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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão.

Campus São Luís Monte Castelo


Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Materiais

RELATÓRIO DE PROCESSAMENTO DE MATERIAIS CERÂMICOS

Alunos: Artur Goes dos Santos Junior –


20172EEM0008
Mário Andrean Macedo Castro -
20172EEM0001

SÃO LUÍS
2018
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão.
Campus São Luís Monte Castelo
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Materiais

RELATÓRIO DE PROCESSAMENTO DE MATERIAIS CERÂMICOS

Atividade referente a disciplina de


Processamento de Materiais Cerâmicos, como
requisito para possível nota parcial. Professor:
Dr. Antônio Ernandes Macedo Paiva.

SÃO LUÍS
2018
1. INTRODUÇÃO

Reologia é a ciência que estuda a deformação da matéria, no caso de corpos


rígidos, ou o escoamento dos fluidos, no caso de sistemas líquidos ou gasosos, levando-
se em consideração a viscosidade como principal grandeza, que pode ser entendida como
“o atrito interno de um fluido” causado pela atração molecular, o qual provoca uma
resistência ao escoamento [1].
De acordo com a viscosidade frente a uma determinada taxa de deformação, os
fluídos se classificam em newtonianos e não-newtonianos.
Um fluido newtoniano é um fluido cuja viscosidade é constante para diferentes
taxas de cisalhamento e não variam com o tempo. Já os fluidos não-newtonianos sofrem
alteração da sua viscosidade com a variação do tempo e do esforço aplicado [2].
Os fluidos não-newtonianos classificam-se da seguinte forma: quando apresentam
uma variação na sua viscosidade aparente ao longo do tempo de aplicação de tensão, ou
seja, quando a viscosidade diminui, o fluido é dito tixotrópico e se a viscosidade aumentar
é chamado de reopético. Quando o tempo não influencia, a viscosidade vai depender do
esforço aplicado, sendo os fluidos dilatantes aqueles que aumentam a sua viscosidade
com o aumento do esforço aplicado, e os pseudoplásticos que apresentam uma diminuição
na sua viscosidade com o aumento do esforço [3].
Suspensões cerâmicas são misturas onde estão presentes água e matérias-primas
como argilas, feldspatos, fritas e outros. Procura-se trabalhar com o mínimo de água
possível nessas suspensões para evitar uma série de problemas físicos no processamento
cerâmico [2].
Em virtude das elevadas energias superficiais que apresentam os pós cerâmicos,
quando em meio líquido, as forças de van der Waals atuam no sentido da desestabilização
das suspensões, pela formação de aglomerados [4]. Com o objetivo de eliminar esses
efeitos, são utilizadas substâncias que buscam neutralizar essa reatividade entre as
partículas. Tais substâncias, são denominadas defloculantes [5]. Sais a base de fosfatos e
silicatos e polímeros como o polipropileno e poliacrilato são os defloculantes mais
comumente utilizados [2].
Em laboratório, a eficiência dos defloculantes é, comumente, investigada através
das curvas de defloculação, que objetivam determinar a menor quantidade de defloculante
necessária para conduzir as suspensões a seus menores valores de viscosidade aparente
[4].
2. OBJETIVOS

Determinar o ponto de concentração ideal de defloculante em uma suspensão de


alumina, a partir da curva de defloculação, utilizando a técnica de viscosimetria de
Brookfield. Classificar o tipo de fluído característico da suspensão variando o tempo e a
taxa de deformação. Comparar a curva de defloculação com a de outras equipes que
utilizaram diferentes concentrações de alumina e defloculantes.

3. PARTE EXPERIMENTAL

Para o experimento foram utilizados os seguintes materiais e matérias-primas:

 Viscosímetro Brookfield DV3


 Balança Gehara AG 200
 Agitador de Partículas Quimis
 Conta-Gotas
 Béquer de plástico
 Água Destilada
 Alumina
 Solução de 10% de Poliacrilato de Sódio

A técnica escolhida para a determinação da viscosidade aparente da suspensão foi


a de Viscosimetria de Brookfield. Essa técnica faz uso de um viscosímetro que possui um
disco (spindle) que gira em torno de seu centro, imerso em um recipiente com fluido
infinito (isto é, o recipiente deve ser suficientemente grande para que suas paredes não
interfiram na medida) [6]. Através de software específico interligado ao equipamento,
pode-se variar parâmetros como a taxa de deformação, rotação do disco, e obter os
resultados de interesse.
Para o experimento, foi escolhida uma suspensão de 100 ml com 30% de alumina
e 70% de água destilada. Dessa forma, pesou-se 119,7 g de Al2O3, que foi adicionada
gradativamente em béquer que continha a água destilada sob agitação. Devido a alumina
ser insolúvel em água e pela elevada densidade da suspensão (1710 g/L) que estava
extremamente viscosa, não foi possível iniciar o experimento sem a adição de um valor
mínimo de defloculante.
Dessa maneira, foi gotejado defloculante na suspensão sob agitação, até que fosse
perceptível um mínimo de fluidez. Foram necessárias 40 gotas (2 ml) para atingir esse
estado.
Nesse experimento, foi escolhida uma taxa de deformação de 10 s-1 e rotação de
30 rpm, e após um tempo de 30 s era obtido um valor de viscosidade. Após cada medição
era adicionado mais defloculante para que fosse gerado um novo valor de viscosidade.
Isso se sucedeu até que a viscosidade se estabilizasse, ou seja, não variasse com a adição
de defloculante. A Tabela 1 mostra a quantidade de defloculante utilizada para cada
medição de viscosidade.
Tabela 1. Volume de defloculante utilizado em cada medição
Defloculante
Medição
Gotas Volume (ml)
1 40 2
2 10 0,5
3 5 0,25
4 5 0,25
5 5 0,25
6 5 0,25

Ao final da última medição, foi realizada ainda mais duas medidas de viscosidade.
A primeira em função da taxa de cisalhamento com medição a cada trinta segundos
durante treze minutos. A segunda medida foi feita com a taxa de cisalhamento constante
com a viscosidade sendo determinada a cada meio minuto durante uma hora.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a realização dos experimentos, plotou-se os gráficos de Tensão de
Cisalhamento por Taxa de Deformação (Figura 1), Tensão de Cisalhamento por Tempo
(Figura 2) e Viscosidade Aparente por Concentração de Defloculante (Figura 3),
conforme observado a seguir.

Figura 1. Gráfico Tensão vs. Taxa de Deformação após estabilização da viscosidade.


Figura 2. Gráfico Tensão vs. Tempo após estabilização da viscosidade.

Figura 3. Gráfico Viscosidade vs. Conc. de Defloculante para cada medida de viscosidade.

De acordo com a definição de fluídos, a suspensão do experimento, é dita como


não-newtoniana já que a viscosidade varia conforme a taxa e tensão de cisalhamento. E
devido ao comportamento do gráfico da Figura 1, pode-se considerar o fluído como
pseudoplástico, pois a viscosidade diminui conforme a aplicação de esforço, quando esta
independe do tempo de aplicação de tensão. A Figura 2, mostra que a viscosidade
aumenta, quando há dependência do tempo de aplicação da tensão, mostrando que a
suspensão é reopética nessas condições.
O ponto vermelho do Gráfico da Figura 3, representa a concentração ideal de
defloculante (CID), ou seja, o ponto de menor viscosidade aparente da suspensão, que
representa a melhor concentração de defloculante a ser utilizado na suspensão nas
condições determinadas. Com isso, para uma suspensão de 100 ml com 30% de alumina
e 70% de água destilada, deve-se adicionar 2,31 g (6 ml) de poliacrilato de sódio para que
a mesma atinja seu ponto ideal de viscosidade para a sua processabilidade cerâmica seja
como barbotina de massas, esmaltes cerâmicos, etc.
A Figura 4, mostra os resultados de CIDs (localizadas pelas setas verdes) de todos
os experimentos com diferentes concentrações de alumina na suspensão. Percebe-se que
quanto maior a concentração de alumina na suspensão, a viscosidade se estabiliza em
valores mais altos. Isso é devido a viscosidade inerente da suspensão, que após atingir
seu limite de viscosidade, não fica mais fluída com a adição de defloculante. A Tabela 2,
resume as CIDs e limite de viscosidade para cada suspensão.

Figura 4. Gráfico Viscosidade vs. Conc. de Defloculante, para todos os teores de alumina utilizados, e
suas CIDs identificadas (setas verdes)

Tabela 2. Volume de defloculante utilizado em cada medição


Suspensão CID (g/g) Viscosidade (mPa.s)
1 (20% Al2O3) 0,0138 3,5
2 (30% Al2O3) 0,0139 12
3 (40% Al2O3) 0,0285 48
4 (45% Al2O3) 0,0378 134
5. CONCLUSÕES

O conhecimento e a adequação do comportamento reológico de suspensões


cerâmicas é de fundamental importância para o seu processamento e aplicações. Nesse
relatório foram descritos os resultados de um experimento com uma suspensão de alumina
e água quanto ao seu comportamento viscoso sob tensão de cisalhamento a partir da
adição de poliacrilato de sódio como defloculante.
Conforme os resultados, a suspensão pode ser classificada como fluído não-
newtoniano do tipo pseudo-plástico e reopetico, com uma concentração ideal de
defloculante (CID) de 0,0221 g/g para que se possa atingir o ponto de mínima
viscosidade, que é de interesse para a sua processabilidade cerâmica nas condições
adotadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] MENEZES, R.R.; CAMPOS, L.F.A.; FERREIRA, H.S.; MARQUES L.N.; NEVES,
G.A.; FERREIRA, H.C. Estudo do comportamento reológico das argilas bentoníticas de
Cubati, Paraíba, Brasil. Cerâmica, v.55, p. 349-355. 2009.

[2] VANDERLIND, G.E.; GARCIA, G.; MELO, A.R. Avaliação do Comportamento da


Curva de Defloculação por Diferentes Tipos de Defloculantes em Engobes. Cerâmica
Industrial, v.20, p. 34-40. 2015.

[3] GONÇALVES, P.S.; SUSTER, M.; FLOR, R dos S. Reformulacao de Engobes


Visando a Substituição de Zirconita. Cerâmica Industrial, v.5, p. 48-50. 2000.

[4] GOMES, C.M.; DOS REIS, J.P.; LUIZ, J.F.; DE OLIVEIRA, A.P.N.; HOTZA, D.
Defloculação de massas cerâmicas triaxiais obtidas a partir do delineamento de misturas.
Cerâmica, v.51, p. 336-342. 2005.

[5] ORTEGA, F.S.; PANDOLFELLI, V.C.; RODRIGUES, J.A.; DE SOUZA, D.P.F.


Aspectos da Reologia e da Estabilidade de Suspensões Cerâmicas. Parte III: Mecanismo
de Estabilização Eletroestérica de Suspensões com Alumina. Cerâmica, v.43, p. 112-
118. 1997.

[6] DA SILVEIRA, C.A. Uso do Viscosímetro Brookfield em Determinações Reológicas.


Polímeros: Ciência e Tecnologia, v.1, p. 41-43. 1991.

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