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Instituto de Química
Programa de Pós-graduação em Ciência de
Alimentos
Rio de Janeiro
2016
Natália Ney Lyrio
Dissertação de mestrado
apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Ciência de
Alimentos, do Instituto de Química
da Universidade Federal do Rio de
Janeiro objetivando a obtenção do
título de Mestre em Ciências.
Rio de Janeiro
2016
Lyrio, Natália Ney.
65 f.
Dissertação de mestrado
apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Ciência de
Alimentos, do Instituto de Química
da Universidade Federal do Rio de
Janeiro objetivando a obtenção do
título de Mestre em Ciências.
Aprovada em
_____________________________________________________
Orientadora: Maria Alice Zarur Coelho, D.Sc. (EQ/UFRJ)
_____________________________________________________
Orientador: Bernardo Dias Ribeiro, D.Sc. (EQ/UFRJ)
_____________________________________________________
Alexandre Guedes Torres, D.Sc. (IQ/UFRJ)
_____________________________________________________
Gizele Cardoso Fontes Sant’Ana, D.Sc. (IQ/UERJ)
Rio de Janeiro
2016
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por me presentear com tamanho desafio e por ser tão generoso
em permitir que eu pudesse contar com a ajuda de tantas pessoas especiais. Agradeço à
minha linda família, em especial aos meus pais, Rodolpho e Arina, que sempre me
deram toda a estrutura para que eu pudesse alcançar os meus objetivos e o fizeram com
o amor mais lindo que eu poderia receber nesse mundo. Obrigada por cuidarem de mim,
por me entenderem e por serem a minha melhor companhia. Obrigada aos meus irmãos
e cunhada, Daniel, Felipe e Flávia, por serem, além de tudo, verdadeiros amigos, que eu
tanto amo.
Agradeço aos meus amigos, que entenderam minhas ausências, minhas recusas
de convites, meus adiamentos de encontros e meu humor, muitas vezes diferente do
normal. Todos vocês foram importantes na minha jornada, ouvindo minhas dificuldades
e ansiando, tanto quanto eu pelas minhas vitórias.
Às amigas de toda minha vida acadêmica, Ana Paula, Gabriela, Thaís e Marcela,
com quem sei que posso contar, para o que for, meu muito obrigada por fazerem parte,
tão de perto, da minha história e pelo suporte de sempre. Gostaria de agradecer,
também, àquelas do meu convívio diário, pessoas que conheci há pouco tempo, mas que
já levo no coração, pela forma carinhosa como me tratam, por terem se preocupado,
acompanhado de perto todo meu esforço e por me darem o amparo que eu precisei:
Juliana, Sandra, Helayne e Gabi.
Agradeço, de todo o coração, ao Renato, um grande companheiro, que se privou
junto comigo de muitos finais de semana ensolarados e me proporcionou um ambiente
propício ao estudo e à concentração, fundamental ao longo desse trabalho. Agradeço ao
Rodrigo e ao Diego, que se dispuseram a tirar minhas dúvidas. E ao amigo Vinicius, por
ter sido o porta-voz da esperança, quando eu achei que não teria forças para continuar.
O seu recado ficou marcado em mim durante todo esse tempo.
Gostaria de agradecer especialmente àquela que esteve ao meu lado, desde o
início de tudo, aquela que aprendeu junto comigo dos princípios mais básicos da
química até a defesa do mestrado. Marselle, você e Rafael fazem jus ao significado da
palavra amizade e contribuíram de sobremaneira para a realização deste trabalho. Vocês
não fazem ideia do quanto foi importante tê-los por perto nos momentos em que mais
precisei.
Agradeço profundamente aos meus orientadores, professores Maria Alice e
Bernardo Dias, pela paciência, confiança e por todo o conhecimento passado através
dessa bela profissão que escolheram. Entre tantas outras coisas, agradeço ao Prof.
Bernardo pelas portas sempre abertas, e à Prof. Maria Alice por sua força, que nos traz
confiança e conforto.
Agradeço a todos os membros do Grupo Biose, companheiros de laboratório,
especialmente à doutoranda e amiga Ariane Gaspar, que me orientou durante todo o
trabalho e com quem tive oportunidade de aprender tanto. E ao amigo Felipe Vale, que
tanto contribuiu com suas boas ideias e ajudas.
Agradeço ao programa e aos professores do PPGCAL, em especial os
Professores Alexandre Torres e Daniel Perrone, que me abriram as portas do seu
laboratório, ao seu aluno e hoje meu amigo Fabrício Silva, que se dispôs a me ajudar a
operar o rotaevaporador, e a todos eles por compartilharem seus conhecimentos na área
de cromatografia.
Agradeço, finalmente, à CAPES pelo incentivo financeiro concedido através de
bolsa de estudos, à Fiocruz, pelo fornecimento dos micro-organismos, e ao
CENPES/Petrobras, pela análise das amostras por cromatografia.
“Nossa maior fraqueza está em
desistir. O caminho mais certo de
vencer é tentar mais uma vez.”
Thomas Edison
RESUMO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 14
3. OBJETIVOS .............................................................................................................. 34
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................... 42
7. PERSPECTIVAS ...................................................................................................... 59
8. REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 60
14
1. INTRODUÇÃO
Saponinas é o nome genérico dado a glicosídeos oriundos do metabolismo
secundário dos vegetais. Consistem em um esqueleto derivado de
isoprenóides, triterpênico ou esteroidal, denominado aglicona ou sapogenina,
ligado a cadeias de açúcares através de uma ou mais ligações glicosídicas
(Augustin et al., 2011). Assim como outros metabólitos secundários, tais como
fitoesteróis, carotenóides, entre outros, as saponinas não desempenham papel
essencial no crescimento das plantas, mas desempenham funções fisiológicas
que favorecem sua sobrevivência, sendo parte do sistema de defesa dos
organismos vegetais (Kalinowska et al., 2005 apud Ribeiro, 2012).
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. SURFACTANTES
Figura 2. Influência da formação de micelas nas propriedades físicas das soluções de surfactantes
2.1.3 Emulsões
2.2. SAPONINAS
2.2.1. Classificação
As saponinas são classificadas de acordo com o tipo de esqueleto da
aglicona: esteroidal ou triterpênico (Figura 3). Tanto os triterpenos como os
esteroides são isoprenóides, que possuem como precursor o óxido de
esqualeno, composto de trinta carbonos que sofre ciclizações enzimáticas, na
biossíntese que dá origem às agliconas. Nas saponinas esteroidais, a aglicona
é formada por um esqueleto de 27 carbonos, enquanto as agliconas
triterpênicas mantêm os 30 carbonos do seu precursor (Augustin et al., 2011).
Figura 4. Saponinas esteroidais com esqueletos do tipo furostano e espirostano (R= açúcares).
Fonte: Sarker e Nahar, 2009.
2.2.3. Propriedades
A diversidade estrutural das saponinas é extremamente grande, porém
pode-se atribuir, de uma forma geral, algumas propriedades às saponinas. O
poder surfactante, por ser inerente à anfifilicidade da molécula, é a propriedade
mais comum. Entretanto, certas saponinas podem apresentar propriedades
mais específicas, como é o caso do poder antimicrobiano.
26
3. OBJETIVOS
O objetivo do trabalho é investigar como se comportam as atividades
emulsificante e antimicrobiana das saponinas do juá frente a alterações em sua
estrutura molecular, efetuadas a partir de reações enzimáticas, tendo como
estratégia o encurtamento da cadeia lateral de açúcares.
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1. MATERIAIS
Parâmetro Condição
Gradiente de composição:
0 min 25% A / 75% B
3 min 25% A / 75% B
35 min 50% A / 50% B
37 min 100% A / 0% B
45 min 100% A / 0% B
47 min 25% A / 75% B
55 min 25% A / 75% B
Fluxo de fase móvel: 1,0 mL/min
Detector de UV:
Comprimento de onda 203 nm
Intervalo do espectro 190-400 nm
39
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Curva-padrão DNS
1,4
1,2
1
y = 0,1354x - 0,0586
0,8 R² = 0,9938
Abs
0,6
0,4
0,2
0
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00
-0,2
Concentração de glicose (µmol/mL)
80
60
40
20
0 10 20 30 40 50 min
35
30
25
20
15
10
-5
30 32 34 36 38 40 42 44 46 min
m/z m/z
Saponina Denominação Referência
(saponina) (aglicona)
Jujubogenina 3-O-α-L-arabinofuranosil-
Higuchi et al.,
2 (12)-[β-D-glicopiranosil-4-O-sulfato 977 472
1984
(13)]-α-arabinopiranosídeo
Jujubogenina 3-O-α-L-arabinofuranosil-
Higuchi et al.,
3 (12)-[β-D-glicopiranosil-4-O-sulfato 1055 472
1984
(13)]-α-arabinopiranosídeo-3-O-sulfato
Schühly et al.,
4 Joazeirozídeo A 666 504
2000
Schühly et al.,
5 Joazeirozídeo B 1092 504
2000
Schühly et al.,
6 Lotosídeo A 1078 487
2000
80
1078.4
60
1113.4
40
1191.4
20
1140.4
1080.4
1091.4
80
1092.4
60
40 1127.4
20
1205.4
1130.4
1094.4
100
977.2
Max: 1.50877e+006
80
978.2
60
40
979.2
535.2
20
980.2
100
845.2
Max: 374716
991.2
80
60
846.2
992.2
40
1049.2
535.2
977.2
20
1051.2
848.2
979.2
100
429.2
487.2
Max: 71674
80
60
545.4
488.2
430.0
40
733.4
619.4
355.0
399.2
546.2
20
895.4
782.4
751.4
588.4
471.2
304.8
621.4
951.2
251.2
438.0
506.2
0
No tempo igual a 33,5 minutos (Figura 18), tem-se íons com m/z
semelhante à das agliconas das saponinas 2 e 6, e o íon mais abundante (m/z
587) representaria a aglicona de alguma saponina desconhecida.
*MSD1SPC, time=33.626of C:\CHEM32\1\DATA\SAPONINAS_1609\SAPONINAS0809162016-09-0810-33-54\091-0103.D ES-API, Po
100
587.4
Max: 332588
80
60
588.4
40
487.4
20
589.4
473.2
225.2
288.2
85,0%
80,0%
75,0%
70,0%
65,0%
60,0%
55,0%
50,0%
0,001 0,01 0,1 1 10
Concentração (g/L)
Figura 19. Determinação da CMC pelo método turbidimétrico para a saponina não-modificada.
Fonte: Elaboração própria.
52
Figura 20. Determinação da CMC pelo método turbidimétrico para a saponina modificada pela Viscozyme
Fonte: Elaboração própria.
85,0%
80,0%
75,0%
70,0%
65,0%
60,0%
55,0%
50,0%
0,001 0,01 0,1 1 10
Concentração g/L)
Figura 21. Determinação da CMC pelo método turbidimétrico para a saponina modificada pela Ultrazym.
Fonte: Elaboração própria.
53
90,0%
80,0%
Transmitância (%)
70,0%
60,0%
50,0%
40,0%
30,0%
20,0%
0,001 0,01 0,1 1 10
Concentração (g/L)
Figura 22. Determinação da CMC pelo método turbidimétrico para a saponina modificada pela Celluclast.
Fonte: Elaboração própria.
IE24
60,0%
48,5%
50,0% 44,9% 46,1%
43,4% 42,4% 44,1%
42,6%
39,7%
40,0%
20,0% 1 g/L
10,0%
0,0%
Saponina não- Saponina mod. Saponina mod. Saponina mod.
modificada Viscozyme Ultrazym Celluclast
Figura 23. Índice de emulsificação 24 horas para a saponina não-modificada e para as modificadas pelas
enzimas Viscozyme, Ultrazym e Celluclast, nas concentrações 0,1 e 1 g/L.
Fonte: Elaboração própria.
54
6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES
Este trabalho avaliou as propriedades surfactantes e o poder
antimicrobiano das saponinas do juá. Como já havia sido reportado por Ribeiro
(2012), essas moléculas apresentam um conjunto de características que as
tornam alvos de interesse científico. Possuem aplicabilidade como
surfactantes, ainda que sozinhas não sejam capazes de estabilizar grandes
volumes emulsionados. Por outro lado, a fase emulsionada se manteve estável
por um longo período de tempo (superior a 96 horas).
7. PERSPECTIVAS
A cultura da Química Verde, ao defender a aplicação de processos mais
limpos, com pouca ou nenhuma geração de subprodutos nocivos, uso de
catálise e de fontes renováveis de matéria-prima, impulsiona os bioprocessos,
que se utilizam de biocatalisadores, para a geração de produtos também
menos nocivos, menos tóxicos e mais biodegradáveis, que possam substituir
parcial ou totalmente os sintéticos convencionais.
8. REFERÊNCIAS
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