Bruno Silva de Lima Deysiane Gomes Araújo Jorge Carlos dos Santos
Técnico em Eletrônica – Módulo V
Disciplina: Automação Industrial e Controle de Processos Professora: Milena Soares O Sistema de Supervisão e Controle é fundamental para qualquer sistema de automação e controle de processos. Surgiu com o intuito de fornecer uma interface amigável (geralmente de forma gráfica) com os operadores de processo, permitindo aos mesmos, realizarem as seguintes funções: Monitorar variáveis do processo em tempo real (temperatura, pressão, nível, vazão); Diagnosticar falhas ou condições indevidas através de alarmes e eventos; Ajustar parâmetros do processo (set-points); Enviar parâmetros para o sistema. O Sistema de Supervisão é particularmente chamado de SCADA ou IHM: SCADA (Supervisory Data Control and Data Acquisition) – esse sistema é rigorosamente composto não somente pelo supervisório, mas também pela instrumentação, CLP´s e toda infra-estrutura de comunicação utilizada no sistema de automação e controle. No entanto, é comum definir o software de supervisão como SCADA. Este geralmente é localizado na sala de controle, rodando no PC. IHM (Interface Homem Máquina) – muitas vezes é necessária uma interface localizada no chão de fábrica para que o operador possa ter acesso local às informações do processo. Estas interfaces variam de pequenos dispositivos alfa-numéricos até interfaces coloridas, dotadas de painel de membranas ou tela touch screen. É importante saber que o sistema de supervisão não tem a função de realizar o controle em tempo real, tal como o CLP (Controlador Lógico Programável). Portanto, o sistema de supervisão realiza interface com os elementos de controle, conforme mostra a figura 1. Figura 1 – Arquitetura Plana Em projetos onde se deseje apenas a aquisição de dados, ou seja, sem atuação no processo, é possível conectar o sistema de supervisão diretamente à instrumentação, através das redes de campo, tais como Fieldbus, Profibus, Interbus, dentre outras. Funções de um Sistema de Supervisão O processo de automação industrial surgiu na década de 20 com Henry Ford e sua linha de montagem de automóveis. Posteriormente, nos anos 60, assistimos ao desenvolvimento da microeletrônica, que possibilitou o desenvolvimento dos CLP´s (Controladores Lógicos Programáveis), que substituíram os painéis de controle com relés. Na década de 90, encontramos os novos sistemas de supervisão e controle, desenvolvidos especialmente para obter maior produtividade, qualidade e competitividade para essa nova realidade. Com as sucessivas evoluções que surgiram ao longo do tempo, os sistemas de supervisão atuais passaram a oferecer três funções básicas: Supervisão; Operação; Controle. Função de Supervisão: onde estão incluídas todas as operações de monitoramento do processo, sejam elas sinópticas, gráficos de tendências de variáveis analógicas e digitais, relatórios dentre outras. Função de Operação: oferece a vantagem de substituir as funções das mesas de controle manuais, otimizando dessa forma os procedimentos de controle e os modos de operação dos equipamentos do processo. Função de Controle: apresenta duas possibilidades: um sistema que possibilita a ação de controle sem depender de níveis intermediários do processo, conhecidos como DDC (Digital Direct Control) e o sistema supervisório, onde o controle é realizado de forma dinâmica, de acordo com o comportamento global do processo. Um sistema de automação tem por objetivos básicos o desempenho, a modularidade e a expansibilidade da planta. Para que estes sejam alcançados, deve-se estruturar a planta industrial e organizar os seus elementos constituintes (dispositivos de aquisição de dados ou remotas, CLP’s, instrumentos e sistemas de supervisão, entre outros). Para tanto, é necessário elaborar uma arquitetura capaz de suportar as duas hierarquias de rede mais utilizadas: informação e controle. A primeira é o nível mais alto dentro da arquitetura, representada pela rede de informação. Já as redes de controle interligam os sistemas industriais aos sistemas representados pelos controladores e pelas unidades de aquisição de dados. Funcionalidades Um sistema supervisório deve apresentar algumas funcionalidades básicas, dentre as quais destacam-se: Aquisição de dados - processo que envolve a coleta e transmissão de dados desde a planta industrial (estações remotas) até às estações centrais de monitoração. Os dados são transmitidos através da rede de comunicações até à estação central. O processo é concluído com o armazenamento da informação na base de dados; Visualização de dados - consiste na apresentação das informações através de interfaces homem-máquina (IHM), geralmente acompanhados por animações, de modo a fazer a simulação da evolução do estado dos dispositivos controlados na instalação industrial. • Processamento de alarmes - Os alarmes são classificados por níveis de prioridade em função da sua gravidade, sendo reservada a maior prioridade para os alarmes relacionados com questões de segurança. Em situações de falha do servidor ou da rede de comunicações, é possível efetuar o armazenamento das mensagens de alarme em buffer, o que, aliado à capacidade de transmissão de mensagens de alarme para vários servidores, permite atingir um maior grau de tolerância à falhas. O processamento de alarmes assume um papel de elevada importância na medida em que permite informar anomalias verificadas, sugerir medidas e, em determinadas situações, reagir automaticamente mediante parâmetros previamente estabelecidos. Para além das situações de alarme detectadas com base nos valores lidos pelos dispositivos, os sistemas supervisórios podem acionar alarmes com base na ocorrência de determinadas combinações de eventos. São classificados por níveis de prioridade em função da sua gravidade, sendo reservada a maior prioridade para os alarmes relacionados com questões de segurança. Tolerância à falhas - Para atingir os níveis aceitáveis de tolerância à falhas é usual a existência de informação redundante na rede e de máquinas backup situadas dentro e fora das instalações das indústrias de forma a permitir que sempre que se verifique uma falha num computador, o controle das operações seja transferido automaticamente para outro computador, o qual possui todos os dados espelhados do computador que estava funcionando até então, para que não se tenha uma interrupção significativa. SCADA O objetivo principal dos sistemas SCADA é propiciar uma interface de alto nível do operador com o processo informando-o "em tempo real" de todos os eventos de importância da planta. Especificamente no ambiente das redes de supervisão e controle, os sistemas SCADA melhoram a eficiência do processo de monitoração e controle, disponibilizando em tempo real o estado da rede através de um conjunto de telas, de gráficos e relatórios, permitindo a tomada de decisões operacionais apropriadas, quer automaticamente, quer por iniciativa do administrador da rede. Os sistemas SCADA cobrem um mercado bastante extenso, podendo ser encontrados em diversas áreas, desde aplicações industriais (celulose, petróleo, metalurgia, química, etc), controle ferroviário e aeroviário, e mesmo nas redes de computadores comerciais e residenciais. São capazes de monitorar automaticamente os sinais e estado dos dispositivos associados ao sistema e efetuar o controle sobre sensores e atuadores, distribuir informações entre as estações da rede através de uma central de controle, com performance e segurança. Os sistemas SCADA permitem a racionalização da utilização dos recursos energéticos, incrementando a eficiência operacional e o controle dos sistemas de segurança. Possibilitam, por exemplo, o controle de elevadores, sistemas de ar condicionado e aquecimento e outros equipamentos eletroeletrônicos, proporcionando economia de energia e redução dos custos de operação e manutenção da edificação. Funções como iluminação e ventilação podem ser controladas automaticamente, com horários preestabelecidos para ativação e desativação, inclusive por setores. O consumo de água e energia elétrica é monitorado, evitando o desperdício e as multas. Figura 2 – Exemplo de aquisição de um sistema de supervisão e controle Sensores e Atuadores Dispositivos conectados aos equipamentos controlados e monitorados pelo sistema. Os sensores convertem parâmetros físicos, tais como velocidade, níveis de líquido e temperatura, para sinais analógicos e digitais que são enviados para as estações remotas. Já os atuadores são utilizados para agir sobre o sistema, ligando, desligando ou movimentando determinados equipamentos. Estações Remotas A aquisição de dados envolve a transmissão dos dados coletados pelos diversos sensores (presença, luminosidade, temperatura, etc), atuadores, até às estações de controle centrais. O processo de controle local e a aquisição de dados são executados nas estações remotas, os PLC’s (Programmable Logic Controllers) e RTU’s (Remote Terminal Units), com a leitura dos valores apresentados pelos dos dispositivos que estão associados a cada estação. Os PLC’s e as RTU’s são equipamentos equipados com processadores, através dos quais a estação central de monitoração se comunica com os dispositivos existentes nos diversos setores da edificação. O processo de aquisição de dados é concluído com o respectivo armazenamento em uma base de dados no controle central do sistema. RTU (Remote Terminal Unit) – Unidade Terminal Remota Possuem uma arquitetura mais distribuída entre sua unidade de processamento central e os cartões de entrada e saída com maior precisão e sequenciamento de eventos, capacidade de comunicação incluindo comunicação sem fio (wireless), sendo indicados para situações onde a comunicação por uma rede de cabeamento convencional é difícil. PLC ( Programable Logic Control) – Controlador Lógico Programável Possuem maior flexibilidade na linguagem de programação e controle de entradas e saídas, apresentam como vantagem uma facilidade de programação e controle de sinais de Input e Output (entrada e saída). Redes de Comunicação Plataforma através da qual as informações do sistema são transferidas para o controle central. A rede de comunicação pode ser implementada utilizando os seguintes meios de transmissão, citaremos alguns deles: Cabos coaxiais e de par trançado - São indicados para aplicação em redes de pequenas dimensões, seguindo as normas e padrões para cabeamento estruturado comercial; • Cabos de fibra óptica – Indicados para aplicações onde é necessário cobrir grandes distâncias, áreas externas de campus ou entre edifícios e áreas sujeitas à interferência eletromagnética; Dispositivos sem fio – Usados em locais onde não é aplicável o cabeamento convencional. Diversas tecnologias de redes sem fio estão disponíveis atualmente. Conclusão Com a evolução da tecnologia, os computadores passaram a ter um papel importante nos sistemas de supervisão por coletar dados do processo e garantir a integridade das informações. Neste aspecto, o uso dos computadores permitiu a diminuição de grande parte os custos, complexidades e riscos nas tarefas dos processos de produção. No que se refere à segurança das redes de comunicação, usadas individualmente, cada tecnologia e serviço de segurança de informações acrescenta um outro nível de segurança às redes SCADA e corporativas. Usadas em conjunto, essas soluções proporcionam um avanço significativo em direção a uma segurança on-line ideal. Portanto, é interessante criar políticas e assegurar a implementação de práticas de segurança adequadas que protegerão a produtividade e a continuidade dos serviços de ambas as redes. Finalizando, os sistemas de supervisão revelam-se de grande importância na estrutura de gestão dos processos industriais, pois permitem observar remotamente as condições do sistema, facilitando o controle das variáveis de operação e disponibilizando em tempo real o estado da rede através de um conjunto adequado de ferramentas. BIBLIOGRAFIA http://www.mecatronicaatual.com.br/secoes/leitura/ 381 - Pesquisado em 01/03/2012; http://www.projetoderedes.com.br/artigos/ artigo_redes_de_supervisao_e_controle.php - Pesquisado em 02/03/2012.