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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

Instituto de Pesquisas Hidráulicas

Grupo 4:

Afonso Carlos Stefanon - 00323822


Cláudio Gehrke Brandão - 00011985
Julia Kelin Dentee - 00314206
Laura Beatriz Silva Rössler - 00323819

ATIVIDADE DE LABORATÓRIO 1: ESCOAMENTO EM CONDUTOS FORÇADOS

Professora: Ana Luiza de Oliveira Borges Disciplina:


Mecânica dos Fluidos e Hidráulica (IPH01102)

Porto Alegre
2023
Sumário

Sumário 2

Introdução 3

Objetivos 4

Material e Métodos 5

Tratamento de Dados 9

Conclusão 17

Anexo I - Resumo dos Resultados Analíticos 18

Referências 19

2
Introdução

O estudo hidráulico na engenharia civil é de suma importância para o


desenvolvimento da sociedade. A motivação para isso se justifica pela necessidade de
fornecer conforto para a população em situações tais como a escassez de água em épocas de
estiagem, ou ainda o excesso dela em regiões de inundação.

Em qualquer das situações, seja para o saneamento ou para conferir disponibilidade


de água, o transporte da água é o meio necessário para atender à finalidade desejada. Esse
transporte é o principal objeto de estudo da hidráulica, e pode ser feito tanto em condutos
quanto em canais. Os canais têm como principal característica o desenvolvimento do
escoamento à superfície livre, ou seja, não lhe é conferida nenhuma condição de pressão. Já
os condutos utilizam tubulações para realizar o escoamento. Eles podem trabalhar mediante
pressão ou não (para fins de esgotamento). Os que realizam o transporte através da diferença
de pressões são chamados de condutos forçados, que são o objetivo de estudo do presente
relatório.

Os condutos forçados são aqueles que escoam com a seção transversal totalmente
preenchida pela água e com pressão diferente da atmosférica seja ela maior ou menor
(sucção). Os condutos forçados tem forte influência dos seus elementos geométricos
característicos e das forças de campo atuantes no conduto (diferenças de energia potencial
devido a ação da força da gravidade). Na prática da engenharia civil, os fatores mais
importantes a serem levados em consideração são em relação ao conduto: diámetro interno e
rugosidade; e em relação ao escoamento: vazão, velocidade do escoamento, viscosidade
cinemática do fluido e a perda de carga.

A perda de carga é a diferença de energia medida em dois pontos diferentes do


conduto. Ela pode ser dividida em perda de carga linear ou singular sendo que a primeira é
uma perda distribuída e a segunda, localizada. A perda de carga implica significativas
mudanças do escoamento do conduto, e ela pode, inclusive, se alterar ao longo do tempo
devido ao desgaste da tubulação.

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Objetivos

Os objetivos do trabalho visam a compreensão de como se dá o escoamento em um


conduto forçado assim como o desenvolvimento da sua linha de energia, através do cálculo
desses parâmetros. Portanto para a devida aplicação da teoria, deve-se:

1) Medir, em massa, a vazão do escoamento;


2) Acompanhar o desenvolvimento da linha de energia (perda de carga) em
conduto forçado escoando a uma dada vazão;
3) Calcular, segundo as equações que definem o escoamento, as perdas de carga
(linear e singular);
4) Estimar o somatório dos coeficientes de perda de carga para as
singularidades presentes na instalação.

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Material e Métodos

O experimento foi realizado no Laboratório do Pavilhão Fluvial, prédio nº 44204,


dentro do IPH (Instituto de Pesquisas Hidráulicas) do campus do Vale. A metodologia para a
coleta de dados pode ser observada através do croqui da figura 1.

Figura 1: Desenho esquemático do experimento. (BORGES)

Para criar o escoamento dentro do conduto, foi acoplado a um tonel de 200 L uma
mangueira de 1,8 metros. Dessa forma há um reservatório que alimenta a tubulação
constantemente, evitando grandes alterações do perfil de velocidades, além de garantir que,
no ponto inicial, haja apenas a parcela de energia potencial da equação de bernoulli, já que se
trata de um reservatório a superfície livre (taquicarga e altura piezométrica nulas.)

À mangueira é conectada uma série de tubulações de 0,61 metros que são interligadas
através de conexões “T”. Essas conexões têm essa geometria pois em uma de suas saídas é
acoplada uma mangueira que leva até um quadro de piezômetros. Dessa forma é possível
medir a pressão dentro do conduto em cada um desses pontos.

Por fim, na extremidade à montante da tubulação é instalado um registro gaveta que


permite a vazão do escoamento para a posterior medição da mesma e registro da temperatura
da água.

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Para realizar o procedimento foram utilizados os seguintes materiais:

Fig. 2: 01 tonel de 200 L Fig. 3: 1,8 metros de mangueira plástica

Fig. 4: 02 curvas de PVC de 25 mm Fig. 5: 07 pedaços de tubulação de 1


metro, com diâmetro externo de 25 mm

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Fig. 6: 06 tês de PVC de 25 mm Fig. 7: 02 registros gaveta de 25 mm

Fig. 8: 06 piezômetros Fig. 9: 01 termômetro

Fig.10: 01 balança de precisão Fig. 11: 01 balde

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Fig. 12: 01 paquímetro

Os procedimentos envolvidos no experimento são os descritos a seguir:

1) Medir com o paquímetro os diâmetros externo e interno do conduto utilizado;


2) Com ambos os registros (o do início do trecho e o do final) fechados, tomar nota da
carga piezométrica estática;
3) Abrir ambos os registros e aguardar a estabilização dos piezômetros para a medida
da carga piezométrica dinâmica;
4) Ainda com os registros abertos, coletar a água que passa pelo segundo registro
com o balde ao mesmo tempo que se é registrado o tempo de coleta;
5) Medir a massa de água contida no balde, utilizando a balança de precisão tarada
previamente;
6) Ler o valor da temperatura da água através da colocação do termômetro no
reservatório da saída do conduto.

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Tratamento de Dados

A partir dos procedimentos descritos anteriormente, foi possível obter a


seguinte tabela:

Altura Piezômetros (cm)


Carga Piezométrica estática: P1=P2=P3=P4=P5=P6= 56
Carga piezométrica dinâmica (cm):
P1= 44 P2= 42,5 P3= 41,825 P4= 39,75 P5= 38,7 P6= 37,55
Dados do Conduto Dados do Fluido
Diâmetro ext. (mm) = 25 Temperatura (°C) = 23,5
Diâmetro int. (mm) = 21 Dados de Vazão
Espessura paredes = 2 Tempo (s) = 22,315 Massa (g) = 4388,85

Tabela 1: Dados coletados durante o experimento.

1) Dados Hidráulicos do ensaio realizado

Utilizando a equação 1 com a temperatura obtida no experimento, é possível calcular


a densidade da água:
−5 −6 2 −8 3
𝑑 = 0, 9999 + (5, 353 × 10 ) × 𝑇 − 7, 242 × 10 × 𝑇 + 2, 728 × 10 ×𝑇
(I)

Aplicando 1 em 2, sendo que a massa específica padrão é 1000 kg/m3:

ρ = 1000 × 𝑑 (II)
3
É obtido o valor ρ = 997, 5125 𝑘𝑔/𝑚

A viscosidade dinâmica é calculada através da equação 3, em que T é a temperatura:


−6

1,78 × 10 2 (III)
ν = 1+0,0337 × 𝑇 + 0,000221 × 𝑇
−7 2
É obtido o valor ν = 9, 29991 × 10 𝑚 /𝑠

Para o cálculo da vazão mássica do conduto, entra-se com o valor da massa e tempo
coletados na equação 4:

9
𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎
�𝑚 = 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 (IV)

É obtido o valor de 𝑄 = 0, 1965 𝑘𝑔/𝑠


𝑚

A vazão volumétrica por sua vez, utiliza a equação 5:


𝑄
𝑚
𝑄 = (V)
ρ
−4 3
É obtido o valor 𝑄 = 1, 9706 × 10 𝑚 /𝑠

A velocidade média do conduto pode ser calculada através da razão entre a vazão
volumétrica e a área da seção transversal do conduto. Essa velocidade, no entanto, é um
parâmetro de cálculo para simplificar as equações utilizadas a seguir. Portanto, ela não deve
ser considerada como a velocidade real do escoamento. Isso se dá pois os escoamentos
ocorrem através de um perfil de velocidades, em que há uma variação das velocidades ao
longo do desenvolvimento do raio da seção transversal. Além disso, a variação de velocidade
ocorre também no sentido do desenvolvimento do eixo da tubulação, de forma que, tem sua
estabilização apenas após completo o desenvolvimento da camada limite, atingindo um perfil
completamente desenvolvido. O encontro das camadas limite acontece, quando se há o
desenvolvimento de, pelo menos, dez vezes o diâmetro do conduto (Zona III da figura 13).
Porém, considera-se um escoamento plenamente desenvolvido a partir de quarenta vezes o
diâmetro da tubulação (Zona IV da figura 13).

Como o diâmetro da tubulação é de 25 milímetros e o comprimento da mangueira


conectada ao reservatório é de 1,8 metros, no início do conduto ligado ao primeiro
piezômetro há um desenvolvimento de cerca de 72 vezes o diâmetro da tubulação. Logo, a
aproximação da velocidade média pode ser utilizada.

Figura 13: Esquema do desenvolvimento da camada limite (BORGES)

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Finalmente, pode-se calcular a velocidade média através da equação 6:

𝑄
𝑉 = (VI)

2
Em que a área da seção é dada por π×𝐷
𝐴 = 4

É obtido o valor de 𝑉 = 0, 5689 𝑚/𝑠

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2) Focando o trecho do conduto com piezômetros

Para determinar a carga hidráulica de cada piezômetro, se utiliza a soma de


Bernoulli, representada na equação 7:
2
𝑝
𝐻 = 𝑧 + + 𝑣 (VII)
γ 2𝑔

Em que “z” é a cota do ponto analisado em relação a um plano de referência


horizontal, “𝑝/γ” é a altura piezométrica obtida em metros de coluna de água, e
𝑣 /2𝑔” é a taquicarga.

Segundo o quadro de piezômetros, o marco de 53 cm está na altura de 172 cm. Dessa
forma, pode-se obter o restante das cargas piezométricas através de uma proporção com
os valores já conhecidos. Portanto se estabelece a cota piezométrica, que nada mais é que a
soma da cota com a altura piezométrica.

Piezômetro Carga em relação à zero (cm) Cota Piezométrica (cm)


P1 44 142,7924
P2 42,5 137,9245
P3 41,825 135,7339
P4 39,75 129,0000
P5 38,7 125,5924
P6 37,55 121,8603

Tabela 2: Cálculo das cotas piezométricas.

Uma vez de posse desses dados, basta apenas somar o último termo da soma de
Bernoulli, a taquicarga. Essa é única para todos os pontos do conduto, já que se utiliza a
aproximação da velocidade média estabelecida previamente neste trabalho.

Piezômetro Cota Piezom. (cm) Taquicarga (cm) Carga Hidráulica


(cm)
P1 142,7924 1,6505 144,4430
P2 137,9245 1,6505 139,5750
P3 135,7339 1,6505 137,3845

12
P4 129,0000 1,6505 130,6505
P5 125,5924 1,6505 127,2430
P6 121,8603 1,6505 123,5109

Tabela 3: Valores da Carga Hidráulica em cada piezômetro

Através desses valores, é possível plotar a linha piezométrica e a linha de energia. A


cota piezométrica é representada em verde, sendo que nela estão os valores de cota e de
pressão associada ao piezômetro. Em vermelho, a pequena parcela de taquicarga. A linha
piezométrica é representada em ciano, sendo que a linha de energia, em magenta na figura, é
paralela a essa. Isso ocorre pois tanto a velocidade quanto a gravidade são consideradas
constantes, fazendo com que a parcela adicionada na soma de Bernoulli seja constante.

Figura 14: Representação gráfica da cota piezométrica, assim como linhas de


energia e piezométrica.(AUTORES)

É importante ressaltar que apesar de lineares, as linhas piezométricas e de energia não


apresentam linearidade constante. Ou seja, elas têm descontinuidades entre piezômetros. Isso
se dá em função das singularidades presentes ao longo da canalização causadas pelos
próprios piezômetros. Nessa etapa, o valor dessas

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singularidades não pode ser estimado, por isso, as descontinuidades não foram representadas.

Finalmente, é possível calcular a perda de carga do trecho do conduto através da


subtração da cota piezométrica de P1 com a cota piezométrica de P6. Dessa forma obtém-se o
valor 20,9322. Esse valor foi estimado graficamente e está representado na figura 14.

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3) Focando a extensão total do conduto

Para estimar os valores de perda de carga singular, deve-se aplicar a soma de


Bernoulli (VIII) ao longo de toda a infraestrutura, ou seja, desde o reservatório até a saída do
jato de água. Dessa forma, é obtido o valor da perda de carga total. Após isso, calcula-se a
perda de carga linear (hpl) com os valores do fator de perda de carga (f) e carga linear do
conduto (J).

𝐻1 = 𝐻2 + ℎ𝑝 (VIII)
2
2
𝑝 𝑝
𝑧 + + 𝑣 =𝑧 + + 𝑣 + ℎ𝑝
γ 2𝑔 γ 2𝑔

2
0,5689
1, 72 + 0 + 0 = 0, 8 + 0 + +
2×9,806

ℎ𝑝 = 0, 9034 𝑚

Para calcular o valor do fator de perda de carga linear, pode-se utilizar a equação de
Colebrook-White que está representada na equação 9. Foi considerado para este conduto uma
rugosidade de 0,06 mm.
1 𝑒 2,51 −2
𝑓 = [𝑙𝑜𝑔( + )] (IX)
4 3,71𝐷 𝑅𝑓

Dessa forma é obtido o valor de 𝑓 = 0, 03340

De posse do fator de perda de carga linear, pode-se calcular a perda de carga linear
através da equação de Darcy-Weisbach (10), já que o diâmetro e a rugosidade são constantes.
Além disso, o comprimento total da tubulação é de 6,53 metros já que somou-se: 1, 8 + 6 ×
(0, 61) + 0, 65 + 0, 15 + 0, 27
2
𝐿
ℎ𝑝𝑙 = 𝑓 × × 𝑣 (X)
𝐷 2𝑔

Portanto obtém-se o valor de ℎ𝑝𝑙 = 0, 17164

Finalmente, a perda de carga linear unitária (J) é calculada pela razão da perda de
carga linear pelo comprimento total do conduto (equação 11).

ℎ𝑝
𝐽 = (XI)

Obtém-se o valor de 𝐽 = 0, 02628 𝑚/𝑚

Para se obter a parcela singular da perda de carga, pode-se subtrair da perda de carga
total obtida pela soma de Bernoulli, a perda de carga linear obtida através da equação 10.

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𝐻𝑃𝑡 = 𝐻𝑃𝑙 + 𝐻𝑃𝑠 (XII)

Dessa forma, obtém-se o valor de 𝐻𝑃𝑠 = 0, 7318 𝑚

O valor de perda de carga singular é cerca de 4,5 vezes maior que o de perda de
carga linear. Isso é esperado visto que o sistema apresenta várias singularidades. É notável
portanto, a importância de se obter a perda de carga linear separadamente da soma de
Bernoulli, por meio das equações de Colebrook-White e Darcy-Weisbach.

Pode-se, também, através do método dos coeficientes de perda de carga singular,


estimar o valor do somatório dos coeficientes de perda de carga da tubulação. No entanto,
esse método não permite o cálculo individual do coeficiente de cada singularidade. As
singularidades identificadas no trecho total do experimento estão listadas abaixo:

1) A saída do reservatório;
2) O registro gaveta na saída do reservatório;
3) A curva que liga a mangueira aos condutos de interesse;
4) Os seis ‘tês’ entre condutos que ligam as mangueiras dos piezômetros;
5) A curva antes do registro final da tubulação;
6) O registro final da tubulação.

O método dos coeficiente de perda singular está indicado na equação 13:

2
𝑣
𝐻𝑃𝑠 = 𝐾𝑠 × (XIII)
2𝑔

O valor obtido é Σ𝐾𝑠 = 44, 3369

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Conclusão
O ramo de estudos experimentais na engenharia é de extrema importância. É possível,
através da coleta e tratamento de dados, aplicar os conceitos teóricos e principalmente
consolidar os estudos desenvolvidos. É possível, através deste experimento, compreender de
melhor forma ordens de grandeza envolvidas no estudo de condutos, assim como as unidades
que as representam.
O experimento relatado neste trabalho pode simular uma situação presente nas
atividades rotineiras de um engenheiro, seja ele civil, hídrico ou ambiental. O estudo de
reservatórios e condutos é fundamental para a formação desses. Cabe ao profissional a
capacidade de confeccionar os valores de demanda, segurança, durabilidade e economia
envolvidos nas instalações, assim como a correta interpretação dos resultados obtidos.

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Anexo I - Resumo dos Resultados Analíticos

Grandeza Valor Equação


ρ 997,5125 kg/m3 (I) e (II)

ν 9,29991 e-7 m2/s (III)

Qm 0,19654 kg/s (IV)


Q 1,97064 e-4 m3/s (V)
Vm 0,56895 m/s (VI)
Hp entre P1 e P6 20,9322 m (VII)
𝐻𝑃𝑡 0,9034 m (VIII)

𝑓 0,03340 (IX)

𝐻𝑃𝑙 0,17164 m (X)

𝐽 0,02628 m/m (XI)

𝐻𝑃𝑠 0,7318 m (XII)

Σ𝐾𝑠 44,3369 (XIII)

Tabela 4: Resumo dos valores analíticos obtidos no trabalho.

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Referências
BORGES, A.L.O. Apostila Mecânica dos Fluidos e Hidráulica - (IPH01102) -
2022/1. Porto Alegre, 2008.

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