurança Fonte: CARAFA CHRISTIAN ENGINEERING, 2010
durante a programação dos movimentos do robô,
conforme ilustrado na Figura 21;
3 CARACTERÍSTICAS DOS ROBÔS ANTROPOMÓRFICOS INDUSTRIAIS
23
• programação off-line: programação bastante utilizada em um dispositivo virtual, ou ainda, por meio de um
terminal ou computador, que pode não estar conectado à controladora do robô durante a construção do
programa. Dessa forma, o uso de simuladores permite a programação mesmo antes de o robô ser instalado.
Embora haja variações entre as linguagens de programação dos diferentes fabricantes de robôs industriais,
na maioria dos casos serão encontrados os seguintes tipos de movimentos (QUADRO 4):
MOVIMENTO Nesse caso, o movimento entre dois pontos pode não representar uma linha
INTERPOLADO DE JUNTA
reta no espaço. Isso é dado porque, em um robô articulado, desempenhar
uma “reta” no espaço pode oferecer um custo maior do que fazer uma curva.
MOVIMENTO CIRCULAR Envolve mais de dois pontos. A controladora, geralmente, calcula uma
trajetória que implica em um arco suave que parte do ponto de origem,
passa pelo ponto intermediário e chega ao ponto de destino.
SEQUÊNCIA DE Em uma sequência de movimentos, caso não seja especificada uma parada
MOVIMENTOS
ou uma maior acurácia, um ponto pode não ser totalmente atingido.
P1
P2
P3
P4
P5
Para programar o robô, utilizamos a movimentação manual do robô com o teach pendant. Após posicionar
o robô de forma desejada, fixam-se os pontos para que a controladora memorize a posição de cada articulação.
Geralmente, para cada ponto, são possíveis mais de uma combinação de juntas, conforme demonstrado na
Figura 23, em que há duas combinações de articulação em juntas diferentes, porém, atingindo o mesmo
ponto no espaço.
Nesse caso, um ponto no espaço será memorizado pelo robô na forma de combinação dos sensores de
posição das juntas. Dessa forma, um ponto não é meramente uma coordenada no espaço (X,Y, Z), mas, sim,
um conjunto de informações de cada junta disponível em relação à base do robô (J1, J2, J3).
Há três maneiras possíveis para executar o movimento da ferramenta do robô articulado na programação,
sendo elas: por junta, por coordenada de base e por coordenada de ferramenta.
Junta: nesse tipo de movimentação, cada articulação é controlada individualmente. Dessa forma, as
movimentações do robô são feitas somente em uma determinada junta por vez. Embora não seja uma regra,
na maior parte dos casos, há um botão de incremento e um de decremento para cada junta. Em um robô que
identifica as articulações (juntas) pelos termos J1, J2, J3..., os botões de movimentação deverão ser J1+, J1-,
J2+, J2-, J3+, J3-, e assim por diante. Cada junta pode receber um incremento ou um decremento, executando
um movimento em sentido horário ou anti-horário.
Coordenada de base: é um tipo de movimento que consiste na interpolação dos motores que
produzem movimentos lineares no robô, permitindo, dessa forma, que a ferramenta efetue deslocamentos
paralelos aos eixos X, Y e Z de um sistema de coordenadas cartesianas. Nesse movimento, a base do robô
deve ser a referência.
Em um robô articulado com seis graus de liberdade, são utilizados pares de botões para executar os
movimentos, sendo eles:
• um par para cada eixo cartesiano: X+, X-, Y+, Y-, Z+, Z-;
• três pares de botões para a rotação da ferramenta em relação a cada eixo: x+, x-, y+, y-, z+, z-.
Coordenada de ferramenta: é similar ao sistema anterior, porém nessa coordenada a base de referência
do sistema cartesiano é designada pelo flange de fixação da ferramenta.
Enquanto no sistema de coordenada de base, para um determinado robô articulado fixado no solo, um Z+
pode significar “subir” a ferramenta, e Z- pode significar “baixar” a ferramenta, no sistema de coordenada de
ferramenta, não importa o ângulo que ela esteja. Ou seja, um Z+ irá significar “avançar” a ferramenta, e Z- será
para “recuar” a ferramenta, produzindo movimentos diferentes dependendo da posição das juntas do robô,
conforme apresenta a Figura 24.
3 CARACTERÍSTICAS DOS ROBÔS ANTROPOMÓRFICOS INDUSTRIAIS
25
+z
J1+ J 1- J2+ J 2-
-x
J3+ J3- J 4+ J 4-
-Y J2 J 5+ J 5-
+ Yf
Xf JUNTAS
Zf+
+x +Y J3
+
Zf
+ J1
Xf+ COORDENADAS
Yf +
X+ X- x+ x-
J4
Y+ Y- Y+ Y-
+ -
J5
Z+ Z- z+ z-
-Z
+
Uma vez que os pontos estão definidos no espaço, podem ser executados os movimentos, definindo qual
o formato de movimentação desejado. Dentre outros atributos, são considerados o trajeto do movimento, a
velocidade do deslocamento da ferramenta e a aceleração e desaceleração.
Quanto ao trajeto do movimento, o deslocamento pode ser linear, que é o movimento realizado em uma
trajetória no espaço muito próxima a uma linha reta ou, ainda, movimentos em arco ou circulares. Na maioria
dos robôs, são gerados por meio da identificação de três ou mais pontos no espaço. Sugere-se, para esse tipo
de movimento, que os pontos possuam uma distância relativa proporcional, evitando que o arco produza
curvas indesejadas. Para esses movimentos, devem sempre ser levadas em consideração as características
construtivas dos robôs. A Figura 25 apresenta um programa do robô realizado em função dos movimentos
lineares e circulares do ponto de origem até o ponto P7.
movimentos programa
...
ORIGEM 0
move_linear P1
P1 P2
move_joint P2
move_joint P3
P3 P5
move_circ P4
P4 move_circ P5
move_circ P6
P7 P6 move_circ P7
...
Figura 25 - Programa do robô em função dos movimentos
Fonte: SENAI-RS
MECATRÔNICA INDUSTRIAL
26
CASOS E RELATOS
RECAPITULANDO
Nesse capítulo, aprendemos que os robôs antropomórficos industriais são aqueles que se assemelham a um
braço humano, apresentando articulações que lembram o corpo humano.
Destacamos as características dos robôs antropomórficos industriais quanto ao número de eixos, graus de
liberdade, interpolação, volume de trabalho, capacidade de carga, velocidade, aceleração, acurácia, repetitividade
e conectividade. Enfatizamos a importância dos parâmetros de comando, funcionais e de movimentação para
executar a programação desses robôs.
Os conhecimentos aqui abordados estão diretamente relacionados à capacidade do profissional em mecatrônica
em desenvolver a aprendizagem do funcionamento e das tecnologias envolvidas em um dos equipamentos mais
utilizados nessa área, o robô industrial.
REFERÊNCIAS
ADEPT TECHNOLOGY. Envelope adept viper s650. Pleasanton, 2014. Disponível em: <http://www.
adept.com/products/robots/6-axis/viper-s650/downloads/doc_view/58-envelope-adept-viper-s65
0?tmpl=component&format=raw>. Acesso em: 08 dez. 2014.
ČAPEK, Karel. R.U.R. (Rossum’s Universal Robots): a play an introductory scene in three acts.
Adelaide: University of Adelaide, 2014.
DAVIES, Bethan. Precision and accuracy in glacial geology. 2013. Disponível em: <http://www.
antarcticglaciers.org/glacial-geology/dating-glacial-sediments-2/precision-and-accuracy-glacial-
geology/>. Acesso em: 08 dez. 2014.
Fernando R. G. Schirmbeck
Coordenação Técnica
Daniel Corteletti
Elaboração
Enrique S. Blanco
Patricia C. da S. Rodrigues
Design Educacional
Aurélio Rauber
Direção de Arte
Camila J. S. Machado
Ilustrações
Roberta Triaca
Apoio à Normatização
Duploklick
Revisão Ortográfica e Gramatical