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Universidade do Vale do Itajaí

Escola do Mar, Ciência e Tecnologia

Engenharia Ambiental e Sanitária

Disciplina de Gestão de Bacias Hidrográficas

Professora Adelita Ramaiana Bennemann Granemann

ESTUDO DE CASO

Bacia do Rio Itajaí Mirim

Bruno Schmitter da Silva, Isadora da Silva Mello e Luiza Vitória Ramos Biondo.

Itajaí, 2021.
Sumário
1. INTRODUÇÃO................................................................................................................2
2. OBJETIVOS....................................................................................................................3
3. DESENVOLVIMENTO....................................................................................................4
3.1. DISPONIBILIDADE.................................................................................................4
3.1.1. Identificação e Análise das Estações Pluviométricas e Fluviométricas.....4
3.1.2. Diagrama Topológico da Hidrografia............................................................6
3.1.3. Regionalização de Vazões..............................................................................9
3.1.4. Área de Drenagem da Bacia e dos Pontos de Controle...............................9
3.1.5. Precipitação Média Anual.............................................................................10
3.1.6. Disponibilidade Hídrica Total.......................................................................11
3.2. DEMANDA............................................................................................................. 11
3.2.1. Municípios.....................................................................................................11
3.2.2. Demanda Atual..............................................................................................17
3.2.3. Definição dos Pontos de Controle...............................................................24
3.2.4. Demanda Futura – Cenário Tendencial e Cenário Crítico..........................26
3.3. BALANÇO HÍDRICO E IDENTIFICAÇÃO DE CONFLITOS..................................29
3.3.1. Cenário Atual.................................................................................................30
3.3.2. Cenário Futuro..............................................................................................31
4. IDENTIFICAÇÃO DE DANOS POR EVENTOS EXTREMOS.......................................32
5. GERAÇÃO DE EFLUENTES........................................................................................32
5.1. Vazão..................................................................................................................... 33
5.1.1. Vazão do rio...................................................................................................33
5.1.2. Vazão dos efluentes......................................................................................33
5.1.3. Vazão de diluição..........................................................................................33
5.2. Concentração.......................................................................................................34
5.2.1. DBO do rio.....................................................................................................34
5.2.2. DBO dos efluentes........................................................................................34
5.2.3. DBO permitida...............................................................................................35
5.3. Mistura.................................................................................................................. 35
5.4. Modelagem Matemática Qualitativa....................................................................35
5.5. Conflitos............................................................................................................... 35
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................36
7. REFERÊNCIAS............................................................................................................ 36

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1. INTRODUÇÃO
Sabe-se que o aumento da demanda hídrica é diretamente proporcional ao
crescimento da população, devido ao fato de a água ser o principal recurso natural
que rege a vida. Diversas atividades demandam uma quantidade elevada de água,
tais como a agricultura, pecuária, indústrias e abastecimento público urbano e rural.
Consequentemente, devido ao aumento significativo da demanda de recursos
hídricos, observa-se a disputa pelos recursos hídricos em diversos locais, gerando
problemas relacionados à quantidade e à qualidade da água disponível para tais
usos.
Diante deste narrativa, a necessidade de realização de pesquisas e cálculos
se tornaram essenciais, para que haja a possiblidade de otimizar o uso dos recursos
hídricos e, assim, possibilitar a sua melhor gestão.
No Brasil, o processo de planejamento dos recursos hídricos pressupõe a
elaboração de Planos de Bacia Hidrográficas. Dessa forma, a eficiência e a
elaboração dos Planos de Bacias estão relacionadas à quantificação de variáveis
hidrológicas (disponibilidade e demanda hídrica). Consequentemente, destaca-se a
necessidade de estimativas confiáveis e seguras das disponibilidades e demandas
hídricas nas bacias hidrográficas para o processo de gestão de recursos hídricos.
Como ponto de partida para estudos de demanda hídrica, é primordial a
compreensão da disponibilidade da água e o prognóstico do uso do recurso hídrico.
Ambos devem incluir: previsões naturais de mudança nos padrões de uso dos
recursos hídricos e intervenções previstas nos diferentes setores de usuários.
De acordo com Silveira et al. (1998), “Para estabelecer a relação entre
disponibilidade versus demanda de água, é necessário desenvolver estudos
hidrológicos que maximizem as informações hidrometeorológicas disponíveis e
ainda o levantamento dos usuários atuais dos recursos hídricos em captações ou
despejo de efluentes.”
No presente trabalho analisou-se os seguintes tópicos referentes ao estudo
de caso da Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí Mirim: Disponibilidade hídrica, demanda
hídrica, balanço hídrico e identificação de conflitos, identificação de danos por
eventos extremos e geração de efluentes.

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Figura 1 - Mapa da Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí Mirim.

2. OBJETIVOS
O presente trabalho tem como objetivo a identificação de conflitos resultantes
da relação de disponibilidade e demanda hídrica dos municípios integrantes da
bacia do Rio Itajaí Mirim, bem como da avaliação normativa da geração de efluentes
em relação à vazão correspondente.

3. DESENVOLVIMENTO
3.1. DISPONIBILIDADE
3.1.1. Identificação e Análise das Estações Pluviométricas e
Fluviométricas
A partir das informações georreferenciadas da Agência Nacional de Água,
destacou-se a presença de 40 estações pluviométricas e 4 estações fluviométricas
em funcionamento na Bacia do Rio Itajaí Mirim.
A partir dos dados das estações pluviométricas é possível estabelecer a
chuva média na bacia. Tendo em vista que apenas algumas estações apresentam

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dados disponíveis, a Tabela 1 apresenta as estações pré-determinadas e seus
dados utilizados em futuros cálculos de precipitação média anual.

Precipitação
2
Estação Rio Código Área (Km ) Latitude Longitude Média Anual
(mm)
ITAJAÍ Itajaí Mirim 2648024 441,362546 -26,95 -48,76 2047,099976
BOTUVERÁ
Itajaí Mirim 2749045 679,813426 -27,2 -49,09 1555,553852
Montante
VIDAL RAMOS Itajaí Mirim 2749033 548,677828 -27,39 -49,37 1468,283335
Tabela 1- Estações Pluviométricas e características.

Figura 2- Estações Pluviométricas.

A partir dos dados das estações apenas 3 estações apresentaram dados


disponíveis. Sendo assim, a Tabela 2 apresenta as estações e seus dados.

Nome Código Latitude Longitude Operando Vazão (m3/s)


Brusque 83905000 -27,03 -48,86 Sim Sem dados
Brusque (PCD) 83900000 -27,1 -48,92 Sim 26,48271019
Botuverá-Montante 83892998 -27,2 -49,09 Sim 16,83076442
Salseiro 83892990 -27,33 -49,33 Sim 5,712161039

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Tabela 2-Estações Fluviiométricas e características.

Figura 3- Estações Fluviométricas.

3.1.2. Diagrama Topológico da Hidrografia


O diagrama topológico da hidrografia foi desenvolvido com base nos cursos
de água de cada cidade disponíveis no sistema de informações geográficas.

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Figura 4-Hidrografia
da Bacia do Rio
Itajaí Mirim.

A Figura
5 apresenta o
diagrama
topológico da
hidrografia da
bacia do Itajaí
Mirim e a
localização dos
pontos de
controle.

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3.1.3. Regionalização de Vazões
De acordo com a regionalização do estado de Santa Catarina, a estimativa de
vazões médias mensais em cursos de água localizados na região hidrográfica do
Vale do Itajaí, é feita através das seguintes relações:
Q MLT =9,393× 10−4 × P 0,363 × AD 1,092
Q p=K p × QMLT
K p Q 98=0,29
Onde:
Q MLT = Vazão Média de Longo Termo (m3/s);
P = Precipitação média (mm/ano);
AD = Área de Drenagem (Km2);
Qp = Vazão de Permanência (m3/s);
Kp = Coeficiente de permanência.

Para a análise de disponibilidade hídrica para captação ou derivação de


cursos d’água de domínio do Estado de Santa Catarina, a vazão de referência
adotada é a Q98 (vazão de permanência por 98% do tempo).

3.1.4. Área de Drenagem da Bacia e dos Pontos de Controle


A área de drenagem da bacia do Itajaí Mirim foi estabelecida com o auxílio do
ArcGis, sendo de 1669,8538 Km2.
Da mesma forma, o software auxiliou na determinação da área de drenagem
dos pontos de controle definidos, as quais estão apresentadas na Tabela 3.
Área Drenagem
Cidades
Km2
Itajaí 1551,4410
Brusque 1201,1532
Botuverá 835,0583
Vidal Ramos 151,6472
Guabiruba 16,3953

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Presidente Nereu 93,7488
Gaspar 2,7663
Tabela 3- Área de drenagem dos pontos de controle.

3.1.5. Precipitação Média Anual


Para dar início ao cálculo da chuva média anual na bacia, é necessária a
divisão da bacia em polígonos, de acordo com a delimitação das estações
pluviométricas. A divisão dos polígonos foi realizada utilizando a função de
Polígonos de Thiessen, no ArcGis, levando em consideração a localização das
Estações. Essa divisão é essencial para determinar a área de cada polígono que,
juntamente com a precipitação anual média de cada estação pluviométrica, resultará
no cálculo da chuva média na bacia.

Figura 6- Polígonos e áreas para cálculo da chuva média.

A chuva média na bacia é dada pela seguinte equação, a partir do método


dos Polígonos de Thiessen:
n
1
P= ∑ A × Pi
A i=1 i
(441,362546 ×2047,099976)+( 679,813426× 1555,553852)+(548,677828 ×1468,283335)
P=
441,362546+679,813426+548,677828
P=1656,8002 mm

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Onde:
P: Chuva média na bacia (mm);
A1, A2 e A3: Áreas dos polígonos delimitados pelo ArcGis (Km 2);
P1, P2 e P3: Precipitações médias anuais das estações dentro de cada polígono
(mm), determinadas pelas bases de dados da ANA.

3.1.6. Disponibilidade Hídrica Total


É possível calcular a disponibilidade hídrica de cada município da bacia do
Rio Itajaí Mirim a partir das relações de regionalização de vazões.
A vazão média de longo termo é calculada considerando a precipitação média anual
da bacia e a área de drenagem dos pontos de controle. A partir disso, calcula-se a
vazão de permanência, considerando o resultado da vazão média de longo termo e
do coeficiente de permanência. Tendo em vista que a vazão outorgável de captação
corresponde a 50% da vazão de referência (Q98), considera-se apenas metade da
vazão de permanência como valor disponível.
Sendo assim, a Tabela 4 apresenta os valores resultantes de disponibilidade
hídrica (vazão outorgável) de cada município.
Qmlt Qp Q outorgável
Cidades
m3/s m3/s m3/s
Itajaí 42,2360 12,2484 6,1242
Brusque 31,9390 9,2623 4,6312
Botuverá 21,4741 6,2275 3,1137
Vidal Ramos 3,3333 0,9666 0,4833
Guabiruba 0,2937 0,0852 0,0426
Presidente
Nereu 1,9714 0,5717 0,2859
Gaspar 0,0421 0,0122 0,0061
Tabela 4- Disponibilidade Hídrica dos municípios.

3.2. DEMANDA
A demanda de água se dá pela quantidade de água que os municípios
necessitam para abastecimento, produção industrial e outros fins.
3.2.1. Municípios
Os municípios pertencentes à bacia do Rio Itajaí Mirim que influenciam a sua
rede de drenagem são: Brusque, Botuverá, Gaspar, Guabiruba, Itajaí, Presidente
Nereu e Vidal Ramos.

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Figura 7- Municípios abrangentes da bacia.

● Botuverá:
O município de Botuverá está localizado no estado de Santa Catarina, na
Mesorregião do Vale do Itajaí, e pertence à microrregião geográfica da cidade de
Blumenau, com uma área territorial de 296,256 km² (IBGE, 2020). A cidade
encontra-se dentro do sistema de drenagem da vertente atlântica, onde destaca-se
a Bacia do Rio Itajaí Mirim com 15.000 km² de área de drenagem.
A área do município é regada por diversos rios dentre os quais se destacam o
Rio Itajaí-Mirim, que permeia a área urbana e deságua no Rio Itajaí-Açu, além do
Ribeirão Porto Franco, Ribeirão da Gabiroba, Ribeirão do Lageado Alto e Baixo e
Ribeirão do Ouro (PMSB - BOTUVERÁ, 2011).
Devido à sua localização e o tamanho das propriedades rurais, a cidade
conta com o setor industrial e agricultura como principais atividades econômicas.
Tendo em vista que o município possui população fixa (urbana e rural), a área
urbana da cidade conta com a CASAN para abastecimento de água, e suas áreas
rurais são atendidas pela prefeitura, que possui poços artesianos com profundidade
entre 100 e 130 metros, de onde capta água e a distribui para os moradores. Essa

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água não passa por nenhum processo de tratamento (PMSB - BOTUVERÁ, 2011) e
o ponto de captação de água de Botuverá está localizado no Rio Itajaí Mirim.

● Brusque:
O município de Brusque está situado no Vale do Itajaí, centro-norte de Santa
Catarina, possuindo uma área territorial de 284,675 km² (IBGE, 2020). A cidade
encontra-se dentro do sistema de drenagem da vertente atlântica, onde destaca-se
a sub bacia do rio Itajaí-Mirim.
Brusque possui duas principais atividades econômicas devido à sua história e
localização, sendo elas o setor têxtil e o setor da indústria. A cidade conta com uma
população fixa (rural e urbana).
De acordo com a SAMAE, a cidade conta com uma Estação de Tratamento
de Água Central, onde abastece 77% da cidade, sendo que o ponto de captação de
água de Brusque está localizado no Rio Itajaí Mirim.
Além da estação de tratamento central, o município conta com mais sete
sistemas de tratamento de água de pequeno porte distribuídos nos bairros do
município.

● Gaspar:
O município de Gaspar está localizado no estado de Santa Catarina, na
Mesorregião Vale do Itajaí, e pertence à microrregião geográfica da cidade de
Blumenau, com uma área territorial de 386,616 km² (IBGE, 2020).
A cidade está inserida na sub bacia do rio Itajaí-Mirim e conta com uma
população fixa (rural e urbana). Devido à sua localização, o município possui uma
grande interação com os polos de grande importância do estado de Santa Catarina,
tornando-o um forte atrativo para a instalação de indústrias e, consequentemente,
transformando o setor industrial em uma das atividades econômicas do município
junto com a rizicultura.
A empresa responsável por fazer o abastecimento de água da cidade -
SAMUSA - Serviço Autônomo Municipal de Saneamento de Gaspar, possui cinco
estações de tratamento de água: ETA I; ETA II; ETA IV; ETA V e ETA VI, sendo a
Estação de tratamento de água - ETA IV Bateias a única da cidade que pertence à

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Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí Mirim, com o ponto de captação de água localizado
no Ribeirão Bateias, o qual deságua no rio Itajaí mirim.

● Guabiruba:
O município de Guabiruba está localizado no estado de Santa Catarina,
situado no Médio Vale do Itajaí, e pertence à microrregião geográfica da cidade de
Blumenau, com uma área territorial de 172,173 km² (IBGE, 2020).
A área do município é banhada pelo rio Guabiruba, que possui como
afluentes o rio Guabiruba Sul, rio Aimoré e rio São Pedro, que desaguam no rio
Itajaí-Mirim (PMSB - GUABIRUBA, 2018).
O município conta com uma população fixa (rural e urbana) e apresenta duas
atividades econômicas: setor têxtil e a metalurgia.
De acordo com o Plano Municipal de Saneamento de Guabiruba, a cidade
possui um sistema de abastecimento de água principal e integrado para a sede
urbana. Existem sistemas coletivos de abastecimento de água no perímetro urbano
e ainda há a utilização de abastecimento através de sistemas individuais como
ponteiras e poços. O ambiente rural possui soluções individuais para abastecimento,
tais como poços, ponteiras e captações em rios e nascentes.
A empresa responsável pelo abastecimento de água da cidade de Guabiruba,
Atlantis Saneamento, atende a maior parte da população municipal. Devido ao
Plano Diretor do município estabelecer que o rio Guabiruba Sul é o manancial a ser
preservado para abastecimento público, este foi escolhido como o ponto para
captação de água da cidade.

● Itajaí:
O município de Itajaí, está situado no litoral centro-norte de Santa Catarina
junto à Foz do Rio Itajaí-Açu, possuindo uma área territorial de 289,215 km² (IBGE,
2020).
Itajaí possui duas principais atividades econômicas devido à sua localização:
o setor pesqueiro e a atividade portuária. A cidade conta com uma população fixa
(rural e urbana) e população flutuante. De acordo com o Plano Municipal de
Saneamento Básico de Itajaí a população flutuante deve ser considerada para fins
de projeção populacional e cálculo das demandas.

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Quando se projeta demandas para abastecimento da cidade de Itajaí, a
estação de Tratamento de água - São Roque, além de ser a principal unidade de
tratamento de água do município, também é responsável por abastecer grande
parte da população de Navegantes.
A Eta de São Roque, faz sua captação a bruta na Bacia Hidrográfica do Rio
Itajaí-Mirim, em um canal retificado, sendo este o ponto escolhid para captação de
água da cidade.
Além da ETA de São Roque, Itajaí possui a Estação de Tratamento –
Arapongas e a Estação de Tratamento Limoeiro. A ETA - Arapongas realiza a sua
captação no mesmo local que a ETA – São Roque, em contrapartida a ETA –
Limoeiro realiza a sua captação em um pequeno riacho que deságua no rio Itajaí-
Mirim.

● Presidente Nereu:
O município de Presidente Nereu, está localizado no estado de Santa
Catarina, pertencente à região metropolitana do Alto Vale do Itajaí, e pertence à
microrregião geográfica de cidade de Rio do Sul, com uma área territorial de
224,748 km² (IBGE, 2020).
O município conta com uma população fixa (rural e urbana) e tem como
principal atividade econômica a agricultura.
De acordo com a responsável pelo abastecimento da população do
município, a CASAN, a captação da água bruta é realizada no Arroio Tatete,
manancial este que pertence à Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí Mirim, sendo este o
ponto escolhido para captação de água da cidade.

● Vidal Ramos:
O município de Vidal Ramos, está localizado no estado de Santa Catarina,
pertencente à região metropolitana do Alto Vale do Itajaí, e pertence à microrregião
geográfica de cidade de Ituporanga, com uma área territorial de 346,932 km² (IBGE,
2020).
O município conta com uma população fixa (rural e urbana) e a principal
atividade econômica é a fabricação de produtos de minerais não-metálicos.

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De acordo com a responsável pelo abastecimento da população do
município, a CASAN, a captação da água bruta é realizada no Ribeirão Santa Cruz,
manancial pertencente à Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí Mirim, sendo o ponto
escolhido para a captação de água da cidade.

3.2.2. Demanda Atual


3.2.2.1. População
Os cálculos da população rural e urbana atual de cada município da bacia do
Rio Itajaí Mirim foram estipulados com base nos dados do censo populacional do
ano de 2010 (IBGE). A população flutuante, considerando apenas o município de
Itajaí, foi estimada com base em dados presentes no Plano Municipal de
Saneamento Básico de Itajaí. Observa-se que o município de Itajaí abastece,
também, parte da população do município de Navegantes, sendo as duas
consideradas nos cálculos de demanda. Em relação ao município de Gaspar,
considerou-se para a demanda hídrica apenas os dados de 20% da população rural,
tendo em vista o local de captação.
Os valores de demanda hídrica de abastecimento rural e urbano
correspondem à água captada no manancial dividida pelo nº de habitantes
atendidos, o que engloba todas as perdas nos sistemas de tratamento e
distribuição. O valor utilizado para a Região Hidrográfica do Vale do Itajaí é
representativo dos usos urbanos, englobando o abastecimento doméstico, usos dos
setores de comércio e serviços, visto que para a população rural recomenda-se
adotar 50% da demanda urbana correspondente.
Salienta-se que a demanda hídrica da população flutuante foi estimada para
época específica, sem variação do tempo de estadia.
Além disso, foi estimada a demanda hídrica para o pessoal ocupado na área
urbana de cada município. Para os municípios de Itajaí, Guabiruba e Presidente
Nereu, foi utilizada a demanda de água para indústria de transformação, ao passo
que para os municípios de Botuverá e Vidal Ramos foi utilizada a demanda de água
para indústria extrativista. Para o município de Brusque, que possui atividades
significativas dos dois segmentos, foram utilizadas as demandas da indústria de
transformação e da indústria extrativista proporcionalmente divididas. No caso do
município de Gaspar, não foi considerado o pessoal ocupado urbano, tendo em

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vista que a água captada da bacia do Rio Itajaí Mirim abastece apenas 20% da área
rural do município.
Os dados de população rural, urbana, flutuante e pessoal ocupado de cada
município, bem como a demanda de água para cada segmento populacional, estão
apresentados na Tabela 5.
População Pessoal Ocupado
Cidades 2021 2019
Rural Urbana Total Flutuante Pessoas
Itajaí + 30654
Navegantes 16417,03 290131 8 61620 103761
14059
Brusque 4635 135962 7 - 60037
Botuverá 3814 1582 5396 - 2396
Vidal Ramos 4520 1801 6321 - 1272
Guabiruba 1844 23078 24922 - 8542
Presidente Nereu 1473 806 2279 - 390
Gaspar (20%) 2693,2 0 2693,2 - 0
2873,97260 12367,1232
100 200
  3 9
DEMANDA  L/hab.dia L/hab.dia     L/pessoa.dia L/pessoa.dia
Tabela 5-População.

Os cálculos para a demanda de abastecimento rural, urbano, flutuante e


pessoal ocupado, respectivamente, são dadas pelas seguintes fórmulas,
destacando que os valores foram posteriormente transformados para m3/s:
Qurb =Popurb ×QPC urb
Onde:
Q urb = Vazão de retirada para abastecimento urbano (L/dia);
Pop urb = População urbana atendida (hab);
QPC urb = Demanda per capita urbana (L/hab.dia).
Q rur =Poprur ×QPC rur

Onde:
Q rur = Vazão de retirada para abastecimento rural (L/dia);
Pop rur = População rural atendida (hab);
QPC rur = Demanda per capita rural (L/hab.dia).

Quf =Popurbflutuante ×CP urb

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Onde:
Q uf = Vazão de retirada para abastecimento da população flutuante (L/dia);
Pop urb flutuante = População flutuante atendida (hab);
CP urb = Consumo urbano per capita (L/hab.dia).

Q po=PO × CP po
Onde:
Q po = Vazão de retirada para abastecimento do pessoal ocupado (m3/ano);
PO = Pessoal ocupado (pessoas);
CP po = Consumo per capita pessoal ocupado (m3/pessoa.ano).

Os valores resultantes de demanda rural, urbana, flutuante e de pessoal


ocupado de cada município estão apresentados na Tabela 6.
População
Cidades Pessoal Ocupado UNID
Rural Urbana Flutuante
Itajaí + Navegantes 0,0190 0,6716 0,0713 3,4515
Brusque 0,0054 0,3147 0 5,2953
Botuverá 0,0044 0,0037 0 0,3430
Vidal Ramos 0,0052 0,0042 0 0,1821 m3/s
Guabiruba 0,0021 0,0534 0 0,2841
Presidente Nereu 0,0017 0,0019 0 0,0130
Gaspar (20%) 0,0031 0,0000 0 0
Tabela 6-Demanda populacional.

3.2.2.2. Pecuária
Os cálculos da demanda de água da população animal de cada município da
bacia do Rio Itajaí Mirim foram estipulados com base nos dados de pecuária do ano
de 2020 (IBGE). Foram considerados os seguintes tipos de criação animal:
Aquicultura, bovinos, vacas leiteiras, bubalinos, caprinos, equinos, codornas,
galináceos, ovinos e suínos.
Os valores de demanda hídrica para abastecimento animal, com exceção da
aquicultura, se dividem em criação extensiva e criação intensiva. A última gera,
além da demanda de dessedentação, uma demanda de água para diluição dos
efluentes. Neste caso, apenas a criação de vacas leiteiras foi considerada como
criação intensiva de animais. Os dados de população animal de cada município,

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bem como a demanda de água para cada tipo de criação, estão apresentados na
Tabela 7.

Aquicultura Bovinos Vaca Leiteira Bubalino Caprinos


Cidades 2020 2020 2020 2020 2020
Kg Cabeças Cabeças Cabeças Cabeças
Itajaí 69000 13528 70 2 405
Brusque 0 3486 80 0 121
Botuverá 302000 1823 120 0 13
Vidal Ramos 20000 7460 1640 43 10
Guabiruba 92100 2068 94 2 55
Presidente Nereu 40000 5710 510 63 30
Gaspar (20%) 93818 2077 408 4 64
  10,1644 50 77,5343 60 7
 DEMANDA L/Kg.dia L/cabeça.dia L/cabeça.dia L/cabeça.dia L/cabeça.dia

Equinos Codornas Galináceos Ovinos Suínos


Cidades 2020 2020 2020 2020 2020
Cabeças Cabeças Cabeças Cabeças Cabeças
Itajaí 1165 4000 445605 1315 253
Brusque 855 220 47780 842 613
Botuverá 53 190 5594 224 1115
Vidal Ramos 100 100 50000 350 6350
Guabiruba 206 0 96434 94 397
Presidente Nereu 80 0 15000 450 7500
Gaspar (20%) 266 23 19039 277 249
  40 0,36 0,36 7 20
 DEMANDA L/cabeça.dia L/cabeça.dia L/cabeça.dia L/cabeça.dia L/cabeça.dia
Tabela 8-População animal.
Tabela 7-População animal.

Os cálculos para a demanda de abastecimento animal são dadas pela


seguinte fórmula, destacando que os valores foram posteriormente transformados
para m3/s:
Q anim =Σ(Popanim ×QCP anim)
Onde:
Q anim= Vazão de retirada para abastecimento animal (L/dia);
Pop anim = Número de cabeças do rebanho (cabeças);
QCP anim = Demanda diária por cabeça (L/cabeça.dia).

17
Salienta-se que a demanda de água para a aquicultura é feita de acordo com
a unidade de Kilogramas, resultando em L/Kg.dia de água.
Os valores resultantes de demanda animal de cada município estão apresentados
na Tabela 9.
Pecuária (m3/s)
Cidades Aquicultur
a Bovinos Vaca Leiteira Bubalinos Caprinos
0,007828
Itajaí 0,0081 7 0,0000628 0,0000014 0,0000328
0,002017
Brusque 0,0000 4 0,0000718 0,0000000 0,0000098
0,001055
Botuverá 0,0355 0 0,0001077 0,0000000 0,0000011
0,004317
Vidal Ramos 0,0024 1 0,0014717 0,0000299 0,0000008
0,001196
Guabiruba 0,0108 8 0,0000844 0,0000014 0,0000045
0,003304
Presidente Nereu 0,0047 4 0,0004577 0,0000438 0,0000024
0,001201
Gaspar (20%) 0,0110 9 0,0003663 0,0000029 0,0000052
Tabela 9-Demanda animal.

Pecuária (m3/s)
Cidades
Equinos Codornas Galináceos Ovinos Suínos
Itajaí 0,00054 0,0000167 0,0019 0,00011 0,0001
Brusque 0,00040 0,0000009 0,0002 0,00007 0,0001
Botuverá 0,00002 0,0000008 0,0000 0,00002 0,0003
Vidal Ramos 0,00005 0,0000004 0,0002 0,00003 0,0015
Guabiruba 0,00010 0 0,0004 0,00001 0,0001
Presidente Nereu 0,00004 0 0,0001 0,00004 0,0017
Gaspar (20%) 0,00012 0,0000001 0,0001 0,00002 0,0001
Tabela 10-Demanda animal.

3.2.2.3. Área Irrigada


Os cálculos da demanda hídrica para irrigação de cada município da bacia do
Rio Itajaí Mirim foram estipulados com base nos dados de área irrigada do ano de
2017 (IBGE), considerando a atividade de rizicultura.
A demanda de água para a área irrigada é estimada considerando os fatores
de necessidades de uso (saturação do solo, inundação da área e reposição das

18
perdas por ET) e perdas (condução da água, percolação, infiltração lateral e
escorrimento superficial).
Os dados de área irrigada de cada município, bem como a demanda de água
para essa atividade, estão apresentados na Tabela 10.

Área Irrigada
Cidades 2017
Hectares
Itajaí 1227
Brusque 49
Botuverá 2
Vidal Ramos 534
Guabiruba 32
Presidente Nereu 21
Gaspar (20%) 431
  86400
  L/dia.ha
Tabela 11-Área irrigada.

Os cálculos para a demanda para a área irrigada são dadas pela seguinte
fórmula, destacando que os valores foram posteriormente transformados para m3/s:
Q ai= Área ×QCP ai
Onde:
Q ai = Vazão de retirada para área irrigada (L/dia);
Área = Área irrigada (hectares);
QCP ai = Demanda de água por hectare (L/hectare.dia).

Os valores resultantes de demanda para área irrigada de cada município


estão apresentados na Tabela 12.

Cidades Área Irrigada (m3/s)

Itajaí 1,2270
Brusque 0,0490

19
Botuverá 0,0020
Vidal Ramos 0,5340
Guabiruba 0,0320
Presidente Nereu 0,0210
Gaspar (20%) 0,4314
Tabela 12-Demanda para área irrigada.

3.2.2.4. Demanda Final


Considerando todas as atividades que demandam água, a Tabela 15
apresenta os valores resultados de demanda total de cada município.
Demanda
Cidades
m3/s
Itajaí 5,4590
Brusque 5,6673
Botuverá 0,3901
Vidal Ramos 0,7354
Guabiruba 0,3844
Presidente Nereu 0,0479
Gaspar 0,4474
Tabela 13-Demanda final.

3.2.3. Definição dos Pontos de Controle


Os pontos de controle foram definidos com base na localização das estações
de captação de água de cada município.

20
Figura 8-Localização dos pontos de controle.

A Tabela 16 apresenta a localização dos pontos de controle, o local de


referência, o curso de água em que é feita a captação e o curso de água em que foi
instalado o ponto de controle, tendo em vista que alguns cursos de água não estão
delimitados no sistema geográfico.

Cidades Captação Rio Latitude Longitude


Itajaí Estação de Captação de Água-SEMASA Itajaí Mirim -26,9118 -48,7188
Brusque Captação de Água-SAMAE Itajaí Mirim -27,0993 -48,9273
Botuverá ETA – CASAN Itajaí Mirim -27,1984 -49,0746
Vidal Ramos CASAN Ribeirão Santa Cruz -27,3955 -49,3635
Guabiruba Estação de Tratamento de Água Lajeado Rio Guabiruba Sul -27,1231 -49,0280
Presidente Nereu CASAN Arroio Tatete -27,2749 -49,3920
Gaspar Apenas a ETA 4 capta da bacia Ribeirão Bateias -26,9960 -48,9073
Tabela 14-Características pontos de controle.

21
Figura 9-Pontos de controle e área de drenagem.

3.2.4. Demanda Futura – Cenário Tendencial e Cenário Crítico


O cenário tendencial foi determinado semelhante a um prognóstico, com
horizontes de 25 anos, ao passo que o cenário crítico foi determinado a partir de um
aumento de 50% da demanda hídrica estabelecida no cenário tendencial.

3.2.4.1. População
A determinação do cenários tendencial para a população se deu baseada em
dados de crescimento populacional em um intervalo de tempo (Sebrae),
transformando esses dados em uma taxa média e constante de crescimento anual,
a qual foi aplicada na população de um ano conhecida até resultar na população de
cada município do ano de 2046.
Tendo em vista que a demanda hídrica per capita é mantida, a Tabela 17
apresenta a demanda hídrica populacional tendencial para o ano de 2046.

22
População (m3/s)
Cidades
Rural Urbana Flutuante
Itajaí + Navegantes 0,0309 1,0907 0,2746
Brusque 0,0121 0,7088 0
Botuverá 0,0074 0,0061 0
Vidal Ramos 0,0074 0,0059 0
Guabiruba 0,0051 0,1267 0
Presidente Nereu 0,0017 0,0019 0
Gaspar (20%) 0,0051 0 0
Tabela 15-Demanda hídrica populacional tendencial 2046.

3.2.4.2. Pecuária
A determinação do cenários tendencial para a pecuária se deu baseada em
dados antigos de quantidade de animais (IBGE), aplicando a fórmula de taxa de
crescimento anual e transformando o resultado em uma taxa média e constante de
crescimento anual, a qual foi aplicada na população animal conhecida de certo ano
até resultar na população animal de cada município no ano de 2046.
Tendo em vista que a demanda hídrica por cabeça ou Kg é mantida, a Tabela
18 apresenta a demanda hídrica animal tendencial para o ano de 2046.
Pecuária
Cidades
Aquicultura Bovinos Vaca Leiteira Bubalinos Caprinos
0,000020
Itajaí 315113,5913 0,0801 0,000004 0,000001 1
0,000036
Brusque 0 0,0013 0,000014 0 0
0,000000
Botuverá 3069643,836 0,0014 0,000015 0 1
0,000000
Vidal Ramos 350853,6724 0,0109 0,000753 0,000004 1
0,000001
Guabiruba 4426907,058 0,0013 0,000013 0,000000 3
0,000000
Presidente Nereu 587907,5843 0,0118 0,000098 0,000132 3
0,000086
Gaspar (20%) 1335330,669 0,0017 0,000386 0,003979 1
Tabela 16-Demanda hídrica animal tendencial 2046.

Pecuária (m3/s)
Cidades
Equinos Codornas Galináceos Ovinos Suínos
Itajaí 0,000883 0,00000477 0,01047 0,00017 0,00000
Brusque 0,006516 0,00000045 0,00192 0,00026 0,00033

23
Botuverá 0,000003 0,00000007 0,00000 0,00001 0,00032
Vidal Ramos 0,000006 0,00000003 0,00098 0,00019 0,00888
Guabiruba 0,000146 0 0,00083 0,00001 0,00005
Presidente Nereu 0,000007 0 0,00004 0,00138 0,00095
Gaspar (20%) 0,000046 0,00000001 0,00026 0,00002 0,00003
Tabela 17-Demanda hídrica animal tendencial 2046.

3.2.4.3. Área Irrigada


Tendo em vista que foram obtidos dados de área irrigada apenas no ano de
2017 (IBGE), utilizou-se os valores atuais e antigos de área dos estabelecimentos
agropecuários para determinar a área irrigada do ano de 2006.
A partir disso, a determinação do cenário tendencial para a área irrigada se
deu baseada nos dados antigos de área irrigada obtidos, aplicando a fórmula de
taxa de crescimento anual e transformando o resultado em uma taxa média e
constante de crescimento anual, a qual foi aplicada na área conhecida de certo ano
até resultar na área irrigada de cada município no ano de 2046.
Tendo em vista que a demanda hídrica por hectare é mantida, a Tabela 19
apresenta a demanda hídrica tendencial para as áreas irrigadas de cada município
para o ano de 2046.

Cidades Área Irrigada (m3/s)

Itajaí 2,1310
Brusque 0,0590
Botuverá 0,0030
Vidal Ramos 0,5700
Guabiruba 0,0540
Presidente Nereu 0,0260
Gaspar (20%) 0,3090
Tabela 18-Tabela 18-Demanda hídrica área irrigada tendencial 2046.

24
3.2.4.4. Demanda Final
Considerando todas as atividades que demandam água, a Tabela 22
apresenta os valores resultados de demanda total tendencial e crítica de cada
município para o ano de 2046.

Cidades TENDENCIAL (m3/s) CRÍTICA (m3/s)

Itajaí + Navegantes 10,9911 16,4866


Brusque 8,1061 12,1591
Botuverá 0,9644 1,4465
Vidal Ramos 0,9636 1,4454
Guabiruba 0,8306 1,2459
Presidente Nereu 0,0666 0,0999
Gaspar (20%) 0,3360 0,5040
Tabela 19-Demanda final tendencial e crítica 2046.

3.3. BALANÇO HÍDRICO E IDENTIFICAÇÃO DE CONFLITOS


O balanço entre a demanda e a disponibilidade hídrica de um município ou
bacia permite a identificação de conflitos hídricos dos locais estudados, o que
remete aos índices de criticidade hídrica, que são estabelecidos comparando a
totalidade das demandas existentes com uma vazão de referência adotada como
representativa da disponibilidade hídrica. Esses índices seguem o seguinte critério:

Figura 10-Situação de acordo com critérios.

25
3.3.1. Cenário Atual
O balanço hídrico no cenário atual faz a comparação entre a demanda e a
disponibilidade hídrica atual. A Tabela 23 apresenta os valores de demanda,
disponibilidade, se há existência ou não de conflitos e a situação de cada município
no ano de 2021.
DEMANDA x DISPONIBILIDADE
Disponibilidad
Cidades e Demanda DxD ÍNDICE CRITICIDADE
m3/s m3/s
Itajaí 6,1242 5,459 Não há conflito Crítica
Brusque 4,6312 5,6673 Há conflito Extremamente Crítica
Botuverá 3,1137 0,3901 Não há conflito Normal
Vidal Ramos 0,4833 0,7354 Há conflito Extremamente Crítica
Guabiruba 0,0426 0,3844 Há conflito Extremamente Crítica
Presidente Nereu 0,2859 0,0479 Não há conflito Normal
Gaspar 0,0061 0,4474 Há conflito Extremamente Crítica
Tabela 20-Balanço Hídrico atual.

Observou-se a existência de conflitos nos municípios de Brusque, Vidal


Ramos, Guabiruba e Gaspar, em que a demanda apresentou-se maior do que a
disponibilidade de água.

3.3.2. Cenário Futuro


3.3.2.1. Tendencial
O balanço hídrico no cenário tendencial faz a comparação entre a demanda e
a disponibilidade hídrica tendencial. A Tabela 24 apresenta os valores de demanda,
disponibilidade, se há existência ou não de conflitos e a situação de cada município
no ano de 2046.
DEMANDA x DISPONIBILIDADE
Disponibilidade Demanda
Cidades DxD ÍNDICE CRITICIDADE
m3/s
Itajaí 6,1242 10,9911 Haverá conflito Extremamente Crítica
Brusque 4,6312 8,1061 Haverá conflito Extremamente Crítica
Botuverá 3,1137 0,9644 Não haverá conflito Preocupante
Vidal Ramos 0,4833 0,9636 Haverá conflito Extremamente Crítica
Guabiruba 0,0426 0,8306 Haverá conflito Extremamente Crítica
Presidente Nereu 0,2859 0,0666 Não haverá conflito Preocupante
Gaspar 0,0061 0,3360 Haverá conflito Extremamente Crítica
Tabela 21-Balanço hídrico tendencial 2046.

26
Com a projeção futura, observou-se a existência de conflitos nos municípios
de Itajaí, Brusque, Vidal Ramos, Guabiruba e Gaspar, em que a demanda
apresentou-se maior do que a disponibilidade de água.
3.3.2.2. Crítico
O balanço hídrico no cenário crítico faz a comparação entre a demanda e a
disponibilidade hídrica de forma crítica, sendo 50% maior do que a demanda no
cenário tendencial. A Tabela 25 apresenta os valores de demanda, disponibilidade,
se há existência ou não de conflitos e a situação de cada município no ano de 2046,
em um cenário crítico.
DEMANDA x DISPONIBILIDADE
Disponibilidade Demanda
Cidades DxD ÍNDICE CRITICIDADE
m3/s
Itajaí 6,1242 16,4866 Haverá conflito Extremamente Crítica
Brusque 4,6312 12,1591 Haverá conflito Extremamente Crítica
Botuverá 3,1137 1,4465 Não haverá conflito Preocupante
Vidal Ramos 0,4833 1,4454 Haverá conflito Extremamente Crítica
Guabiruba 0,0426 1,2459 Haverá conflito Extremamente Crítica
Presidente Nereu 0,2859 0,0999 Não haverá conflito Preocupante
Gaspar 0,0061 0,5040 Haverá conflito Extremamente Crítica
Tabela 22-Balanço hídrico crítico 2046.

Com a projeção crítica futura, observou-se a existência de conflitos nos


municípios de Itajaí, Brusque, Vidal Ramos, Guabiruba e Gaspar, em que a
demanda apresentou-se maior do que a disponibilidade de água.
A fim de estabelecer uma comparação entre as demandas atuais e futuras e
a disponibilidade, levando em consideração os cenários tendencial e crítico, a
Figura 11 apresenta a evolução da demanda hídrica.

27
1600000000
Evolução da Demanda Hídrica
Itajaí
1400000000
Brusque
1200000000 Botuverá
Vidal Ramos
Guabiruba
Demanda (L/dia)

1000000000
Presidente
Nereu
800000000
Gaspar
600000000

400000000

200000000

0
2021 2046 Tendencial 2046 Crítico

Figura 11-Evolução da demanda hídrica.

4. IDENTIFICAÇÃO DE DANOS POR EVENTOS EXTREMOS


(Identificação dos municípios com registros de danos por enchentes,
deslizamento de terras ou secas prolongadas. Falar sobre probabilidade futura
de ocorrência de eventos extremos).

5. GERAÇÃO DE EFLUENTES
A geração de efluentes, em todos os setores estudados, envolve duas
variáveis: a vazão e a concentração. No presente trabalho considerou-se como
concentração de efluente apenas a Demanda Bioquímica de Oxigênio, a qual possui
valores em mg/L que foram analisados de acordo com as vazões correspondentes
ao longo da Bacia Hidrográfica.
5.1. Vazão
O tópico de vazão aborda todas as vazões utilizadas no estudo de caso,
sendo necessário conhecer a vazão do rio, a vazão dos efluentes e a vazão
apropriada para diluição destes efluentes no rio.
5.1.1. Vazão do rio
A vazão do rio é o restante da vazão disponível no corpo hídrico que não foi
captada para abastecimento, ou seja, a quantidade não outorgável.

28
É possível calcular a vazão disponível de cada município da bacia do Rio
Itajaí Mirim a partir das relações de regionalização de vazões.
A vazão média de longo termo foi calculada considerando a precipitação média
anual da bacia e a área de drenagem dos pontos de controle. A partir disso,
calculou-se a vazão de permanência, considerando o resultado da vazão média de
longo termo e do coeficiente de permanência. Tendo em vista que a vazão
outorgável de captação corresponde a 50% da vazão de referência (Q98),
considera-se apenas metade da vazão de permanência como valor disponível para
diluição dos efluentes gerados por cada setor dos 7 municípios abrangentes.
Sendo assim, a Tabela 26 apresenta os valores de vazões de cada
município.

5.1.2. Vazão dos efluentes


A vazão dos efluentes ou vazão de retorno é determinada com base na
multiplicação da demanda de água e o coeficiente de retorno de cada situação, o
que é feito no caso de população rural, urbana e flutuante, área irrigada e
aquicultura. No caso do pessoal ocupado e os demais setores da pecuária que
geram efluentes, é feita a relação com a quantidade de DBO gerada nos efluentes
em metros cúbicos. A Tabela 27 apresenta as vazões de efluente geradas em cada
setor, visto que alguns setores em que foi estipulada a demanda hídrica não geram
efluentes.

5.1.3. Vazão de diluição

A vazão apropriada para diluição é a vazão mínima necessária que um rio


precisa ter para poder diluir o efluente gerado pela população, podendo ser
determinada pela seguinte equação:

(Ce−Cp)
Q adil=Qe
(Cp−Cr)

Onde:

Qadil = Vazão apropriada para diluição (m 3/s);

Qe = Vazão do efluente (m3/s);

29
Cr = Concentração de DBO no rio (mg/L);

Ce = Concentração de DBO no efluente (mg/L);

Cp = Concentração permitida (mg/L).

A Tabela 28 apresenta a vazão apropriada para diluição dos efluentes de cada


setor.

5.2. Concentração
O tópico de concentração aborda todas as concentrações de Demanda
Bioquímica de Oxigênio relevantes ao estudo de caso, sendo necessário conhecer a
concentração de DBO do rio, a concentração de DBO dos efluentes e a
concentração de DBO permitida no rio.

5.2.1. DBO do rio


A concentração de DBO do rio foi classificada segundo os valores
orientadores para DBO em cursos de água (VON SPERLING, 1996). Levando em
consideração que os rios estudados foram classificados como limpos, a
concentração de DBO destes é de 2 mg/L.

5.2.2. DBO dos efluentes


A concentração de DBO dos efluentes gerados por cada setor foi
determinada a partir de dados referenciados. A Tabela 29 apresenta os valores de
DBO dos setores que geram efluentes.

5.2.3. DBO permitida


A concentração de DBO permitida em cursos de água de Classe 2 é de 5
mg/L, segundo a Resolução Conama nº 357/2005. Tal vazão foi essencial para
determinar a vazão apropriada para diluição dos efluentes.

30
5.3. Mistura
Para obter a concentração de mistura entre o rio e o efluente utiliza-se a
seguinte fórmula:

Qr × Cr+Qe ×Ce
Cm=
Qr +Qe

Onde:

Cm = Concentração de mistura (mg/L).

Qr = Vazão do rio (m3/s);

Qe = Vazão do efluente (m3/s);

Cr = Concentração de DBO no rio (mg/L);

Ce = Concentração de DBO no efluente (mg/L);

A concentração de mistura permite avaliar se a concentração de DBO final do rio


está dentro do permitido. A Tabela 30 apresenta os valores de concentração de
mistura de cada setor que gerou efluentes em relação ao rio.

5.4. Modelagem Matemática Qualitativa


Streeter-Phelps

5.5. Conflitos
A partir da determinação da concentração de mistura, é possível observar se
os municípios apresentaram efluentes com concentração dentro do permitido, tendo
em vista que a concentração de DBO permitida é de 5 mg/L. A Tabela 31 apresenta
os valores de DBO de mistura, se há ou não a existência de conflitos quanto à
concentração de DBO e a vazão apropriada para diluição dos efluentes nos casos
em que a concentração de mistura ultrapassou o estabelecido pela Resolução, bem
como o percentual de tratamento de efluentes necessário para tais casos.

(Analisar se a Qm é maior que 5 mg/L, falar da Qdil e ver quanto de tratamento


precisa)

31
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base na discussão dos dados, observou-se que a maioria dos
municípios, tanto em cenário atual quanto futuro, apresentou-se em situação
extremamente crítica, tendo em vista os índices de criticidade hídrica que
apresentam as demandas > 100 % da disponibilidade.
Apenas os municípios de Botuverá e Presidente Nereu se mantiveram fora da
situação crítica nos três cenários analisado. Com os cenários tendencial e crítico, os
municípios que se encontraram em situação extremamente crítica ultrapassaram
significativamente a porcentagem total da disponibilidade, o que é extremamente
preocupante.
(Falar da segunda parte do trabalho)

7. REFERÊNCIAS
QUEIROZ, Arlei Teodoro de; OLIVEIRA, Luiz Antonio de. Relação entre produção e
demanda hídrica na bacia do rio Uberabinha, estado de Minas Gerais,
Brasil. Sociedade & Natureza, [S.L.], v. 25, n. 1, p. 191-204, abr. 2013.
FapUNIFESP (SciELO).

HELFER, Fernanda. Demandas e disponibilidades hídricas da bacia


hidrográfica do rio Pardo (RS) nos cenários atual e futuro para diferentes
sistemas de produção de arroz irrigado. 2006. 249 f. Dissertação (Mestrado) -
Curso de Pós-Graduação em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Pesquisas Hidráulicas.
Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental,
Porto Alegre, 2006.

ENGERCORPS. Estudo dos instrumentos de gestão de recursos hídricos para


o estado de Santa Catarina. Sc: Governo do Estado de Santa Catarina, 2006. 143
p.

IBGE, 2000, Rio de Janeiro. Censo Demográfico 2000. Rio de Janeiro: Ministério


de Planejamento, Orçamento e Gestão, 2000. 550 p.

32
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Agropecuário.

MUNICÍPIOS E SANEAMENTO BETA. PRESIDENTE NEREU (SC).

CASAN - Companhia Catarinense de Águas e Saneamento. RELATORIO ANUAL


DE QUALIDADE DA ÁGUA DISTRIBUÍDA. Presidente Nereu - Sc: Casan, 2014.

SANTA CATARINA. Certi. Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico


Sustentável – Sds. PLANO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS DE SANTA
CATARINA - PERH/SC. Sc: Governo do Estado de Santa Catarina, 2017. 41 p.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Presidente Nereu.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Botuverá.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Guabiruba.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Itajaí.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Vidal Ramos.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Brusque.

SC, Governo de Santa Catarina. Município de Gaspar.

SC, Governo de Santa Catarina. Município de Presidente Nereu.

SC, Governo de Santa Catarina. Município de Guabiruba.

HABITARK ENGENHARIA LTDA (Brasil). Prefeitura Municipal de Itajaí - Sc. Plano


Municipal de Saneamento Básico de Itajaí - sc: sistema de abastecimento de
água e esgotamento sanitário. Itajaí: Prefeitura Municipal de Itajaí - Sc, 2012. 180 p.

HABITARK ENGENHARIA LTDA (Brasil). Prefeitura Municipal de Itajaí - Sc. Plano


Municipal de Saneamento Básico de Itajaí - sc: sistema de abastecimento de
água e esgotamento sanitário. Itajaí: Prefeitura Municipal de Itajaí - Sc, 2012. 180 p.

33
SAMAE (Brasil) (org.). O SAMAE.

BRUSQUE, Prefeitura de. Samae.

BRUSQUE, Prefeitura de. Cidade - Perfil da Cidade.

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(COLOCAR CONAMA)

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