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RESUMO
1 INTRODUÇÃO
1.1 Contexto
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) aponta que
anualmente, 1,3 bilhão de toneladas de comida é desperdiçada ou se perde ao longo das cadeias
produtivas de alimentos. O volume representa 30% de toda a comida para consumo humano
produzida por ano no planeta.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e o Programa de Desenvolvimento
das Nações Unidas (PNUD) apontam que as perdas de alimentos no Brasil variam de 20% a 60%
de tudo o que se produz no campo. Às vezes, só 40% do que se cultiva é consumido, fato que nos
coloca como um dos campeões do desperdício de alimentos no mundo [AKATU, 2013, p.10].
De acordo com o Sumario Executivo do Diagnóstico da Situação dos Resíduos Sólidos no Brasil,
elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) para o Plano Nacional de Resíduos
Sólidos (PNRS), em 2008-2019 o Brasil gerou diariamente cerca de 217.000 toneladas de resíduos.
Desse montante, estima-se que de 94.335 toneladas foram de origem orgânica correspondendo a
45,3% de todo o resíduo gerado no Brasil [PNRS, 2022, p.18]. Segundo a Associação Brasileira das
Empresas de Limpeza Pública (ABRELPE), em 2021, após a pandemia de COVID-19, a geração de
RSU no Brasil atingiu 226.000 t/d, correspondente a 390 kg/hab/ano [PANORAMA, 2021, p.16].
1.2 O Problema
O PNRS constatou que do total estimado de resíduos orgânicos, uma parcela pouco significativa,
0,4% do total coletado, foi encaminhada para tratamento via compostagem [PNRS. 2022, p.36]. Os
resíduos sólidos orgânicos deveriam ter destinação e tratamento adequados, visando atender a
Política Nacional de Resíduos Sólidos estabelecida na Lei Federal nº 12.305/2010. No entanto, mais
de 99,6% dos resíduos sólidos orgânicos são dispostos de forma inadequada causando impactos
ambientais, ou em aterros sanitários, levando ao grande desperdício de material que poderia ser
utilizado para a produção de adubo, para geração de energia elétrica, ou para a produção de
biocombustíveis. A degradação dos resíduos orgânicos é uma das principais fontes de emissão de
metano. Os aterros sanitários são a terceira maior fonte antropogênica mundial de metano [PNRS,
2022, p.36],
As feiras livres do município de São Paulo geram diariamente cerca de 360 toneladas de
resíduos, constituídos basicamente por restos de alimentos, que são recolhidos pelos agentes do
serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos e precisam de destinação e
tratamento adequados [PMSP, 2014].
municípios ausentes (“sem informação”), o que permite inferir que um maior número de municípios vem
adotando a coleta seletiva no país. 23,7% dos municípios do Brasil contam com o serviço de coleta
seletiva, 38,5% não o têm, restando daí uma parcela de 37,7% sobre a qual não se tem esta informação.
A pratica da coleta seletiva no país, embora apresente avanços, ainda se encontra num patamar muito
baixo. (PNRS, 2022).
Do total estimado de resíduos orgânicos que são coletados (37 milhões t/a) somente 0,4%
(127.498 t/a) são encaminhados para tratamento via compostagem [PNRS, 2022, p.36]. Em termos
absolutos, são apenas 211 municípios brasileiros com unidades de compostagem, sendo que os
Estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul possuem a maior concentração, 78 e 66 unidades
respectivamente. O que demonstra que há uma significativa parcela de resíduos sólidos orgânicos sem
destinação adequada.
Conforme a Política Nacional de Resíduos Sólidos estabelecida na Lei Federal n° 12.305/2010,
100% dos resíduos sólidos deveriam ter tratamento bem como disposição final ambientalmente
adequada dos rejeitos. O Plano Nacional de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PNGIRS) previa a
eliminação total dos lixões até 2014 [Lei nº 12.305, Art.54] e a redução de resíduos orgânicos (úmidos)
destinados ao aterro. Esta meta não foi atingida. Em 2019, 53,9% dos municípios ainda destinaram
seus RSU para lixões e aterros controlados.
O novo Marco Legal do Saneamento Básico [Lei n° 14.026, de 15/07/2020] estabeleceu no
Art. 54, novos prazos, de forma escalonada, para que os municípios assegurem disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos, tendo como último marco temporal a data de 02/08/2024. Para
aumentar a sustentabilidade econômico-financeira do manejo de resíduos pelos municípios foram
estabelecidas metas e indicadores. O indicador global da Meta 3 avalia a quantidade de lixões e aterros
controlados que ainda recebem resíduos visando seu encerramento até 2024.
Estima-se que os dados da composição gravimétrica média do Brasil são representativos e valem
para os diferentes tipos de resíduos gerados (orgânicos, metais, vidro, resíduos orgânicos, papel e
papelão, etc.) em todo o território nacional. A Tab.2 apresenta a composição gravimétrica média dos
Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) no Brasil, considerando como base a quantidade de RSU coletados
no ano de 2018.
Participação Quantidade
Tipo de Resíduo
(%) ( t/dia )
Material reciclável 33,6 73.000
Metais 2,3 5.100
Aço 1,9 4.100
Alumínio 0,5 1.000
Papel, papelão e embalagens 11,8 25.700
Vidro 2,7 5.800
Plástico total 16,8 36.400
Plástico filme 11,3 24.500
Plástico rígido 5,5 11.900
Matéria orgânica 45,3 98.300
Outros 21,1 45.800
Total 100,0 217.100
Fonte: MMA [PNRS, 2022, p.18]
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município de São Paulo
tem uma população de 12.398.372 habitantes e ocupa uma área de 1.521,202 km2. A cidade tem 32
subprefeituras, e estas são divididas em distritos que somados resultam em 96 subdivisões
administrativas.
[3]
Potencial de produção de biogás e geração de energia elétrica do resíduo da CEAGESP, das feiras livres e dos Mercados
Municipais da cidade de São Paulo
Dados do Plano de Gestão Integrado de Resíduos Sólidos da Cidade de São Paulo (PGIRS)
[PMSP, 2014, p.8] mostram que a cidade gerou, em 2013, cerca de 20.000 t/d de resíduos, sendo que
mais da metade (54%) foi de origem domiciliar. Resíduos de feiras foram 1,5% deste total e resíduos
de poda foram 0,5% (Fig. 2). Baseado no crescimento populacional do município no período 2013-2021
consideramos que o total de RSU gerado atualmente atingiu 22.000 t/d mantendo-se a mesma
composição.
O município de São Paulo gerou em 2020 cerca de 360 t/d de resíduos de feiras, em sua maioria
orgânicos, que representam aproximadamente 1,6% do total de resíduos gerados na cidade.No
município de São Paulo há 831 feiras livres, 29 mercados e 1 central de abastecimento (CEAGESP).
• Incineração
A incineração nada mais é do que a queima de resíduos. Originalmente a incineração tinha como
objetivo a redução de volume de lixo. Utilizando o lixo como combustível em caldeiras, o calor é
aproveitado para produção de vapor usado em turbinas para geração de energia.
• Gaseificação
Gaseificação é um processo de conversão de combustíveis sólidos em gás energético por meio
[4]
Potencial de produção de biogás e geração de energia elétrica do resíduo da CEAGESP, das feiras livres e dos Mercados
Municipais da cidade de São Paulo
• Pirolise
Pirolise é um processo de decomposição térmica de materiais orgânicos sólidos sem oxigênio,
em temperaturas de até 500 ⁰C, convertendo sólidos em líquidos e gases energéticos.
• Biodigestão aeróbia
Mais conhecida como COMPOSTAGEM, trata-se de um processo biológico de decomposição
de matéria orgânica que ocorre na presença de oxigênio. Neste processo que ocorre ao ar livre não
se controla o biogás gerado, que escapa para a atmosfera. O tempo de compostagem é longo. A
duração do processo completo é da ordem de 4 meses.
• Biodigestão anaeróbia
A biodigestão anaeróbia é o processo de conversão de matéria orgânica sem a presença de
oxigênio (O2) ou nitratos (NO3-). No processo de digestão anaeróbia ocorre a decomposição da
matéria orgânica na ausência de oxigênio, gerando, além do composto orgânico, o biogás. Este
processo ocorre naturalmente em pântanos e nos aterros sanitários, mas, industrialmente são
usados biodigestores para a produção do biogás.
O processo em recintos confinados permite que a produção de biogás seja controlada. Esse
controle permite a alta produtividade na geração do biogás e sua captura, por consequência, o gás
gerado em tais processos pode ser aproveitado para a geração de calor, energia ou combustível
veicular. A Política Nacional de Biocombustíveis (RENOVABIO), instituída pela Lei nº 13.576/2017,
ressalta o papel estratégico dos biocombustíveis na matriz energética nacional.
A processo de biodigestão pode ser descrito genericamente pela expressão:
Biomassa + H2O ⟶ CH4 + CO2 + NH3 + H2S + Calor + Material orgânico não decomposto
O processo de biodigestão, em termos da demanda química de oxigênio (DQO), está ilustrado no
diagrama da Fig. 4:
Os resíduos orgânicos das feiras contem altos teores de umidade. O RSV coletado em feiras
livres contém tipicamente cerca de 77,5% de água. Os processos térmicos não são adequados para
o tratamento de RSV devido a este alto teor de água, já os processos biológicos se adequam melhor
a este tratamento.
[5]
Potencial de produção de biogás e geração de energia elétrica do resíduo da CEAGESP, das feiras livres e dos Mercados
Municipais da cidade de São Paulo
O sistema de compostagem termofílica em leiras estáticas (Fig. 5) com aeração natural, usa um
método criado pela Universidade Federal de Santa Catarina e pelo Centro de Promoção e Estudos
da Agricultura de Grupo (CEPAGRO). O projeto se inicia com as equipes de educação ambiental das
empresas de varrição, que orientam os feirantes a participarem do projeto e deixarem os restos de
frutas, verduras e legumes, dispostos em sacos da Prefeitura. No final da feira, os agentes de limpeza
recolhem esse material e o encaminham para os pátios de compostagem. A coleta dos sacos de
RSV da prefeitura permite utilizar caminhões com caçambas abertas, sem compactador.
Ampliando o programa em 2018, a região da Sé foi contemplada com 2º pátio da cidade com
capacidade para receber 100 t/semana de RSV. Até janeiro de 2019 foram abertos o 3º, o 4º e o 5º
pátios, todos na Zona Leste, com capacidade de receber 60 t/semana de RSV cada um. Para cada
10 t/semana é necessária uma área de 500 m2.
O manejo diferenciado dos resíduos orgânicos neste projeto processa diariamente frutas,
legumes, verduras e outros vegetais, que após 120 dias adubam as áreas verdes públicas da região.
Atualmente são destinados cerca de 60 t/d de RSV para esta finalidade para os cinco pátios de
compostagem em operação.
A iniciativa privada também faz manejo diferenciado de resíduos orgânicos, mesmo que
parcialmente. A compostagem in situ de resíduos de jardins, sobras descartadas de alimentos e
restos ingestão são realizadas por empresas como Casas Pernambucanas, Siemens, Hospital
Israelita Albert Einstein, universidade Mackenzie e Shopping Eldorado; a compostagem centralizada
é feita pelo Hospital Sírio Libanês e algumas lojas da rede de supermercados Pão de açúcar e
Walmart [PMSP, 2021].
Apenas 60 t/dia são compostadas de um total atual superior a 360 t/dia. Atualmente cerca de
300 t/dia de resíduos de feiras vão para aterros sanitários. Resta, portanto, o tratamento deste
resíduo por biodigestão anaeróbia, processo que resulta em biogás, efluente liquido e lodo, como
ilustrado na Fig. 4 e pode ocorrer naturalmente em pântanos e aterros ou, em processos
industrializados, em equipamentos chamados biodigestores. Biodigestores industriais são
equipamentos tecnológicos, normalmente dotados de sensores, que requerem manutenção e
operacionalidade mais técnica.
Para efetuar a coleta de 300 t/dia de diversas feiras e mercados, são usados caminhões com
compactador. Caminhões com volume de 6 m3 e taxa de compactação 3:1 são capazes de
transportar até 4 toneladas de resíduos de feiras. Cada caminhão deverá recolher o RSV de 2 feiras
e/ou mercados, totalizando a coleta de 120 pontos de geração de RSV por dia, considerando que
cada feira gera em média 2.000 kg de resíduos.
[6]
Potencial de produção de biogás e geração de energia elétrica do resíduo da CEAGESP, das feiras livres e dos Mercados
Municipais da cidade de São Paulo
Caminhões deste porte podem circular com facilidade pelas ruas da cidade. Estes caminhões
de coleta de RSV deverão ser dotados de uma caixa de chorume que armazena os líquidos que
escorrem do RSV quando compactado. Para atender a coleta de RSV atual é necessária uma frota
de 80 caminhões. Considerando que nem todos os caminhões operam cheios, com um fator de
ocupação de 80% serão necessários 100 caminhões. Estes caminhões poderão ser movidos por
Gás Natural Veicular (GNV) ou, eventualmente, por biometano gerado no tratamento do RSV
coletado, contribuindo para a redução da poluição atmosférica da cidade.
1.5 Objetivo
Neste trabalho foi analisada a possibilidade e o potencial de aproveitamento dos resíduos sólidos
orgânicos oriundos do CEAGESP e das feiras livres e mercados municipais da cidade de São Paulo,
que não são aproveitados para compostagem, para a produção de biogás ou biometano.
Uma vez escolhido o tratamento biodigestão anaeróbia como mais adequado para este material,
foi avaliado o potencial de geração destes biocombustíveis, e identificadas as oportunidades para
seu uso, considerando uma projeção da geração de RSV nos próximos 20 anos, visando o
dimensionamento preliminar da capacidade instalada necessária.
Finalmente, foi identificada a redução da quantidade de material disposta no aterro sanitário com
a biodigestão anaeróbia do RSV coletado.
2 MATERIAIS E METODOS
2.1 Materiais
O material objeto deste artigo são os resíduos do CEAGESP, das feiras livres e dos mercados
municipais na cidade de São Paulo. Estes resíduos são quase que exclusivamente orgânicos. Em
algumas publicações são chamados de Resíduos Sólidos Vegetais (RSV) [SILVA, 2009], [SOUZA
et al., 2010], [LEITE et al., 2014]. Neste artigo foi adotada esta nomenclatura.
A composição típica dos RSV é similar em todo o país, apesar das particularidades regionais.
Os compostos orgânicos totalizam cerca de 84% e 16% são materiais diversos como plástico, metal,
vidro, papel, papelão, trapo e outros [VAZ et al., 2003], [SRIVASTAVA, 2020]. Os RSV têm uma
composição típica conforme ilustrado na Fig. 7.
Na Tab. 2 estão apresentadas as principais características físico químicas de RSV, obtidas nas
referências pesquisadas. Nas referências citadas, as características analisadas foram obtidas
especificamente em resíduos de feira, com exceção de AGEM (2018, p.54) que analisou as
características em resíduos sólidos domiciliares na Baixada Santista, porém, apenas na fração
orgânica deste resíduo.
[7]
Potencial de produção de biogás e geração de energia elétrica do resíduo da CEAGESP, das feiras livres e dos Mercados
Municipais da cidade de São Paulo
2.2 Metodologia
2.2.1 Processo
Desenvolvimentos recentes, avanços na compreensão da digestão anaeróbica e novas técnicas
permitem controlar o sistema e torna-lo mais eficiente. Foi observado que o pré-tratamento do RSV,
a seleção de microrganismos adequados, e a otimização de variáveis do processo como temperatura
e pH, melhora significativamente a eficiência do digestor [SRIVASTAVA, 2020].
O pré-tratamento de aeração forçada por um período de alguns dias em condições ambientais
aumenta a produção de metano. Nesta condição há mudança do estado físico, de sólido para líquido,
formando lixivia e ocorre a diminuição do pH do material, indicando o início do processo de hidrólise
[OLIVEIRA et al., 2019]. Estudos de laboratório evidenciaram um aumento na produção de metano
em relação aos sólidos voláteis totais (SOT) do RSV. Material armazenado por 4 dias produziu
456 NmL CH4/g SOT em comparação com as amostras frescas sem pré-tratamento
(375 NmL CH4/g SOT), aumento de 22% [OLIVEIRA et al., 2022]. A unidade laboratorial NmL/g =
Nm3/ton para plantas industriais. Este artigo considera 348 Nm3 CH4/ton SOT na fase inicial de
operação da planta em escala industrial.
O processo de biodigestão do RSV será feito em 2 reatores, o primeiro destinado à hidrólise do
material com pH ácido, e o segundo, que é o biodigestor propriamente dito, destinado à
metanogênese com pH neutro.
O material coletado deverá ser primeiro vistoriado e os materiais não orgânicos (metais, vidros
e outros) retirados. Em seguida deve ser triturado, diluído e homogeneizado. Os caminhões coletores
de RSV são descarregados em uma área de pré-tratamento aeróbio onde também será feita a
retirada de materiais nocivos como plástico, vidro e metais (cerca de 17,5% do total recebido)
[SRIVASTAVA, 2020].
A digestão úmida em fluxo contínuo requer substrato denso e homogêneo com teor de sólidos
em torno de 15% e que possuem características favoráveis para bombeamento e mistura. O RSV
coletado tem forma heterogênea e teor de sólidos que pode variar de 17% a 28% [VAZ et al., 2003].
O RSV com 22,5% de sólidos, em média, será triturado, homogeneizado e diluído para obter um
substrato influente adequado com 15% de SOT. Esta mistura permanecerá por 4-5 dias no tanque
com agitador mecânico onde se completará a hidrólise.
• Recebimento e pré-tratamento
𝑃𝑃𝑑𝑑 𝑋𝑋 𝑆𝑆𝑆𝑆𝐼𝐼
𝐶𝐶𝑆𝑆𝑆𝑆 = (1)
100
Onde:
CST = Carga de Sólidos adicionada ao biodigestor (kg/dia);
Pd = Produção diária de resíduo (kg/dia);
A diferença entre Mt (kg/dia) e Pd (kg/dia) é a massa agua a ser adicionada para se ter um
substrato adequado ao processo de hidrolise. Para 22,5% de sólidos resulta que é necessária a
adição de 50 kg de água para cada 100 kg de RSV.
A diluição será feita com o efluente do processo, o qual servirá também para a limpeza dos
caminhões de coleta. Nesta limpeza o chorume acumulado no fundo do caminhão será também
conduzido ao reator de hidrólise. Chorume e aguas de lavagem tem alimentação descontinua, na
medida que chegam os caminhões de coleta). Este tanque de diluição serve só como passagem, de
modo que seu conteúdo e transferido para o tanque de hidrólise de acordo com a conveniência do
operador
O substrato liquido hidrolisado será alimentado no biodigestor em fluxo contínuo por meio de
bombas. Nesta etapa as substâncias resultantes da hidrólise são transformadas por bactérias
acidogênicas em ácido propanóico, ácido butanóico, ácido láctico e álcoois, assim como hidrogênio
e gás carbônico (Acidogênese).
Os materiais resultantes da acidogênese são transformados em ácido etanóico, hidrogênio e
gás carbônico por bactérias acetogênicas (Acetogênese).
A principal etapa da biodigestão anaeróbia é a Metanogênese. Durante esta etapa o ácido
acético, o hidrogênio e o dióxido de carbono são finalmente convertidos em metano e gás carbônico
através da ação de microrganismos metanogênicos classificados no domínio das Archeas, conhecido
como distinto das bactérias devido a suas características genéticas. Este processo ocorre em pH
neutro, na faixa de 6,8 a 7,2.
As Archeas possuem características únicas e particulares que as permitem viver em ambientes
específicos onde aceptores de elétrons como, por exemplo oxigênio (O2) e Nitratos (NO3-) são
ausentes ou existentes em baixas concentrações. A metanogênese pode ser considerada como
sendo uma “respiração anaeróbia”.
Enquanto os microrganismos metanogênicos hidrogenotróficos utilizam o hidrogênio e dióxido
de carbono, os metanogênicos acetoclásticos utilizam basicamente o ácido acético e metanol para a
geração de metano e gás carbônico. As reações (4) e (5) representam respectivamente a ação de
cada um dos tipos das Arqueas mencionadas [ARAUJO, 2017]. Esta última reação repõe água.
A produção de biogás é contínua, sem interrupções (24 h/d e 365 dias/ano), mas depende da
ação dos microrganismos de modo que a taxa de produção não é exatamente uniforme. O gasômetro
tem a função de regular esta não uniformidade, mas não se destina a estocar grandes quantidades
de gás. Portanto, o consumo do biogás para produção de eletricidade será de forma contínua. A
potência elétrica (WEl.) depende das perdas no gerador, de modo que é pouco inferior à potência
mecânica. A energia produzida anualmente pelo biogás será, portanto, 95% da potência mecânica
(WMec.) do gerador multiplicada por 8.760 horas.
Utilizando o biogás-60% para produção de eletricidade consideramos uso de moto-geradores
ciclo Otto adaptados para este combustível. Para o cálculo do potencial de geração de energia foram
utilizadas as equações (6), (7) e (8): A utilização de turbinas pode resultar em valores diferentes.
𝑄𝑄 𝑋𝑋 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 𝑋𝑋 𝜂𝜂𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀
𝑊𝑊𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀. = (6)
860
onde:
W Mec. = Potência mecânica do motor (kWmec.);
W El. = Potência elétrica gerada (kWel.);
E = Energia produzida anualmente (kWh);
Q = Vazão de biogás (Nm3/h);
PCI = Poder calorífico inferior do biogás (kcal/Nm3);
Fator de conversão para unidades S.I. = 860 (kcal/h)/kW
Para de motores ciclo Otto operando a biogás ηMotor = 34% (valor típico)
ηGeradoror = 95% (valor típico)
Processos de absorção como a lavagem com água gelada, 4-10°C, pressurizada (Water
Scrubbing - Fig. 8), processo mais comum do que PSA. O método utiliza o princípio da solubilidade,
onde o dióxido de carbono tem maior solubilidade, cerca de 26 vezes maior, do que o metano em
água. Em seguida é feita a secagem do gás resultante.
Neste processo são retirados materiais componentes do biogás como: Gás sulfídrico (H2S),
Dióxido de Carbono (CO2), Vapor de Água (H2O), Ar Atmosférico (N2 + O2) e Dióxido de enxofre
(SO2), restando principalmente o Metano (CH4). A perda de metano no processo de purificação é
desprezível e não foi considerada, resultando um mol de CH4 por mol de biogás.
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Potencial de produção de biogás e geração de energia elétrica do resíduo da CEAGESP, das feiras livres e dos Mercados
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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para este processo e estas vazões os reatores mais adequados são Continuous Flow Stirred
Tank Reactors CSTR (Fig. 9). Esses biodigestores com lodo ativado sem mecanismos de retenção
de sólidos são considerados a tecnologia padrão para a digestão anaeróbia de substratos mais
densos, como os RSV [ROCHA, 2016].
O biogás é um gás incolor, relativamente inodoro e inflamável que queima com uma chama azul.
A produção horária de biogás prognosticada é de cerca de 817 Nm3/h. Em termos de massa, esta
quantidade de gás é composta de 586 kg de metano + 391 kg de CO2 e outros gases.
Este biogás com 60% de metano terá um PCI típico de 5.140 kcal/Nm3 (21,5 MJ/m3) e pode
alimentar motores de combustão interna, adaptados para este combustível, acoplados a alternadores
para gerar energia elétrica. A produção de biogás é contínua 24 h/d, 365 dias/ano. Para a gerarão
de eletricidade não são necessários tratamentos adicionais do biogás. A Fig. 9 representa o diagrama
do processo proposto e o balanço de massa preliminar da usina para as vazões de RSV
consideradas.
Resulta do processo 205 T/dia de efluente liquido biodigerido (com baixa carga de DBO/DBQ)
que pode ser usado como biofertilizante, entretanto, devido aos custos de transporte o uso como
biofertilizante só é indicado para jardins e áreas verdes próximas às usinas. Caso não seja utilizado
para irrigação o efluente liquido deve ser encaminhado uma ETE para tratamento final.
O resíduo sólido remanescente é um lodo biodigerido com 50% de sólidos que, prensado em
filtros prensa, totalizará cerca de 22 ton/dia. Este material não é extraído continuamente do CSTR,
mas, é retirado esporadicamente para controlar o volume de lodo ativado no interior do biodigestor.
Sua estocagem permite uma secagem posterior e seu destino final é deposição em aterros sanitários.
O processamento do RSV por biodigestão anaeróbia poderá reduzir a quantidade de material
destinado a aterro para cerca de 8% da quantidade de resíduos coletada nas feiras.
Alternativamente à geração de eletricidade, o biogás pode ser tratado para retirar o CO2 e outros
gases, produzindo BIOMETANO que tem no mínimo 90% de CH4 e PCS típico de 8.550 kcal/Nm3
(35,8 MJ/m3). As principais características do biometano estão resumidas na Tab. 3.
Tabela 3: Especificação do BIOMETANO
Limite (1) Método
Característica Unidade Centro-Oeste,
Norte Nordeste NBR ASTM D ISO NF
Sudeste e Sul
16560
Teor de Siloxanos, máx. mgSi/m³ 0,3
16561
Clorados, máx. mg Cl/m³ 5,0 1911
Fluorados, máx. mg F/m³ 5,0 15713 X43-304
(*) Instalar um filtro de 1,0 µm para assegurar a remoção dos micro - organismos.
(1) Valores referidos a 293,15K (20ºC) e 101,325kPa (1atm) em base seca, exceto os pontos de orvalho de hidrocarbonetos e de água.
(2) A determinação somente deve ser realizada quando houver a adição de gás natural, GLP ou propano.
(3) A odoração do Biometano quando necessária deverá atender à norma ABNT NBR 15616 e NBR 15614.
(4) É o somatório dos compostos de enxofre presentes no Biometano, devendo a periodicidade ser definida, conforme a análise de risco.
(5) Caso a determinação seja em teor de água, a mesma deve ser convertida para ponto de orvalho em (ºC), conforme correlação da ISO 18453. Quando
os pontos de recebimento e de entrega estiverem em regiões distintas, observar o valor mais crítico dessa característica na especificação.
(6) O ponto de orvalho de hidrocarbonetos só precisa ser analisado quando houver adição de propano ou GLP, devendo a medição para fins do
certificado de qualidade ser feita em linha após o enriquecimento do gás. O ponto cricondentherm da mistura deve ser calculado por meio de equação
de estado com base nas composições obtidas nas cromatografias convencional e estendida, reportando o valor encontrado como ponto de orvalho de
hidrocarbonetos. Caso a presença de hexanos e mais pesados não tenha sido detectada na cromatografia convencional, fica dispensada a necessidade
de se realizar a cromatografia estendida.
(7) Fica dispensada a análise do ponto de orvalho de hidrocarbonetos para o caso do enriquecimento com gás natural.
Filtração
Water Adsorção
Parâmetro analisado Biogás com
Scrubbing PSA
Fe/EDTA
Metano CH4 60% 66% 94% 99%
Dióxido de Carbono CO2 40% 33% 5% 0,8%
Oxigênio O2 0,7% 0,7%
Sulfeto de Hidrogênio H2S ppm <100 0 0
Hidrogênio H2 ppm 191 0 6
Ponto de orvalho °C -66
Eficiência de remoção de CO2 87% 97%
Eficiência de remoção de H2S 98,5% 100% 100%
Para uso de biometano existem no mercado motores convencionais que operam com este
combustível pois ele tem a mesma característica do gás natural veicular (GNV) de origem fóssil. O
biometano pode ser utilizado como combustível da frota dos caminhões de coleta de RSV (Fig. 12)
e outros veículos. Esta operação requer tecnologia e equipamentos adicionais para purificar e
comprimir o metano. Para uso veicular os reservatórios de CH4 são projetados para pressões de
250 bar.
Figura 12: Caminhão de coleta de RSV movido a GNV
A equivalência do biogás a outros combustíveis deve levar em conta a eficiência dos processos
e equipamentos de conversão. Adotamos os valores indicados no Plano Nacional de Energia 2030
– V.8 – Geração Termelétrica – Biomassa [EPE, 2007, p.213] e o preço médio de cada energético
na Cidade de São Paulo (Tab. 5).
4 CONCLUSÕES
A geração diária de RSV nas feiras livres do município de São Paulo em 2021 foi de cerca de
360 toneladas, destas, 20% foram destinadas para as 5 centrais de compostagem localizadas ao
redor da cidade, o restante, cerca de 300 t/d, foram encaminhadas a aterros sanitários. Projeções
para 2040 apontam que a geração de RSV atinja cerca de 400 toneladas/dia [ABRELPE,2021].
Supondo que a compostagem se manterá no mesmo volume atual, sobrarão 340 toneladas/dia.
Uma forma de valorização dos RSV para ampliar a vida útil dos aterros sanitários, mitigar as
emissões de gases de efeito estufa e reduzir os custos com a manutenção dos aterros é encaminhar
este material para tratamento intermediário antes da disposição final. O processo sugerido para o
RSV proveniente de feiras, constituído fundamentalmente por restos de alimentos, é digestão
anaeróbia por lodo ativado que apresenta o melhor fator de conversão de metano (MCF) dentre os
diferentes tipos de tratamento de resíduos orgânicos. Usinas de biodigestão vão gerar biogás que
poderá ser convertido em energia elétrica e/ou biometano.
Apesar de representar apenas 1,6% do total de RSU gerado pelo município, a biodigestão deste
RSV das feiras livres têm o potencial de reduzir para menos de 10% destes resíduos atualmente
destinada aos aterros sanitários contribuindo assim com o aumento da vida útil dos aterros. Dos
cerca de 110.000 Ton de RSV encaminhadas anualmente para os aterros sanitários municipais, os
aterros receberão apenas 8.000 Ton/ano de lôdo biodigerido com 50% de umidade.
Este artigo propõe a implantação de 8 (oito) usinas de biodigestão, estrategicamente distribuídas
geograficamente ao redor da cidade, com capacidade inicial para processar os 300 t/dia de RSV
coletados. Cada usina com capacidade de processar 40 t/dia poderá gerar 102 Nm3/h de biogás
capaz de produzir 1.665.000 kWh/ano de energia elétrica que deixará de ser comprada pelo Poder
Público da distribuidora local. Estudos adicionais são necessários para determinar a quantidade de
usinas e sua localização.
Entretanto, o principal objetivo é tratamento adequado do lixo orgânico produzido nos mercados
e feiras livres e um destino final adequado a este RSV, beneficiando o meio ambiente e a população
da cidade. As receitas do bio-tratamento reduzem o custo da destinação final deste lixo. A
implantação de um programa de coleta e biodigestão de resíduos orgânicos das feiras livres poderá
ter importantes efeitos socioeducativos e irá gerar empregos formais ao longo da cadeia desde a
coleta do resíduo, passando pelo processamento do mesmo e operação e administração das usinas,
e finalmente com a eventual comercialização do gás ou da energia gerada.
A extração do CO2 e outros gases, purificando o biogás até uma concentração mínima de 90%
de CH4, produz o biometano em consonância com as estratégias da Meta 5B do PNRS, 2022. O
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Potencial de produção de biogás e geração de energia elétrica do resíduo da CEAGESP, das feiras livres e dos Mercados
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biometano pode ser injetado no Sistema de Distribuição de Gás Canalizado (desde que atenda a
Deliberação Nº 744 de 26/07/2017da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São
Paulo (ARSESP) e a Resolução Nº 685, de 29/06/2017 da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural
e Biocombustíveis (ANP)), ou comprimido até 25 MPa e armazenado em cilindros apropriados para
ser usado como biocombustível (Bio-GNV) dos caminhões de coleta e outros veículos da frota,
substituindo os combustíveis veiculares de origem fóssil.
Cada uma das 8 usinas consideradas terá potencial de produção anual de biometano
equivalente a 830.000 litros de óleo diesel de origem fóssil utilizados nos veículos da frota municipal,
reduzindo a poluição atmosférica. A produção do biometano automotivo aumenta o valor agregado
do produto. Cada usina gerará anualmente 425.000 kg de CO2. A captação do CO2 e sua
compressão para uso na indústria de bebidas gaseificadas, para enchimento de extintores de
incêndio, inertização de ambientes, e outros processos industriais, em vez de ser solto na atmosfera
poderá trazer uma receita adicional da mesma ordem de grandeza da geração de energia elétrica. A
captação do CO2 é uma ação em consonância com os esforços mundiais de combate ao aquecimento
global e redução da concentração de GEE na atmosfera acordados na COP-21, em Paris (2015).
Quando forem regulamentados os Créditos de Carbono, poderá representar receita adicional da
usina.
A produção de metano de 348 Nm3 CH4/ton SOT considerada neste artigo é um valor
conservador [OLIVEIRA et al., 2022]. A implantação de usinas de tratamento anaeróbico do RSV
coletado permitirá a melhor avaliação das condições reais de geração de biogás, a otimização do
processo de biodigestão e a obtenção de parâmetros mais precisos do que os considerados neste
artigo.
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Potencial de produção de biogás e biometano do resíduo da CEAGESP, das feiras livres e dos Mercados Municipais da cidade
de São Paulo
6 ANEXOS
FAO no Brasil
Segurança Alimentar
https://www.fao.org/brasil/fao-no-brasil/brasil-em-resumo/en/
• 1,3 bilhão de toneladas de comida é desperdiçada ou se perde ao longo das cadeias produtivas
de alimentos. O volume representa 30% de toda a comida para consumo humano produzida por
ano no planeta.
• As perdas de alimentos no Brasil variam de 20% a 60% de tudo o que se produz no campo.
• Às vezes, só 40% do que se cultiva é consumido, fato que nos coloca como um dos campeões
do desperdício de alimentos no mundo.
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Potencial de produção de biogás e geração de energia elétrica do resíduo da CEAGESP, das feiras livres e dos Mercados
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Diretriz 5A
Estruturar o mercado de aproveitamento energético de RSU
Estratégia 64: Mapear limitações e entraves de ordem técnica, econômica, tributária, jurídica e legal
para expansão da recuperação energética de RSU no território nacional e articular
soluções junto aos estados, consórcios, municípios e setor privado.
Estratégia 65: Mapear limitações e entraves de ordem técnica, econômica, tributária, jurídica e legal
para expansão do uso de biogás e biometano a partir de RSU em território nacional e
articular soluções junto aos estados, consórcios, municípios e setor privado.
Estratégia 66: Incentivar a produção e utilização de Combustível Derivado de Resíduos (CDR).
Estratégia 67: Estabelecer, na matriz energética do país, a energia gerada a partir dos RSU como
fonte permanente e específica.
Diretriz 5B
Aumentar o aproveitamento energético de resíduos sólidos urbanos
Estratégia 68: Articular com o Ministério de Minas e Energia ações para implantação de condições
iniciais diferenciadas para a energia elétrica gerada a partir de resíduos sólidos urbanos.
Estratégia 69: Articular com estados e municípios para tornar obrigatório, nos processos de
licenciamento ambiental, a implantação de sistemas de captação e, quando técnica e
economicamente viável, o aproveitamento energético do biogás nos novos aterros
sanitários.
Estratégia 70: Estimular o uso veicular de biometano na frota de caminhões de coleta de resíduos
sólidos e de transporte de carga, bem como em tratores agrícolas e em ônibus nas
cidades, integrando a gestão de resíduos à melhoria da mobilidade urbana, por meio de
medidas legais, tributárias e econômicas.
Estratégia 71: Desenvolver, em parceria com a iniciativa privada, estudos de viabilidade técnica,
ambiental e econômica de unidades para aproveitamento energético de RSU em
municípios e consórcios com mais de 100 mil habitantes, e municípios localizados em
regiões integradas de desenvolvimento, instituídas por lei complementar, bem como em
áreas de especial interesse turístico.
Estratégia 72: Fomentar a produção de biometano e incentivar o incremento da oferta de gás a ser
injetado na rede de distribuição, conforme normas da Agência Nacional do Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis (ANP).
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Potencial de produção de biogás e geração de energia elétrica do resíduo da CEAGESP, das feiras livres e dos Mercados
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ABSTRACT
About a third of the world’s food production is wasted and discarded. In addition to
wastage, this material ends up being a problem for cities and the health of the
population when improperly disposed. The collection of organic waste from street
markets and supply centers and its treatment by anaerobic digestion has the
potential to generate fertilizer, via composting, and biogas, which can be used to
generate electricity. Alternatively, biogas can be converted into bio-methane to be
injected into the natural gas pipelines, or, used as automotive fuel. The street
markets in the city of São Paulo produce around 360 tons of Solid Vegetable
Residues (RSV) per day, consisting practically of food scraps. RSV are collected
by the public urban cleaning and solid waste services and are currently destined for
sanitary landfills. This study evaluated the potential of generating biogas by the
anaerobic treatment of the RSV collected in the city of São Paulo. Based on the
population growth projection of the city of São Paulo, the estimated production of
organic waste for the next 20 years, reaches 410 tons of RSV per day. The work
hypothesis is that all the RSV is collected, 20% is destined for composting and the
remaining 80% will be destined for anaerobic bio-digestion plants using activated
sludge. As a result of this study, bio-digesting plants around the city could have a
biogas production of 817 m3/h with the potential to generate electrical 13.3 GWh
annually using 1,600 kW motor-generators. Otherwise, if purified to bio-methane (in
line with the strategies of Goal 5B of the National Solid Waste Plan) can annually
replace 6,500,000 liters of fossil Diesel oil, in addition, to capture 3,400 tons of CO2
that would be released into the atmosphere.
Keywords: organic waste, waste final disposal, bio-digestion, anaerobic digester, biofuels.
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ESTATÍSTICAS:
Palavras chave: 5
6.776 palavras
16 páginas
818 linhas
361 parágrafos
Figuras: 12
Tabelas: 5
Referencias: 26
Anexos: 2