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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE GAZA

FACULDADE DE AGRICULTURA
CURSO DE ENGENHARIA HIDRÁULICA AGRÍCOLA E ÁGUA RURAL

Titulo: Compreensão dos processos envolvidos na Expansão de um Sistema de


Abastecimento de Água concretamente Extensão de Rede de Abastecimento, Construção e
Apetrechamento de um furo de Captação.

Autor: Agnércio Maria Sambo


Tutor da Empresa: Simplício Nhangave
Tutor Académico: Mário Thausene Afonso Matangue Ph.D.

Lionde, Novembro de 2021


Índice
1. Introdução ................................................................................................................................ 3
1.1. Objectivos......................................................................................................................... 3
2. CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO ............................................................................ 4
3. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................... 5
3.1. Pesquisa Geofísica............................................................................................................ 5
3.2. Exploração de Água Subterrânea através de Furos .......................................................... 5
3.2.3. Perfuração por Rotopercussão .................................................................................. 7
Diâmetros de perfuração ............................................................................................................. 8
3.3. Amostragem do material perfurado.................................................................................. 8
3.4. Revestimento definitivo do furo ....................................................................................... 8
3.5. Limpeza e desenvolvimento da captação ......................................................................... 9
3.6. Ensaio de Caudal ............................................................................................................ 11
3.7. Equipamento de bombagem ........................................................................................... 12
3.8. Cabeça do furo ............................................................................................................... 13
4. CONSTATAÇÕES ................................................................................................................ 14
4.1. Local de Execução das Actividades ............................................................................... 14
4.1.1. Clima e hidrografia ................................................................................................. 14
4.1.2. Geologia .................................................................................................................. 14
4.1.3. Hidrogeologia ......................................................................................................... 15
4.2. Realização de Actividades ............................................................................................. 16
4.2.1. Sistema de Abastecimento de Água da vila de Quissico ........................................ 17
4.2.2. Actividades Executadas .......................................................................................... 19
5. DISCUSSÃO ......................................................................................................................... 25
6. RECOMENDAÇÕES ............................................................................................................ 26
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 27
ANEXO......................................................................................................................................... 29
1. Introdução
Apesar de a água ser indispensável ao organismo humano, ela geralmente conte substâncias,
elementos químicos ou microrganismos que precisam ser removidos ou parcialmente removidos
para que a sua concentração não seja prejudicial ao mesmo organismo no qual ela é
indispensável. A água é ainda essencial para a existência de praticamente todas as actividades do
homem realizadas na Terra, sejam elas urbanas ou rurais, industriais ou agro-pecuárias. A água é
essencial para a ampla existência da vida no Planeta, pois dela dependem todos os animais,
vegetais e outras formas de vida.
O desenfreado crescimento Demográfico, tem desencadeado uma explosiva necessidade de
industrialização e demais actividades humanas que dependem da água, isso propulsa um
aumento aparentemente infindável da demanda hídrica e uma crescente taxa de poluição dos
mananciais que abastecem a população, gerando assim uma necessidade cada vez mais rigorosa
de tratamento de água destinada ao consumo humano.

Como toda obra de engenharia, as relacionadas com o tratamento e abastecimento de água


devem cumprir várias etapas a fim de que possam atingir satisfatoriamente os objectivos a que se
destinam (GABARA, 2000).

Sendo que os processos envolvidos na concepção e construção das unidades que perfazem as
etapas de tratamentos de água são assuntos discutidos de forma teórica ao longo do processo de
formação académica do curso, surgiu uma forte necessidade de consolidar junto aos Serviços
Provincial de Infra-estruturas de Inhambane, instituição ligada a água e saneamento os
conhecimentos teórico-práticos.

1.1.Objectivos
1.1.1. Geral
 Compreender os processos envolvidos na Expansão de um Sistema de Abastecimento de
Água concretamente Extensão de Rede de Abastecimento, Construção e Apetrechamento
de um furo de Captação.
1.1.2. Específicos
 Pesquisas Hidrogeofísicas do local de implementação do furo;
 Levantamento de rede de distribuição existente e proposta a fim de diagnosticar as
necessidades de campo em termos de ferramentas e acessórios, estratégias de trabalho;
 Execução das actividades de Perfuração apetrechamento e Extensão de rede existente.

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2. CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO

O Serviço Provincial de Infra-Estrutura de Inhambane abreviadamente designado por SPII é o


órgão do aparelho do Estado responsável pela planificação, direcção e coordenação das
actividades do sector, garantindo sob direcção do respectivo director a execução de programas de
planos definidos pelos órgãos de Estado de escalão superior e do governo provincial; a
orientação e apoio as unidades económicas sociais do sector (DM no 144/2009, Decreto n.º
21/2015).

São funções dos Serviços Provinciais de Infra-estruturas: Garantir a implementação das políticas
nacionais e o seu desenvolvimento com base nos planos e programas definidos pelos órgãos do
Estado do escalão superior e do governo distrital para o sector; Dirigir e controlar as actividades
dos órgão e instituições do sector, garantindo-lhes o apoio técnico, metodológico e
administrativo; apoiar o trabalho de entidades que desenvolvem as suas actividades no seu
campo de Actuação; promover a participação das organizações e associações na materialização
da política definida para a respectiva área de actuação (DM no 144/2009, Decreto n.º 21/2015).

O Serviço Provincial de Infra-Estrutura é responsável pelas seguintes áreas de actividades:


Gestão Ambiental e de Calamidades Naturais; Gestão de Terras, dos Recursos Hídricos e
Energéticos; Obras Publicas, Infra-estruturas e Equipamento de Transporte, de Comunicações se
de Energia; Prestação de Serviços Públicos; Planeamento e Ordenamento Territorial (DM no
144/2009, Decreto n.º 21/2015).

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3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1.Pesquisa Geofísica

A pesquisa geofísica é um método de investigação superficial a partir do qual se pode determinar


indirectamente as características do subsolo. Portanto, é um método de prospecção e os modelos
do subsolo que dele se obtêm são resultados duma interpretação de dados de campo aliados à
ocorrência geológica da zona em estudo. Na hidrogeologia o método mais utilizado é o
geoeléctrico, concretamente na delimitação de camadas secas e saturadas, na distinção entre água
doce e salgada que satura essas camadas e ainda, na estimação da profundidade em que essas
camadas ocorrem.

O método geoeléctrico depende da situação geológica para sua efectivação, pois as


características geológicas condicionam a fiabilidade das leituras de resistividade do material com
a profundidade. Assim, a resistividade do material indica a presença de aquíferos de boa água ou
água salgada e a sua profundidade, contudo a desvantagem deste método é de não conseguir
distinguir a quantidade (em valores numéricos), também não é possível distinguir a pureza da
água (Cheiro, cor e turbidez).

3.2.Exploração de Água Subterrânea através de Furos

Um furo de captação de águas subterrâneas é uma obra complexa que se desenrola no subsolo
quase sempre fora da vista dos intervenientes na sua construção, o que torna difícil avaliar o que
acontece no decorrer dos trabalhos (ABAS, 2015)
Um furo de captação de água subterrânea correctamente dimensionado deverá assegurar:

 A extracção do caudal pretendido causando as menores modificações possíveis ao


aquífero (e.g. rebaixamentos exagerados e contaminações induzidas);
 Água com qualidade adequada ao fim a que se destina;
 A protecção do aquífero de fontes locais de contaminação;
 Um custo total de construção e de exploração razoável a curto e médio prazo;
 Um período de vida útil médio de 25 anos.

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Existem vários métodos de perfuração para a construção de furos de captação de águas
subterrâneas.
A selecção do melhor método depende da finalidade, da profundidade que se pretende atingir,
das formações geológicas a perfurar e de factores económicos.
Os principais métodos de perfuração são os seguintes:
 Percussão (actualmente em desuso);
 Rotação com circulação directa e rotação com circulação inversa;
 Rotopercussão (Percussão pneumática com “martelo de fundo de furo”).

3.2.1. Percussão
A perfuração por percussão baseia-se na trituração/esmagamento do material geológico por
impacto de um trépano suspenso por um cabo, sendo o seu movimento de descida e subida
controlado por um balancim. O material desagregado vai sendo retirado progressivamente
através de uma limpadeira (DUARTE, 2013).

3.2.2. Rotação com circulação directa e rotação com circulação inversa

Este método consiste em triturar e desgastar as formações litológicas, reduzindo-as a pequenas


partículas através da utilização de um trépano giratório. Os movimentos rotativos do trépano são
acompanhados pela circulação de um fluido, usualmente “lamas” constituídas por misturas mais
ou menos estáveis densas e viscosas à base de bentonite e de outras substâncias com água, cuja
função é remover e trazer os detritos da perfuração até à superfície, evitar o desmoronamento das
paredes da perfuração, lubrificar e arrefecer as ferramentas cortantes.
A perfuração por rotação pode ser realizada com circulação directa ou com circulação inversa
(DUARTE, 2013).

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a) Perfuração por rotação com circulação directa

No caso da circulação directa, por acção de uma bomba de alta pressão as “lamas” são injectadas
pelo interior da cabeça da sonda, saindo no fundo do furo por orifícios do trépano (trépano de
roletes ou trialeta).
De seguida, as “lamas” ascendem pelo espaço compreendido entre a parede exterior das varas de
perfuração e as paredes da sondagem, arrastando consigo os detritos da formação perfurada até à
superfície (DUARTE, 2013).

b) Perfuração por rotação com circulação inversa


Na circulação inversa, as “lamas” descem directamente do respectivo tanque até ao fundo do
furo através do espaço compreendido entre a parede exterior das varas de perfuração e as paredes
da sondagem.
Posteriormente, a ascensão das “lamas” e dos detritos efectua-se pelo interior das varas que
constituem a coluna de perfuração, com ajuda de ar comprimido, formando-se uma emulsão ar-
lamas de menor densidade.
Durante a perfuração, esta ascensão da mistura de lamas, ar e detritos das formações perfuradas é
mantida em equilíbrio com o volume de lamas do tanque (DUARTE, 2013).

3.2.3. Perfuração por Rotopercussão


(Percussão pneumática com martelo de fundo de furo)
O método baseia-se numa acção principal de esmagamento e corte provocada por uma
ferramenta accionada por ar comprimido, em que se pode combinar um pequeno movimento de
rotação de um “bit” (broca) transmitido pelas hastes de perfuração e um movimento de percussão
de elevada frequência e de pequeno curso, dado por um martelo de fundo de furo. Neste caso, o
fluido de circulação pode ser o próprio ar comprimido, produzido a partir de um compressor, que
é transmitido pelo interior da coluna de perfuração, passando pelo martelo e “bit”, servindo
também como fluido de limpeza. Como complemento à utilização de ar comprimido e visando
resolver problemas de limpeza e/ou de instabilidade das paredes de perfuração, podem ser
adicionadas “espumas” no fluido de circulação, para diminuição do seu peso específico
(DUARTE, 2013).

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Diâmetros de perfuração

Caso se opte pela execução prévia de um furo de pesquisa, então o diâmetro definitivo da
captação pode ser, posteriormente, determinado com rigor. Se tal não tiver acontecido, o
diâmetro inicial da perfuração terá de prever o diâmetro do equipamento de bombagem, a
colocação da coluna de revestimento definitivo do furo e, se necessário, do maciço filtrante nas
condições que mais adiante se referem (GRUNDFOS, 2004).
Em rochas cristalinas os diâmetros de perfuração são, em regra, bastante inferiores aos diâmetros
das perfurações em sedimentos não consolidados (GRUNDFOS, 2004).

3.3.Amostragem do material perfurado


Quando da execução da sondagem (de pesquisa ou com o diâmetro final) serão recolhidas
amostras de terreno em intervalos regulares, geralmente de 3 em 3 metros, ou sempre que o
terreno atravessado varie significativamente. Estas amostras deverão ser colocadas em lugar
protegido da passagem de viaturas ou pessoas (ou animais) e da chuva, separadas por um
pequeno espaço para evitar que se misturem. A cada amostra deve corresponder uma etiqueta
numerada, com as profundidades inicial e final a que foi obtida.

Esta colecção de amostras, recolhida na fase da pesquisa, serve principalmente para que o
Técnico responsável pela obra (Decreto-Lei nº 133/2005, de 16 de agosto, alterado pelo Decreto-
Lei n.º 84/2011, de 20 de Junho) se não dispuser de outros dados (e.g. diagrafias), possa definir a
posição e características dos ralos a intercalar na coluna de revestimento definitivo, o tipo de
seixo a ser colocado entre a coluna e o terreno, assim como a (s) zona (s) a isolar para evitar
contaminações indesejadas (Decreto-Lei nº 226-A/2007, de 31 de Maio).

3.4.Revestimento definitivo do furo


O revestimento do furo tem como objectivo:
 Prevenir o colapso das paredes da perfuração;
 Proteger o equipamento de bombagem;
 Isolar certos níveis dos que se pretendem explorar, cujo aproveitamento não interessa ou
seja inconveniente.

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Nas formações geológicas compactas (rocha com coesão) desde que haja estabilidade das
paredes da perfuração não é necessário revestir a captação (entubar), ficando o furo sem
revestimento ou “ ”. Nestes casos recomenda-se, para salvaguarda do equipamento de
bombagem, que se proceda apenas ao entubamento da câmara de bombagem. Nas restantes
situações, em que há instabilidade das formações geológicas, é necessário revestir a captação
com uma coluna de revestimento que é constituída por troços de tubo fechado (também chamado
tubo cego) e troços de tubo-ralo (tubo com aberturas que permitem a passagem de água do
aquífero para o interior da captação) (CARDOSO, 2016).
A definição da coluna de revestimento deve basear-se na série litológica atravessada pela
perfuração (análise das amostras). Por vezes, dispõe-se também de informação obtida a partir de
ensaios granulométricos e da execução de diagrafias com medição, entre outros parâmetros, do
potencial espontâneo, resistividade eléctrica e radiação gama (CARDOSO, 2016).

3.5.Limpeza e desenvolvimento da captação


Uma vez terminada a transformação do furo de pesquisa em captação, seguem-se as operações
de limpeza e desenvolvimento do mesmo. De facto, qualquer método de perfuração altera as
características hidráulicas das formações aquíferas na área adjacente à captação, tornando-se
necessário proceder a estas operações (GRUNDFOS, 2004).
As operações de limpeza e desenvolvimento da captação têm como objectivos:
 Restabelecer, na envolvente da captação, as propriedades hidráulicas iniciais do aquífero
que foram alteradas pela operação de perfuração;
 Aumentar a eficiência da captação reduzindo as perdas de carga resultantes da circulação
da água até ao furo, quer por remoção de fluidos (lamas) e de detritos da perfuração, quer
por eliminação de materiais finos da formação aquífera. Com esta eliminação de
materiais finos evita-se o seu arrastamento para o interior da captação, sendo
minimizados, durante a fase de exploração, os danos na bomba e nas condutas de
elevação e distribuição de água. A fracção fina em quantidade pode, também, colmatar o
furo a partir do fundo ou entupir o maciço filtrante;
 Soltar das paredes do furo e trazer à superfície fragmentos de rocha, alguns de dimensão
centimétrica ou mesmo dissimétrica, que podem, se não forem retirados previamente,
causar danos ou entupimentos e colmatações durante a fase exploração;

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 Produzir, com o maior rendimento possível, água limpa e sem material fino em
suspensão.
Os métodos de desenvolvimento de captações podem ser físico-mecânicos ou químicos. A
selecção do tipo de método a empregar depende do modo de construção da captação e do tipo de
aquífero (ALMEIDA et al, 2000).
Os métodos mecânicos de desenvolvimento das formações aquíferas consistem em criar fluxos
superiores aos naturais através de agitação ou bombagem. Como exemplo destes métodos temos
a pistonagem, a sobrebombagem, o desenvolvimento com ar comprimido (“ ”), o
desenvolvimento por jato a alta pressão (“ ”), o desenvolvimento de níveis produtivos
isolados com recurso a “ ” e os sistemas de desenvolvimento por fracturação
(hidrofracturação e emprego de explosivos) (GRUNDFOS, 2004).

Os métodos químicos consistem na utilização de agentes químicos que dissolvem a rocha ou


dispersam as argilas (efeito dispersante), libertando as fracções finas que obstruem as
fissuras/fracturas da formação aquífera. Como exemplos destes métodos temos a aplicação de
polifosfatos e a acidificação (MEDEIROS, 2004).

Um dos métodos mais usados é o desenvolvimento com ar comprimido (método ,


figura 9), em regime de paragens e arranques, incidindo sobre toda a extensão produtiva do furo,
isto é, as zonas dos tubos-ralo. Neste método, o compressor deve proporcionar pressão e débito
de ar injectado suficientes para iniciar e manter a operação de desenvolvimento da captação. Na
limpeza e desenvolvimento da captação pelo sistema é indispensável que a coluna
de injecção do ar tenha uma submergência mínima de 40%, devendo também ser utilizada uma
coluna autónoma para elevação da água, nomeadamente quando o furo não estiver revestido.
Antes de se iniciar a injecção de ar, deve ser sempre medido o nível de água no furo. O
compressor deve trabalhar em regime de paragens (cerca de 5 a 10 minutos) arrancando de
seguida e trabalhando continuamente durante 10 a 15 minutos. Este processo de limpeza do furo
só deve terminar quando a água sair limpa, sem arrastamento de areias finas ou turvação,
podendo durar alguns dias (24 a 48 horas) (MEDEIROS, 2004).

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3.6.Ensaio de Caudal

Uma vez terminado o desenvolvimento da captação, dever-se-á ensaiar a sua produtividade


visando:
 A definição e optimização do caudal de exploração;
 A selecção do tipo de bomba (bomba de aspiração, bomba de eixo vertical e, mais
comummente, bomba submersível);
 O dimensionamento (potência) da electrobomba submersível e as condições da sua
montagem;
 A obtenção de parâmetros hidrodinâmicos que permitem perspectivar a resposta do
aquífero a determinado regime de exploração.
Para se conhecer com segurança as características do equipamento de bombagem definitivo a
instalar, deve ser feito o ensaio, e é obrigatório por lei, um ensaio de caudal com bomba eléctrica
submersível. Só assim se elimina o risco de colocação de uma bomba sobredimensionada ou
subdimensionada. No caso de uma bomba sobredimensionada, além do maior consumo
energético, pode comprometer-se a vida útil da captação devido aos fluxos turbulentos induzidos,
podendo ainda verificar-se a inutilização da captação ou da própria bomba pelo súbito ou
continuado arrastamento de areias/finos (ou turvação). Na situação de uma bomba
subdimensionada não se aproveitam as reais capacidades do conjunto furo/aquífero, que até
podem ser superiores às necessidades (CARVALHO,1998).

Antes de iniciada a bombagem, é sempre medido o nível hidrostático no interior do furo ou, se
possível, num piezómetro ou noutros furos próximos que captem nos mesmos níveis aquíferos.
Posteriormente é medida a evolução temporal do nível hidrodinâmico (rebaixamentos),
registando-se, numa tabela de ensaio, os caudais, tempos e níveis. Após a cessação da
bombagem, da mesma forma, deverão também ser registados os níveis hidrodinâmicos de
recuperação (ascensões).
O tempo de duração do ensaio de caudal é muito variável pois depende das características
hidrodinâmicas do furo e dos aquíferos a explorar. Por exemplo nos aquíferos confinados,
quando sujeitos a uma certa extracção, o tempo de estabilização hidrodinâmica é, em regra,
muito menor do que nos aquíferos livres (CARVALHO, 1998).

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Dos diversos tipos de ensaio de caudal destacam-se os seguintes:
 Ensaios Escalonados (ensaios a caudal variável) – Efetuados por escalões (patamares)
crescentes de caudal. Podem decorrer com paragem da bomba e recuperação de níveis
entre cada escalão, ou de modo contínuo, sem paragem da bomba aquando do aumento de
escalão e, portanto, sem recuperação de níveis. O número de escalões poderá variar entre
três e cinco, sendo conveniente que todos tenham a mesma duração de bombagem;
 Ensaio a Caudal Constante – Executado com um caudal cujo valor é semelhante ao
futuro caudal de exploração e que pode ser definido a partir da interpretação dos
resultados dos ensaios escalonados. Este ensaio permite determinar o caudal
recomendado e fundamentar o regime de exploração da captação. Para o efeito, iniciada a
bombagem e uma vez atingida uma “estabilização” aproximada do nível hidrodinâmico
correspondente àquele caudal, com o subsequente ensaio de recuperação de níveis, ficam
reunidos os dados cujo tratamento e interpretação permitem consubstanciar as
recomendações relativas ao caudal e regime de exploração do furo. É de salientar que o
ensaio de recuperação de níveis, embora não tenha um carácter obrigatório, é de
execução muito fácil e de grande utilidade para a análise de cenários possíveis de
exploração da captação.

3.7.Equipamento de bombagem
O equipamento de bombagem inclui o grupo electrobomba, em geral submersível, e os
respectivos órgãos de comando e controle.
As características hidromecânicas da bomba devem obedecer rigorosamente às especificações
resultantes do ensaio de caudal executado no final da obra, definindo-se o seu dimensionamento
com base nos seguintes aspectos:
 Caudal máximo de exploração e nível hidrodinâmico correspondente;
 Diâmetro da captação (relembra-se que conforme referido no ponto 6.6.1, a bomba deve
permanecer afastada das paredes da tubagem de revestimento pelo menos 1”);
 Cota de descarga da água bombeada;
 Perdas de carga nas condutas de adução e respectivos órgãos acessórios.

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3.8.Cabeça do furo
A cabeça do furo deve ficar protegida dentro de uma caixa de alvenaria ou betão.
Pode usar-se um anel de betão, pré-fabricado, com cerca de 0,50 m de altura e 1,0 m de
diâmetro, sobressaindo do terreno ou enterrado. Embora importe assegurar o seu arejamento
eficiente, esta caixa deverá ser coberta com uma tampa encaixada de modo a proteger o seu
interior da entrada de qualquer material, incluindo água, proveniente do exterior.
A caixa deve ser drenada, devendo haver o cuidado de colocar uma rede (ou outro sistema) logo
na ligação do tubo de drenagem à “caixa” para evitar a entrada de material ou pequenos animais.
A tubagem do furo deve sobressair da base da caixa o suficiente para que não sejam dificultadas
quaisquer operações de limpeza ou manutenção (MARTINEZ, 1998).
Em alternativa à caixa pode optar-se pela construção de uma caseta sobre o furo. Neste caso, essa
caseta deve prever, no seu teto, uma abertura para as operações de instalação e/ou de retirada de
equipamento, nomeadamente o de bombagem, para reparação, manutenção ou substituição. A
“cabeça do furo” deve ficar protegida por uma tampa roscada ou justaposta por onde passarão,
através de aberturas próprias, a tubagem de extracção de água, cabos eléctricos, cabo de
segurança da bomba e cabos de ligação aos sensores internos do furo (MARTINEZ, 1998).

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4. CONSTATAÇÕES
4.1.Local de Execução das Actividades

O distrito de Zavala está localizado na zona sul da província de Inhambane, fazendo limite a Sul
e Sudeste com o distrito de Mandlakazi em Gaza, a Norte com o distrito de Inharrime, sendo a
Leste banhado pelo Oceano Índico. Está subdividido em dois postos administrativos,
nomeadamente Quissico e Zandamela, com um total de quatro Localidades sendo duas em cada
Posto Administrativo.

4.1.1. Clima e hidrografia


Na zona, segundo o critério de koopen, distinguem-se dois tipos de clima:
 Tipo Cw ou seja temperado húmido com estações secas no inverno.
 Tipo Aw ou seja tropical chuvoso de savana, no resto da área.
A época das chuvas dispõe-se ao longo de 5-6 meses. A pluviosidade média encontra-se na entre
600 e 1.600 mm/ano. A zona entre o litoral e a escapa interior caracteriza-se por pluviosidade
média de 1.000 mm/ano.
A precipitação é muito variável de ano para ano e com as estações do ano, mas se podem
distinguir, em geral, os seguintes dois períodos:
 Período das chuvas, no tempo quente, que engloba, por vezes, Outubro, mais
frequentemente de Novembro a Março.
 Período Seco, no tempo fresco, de Maio a Outubro.

No que concerne à temperatura, o clima da região pode se considerar oceânico, uma vez que os
valores médios em graus centígrados da amplitude média anual, não ultrapassam 8 graus. É, no
entanto, um clima quente pois as médias anuais de temperatura variam de 22 na região alta do
interior até 26°C na região próxima da costa. Os valores médios de humidade relativa do ar
variam de 65 a 75% em quase toda a área.

4.1.2. Geologia
Geologicamente, a zona faz parte da bacia sedimentar de Moçambique que teve lugar durante as
transgressões marinhas que tiveram início no final do Jurássico. Esta bacia, que ocupa cerca de
31% do território moçambicano é constituída por sedimentos de idade meso-cenozóica
depositados por processos marinhos e pela cobertura quaternária representada pelas dunas

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interiores e costeiras constituídas por areias finas a médias de origem eólicas por vezes
esbranquiçada ou avermelhas, sobreposta á formação do terciário continental constituído por grés
intercruzado, às vezes argiloso, que se depositou desde o final do cretácico.
A província de Inhambane em geral pode ser dividida em zonas quase paralelas. A zona oriental
que é ocupada pelas formações das dunas costeiras e do interior.
A zona central é caracterizada pela cobertura calcária representada pela formação de jofane
assinalada até a parte setentrional do distrito de Inharrime.
A zona ocidental caracterizada pela formação de mazamba constituída por grés continental.
No distrito, em geral é notória a presença de sequência de areias desde finas a médias de origem
eólica e marinha (no litoral) mais ou menos soltas, formando coberturas desenvolvidas sobre
rochas sedimentares, calcário e grés (Formação de Jofane).
A formação do grés apresenta, em geral, uma permeabilidade primária muito baixa que, todavia,
pode aumentar em correspondência a fracturas.

4.1.3. Hidrogeologia
Hidrogeologicamente a zona apresenta aquíferos predominantemente intergranulares (contínuos,
geralmente não consolidados) de permeabilidade muito elevada. E quanto à produtividade são
divididos:
• Aquíferos produtivos (Q=10-50 m3/h), constituídos por depósitos arenosos de origem
aluvial, incluindo, por vezes, calhãos, siltes ou argilosos;
• Aquíferos moderadamente produtivos (Q=3-10m3/h), formados por:
a) Argilas com interstratificacção arenosa, de origem aluvial, esporadicamente com lentes
de calcário lacustre;
b) Areias médias a finas por vezes muito finas, de origem eólica e/ou marinha
Geralmente, os aquíferos, que são directamente alimentados pelas precipitações atmosféricas
apresentam caudais satisfatórios com água de boa qualidade. Nesta formação a permeabilidade e
transmissibilidade são de índice elevada sendo o escoamento superficial muito limitado e só se
regista quando ocorrem chuvas excepcionais, pelo que, de uma maneira geral, a precipitação
infiltra-se quase totalmente no subsolo. Nesta região são identificados dois aquíferos:
• Aquífero freático ou das dunares ou ainda primeiro aquífero;
• Aquífero profundo ou segundo aquífero ou grés;

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No primeiro aquífero são predominantes as dunas interiores que assentam sobre uma camada
semipermeável formada de argilas arenosas, enquanto o segundo aquífero é formado
basicamente por grés fendilhado, grés calcário que assenta sobre uma camada impermeável de
margas cinzentas.
O aquífero freático, devido a sua permeabilidade moderada e limitada espessura de saturação,
tem um potencial de exploração muito limitado; não obstante nalguns casos, este aquífero pode
ser explorado para o abastecimento de água a pequenos agregados populacionais através de
fontes de diâmetro maior revestidos de betão e equipados com bombas manuais. O aquífero de
base ou profundo, a sua exploração é graças à abertura de furos mecânicos equipados,
geralmente com electrobombas.

4.2.Realização de Actividades

As actividades durante o período concedido tiveram duas fases: Fase das actividades de
Escritório, realizado no escritório da Repartição de água e Saneamento dos Serviços Provincial
de Infra-estruturas de Inhambane e Fase das actividades de Campo realizadas no distrito de
Zavala na vila autárquica de Quissico onde decorreram actividades de expansão do Sistema de
Abastecimento.

A fase das actividades de escritório durou 2 meses, Julho e Agosto. A primeira semana foi
reservada para apresentação a equipe técnica da RAS, planeamento das actividades.
A segunda semana foi marcada pela deslocação da equipe técnica da RAS e da AIAS provincial
de Inhambane á Quissico no âmbito da consignação da Obra de Expansão do Sistema, para além
das duas equipes deslocadas da cidade de Inhambane, fizeram parte do evento, o representante da
Fiscalização eleita, fiscal a titulo individual Salomão Mbeve, o representante da empreitada
eleita, Palmontt SA – Empresa de Construção Hidráulica e Obras publicas, o representante da
edilidade da vila e um representante do SDPI de Zavala.

A Terceira semana foi preenchida pela organização dos relatórios, referentes a consignação da
obra de Zavala e referentes as actividades desenvolvidas ao longo dos distritos da Província de
Inhambane relacionadas com a área de Abastecimento de Água e Saneamento do meio num
período de 6 meses. Os relatórios referentes as actividades desenvolvidas ao longo dos distritos

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da Província de Inhambane, resultam também da compilação dos mapas feitos semanalmente que
contem os dados colhidos nos distritos e armazenados na base de dados da RAS.
A quarta semana foi marcada pela deslocação da equipe técnica da RAS e da AIAS provincial de
Inhambane ao distrito de Inhassoro no âmbito da consignação da Obra da Segunda Fase de
Construção do SAA.

O segundo mês da 1ª fase foi marcado pelo ordenamento do relatório da consignação feita em
Inhassoro, cadastragem dos dados colhidos ao longo dos distritos semanalmente, criação de um
plano piloto para estudo das estratégias a serem empregues para a gestão de resíduos sólidos ao
longo dos distritos da Província de Inhambane e preparação para execução da segunda fase das
actividades a decorrer no distrito de Zavala, esta, iniciou no dia 30 de Agosto.

4.2.1. Sistema de Abastecimento de Água da vila de Quissico


O SAA da vila de Quissico é constituído por um Centro de Captação, constituído por 4 furos
com profundidades de cerca de 200 m, subdividido em dois grupos, cada com dois furos. Os
furos do 1º grupo são designados F01 e F02 furo 1 e furo 2 respectivamente, o F01 foi equipado
de uma electrobomba submersível com 25m3/h e o F02 com capacidade de 7m3/h, enviando
assim um total de 32m3/h ao Centro Distribuidor 1. Os furos do 2º grupo são designados F03 e
F04 atendendo as designações do 1º grupo, ambos furos foram equipados por electrobombas
submersíveis com capacidades de 25m3/h unitários debitando ao Centro Distribuidor 2 um caudal
de 50m3/h.

a) Centros Distribuidor
Como se pode perceber do parágrafo a montante do presente, o sistema possui dois Centros
Distribuidores:
Centro Distribuidor 1 – Composto por um depósito elevado de 90 m3 de capacidade e 12 m de
elevação em relação a cota do terreno e um depósito apoiado de 250 m3. O depósito elevado é de
betão e o apoiado é metálico de ferro fundido revestido de tinta de alumínio, assentado numa
base de betão. A linha adutora que da entrada da água ao CD, é de ferro fundido DN 90, a
estação elevatória foi equipado por duas bombas submersíveis de capacidade de 50m3/h cada,
não funcionam em simultâneo, contem um centro de controlo automático, a zona de recalque das

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electrobombas de elevação as condutas são de ferro galvanizado DN250 reduzidos a DN110 que
interligam-se por um Y a conduta do mesmo material que comunica o sistema ao reservatório
elevado, o reservatório elevado possui outras duas condutas verticais do mesmo material, uma
extravasora e outra de distribuição, ambos de DN 90, a de distribuição conecta-se um U-PVC por
uma conexão flangeada na caixa de registo geral.
A única substância química adicionada a água no processo de tratamento no CD é o cloro,
através de um clorador automático.
Centro Distribuidor 2 – Composto por um depósito elevado a uma altura de 18 m em relação a
cota do terreno, com capacidade de 150 m3 e um depósito apoiado de 585 m3. Ambos depósitos
são metálicos assim como a torre de elevação do depósito, o apoiado está assentado numa base
de betão. A linha adutora que da entrada da água ao CD, é de ferro fundido DN 90, a estação
elevatória foi equipado por duas bombas submersíveis de capacidade de 50m3/h cada, não
funcionam em simultâneo, contem um centro de controlo automático, a zona de recalque das
electrobombas de elevação as condutas são de ferro galvanizado DN250 reduzidos a DN110 que
interligam-se por um Y a conduta do mesmo material que comunica o sistema ao reservatório
elevado, o reservatório elevado possui outras duas condutas verticais do mesmo material, uma
extravasora e outra de distribuição, ambos de DN 90, a de distribuição conecta-se um U-PVC por
uma conexão flangeada na caixa de registo geral.
A única substância química adicionada a água no processo de tratamento no CD é o cloro,
através de um clorador automático.

b) Rede de Distribuição
Existem duas redes de distribuição com comprimento total de 11 Km separados de acordo com
os centros distribuidores, construída com diâmetros diferentes desde 160 mm a 63mm, ao longo
da rede existem cerca de 7 fontenários públicos e 800 ligações domiciliares, cobrindo uma
população de cerca de 4240 habitantes.

As actividades de campo tiveram início no dia 30 de Agosto no CD1 onde houve apresentação da
equipe de Fiscalização a qual as actividades seriam desenvolvidas comutantemente. No dia da
apresentação, foi partilhada o TDR e o cronograma de Actividades, explicados os objectivos e as
metodologias de trabalho.

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A obra de expansão do SAA de Quissico decorre como forma de resposta aos seguintes
problemas:
 A água produzida pelo F01 é salobre, com CE acima de 3000 µs/cm e debita no CD1;
 A rede de distribuição é limitada e não abrange alguns bairros periféricos;
 A rede de distribuição antiga apresenta muitas fugas;
 O numero de ligações ainda esta abaixo do desejável.
Assim sendo, o Projecto toma como principal objectivo, o melhoramento da qualidade de água e
Extensão da rede de distribuição de água da Vila Municipal de Quissico.
4.2.2. Actividades Executadas
A 1ª actividade executada no campo foi o estudo geofísico da região proposta para execução do
5º furo de captação.
A região pesquisada está situada na Vila de Quissico, ao longo duma rua que dá acesso à zona
dos furos do Sistema, ver figura 1 em anexos.
Os trabalhos consistiram na realização de pesquisa nos locais onde foi solicitada a construção de
furo aplicando um método de estudo das condições geoeléctricas das camadas com a
profundidade e no terreno indicado.
No presente estudo foi aplicada a Sondagem Eléctrica Vertical (SEV) realizada graças ao
georesistivimetro de marca PASI, ver figura 2 e 3 em anexos. Durante a SEV, aumentou-se
sucessivamente a distância entre os eléctrodos de corrente. O campo eléctrico atingia cada vez
mais profundidades maiores e obtiveram assim uma curva de campo representando as
resistividades aparentes com as profundidades correspondentes. A interpretação das SEV’s foi
feita graças ao auxílio de um programa computarizado (Schlumberger) concebido para o efeito.
Desta interpretação resulta um modelo teórico que consiste em um número de camadas, suas
respectivas resistividades e profundidades em que estas ocorrem.
Os dados de campo foram interpretados com um modelo de 5 a 6 unidades geoeléctricas com as
características da tabela 1 em anexos.
Pela pesquisa realizada os pontos indicados apresentam condições hidrogeológicas favoráveis à
ocorrência de água subterrânea, contudo alguns apresentam aquíferos de água salobre, indicados
pela oscilação de valores de resistividades e natureza do ângulo decrescente, ver figura 4 em
anexos.

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Assim, depois da primeira pesquisa realizada no local onde os furos apresentam água salobre, foi
feita uma comparação com uma SEV feita ao lado destes furos o que ditou ocorrer água salobre
naquela zona devido à faixa de deposição de material geológico fino com maior teor de
condutividade.
Os resultados inviabilizaram a realização do furo no local pré-indicado por este não apresentar
condições de potabilidade aceitáveis a exploração, no entanto, o estudo Geofísico sugeriu uma
zona com potencial para obtenção de água potável e aceitável localizada na faixa perto da Escola
Secundaria de Quissico e Primaria 1º e 2º Graus de Quissico no bairro Nhangave nas
coordenadas: 24º43’06,023”S e 23º44’00,000”E, onde realizaram-se as obras de construção do
furo pretendido.
A 2ª actividade desta fase foi desencadeada pela mobilização da subempreitada responsável pela
perfuração ao local indicado. A metodologia de perfuração utilizada foi de Perfuração por
rotação com circulação directa, o compressor e o esquema de macacos hidráulicos responsáveis
pelos movimentos giratórios do trépano e das varas que conectavam-se a cabeça da sonda
estavam assentadas sob uma camioneta especificamente adaptada para o efeito, o macaco
hidráulico atingia uma altura superior a 8m para permitir o mecanismo de manobras na adição de
varas de cerca de 5m de comprimento que eram roscadas a cabeça de sonda, ver figura 5 e 6 em
anexos, foi usada uma moto-bomba de alta pressão com capacidade para succionar 45 m3/h para
injectar um fluido constituído por uma mistura de água com bentonite, para remoção de detritos
resultantes da desagregação das formações litológicas causadas pelos movimentos giratórios do
trépano, acautelar a instabilidade das paredes da perfuração lubrificar e arrefecer as ferramentas
cortantes.

a) A Perfuração
O processo de perfuração durou cerca de uma semana até atingir profundidades de grandes
produtividades aquíferas a cerca de 195 m de profundidade, durante o processo, era feito a
colecta da amostra de solo, ver figura 7 e 8 em anexos.
Aos 192m de profundidade, o trépano atinge a zona de fractura onde perfura por mais 2m
aproximados, a fiscalização garantiu a execução desta acção para dar lugar ao assentamento do
tubo saco para servir de depósito de sedimentos que atravessassem a zona ralada dos tubos filtro.

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O tubo saco possui cerca de 2,5m de comprimento, DN 200, o ensacamento foi feito através da
exposição duma das extremidades a altas temperaturas amolecendo o material PVC tornando-o
mais flexível e fácil para a selagem.
A zona da camada aquífera foi preenchida por cerca de 10 tubos filtros totalizando cerca de
28,5m de comprimento.
Para garantir as condições hidráulicas adequadas e evitar com que partículas finas adentrem na
zona de sucção do furo, a fiscalização garantiu que os tubos filtros fossem acompanhados por
material filtrante adequado, areão.

Da superfície para baixo a uma profundidade de cerca de 5m, marcou-se pelo selo de betão fino
para evitar que a infiltração e percolação dos agentes contaminantes a superfície interajam com o
aquífero.

b) Limpeza e Desenvolvimento do furo


Inconvenientemente, a limpeza teve um ligeiro atraso, este tendo ocorrido semana depois da
selagem do furo. Os atrasos sucederam-se devido a indisponibilidade de equipamentos com
capacidade suficiente para proporcionar ar a uma pressão mínima e constante de 8bares. Volvido
tempo depois, foi usada uma máquina da marca Geodril com capacidade máxima de 16bares, ver
figura 9 em anexos. O desenvolvimento foi feito usando o método onde a coluna
usada foi capaz de bombear a mistura de água e ar até a superfície a uma altura de 2,5 m
aproximados, ver figura 10 em anexos. No processo, a fiscalização observava Condutividades
eléctricas, Nível dinâmico, turbidez e cor da água, presença de depósitos (areia), infelizmente o
processo não teve o tempo suficiente atendido pela TDR que previa tempo mínimo de 6h, este
tendo ocorrido em apenas 3h, das 5:20 as 8:20.

c) Reajustes desencadeados pela Mudança de Local de Perfuração


A mudança do local de perfuração desencadeou a necessidade de um novo traçado da linha
Adutora de Recalque que canaliza a água aduzida no furo à adutora principal de Recalque do
Centro Distribuidor 1 (CD1) no ponto localizado nas seguintes coordenadas: 24º43’14.748”S e
34º44’18.300”E. O processo do levantamento do andamento da tubagem adutora tomou por
pressuposto:

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 A não interferência em terrenos privados, devendo para o efeito assentar em vias de
acesso público;
 A rota mais curta e com menos acessórios possível que una os dois pontos de interesse,
evitando Perdas de Cargas ao longo da tubagem.
O que resultou em duas propostas designadamente 1 e 2 de Perfil e de Mapa, disponíveis no
anexo do presente documento, ver figura 11 e 12 em anexos.
A proposta 1 possuí cerca de 786m de comprimento, elevação mínima de 121m no ponto de
conexão a adutora principal do CD1, média de 135m e máxima de 147m localizado no intervalo
dos 366 aos 369 m em relação ao ponto de conexão a adutora de recalque principal do CD1,
declividade máxima de 17.1% a jusante da elevação máxima, 4 curvas 90º propostas, duas na
secção de subida e duas na secção de descida considerando o sentido de fluxo da água na
adutora, uma Ventosa e uma válvula de Descarga propostas.
A proposta 2 possui cerca de 759m de comprimento, elevação mínima de 121m no ponto de
conexão a adutora principal do CD1, média de 136m e máxima de 146m localizado no intervalo
dos 352 aos 379m em relação ao ponto de conexão a adutora de recalque principal do CD1,
declividade máxima de 17.1% a jusante da elevação máxima, 6 Curvas 90º propostas, 4 na
secção de subida e duas na secção de descida considerando o sentido de fluxo da água na
adutora, uma Ventosa e uma válvula de Descarga propostas.
Atendendo aos pressupostos considerados no processo do levantamento do assentamento da
tubagem, a proposta 1 mostra-se mais viável em relação a proposta 2, apesar do comprimento da
proposta 1 ser 21m mais longo. A análise minuciosa da zona de subida a montante da cota mais
alta é importante porque compreende a zona de maior trabalho da bomba pois a força gravítica
desfavorece o fluxo devido a declividade negativa, a proposta 2 possui nesta faixa maior
comprimento de subida, cerca de 194m contra 136m da proposta 1, é também importante tomar
em consideração o número de peças especiais envolvidas em cada linha. A proposta 2 possui 2
curvas de 90º a mais localizadas na faixa de maior trabalho da bomba totalizando 4 curvas 90º
em menos de 322m, distando-se em comprimentos não superiores a 143m, sendo 78m, 85m e
143m as distâncias entre elas, os fenómenos descritos na proposta 2 acarretam maiores
exigências na bomba devendo ser de grandes potências, o que reflecte-se na elevação do
consumo de energia em relação a fenómenos da proposta 1.

22
As duas propostas quando apresentadas a edilidade da vila, mostraram-se inviáveis por
atravessarem pontos que antes não haviam sido identificados como terrenos privados, houve
assim a necessidade dum novo traçado, entretanto este extrapolou as distâncias máximas
previstas no TDR, não havendo outra opção, esta ficou aprovada para o assentamento da
tubagem de recalque. A proposta possui aproximadamente 900 m de comprimento, elevação
mínima de 121m na região do ponto de conexão a adutora de recalque principal do CD1, média
de 135m e máxima de 145m localizado no intervalo dos 610 aos 655m em relação ao ponto de
conexão a adutora de recalque principal do CD1, declividade máxima de 12.8% a jusante da
elevação máxima, 7 curvas 90º propostas, 5 na secção de subida e duas na secção de descida
considerando o sentido do fluxo da água na adutora, uma Ventosa de Função Dupla e uma
Válvula de Descarga propostas.
Em anexo, ver figura 14 em anexos, encontram-se disponíveis imagens que ilustram os
pormenores da conexão proposta a adutora de recalque principal do CD1 e o Mapa do Perfil e do
Assentamento da Adutora.
d) Ensaio de Caudal
Após o desenvolvimento do furo devia ter seguido o ensaio de caudal pelo menos 4 horas depois,
processo que iniciou uma semana depois do desenvolvimento devido indisponibilidade de
equipamento. O equipamento usado foi extraído no distrito de Funhaloro em Inhambane, uma
electrobomba submersível industrial CR de 3m de altura a bomba atrelada ao electromotor,
caudal nominal de 30 m3/h, com mais de 400Kg de massa, conectada a um tubo Boreline de
495m de comprimento e um cabo eléctrico trifásico com quase mesmo comprimento com tubo.
O equipamento exige 240-400 V de Intensidade eléctrica e 18,5 kVA.
No primeiro dia do ensaio foi introduzida uma sonda que detectou presença de água a uma
profundidade de 123 m, logo seguida ocorreu a imersão da bomba, pela hora, a fiscalização não
recomendou que o ensaio iniciasse no mesmo dia, devendo este ocorrer no dia seguinte.
Foi previsto dois ensaios, primeiro escalonado durante 6h em intervalos de 2h por cada escalão e
volvido tempo de recuperação e atingido o caudal máximo ou desejado no terceiro escalão, este
serviria de caudal constante para o segundo ensaio constante que teria lugar no dia seguinte
durante 12h consecutivas.
No segundo dia o qual o ensaio iniciaria, foi usado um gerador para alimentar electricamente o
conjunto electrobomba imerso, o gerador possui capacidades para gerar corrente eléctrica que

23
varia dos 220-400 V automaticamente dependendo da demanda do equipamento solicitante e
35kVA de corrente, o que significou alimentador grande suficiente para suprir as exigências do
conjunto demandante.
Depois de várias horas de tentativas de accionamento do mecanismo, a água não regava os
campos planificados para tal, houve necessidade de imersão da sonda, o que ocorreu por varias
vezes, porem a sonda não detectava presença de água a profundidades equivalentes a 150m.
O furo foi dado como seco e no processo de remoção do conjunto, o equipamento de remoção
não resistiu depois de 50m içados, o conjunto voltou a queda livre e assentou na base do furo.
Na semana seguinte chega ao campo equipe responsável pela extensão da rede, junto com a
tubulação e pecas especiais exigidas pelo projecto, antes do seu armazenamento, estes passaram
por uma inspecção da fiscalização, que conferia a qualidade e a norma de fabrico de cada peça e
tubagem, devendo esta ser U-PVC ou M-PVC produzidos de acordo com norma SABS 966
(SANS-966).
As válvulas de corpo metálico, uniões metálicas, flanges, Juntas Viking Johnson, macro-
medidores, e outros materiais devem ser produzidos de acordo com uma das seguintes normas:
SABS 1808, ISSO 575, DIN 3202, ASTM A 126 ou equivalente.
O período de assistência das actividades no campo terminou quando já havia sido trincheiradas
linhas de cerca de 2582m de um total de 27157m, com profundidades que variam de 0,6 a 1m,
para tubulação de DN 50, DN 63 e DN 90.

24
5. DISCUSSÃO
Antes de mais, importa nesta secção fazer menção de alguns aspectos que comprometem a
eficiência de distribuição de água, a topografia, a configuração topográfica do distrito exige do
sistema algumas unidades como depósitos a jusante da rede para regular a questão de problemas
de preção em bairros periféricos que em algumas horas do dia ficam sem preção, caixas de
quebra de pressão, para evitar danos na tubagem, um relatório feito pela AIAS aponta que a rede
de distribuição apresenta muitas fugas, tais podem ter origens pelas quebras de pressão que
causam golpes de ariete, ao longo da rede de distribuição não foram registadas ventosas e
válvulas reguladoras de pressão, questão que contribui significativamente para a ocorrência de
rompimento da tubagem e consequentes perdas excessivas.
O principal objectivo da expansão do sistema é a melhoria da qualidade de água do sistema, pois
o mesmo relatório aponta que a água produzida pelo F01, o de maior capacidade é salobre, com
CE acima de 3000 µs/cm e debita no CD1, a ideia do projecto é achar um ponto no qual poderá
explorar um aquífero com capacidade suficiente para produzir no mínimo 25 m3/h e uma
condutividade abaixo de 1000 µs/cm o que seria capaz de reduzir a abaixo de 2000 µs/cm e
assim garantir a não rejeição do produto, de acordo com os dados obtidos no relatório geofísico,
a ocorrência de águas doce com provável potencial de CE abaixo de 1000 µs/cm esta a
profundidades menores que 160m o que coincide com profundidade do FO2 nas condições
desejadas, entre tanto, estas profundidades, o aquífero é considerado improdutivo, pois a
capacidade máxima registada é de 10 m3/h, acima destas profundidades as CEs estão
significativamente acima de 1000 µs/cm.

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6. RECOMENDAÇÕES
A topografia do terreno do distrito é muito acidentando, apresenta pontos de elevação muito
íngreme com cerca de 19% de declividade numa distância de 100m o que proporciona quebras
de pressão causando golpes de ariete que excedem em muitos casos o PN da tubulação
ocasionando rompimentos e fugas excessivas, para este caso recomendamos o uso de ventosas de
duplo efeito, o que não foi notado ao longo da rede existente.

A principal intenção do novo furo é garantir o melhoramento da qualidade da água pela diluição
dos sais em excesso presentes na água distribuída, para uma mistura homogénea, e maior
de sucesso na intenção, recomenda-se o uso de um misturador industrial, podendo ser
hidráulico Calha Parshall por exemplo ou mecânico.
Devido condições da hidrogeologia do local, recomenda-se que construa-se dois furos de
capacidade menor, cerca de 10m3/h cada com CE abaixo de 1000 µs/cm assim haverá maior
de reduzir significativamente as densidade dos cloretos.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

 Almeida, C.; Mendonça, J. J. L.; Jesus, M. R. e Gomes, A. G. (2000) – Sistemas


Aquíferos de Portugal Continental. Bacia do Tejo-Sado (T). Centro de Geologia da
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Instituto da Água, Lisboa;
 BORGUETTI, Nádia Rita Boscardin; ROSA, Ernani Francisco“O Aqüífero Guarani”–
website: www.oaquiferoguarani.com.br;
 Conselho de Ministros: Decreto n.º 21/2015: Aprova a Estrutura Orgânica do Governo
Provincial;
 Decreto-Lei nº 133/2005, de 16 de agosto: Estabelece o regime de licenciamento do
exercício das atividades de pesquisa, captação e montagem de equipamentos de extração
de água subterrânea. (Diário da República, Série I-A, n.º 156, pp. 4760 a 4763);
 Decreto-Lei n.º 84/2011, de 20 de junho que veio alterar o Decreto-Lei n.º 133/2005, de
16 de agosto, procede, entre outros, à simplificação do regime jurídico do
“Licenciamento do Exercício das atividades de pesquisa e captação de águas
subterrâneas”, conformando-o com o Decreto-Lei n.º 92/2010, de 26 de julho, que
transpôs para a ordem jurídica interna a Diretiva 2006/123/CE, do Parlamento Europeu e
do Conselho, de 12 de dezembro, relativa aos serviços no mercado interno;
 Diploma Ministerial no 144/2009: Publica o Regulamento Interno da Administracao
Estatal e revoga o Diploma Ministerial no 27/2007 de 18 de Abril;
 Decreto-Lei nº 226-A/2007, de 31 de maio: Estabelece os títulos de utilização de recursos
hídricos. (Diário da República, 1ª Série, n.º 105, pp.3644-(24) a 3644-(48);
 DUARTE, Joana Filipa Pereira (2013) - Planeamento, captação e gestão das águas
subterrâneas da região de Aveiro, Universiadade de Aveio, Departamento de
Geociências, PDF disponivel em https://1library.co/document/ye864w4y-planeamento-
captacao-gestao-das-aguas-subterraneas-regiao-aveiro.html;
 MEDEIROS, A. (2004) – Prospeção, Pesquisa e Dimensionamento de Captações de água
Subterrânea in Águas Subterrâneas, Manual de Engenharia GRUNDFOS;
 GRUNDFOS (2004) – Sistemas com Bombas Submersíveis in Águas Subterrâneas,
Manual de Engenharia GRUNDFOS;

27
 MARTINEZ, J.; RUANO, P. (1998) - Aguas Subterráneas Captación y
Aprovechamiento. PROGENSA (Promotora General de Estudios, S. A.). 1ª Edición;
 https://xdocs.com.br/doc/introduao-do-trabalho-de-geofisicadoc-2doc-dokml6945jny;
 https://www.abas.org/aguas-subterraneas-o-que-sao/

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ANEXO

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Tabela 1 – Interpretação e seu provável significado.

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