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Curso: Engenharia hidráulica

Cadeira: Saneamento Geral do Meio 30 nível

Trabalho Em Grupo

Dimensionamento de uma estacão de tratamento de esgoto

Discentes: Docentes:

José Guilherme Leitão Eng.º Celso Januário Baúque

Moisés Dias Eng.º Félix Eusébio Banze

Songo, Abril de 2016

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Curso: Engenharia hidráulica

Cadeira: Saneamento Geral do Meio 30 nível

Trabalho Em Grupo

Dimensionamento de uma estacão de tratamento de esgoto

Discentes: Docentes:

José Guilherme Leitão Eng.º Celso Januário Baúque

Moisés Dias Eng.º Félix Eusébio Banze

Songo, Abril de 2016

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RESUMO
O tratamento de esgotos ainda é um grande desafio em Moçambique, constando assim como um
aspecto muito de estrema importância no que diz respeito as técnicas e processos de tratamento
de esgoto. Sabe-se que, em função do crescimento populacional e do aumento das mais variadas
necessidades da sociedade moderna industrializada, bem como o crescimento urbano, ocorrem
mudanças nos padrões e hábitos de consumo e consequente aumento na demanda de água doce e
degradação de recursos hídricos. Desta forma, a água potável vem se tornando cada vez mais um
recurso comprometido, e que a preservação do meio ambiente é responsabilidade de todos.
O presente trabalho teve como objectivo dimensionar um sistema de tratamento de esgoto
domestico, Considerando um memorial descritivo de dados de projecto fornecidos pelo grupo
docentes.
Foi feito um levantamento bibliográfico e dos requisitos técnicos para o projecto de uma Estacao
de tratamento de esgoto (ETE) e, a partir disso, dimensionou-se uma estacao de tratamento de
esgoto.

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Índice Pág.
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................................5
1.1. OBJECTIVOS.............................................................................................................................5
1.1.1. OBJETIVOS GERAIS.........................................................................................................5
1.1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS...............................................................................................5
2. METODOLOGIAS.............................................................................................................................5
3. Memoria descritiva e especificações técnicas......................................................................................6
3.1. Dados do projecto........................................................................................................................6
3.2. Valores adotados para no dimensionamento................................................................................6
3.3. Critério de projecto......................................................................................................................7
Parametros para tratamento preliminar........................................................................................................7
4. Figura 1-(Fluxograma de tratamento preliminar).................................................................................9
5. Figura 2 – (Fluxograma de um sistema de tratamento primario de esgoto)......................................10
6. Dimensionamento do medidor parshall.............................................................................................14
7. Figura. Tirada do manual calha parshall, Manual de operação..........................................................15
8. Dimensionamento da grade de manual..............................................................................................15
9. Tabela 1.............................................................................................................................................16
9.1. Cálculo do rebaixo Z.................................................................................................................17
9.2. Altura da lâmina antes do rebaixo..............................................................................................17
10. Dimensionamento do canal sedimentador ou caixa de areia..........................................................18
11. Verificação da taxa de aplicação superficial (Tes).........................................................................18
11.1. A taxa de aplicação superficial esta nos padrões recomendados............................................19
12. Remoção de lodo excedente..........................................................................................................19
13. Dimensionamento do decantador primário....................................................................................19
13.1. Cálculo da área de cada decantador.......................................................................................20
14. Teor de lodo...................................................................................................................................20
14.1. Índice volumétrico de lodo....................................................................................................20
15. Requisitos de Oxigenação..............................................................................................................21
15.1. Consumo de oxigénio............................................................................................................21
15.2. Taxa de transferência de oxigénio no tanque de aeração.......................................................21
16. Dimensionamento do decantador secundário.................................................................................22
16.1. Sólidos suspensos voláteis.....................................................................................................23
17. Figura – Descrição dos processos..................................................................................................24
18. Avaliação e produção de metano...................................................................................................24
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19. Produção volumétrica....................................................................................................................26
20. Bibliografia....................................................................................................................................27
21. Conclusão......................................................................................................................................28

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1. INTRODUÇÃO
Com o notável aumento do consumo de água ocorre também a maior geração de esgotos
urbanos, rurais e industriais. Desta forma, quando estes efluentes são lançados nos corpos
receptores sem tratamento, tem-se como resultado o aumento da carga orgânica e a eutrofização
dos recursos hídricos, o que influência na alteração da qualidade da água e degradação do meio
ambiente.
Diante dessa realidade, o presente trabalho objectiva dimensionar uma estação de tratamento de
efluentes domésticos um elemento muito fundamental, com vista a preservar a saúde e promover
melhores condições de saneamento urbano.

1.1. OBJECTIVOS

1.1.1. OBJETIVOS GERAIS


Este trabalho tem por objectivo dimensionar um sistema de tratamento de efluentes.

1.1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS


 Conhecer e caracterizar de forma detalhada os tipos de dados e informações necessárias
para o dimensionamento de uma estacao de tratamento de esgoto;

 Em função das características topográficas da região, estudar estratégias mais adequadas


e compatíveis conforme o clima e relevo da zona de forma que se implante da melhor
forma uma estacao de tratamento de esgoto;

 Definir os processos e as unidades mais adequadas ao tratamento de efluentes


domésticos, focando no estudo do caso.

2. METODOLOGIAS
Para a elaboração do trabalho, recorreu-se a fontes disponíveis na internet, e pequenos debates
interactivos com os colegas dos anos passados,

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3. Memoria descritiva e especificações técnicas
3.1. Dados do projecto

As caracteristicas tecnicas da estacao sao apresentadas na tabela abaixo:

Habitantes 11.000 pessoas


Nº de lotes 1.810 lotes
Padrão das residências popular 1.810 lotes
Nº de habitantes por residência 6 pessoas
Consumo “per capita” 200 l/ p x dia
Contribuição “per capita” esgoto 80% = 160 l/ p x dia
Contribuição “per capita” orgânica 60 g DBO5 p/ dia
Período de contribuição 24 horas/ dia
Vazão media de tratamento 74,00 m3/h
Tipo de efluente Esgoto domestico
Concentração DBO afluente 375 mg / l
Vazões:

Qmédia= 1.776,00 m3/ dia = 74,00 m3/h=20,37 l/ s

Qmáx = 1.987,20 m3/ dia = 82,80 m3/ h = 23,00 l/ s

Qmin = 880,32 m3/ dia = 36,68 m3/h = 10,19 l/ s

3.2. Valores adotados para no dimensionamento

Coeficiente de produção celular Y = 0,6 gSSV/g DBO


Coeficiente de respiração endógena Kd = 0,08 d-1
Fração biodegradável das SSVTA fb = 0,57 mgXb / mgXv
Relação SSV/SS no reator SSV / SS = 0,69
a´ 0,608 kgO2/kg DBO5
B 0,065 kgO2/kg SSV
Csw ( concentração de saturação de O2 a 28ºC) 7,9 mg/ L
CL (concentração de O2 no tanque reator) 1,5mg/ L
T (temperatura no tanque reator) 28ºc
α [relação KLa (esgoto) / KLa (água)] 0,85
Θ 1,02
Taxa de aplicação de sólidos 125kg/ m2.dia

3.3. Critério de projecto

Idade do lodo θc= 25 dias


Concetracao de SSVTA Xav = 350 mg/l
Tempo de geração de afluente 24 horas/ dia
Altura útil do reator 4,00m
Concentração de DBO efluente 2,68 mg/l
Concetracao de DBO afluente ao decantador primário 536 mg/l
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Razão de recirculação 0,86

Parametros para tratamento preliminar


 Grade media;
 Barras rectangulares de 3/16″x1″ (4,76x25,4);
 Inclinacao do gradeamento 45º;
 Aberturas das grades de 15mm;
 Velocidades atraves das grades de 0,6m/s;
 Velocidade de escoamento na caixa de areia de 0,30m/s.

Parametros para tratamento primario

 Decantador primario
 Taxa de escoamento superficial 90m3/m2.dia;
 Numero de decantadores 5 de seccao circular;
 Altura do decantador de 3,5m.

Parametros para tratamento secundario

 Tanque de aeracao com eficiencia de decantador primario de 30%.

Parametros para tratamento terceario

Dimensionamento de da produção de metano no reactor UASB

 Temperatura media do esgoto de 28ºC;


 Coeficiente de produção de solidos (Yobs) = 0,16 Kg DQO lodo/ Kg DQO aplicado;
 Coeficiente de produção de solidos (Y) = 0,15 Kg SST/Kg DBO aplicada.

Estacao de tratamento de efluentes

A seleção de um processo de tratamento de água residual ou sequência de processos depende de


um número de fatores:

 Características da água residual, por exemplo, DBO, % de sólidos em suspensão, pH,


presença de materiais tóxicos;
 Qualidade do efluente exigida;
 Custo e disponibilidade de terra;

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 Maior exigência futura no grau de qualidade da água, implicando em um tipo de
tratamento mais avançado.

Os diferentes tratamentos existentes podem dividir-se em: prévio, preliminar ou pré-tratamento,


primário, secundário ou biológico, terciário, desinfecção, e diversos.

Mediante os tratamentos prévio e primário eliminam-se, fundamentalmente, os sólidos em


suspensão. O tratamento secundário elimina a matéria orgânica biodegradável dissolvida, assim
como restos de sólidos em suspensão que não foram eliminados no tratamento primário. Com o
tratamento terciário pretende-se retirar todos aqueles contaminantes não retidos nos tratamentos
anteriores, essencialmente os contaminantes em forma de sólidos dissolvidos. A desinfecção tem
por objetivo a destruição seletiva de bactérias e vírus patogênicos presentes na água, e pode ser
utilizada em combinação com qualquer tratamento.

Processo de tratamento preliminar

Segundo (SANTOS et all, 2010, p-6) define tratamento preliminar como conjunto de
dispositivos usados na chegada do esgoto para barrar e possibilitar a remocao dos solidos
grosseiros e da areia.

Para a separação dos sólidos grosseiros são, geralmente, utilizadas grades que retêm o material
cujo tamanho é maior do que o espaçamento entre as suas barras.

Retiram-se os sólidos grosseiros, principalmente para proteger os dispositivos de transporte dos


esgotos - bombas e tubulações - e as unidades de tratamento subseqüentes.

A remoção da areia é realizada nos desarenadores ou caixa de areia, por meio de sedimentação.
Há processos manuais e mecanizados para a retirada e o transporte da areia sedimentada e
acumulada nessas unidades. Tal remoção é necessária para:

 Evitar desgaste nos equipamentos e tubulações;


 Evitar o assoreamento da unidade que pode comprometer sua vida útil;
 Eliminar ou reduzir a possibilidade de entupimentos em tubulações, tanques, orifícios;
 Facilitar o transporte líquido.

Normalmente inclui-se, também, uma unidade para a medição de vazão, usualmente constituída
por uma calha de dimensões padronizadas - calha Parshall, ou vertedores, que permitem a
correlação entre o nível do líquido e a vazão de esgotos que chegam à ETE.

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4. Figura 1-(Fluxograma de tratamento preliminar)
Para o dimensionamento a Norma ABNT NBR 12.209/1992 (ABNT,1992) recomenda que o
desarenador deve ter limpeza mecanizada quando a vazão de dimensionamento é igual ou
superior a 250 L/s e o vazão de dimensionamento do desarenador deve ser a vazão máxima
afluente à ETE.

Processo de tratamento primario

No tratamento primário, além do tratamento preliminar, pode-se incluir sedimentação simples


(decantação primária), digestão de lodos, secagem e disposição no terreno, incineração ou
afastamento dos lodos resultantes, ou ainda utilização de filtros-prensa para secagem e
tratamento dos lodos. Após passarem pelas grades e caixas de areia, o efluente preliminar pode
se dirigir para decantadores ou fossas sépticas enquanto os lodos produzidos são encaminhados
aos digestores ou leitos de secagem. O tratamento é dito primário porque remove cerca de 30 a
40% de bactérias patógenas, de 30 a 40% de DBO e de 60 a 70% de sólidos em suspensão
através de decantação, flotação, secagem ou digestão.

5. Figura 2 – (Fluxograma de um sistema de tratamento primario de esgoto)


Decantador

Segundo (SANTOS et all, 2010, p-11) diz que é o tanque onde os esgotos escoam
vagarosamente, permitindo que os sólidos em suspensão sedimentem-se no fundo de forma
gradual. Essa massa de sólidos é denominada lodo primário bruto. Nos decantadores de pequenas
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dimensões, o lodo é retirado por meio de uma tubulação única e, nos tanques maiores, com
raspadores mecânicos e bombas. Para a operacao deste dispositivo recomenda – se;

 Retirar da superfície materiais flutuantes como graxas e óleos;


 Limpar, sempre que necessário, os dispositivos de entrada e saída do afluente;
 Efetuar, freqüentemente, a inspeção e manutenção preventiva dos equipamentos, havendo
bombas e raspadores mecânicos para remoção do lodo decantado;
 Promover o desaguamento (desidratação) do lodo, tratamento e destinação para as valas
de rejeitos na área da ETE ou aterro sanitário, preferencialmente licenciado.

Leito de secagem

Segundo (SANTOS et all, 2010, p-11) diz que unidades que visam a obter condições adequadas
para a disposição final dos lodos designam – se de leito de secagem. A água é removida para
concentrar os sólidos, diminuindo seu volume. Em resumo, trata-se de separar o sólido do
líquido. É utilizado um meio de areia para o escoamento da água livre e a evaporação pela
exposição ao ambiente. Para a operacao deste dispositivo recomenda – se:

 Remover o lodo, quando seco, encaminhando-o para disposição em valas na área da ETE,
com recobrimento, ou em aterro sanitário preferencialmente licenciado;
 Repor, sempre que necessário, a areia removida junto com o lodo;
 Retornar com o líquido percolado para a fase líquida do tratamento.

Digestores, (tratamento de lodo removido)

Tem como objectivo principal a conversao da materia putricivel em liquidos, solidos dissolvidos,
subprodutos gasosos e alguma destruicao de microrganismos patogenicos, bem como a reducao
dos solidos volateis do lodo.

Segundo (JORDAO e PESSOA, 2005, apud Silva,2010, p-27), classifica este processo, de
acordo com a presenca de oxigenio em digestao anaerobia ou digestao aerobia.

Disgestao anaerobia, necessita simplesmente de seu confinamento em um espaco em condicoes


favoraveis as reaccoes bioquimicas inerentes da fermentacao natural. Apresenta as seguintes
vantagens quando comparado a outro:

 Baixo custo operacional;


 Possibilidade de aproveitamento do gas gerado;
 Quando seca com maior facilidade.

Digestao aerobia, utilizados em ETEs de menor porte, processo de oxidacao bioquimica dos
solidos biodegradaveis contidos no esgoto, com alta concetracao de oxigenio dissolvido em todo
material. Apresenta seguintes vantagens:

 Simplicidade operacional;
 Baixo custo de implementacao;
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 Maior reducao de gorduras, reduzindo a baixos niveis a presenca de
microrganismopatogenicos;
 Menor volume e tempo de detencao.

Processo de tratamento secundario

Segundo (VON SPERLING, 2012, apud Peleteiro e Almeida,2014, p-7) diz que esse sistema é
utilizado, em escala mundial, para o tratamento de despejos domésticos e industriais em
situações em que são necessárias uma elevada qualidade do efluente a ser lançado em um corpo
receptor e reduzidos requisitos de área.

As unidades que compõem esse sistema são: o tanque de aeração, o decantador secundário e a
recirculação de lodo, e os processos mais adoptados são, anaeróbico (lagoas anaeróbicas),
aeróbico (filtração biológica), lodos activados e lagoas aeróbicas ou facultativas.

Tanque de aeracao, ocorre a remoção da matéria carbonácea, podendo ocorrer também a


remoção de matéria nitrogenada, onde Os microrganismos presentes no esgoto decompõem o
substrato (matéria orgânica) e se desenvolvem.

Decantador secundario, depois do desenvolvimento o substrato (materia organica) é transferido,


então ao decantador secundário, onde ocorre a sedimentação dessa biomassa, permitindo que o
efluente saia clarificado.

Recirculacao de lodo, Parte do lodo sedimentado é recirculado para o tanque de aeração, já que
esse lodo acumulado é constituído, em sua maior parte, por microrganismos ainda ativos (“lodo
ativado”) do ponto de vista da assimilação do substrato. Com esse retorno de lodo, a
concentração de biomassa no tanque de aeração aumenta, permitindo um aumento no consumo
da matéria orgânica. Essa recirculação garante a eficiência do sistema, pois, com esse aumento
da biomassa, o tempo de permanência dos microrganismos passa a ser suficiente para que quase
a totalidade da matéria orgânica dos esgotos seja metabolizada, resultando em maior quantidade
de DBO removida.

No processo de lodos ativados, o despejo é estabilizado biologicamente em um reator em


condições aeróbias. O lodo ativado é formado por flocos de microrganismos compostos de
bactérias unicelulares, fungos, algas, protozoários e rotíferos.

Lagoas Anaeróbias, têm a finalidade de oxidar compostos orgânicos complexos antes do


tratamento com lagoas facultativas ou aeradas. As lagoas aneróbias não dependem da ação
fotossintética das algas, podendo assim ser construídas com profundidades maiores do que as
outras, variando de 2.0 a 5,0m. Enquanto que as lagoas Facultativas, seu funcionamento é através
da ação de algas e bactérias sob a influência da luz solar (fotossíntese). A matéria orgânica
contida nos despejos é estabilizada, parte transformando-se em matéria mais estável na forma de
células de algas e parte em produtos inorgânicos finais que saem com efluente. Estas lagoas são
chamadas de facultativas devido às condições aeróbias mantidas na superfície liberando oxigênio
e às anaeróbias mantidas na parte inferior onde a matéria orgânica é sedimentada. Com
profundidade variando de 1,0 a 2,5m e áreas relativamente grande.

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A filtração biológica é um processo onde a massa microbiana se desenvolve na superfície de um
meio e pelo qual percola a água residual a ser tratada, os reatores são referidos como filtros
biológicos embora, conceitualmente, leito biológico seja um termo mais adequado.

O sistema de filtro biologico pode ser, sistema de filtracao unica (operado com ou sem reciclo do
efluente), sistema de filtracao de dupla alternativa (onde um para remocao da maior parte de
DBO e outro para polir efluentes) e sistema de filtracao em dois estagios (um dos filtros remove
60 – 70% da DBOe outro para polir efluente).

Processo de tratamento terciario

Fase do tratamento adotada quando razões especiais exigem um alto grau de pureza do afluente
ou a remoção de um determinado poluente, lagoas aeróbicas após tratamento secundário,
desinfecção e filtração.

Filtracao, que pode ser a vacuo consiste na reducao da agua contida no lodo dos esgotos com
objectivos de aumentar a proporcao de solidos nele existentes, na ordem de 5 a 10%, para
aproximadamente 30%, conseguindo – se uma massa umida mais enriquecida e mais facil de ser
manipulada.

Desinfeccao, consiste na destruicao de microrganismo patogenicos existentes nos esgotos atraves


da acao quimica de uma substancia desifentante como , por exemplo, ocloro.

Têm como principal aplicação a cultura colheita de algas. São projetadas para o tratamento de
águas residuárias decantadas. Constituem um poderoso método para produção de proteínas,
sendo de 100 a 1000 vezes mais produtivas que a agricultura convencional. É aconselhável o seu
uso, para tratamento de esgoto, quando houver a viabilidade do reaproveitamento da produção
das algas. A sua operação exige pessoal capaz e o seu uso é restrito. A profundidade média é de
0,3 a 0,5m.

Reatores UASB

O reator UASB é um importante equipamento destinado ao tratamento de efluentes com alta


carga orgânica, como é o caso das águas residuárias provenientes da suinocultura, que
comparadas com o efluente doméstico possuem concentração de DBO até 260 vezes superior,
enquanto a DBO para esgoto doméstico é de 200 mg/litro, a DBO dos dejetos de suínos oscila
entre 30.000 e 52.000 mg/litro (GALBIATTI et al., 2010, apud Dossié, 2010, vol.8, p-23).

O reator UASB apresenta as seguintes vantagens:

Não emissão de odores;

Não proliferação de insetos;

Baixa produção de lodo biológico;

Lodo em excesso já sai estabilizado e com elevada concentração, podendo ser secado
diretamente em leitos de secagem.

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Além disso, sua operação e manutenção são extremamente simples podendo ser realizada por
pessoal não especializado (SOUZA, 2008, apud Dossié, 2010, vol.8, p-23).

(JORDAO e PESSOA, 2005, apud Silva, 2010, p-117) afirma que existe tres factores
fundamentais a serem considerados para a utilizacao para a utilizacao de reatores anaerobicos de
alta taxa tratando esgotos.

 Grande acumulacao da biomassa no interior do reator, devido a sedimentacao, agressao a


solidos ou recirculacao;
 Melhor contacto entre biomassa e despejo;
 Melhor actividade da biomassa.

Correcao da temperatura operacional

Uma condição ambiental de grande importância no tratamento anaeróbio de esgotos é a


temperatura. É valida aqui a teoria de empírica de Van′t Hoff de que um aumento de dez graus
na temperatura praticamente dobra a velocidade da reação. Existem duas faixas de temperatura
em que o processo anaeróbio pode se apresentar com vantagem:

A faixa termofílica, com centro em torno de 35ºC, é a melhor faixa para a ocorrência da digestão
anaeróbia, devendo ser procurada quando se deseja aquecer o reator, principalmente digestores
de lodo, em torno de 60ºC, também é interessante porém, ocorre maior decaimento endógena e
deve ser utilizada principalmente nos casos de efluentes industriais produzidos a quente.

O pH no interior do reator é uma condição ambiental de extrema relevância. A faixa ótima de pH


para o processo anaeróbio, segundo diversos autores, situa-se entre 6,6 e 7,6. Portanto a presença
dos principais nutrientes nos despejos deve ser garantida para o equilíbrio do processo anaeróbio.

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Memorial de calculo

Dimensionamento da estação de tratamento de efluentes

Inicialmente, de acordo com a Norma ABNT NBR 12.209/1992 (ABNT, 1992), o


dimensionamento das unidades de tratamento de uma ETE deve ser feito com base nos seguintes
parâmetros:

 As vazões afluentes máxima e média;


 A demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e a demanda química de oxigênio (DQO);
 Sólidos em suspensão totais (SST).

De acordo com a Norma ABNT 12.209/2011, a taxa de escoamento superficial no decantador


primário quando este preceder o processo de lodo ativado deve ser de 90 m3/m2.d.

Processo de tratamento preliminar

O tratamento preliminar será composto por:

 Unidade de gradeamento;
 Caixa de areia;
 Calha Parshall.

6. Dimensionamento do medidor parshall


A Calha Parshall é um dispositivo tradicionalmente usado parar medição de vazão em canais
abertos de líquidos fluindo por gravidade, muito utilizado nas estações de tratamento de água.

Consiste, basicamente, numa seção convergente, numa seção estrangulada “garganta” e uma
seção divergente, dispostas em planta. O fundo da unidade é em nível na seção convergente, em
declive na “garganta” e em aclive na seção divergente.

Com ajuda das vazões máximas e mínimas, recorre-se a tabela para saber a secção da garganta
do medidor parshall.

Dimensões de vert. Parshall padrões

W
Capc. l/s
A B C D E F G K N
Pol CM Qmin Qmax
3`` 7,6 46,6 45,7 17,8 25,9 61,0 15,2 30,3 2,5 5,7 0,85 53,8
6`` 15,2 62,1 61,0 39,4 32,1 61,0 30,5 61,0 7,6 11,4 1,42 110,4
15
9`` 22,9 88,0 86,4 38,0 57,5 76,3 30,5 45,7 7,6 11,4 2,55 251,9

Para o nosso dimensionamento teremos :

W= 3``

7. Figura. Tirada do manual calha parshall, Manual de operação

8. Dimensionamento da grade de manual


Altura da lâmina liquida no parshall

Dados:

Qmed=0,02037m3 /s

Qmáx=0,023 m3 /s

Qmin=0,01019 m3 /s

16
9. Tabela 1
1
Q
H= ( )
K
n

1
0,023
Hmáx= (
0,176 ) 1,547
=0,268 m

1
0,02037
Hmed= (
0,176 ) 1,547
=0,248 m

1
0,01019
Hmin= (
0,176 ) 1,547
=0,159 m

17
9.1. Cálculo do rebaixo Z

(Qmax∗Hmin )−(Qmin∗Hmax)
Z=
( Qmax−Qmin )

( 0,023∗0,159 )−( 0,01019∗0,268)


Z
(0,023−0,01019)

Z=0,072 m

9.2. Altura da lâmina antes do rebaixo

hmáx= Hmax-Z

hmax= 0,268-0,072=0,196m

hmed=Hmed-Z

hmed=0,248-0,072=0,176m

hmin= Hmin-Z

hmin= 0,159-0,072=0,087m

Seleção da grade

a) Eficiência da grade
Dados:
a=15mm
t=4,76
a
E=
t +a
15
E= =0,76=76 %
4,76+15

b) Área útil necessária :Aditando-se velocidade através das grades de 0,6m/s


Qmax
Au=
Vg
0,023
Au= =0,038 m
0,6

18
c) Largura do canal da grade
S Au
b= onde S=
Hmáx −Z E

0,038
S= =0,05
0,76
0,05
b= =0,257 m
0,268−0,072

Quantidade das barras


b−a 0,257−0,015
n= = =12,26=12 barras
(t+ a) (0,00476+0,015)

Espacamento entre as barras externas


e=b−( n∗t + ( n−1 )∗a )
e=0,268−( 0,012∗0,004,76+ ( 0,012−1 )∗0,015 )
e=¿0,046m

Quantidade de sólidos ou material retido nas grades

10. Dimensionamento do canal sedimentador ou caixa de areia


Adotando velocidade de escoamento v = 0,30 m/s
Largura do canal (b):
A caixa de areia deve ser dimensionada com largura suficiente para que a velocidade do
fluxo não ultrapasse a velocidade de projecto.
Então, sendo v = 0,30m/s
Qmax 0,023 m3 /s
Temos: b¿ =¿ =0,393 m
hmax . v 0,195 x 0,30

Comprimento do canal (L):


L=10xhmax=10x0,195=1,95m

19
11. Verificação da taxa de aplicação superficial (Tes)
Qmax 0,023
Tes = = =0,03 (m3/d.m).
bxL 0,393 x 1,95

11.1. A taxa de aplicação superficial esta nos padrões recomendados

A taxa de escoamento no vertedor de saída, em cada decantador corresponde ao exigido


pela norma.
De acordo com a Norma ABNT NBR 12.209/2011, essa taxa tem que ser menor que 500
m3/d.m. Logo, a norma é atendida. Vale ressaltar que a escolha do uso de do numero de
decantadores foi adoptada de modo a atender esse parâmetro.

A quantidade de lodo a ser descartada a partir da remoção, conforme JORDÃO, a eficiência


de remoção em decantadores primários é de 50%.
A massa de lodo a ser removida por decantador será:
Qmedia 1776
MssT¿ xDBOxnssT = x 375 m/lx 0,5=66600 kg /dia
5 5
Entretanto, considerando 5 decantadores circulares:
MssT=5x66600=333000kg/dia

12. Remoção de lodo excedente.


Calculo de remoção de concentração de DBO solúvel e total
DBO afluente−DBO soluvel 375−8,6
Rmocao de DBOsoluvel = = =98 %
DBOafluente 375

DBOafluente−DBO efluente 375−20


Rmocao de DBOtotal = = =95 %
DBOafluente 375
Portanto, a eficiência de remoção de DBO solúvel é de 98% e a de remoção de DBOtotal
é de 95%. (JORDÃO e PESSÔA , 2011, apud Peleteiro e Almeida, 2014, p-52 ) diz que a
remoção de DBOtotal está entre 90 e 95%. Portanto, essa remoção está dentro da faixa
esperada.

13. Dimensionamento do decantador primário


O objetivo principal dessa etapa é a remoção dos sólidos em suspensão sedimentáveis e
sólidos flutuantes. Nessa operação unitária, as partículas em suspensão, compostas tanto

20
por sólidos orgânicos como por sólidos inorgânicos, sedimentam através da ação da
gravidade, de forma que não possam ser suspensas pela erosão da água (JORDÃO e PESSÔA,
2011).

21
A unidade em que se realiza esta etapa do tratamento é chamada decantador primário.
Estes recebem os esgotos vindos das unidades de tratamento preliminar livres dos
sólidos grosseiros e areia. Os decantadores podem ser circulares ou retangulares. Neste
trabalho, adotaram-se decantadores circulares pois mais utilizados tanto para o tratamento
primário quanto para o tratamento secundário (JORDÃO e PESSÔA, 2011)

13.1. Cálculo da área de cada decantador

Qmáx ( 23∗86,4 ) m 3 /d
AS= = 3 2
=22,08 m 2
TAS 90 m /m d

Cálculo do diâmetro de cada decantador

22,08
A= =4,416
5

π D2
A=
4

4A 4∗4,416
D=
√ √ π
=
3,14
=5,625m

Volume dos decantadores sabendo que a altura é de 3,5m

V = A∗h

V =4,416∗3,5=15,456 m3

14. Teor de lodo


A vazão de lodo a ser colectada em cada decantador para um teor de sólidos de 4%.
M 66600
Qlodo= = =1665m 3 /dia
ρ . γ .Ts 1.1000 kg /m 3 x 0,04

14.1. Índice volumétrico de lodo

O Índice Volumétrico de Lodo (IVL) é um parâmetro utilizado para a quantificação das


propriedades do lodo, particularmente sua sedimentabilidade. Geralmente efectua-se o ensaio do
índice volumétrico do lodo a fim de eliminar a dependência da concentração do lodo, os autores
realizaram ensaios de IVL a uma concentração padrão, usando uma centrífuga para estimar a
concentração de sólidos em suspensão e a diluição necessária da amostra. Os ensaios mostraram
que estes procedimentos são seguros e duram menos tempo.
22
A experiência entre os que operam estações de tratamento por lodos activados aponta que IVL
maior que 200 ml/g costuma ser uma indicação de lodo de má qualidade e má
Sedimentabilidade, em contrapartida ocorre também o caso de dois lodos com diferentes
características de sedimentabilidade evidentemente apresentarem o mesmo valor para o IVL,
mas características claramente diversas.

15. Requisitos de Oxigenação


15.1. Consumo de oxigénio

 Sistema de aeração: sistema responsável pelo fornecimento de oxigênio necessário para que


ocorram as reações e os processos de (bio)degradação ou depuração da matéria orgânica presente
no esgoto

O oxigénio dissolvido é importante para os seres aeróbios, que vivem na presença dele. O
oxigénio dissolvido é consumido por bactérias durante a estabilização da matéria orgânica. Elas
consomem pelo processo de respiração, podendo causar a redução da concentração do oxigénio
dissolvido ao meio ambiente. Outras formas de consumo de oxigénio dissolvido ocorrem através
da nitrificação e da demanda bentonica. Se o consumo for exagerado, ocorrera a morte de seres
vivos aquáticos. E ainda se o consumo for total, o meio passa a ser anaeróbio e pode causar
odores, o oxigénio dissolvido é um dos parâmetros de caracterização de poluição das aguas por
despejos orgânicos (VON SPERLING,2005) .

15.2. Taxa de transferência de oxigénio no tanque de aeração

O processo de dissolver oxigénio de maneira forçada (aeração) é então usado em tratamentos de


efluentes líquidos, com finalidade de reduzir custos operacionais e de buscar maior eficiência
operacional. A aeração artificial pode ser feita através da indução de ar ou oxigénio no meio
liquido ou através da aeração superficial ou mecânica onde se causa um turbilhonamento,
expondo o líquido ao ar, fazendo com que o ar entre no meio liquido. Na aeração mecânica,
segundo MALINA apud VON SPERLING(1997), os principais mecanismos de transferência de
oxigénio são:

 Transferência de oxigénio atmosférico as gotas e finas peliculas de líquidos aspergidos


no ar
 Transferência de oxigénio na interface ar-liquido

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 Transferência de oxigénio por bolhas de ar transportadas da superfície ao seio da massa
liquida.

Na aeração por ar difuso, o sistema é composto por difusores submersos no líquido, tubulações
distribuídas e de transporte de ar e sopradores. O ar é introduzido ao fundo do tanque e o
oxigénio é transferido ao meio líquido conforme a bolha sobe à superfície.

16. Dimensionamento do decantador secundário


A decantação secundária exerce um papel fundamental no processo de lodos ativados,
sendo responsável pela separação dos sólidos em suspensão presentes no reator; pelo
adensamento desses sólidos no fundo do decantador, permitindo o retorno do lodo com
concentração mais elevada de sólidos; e, em menor escala, pelo armazenamento dos
sólidos em suspensão no decantador, complementando o armazenamento realizado no reator.

Em geral, os decantadores secundários são a última etapa do sistema de tratamento da fase


líquida do esgoto, e, portanto, sua eficiência vai ditar a qualidade do efluente final em termos
de sólidos em suspensão, DBO e mesmo nutrientes. Como as características de
sedimentabilidade e adensabilidade do lodo estão relacionadas à estrutura do floco
formado no reator, o projeto e controle operacional dessas duas unidades devem ser
analisados em conjunto (VON SPERLING, 2012).

Área superficial

Qméd
As=
TAS

20,37∗86,4
As=
90

As=19,555 m2

19,555
A= =3,911 m 2
5

Diâmetro do decantador

π D2
A=
4

4∗A
D=
√ π

24
4∗3,911
D=
√ 3,14
=2,232m

16.1. Sólidos suspensos voláteis

Produção de lodo

Processo biológico que envolve massa ativada de microrganismo em suspensão capazes de


estabilizar o esgoto em ambiente aeróbio.

Descrição do processo

 O resíduo orgânico é introduzido no reator onde há uma massa bacteriana mantida em


suspensão.
 No reator, a massa bacteriana provoca a decomposição da MO através de seu
metabolismo.
 O ambiente aeróbio no reator é mantido por difusores ou aeradores mecânicos, que
também provocam a mistura dentro do reator.
 Após determinado tempo, o esgoto é conduzido para um tanque de decantação, onde os
flocos se separam da água residuária.
 Uma parte do lodo sedimentado é recirculada, a fim de manter a concentração desejada
de organismos no reator. E outra parte excedente é retirada do sistema.
 Nível de massa biológica a ser mantida no reator depende da eficiência desejada de
tratamento e considerações relacionadas à cinética de crescimento.

25
17. Figura – Descrição dos processos

18. Avaliação e produção de metano


DQOCH 4 =Q∗( S 0−S ) −Y∗Q∗S0

DQOCH 4 =1776∗( 0,375−0,00268 )−0,16∗1776∗0,375

DQOCH 4 =554,680 Kg DQOCH 4 /d

Onde:

DQOCH4: carga de DQO convertida em metano (KgDQOCH4/d);

Q: vazão média afluente (m³/dia);

SO: concentração de DQO afluente (KgDQO/m³);

S: Concentração de DQO efluente (KgDQO/m³);

Y: coeficiente de produção de sólidos no sistema, em termos de DQO (0,11 a 0,23

26
KgDQOlodo/KgDQOapl).

Correção da temperatura operacional

P∗K DQO
f ( T )=
R∗(273+T )

1,012∗105∗554,680
f ( T )= =2247305,729
0,08206∗(273+28)

Onde:

P: pressão atmosférica (1 atm)

KgDQO: DQO correspondente a um mol CH4 (64 gDQO/mol);

R: constante dos gases (0,08206 atm.L/mol.K);

T: temperatura operacional do reator (°C)

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19. Produção volumétrica

DQOCH 4
DQOCH 4 =
f (T )

DQOCH 4 =0,000247 m3 /d

Onde:

QCH4: produção volumétrica de metano (m³/d);

f(T): factor de correcção para a temperatura operacional do reatar (kgDQO/m³)

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20. Bibliografia
 PELETEIRO, carolina Saraiva, DE ALMEIDA, Maria Lívia Real; Dimensionamento, análise e
comparação da viabilidade, economia de uma estacão de tratamento de esgotos utilizando os
processos de lodos activos convencional e aeração prolongada. Março.2014
 DOS SANTOS, Carlos Batista, et all; Projecto de sistemas de tratamento de esgoto para
pequenas comunidades. 2010.
 CIESIELSKI, João Victor Rosset; Dimensionamento de uma estacão de tratamento de efluentes
domésticos da central de abastecimento do paraná- CEASA/PR, CURITIBA.2011.Curitiba.

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21. Conclusão
O tratamento de esgoto doméstico é necessário e crescente em nosso país, pois além das finalidades
sanitárias e ambientais tem-se agora a finalidade energética.

Os cálculos para dimensionamento foram feitos com fundamentos e critérios adoptados de literaturas,
com informações de forma directa e simplificada, para cada um dos sistemas descritos.

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