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Farmacologia II: Princípios da farmacoterapia,farmacodinâmica,

farmacocinética, prescrição e toxicidade

Laísla Natiele - FAME 01/08/2022)

❖ Conceitos iniciais:
Em primeiro lugar, é importante lembrar que “primum non noceu”, ou seja, não gerar
malefícios ao paciente, são os efeitos inotrópicos dos medicamentos.

● Objetivos:
- Cura: ocorre através da destruição do agente etiológico, o que não ocorre com a
dipirona, a qual não gera cura e sim, o fim da dor de cabeça.
- Estabilização de processos: impossibilita o agravamento da doença, como
medicamentos de HAS, fazem a diminuição do risco de AVC, Insuficiência renal
(IR)...
- Controle de manifestações, como o controle da dor, dispneia, como é o caso da
dipirona para a dor de cabeça. Usado também em tratamento e cuidado paliativo.

● Formas de intervenção:
- Bloqueio da reação bioquímica: nesse tipo de ação, ocorre, por exemplo, o bloqueio
de enzimas.
- Estimula as reações bioquímicas: aumenta as reações e assim, ocorre a ação de
enzimas que impedem processos e assim, a intervenção.
- Incrementar um evento fisiológico: por exemplo, o uso de diurético, o qual favorece a
micção.
- Substituição de eventos fisiológicos: por exemplo, a produção de insulina, em
pacientes diabéticos.
- Eliminação de parasitas: por exemplo, uso de antibióticos.

OBS: Os medicamentos fazem mais de uma ação, assim eles podem gerar efeitos adversos,
através de estimulação de reações bioquímicas.Ex: os medicamentos inibidores de
prostaglandinas impedem a dor, mas retira a barreira de prostaglandinas no estômago,
podendo gerar úlceras gástricas.

● Surgimento dos medicamentos:


- Observação e experimentação (teste para ver se o medicamento funciona).
- Tentativa e erros: usado antes, como em povos indígenas, mas isso pode gerar
grandes problemas.
- Base teórica: conhecimentos de bioquímica, fisiologia e epidemiologia.
- Idealização e descoberta: é necessário pesquisa.

● Pesquisa farmacológica:
Formada por 2 componentes , sendo primeiro a experimentação em animais e depois, em
humanos, a qual possui 4 fases.
Fase I – Farmacodinâmica e Farmacocinética em humanos
Fase II – Verificação da eficácia e da segurança. Definir doses e posologia
Fase III – Estudos multicêntricos (confirmação da fase II)
Fase IV - Comercialização
OBS: É comum a utilização do princípio ativo (futuro fármaco) e o placebo, sendo que nem o
pct e nem quem aplica a pesquisa sabem essa informação, apenas quem está direcionando a
pesquisa, os quais no final serão analisados os sinais e sintomas associados com os
resultados.
OBS: Para saber se o medicamento é útil e seguro, demora no mínimo 10 anos e muito
investimento financeiro. Além disso, em média, ⅓ dos medicamentos possuem efeitos
desconhecidos.

❖ Prescrição:
O medicamento deve ser prescrito quando há:
- Há diagnóstico correto;
- Doenças e contexto terapêutico, como em quimioterapias.
- Necessidades individuais: isso revela que nem todos os organismos são iguais, assim
cada indivíduo reage de uma forma diferente, sendo necessário iniciar com doses
baixas e aumentar caso os sintomas persistam.
OBS:As doses devem ser definidas com idade e peso, sendo que quanto maior o peso maior a
dose e o metabolismo das drogas variam conforme a idade.
- Custo x eficácia: Existem medicamentos caros e que não funcionam de forma efetiva
em alguns casos, como em alzheimer avançado alguns medicamentos não funcionam.
- Risco x benefício: comparação entre os riscos e benefícios de acordo com a idade.
- Aspectos éticos e culturais:
- Adesão ao tratamento: muitos tratamentos geram mais complicações do que a
própria doença em si, como é o caso de pcts com HAS, os quais são assintomáticos e
no tratamento aparecem com hipotensão postural, boca seca e vários outros
sintomas, que podem fazer com que o pct desista do tratamento.
- Polifarmácia:evitar grande quantidade de medicamentos, para evitar as interações
entres os medicamentos. Além disso, a suplementação pode gerar esses efeitos
inesperados, os quais não são tão grandes quanto ao que o pct já apresenta. Ex:
Associação de anticoncepcional e anticonvulsivante, o qual o anticoncepcional
diminui a ação / Analgesico aumenta a ação anticoagulante. Parkinsonismo
secundário associado ao uso de medicamentos.

❖ Farmacologia e o organismo humano:

● Farmacocinética: movimento da droga no organismo.É a entrada do medicamento até


sua eliminação, passando por processos de biotransformação e metabolismo. Possui
as seguintes etapas:
- Absorção: o medicamento é aplicado e vai para o sangue. As vias de administração
são oral (absorção na mucosa do TGI), retal, sublingual, broncopulmonar,
intracavitário (peritônio, pulsão lombar - saco dural- usado em tratamento de
meningite e anestesia), transdérmico, tópico (asma). Em algumas vias, como a oral,
ocorre a inativação de primeira passagem, o qual o medicamento entra no sangue
passa pelo o fígado e assim, ele é metabolizado, diminuindo a quantidade do
medicamento na circulação sistêmica, sendo o conceito de biodisponibilidade, o qual
toma o medicamento é apenas uma parte dele irá realizar o efeito, devido que a outra
parte, o fígado transformou e inativou.
➔ Fatores farmacológicos:
- Solubilidade:
- Propriedades físico-químicas: alteradas quando o medicamento não é tomado com
água, quando o medicamento é partido…
- Preparações farmacológicas:
➔ Tipos de medicamentos:
- Comprimidos: o medicamento é comprimido e assim, ele é formado, quando é
sulcado ele pode ser cortado. Já quando há revestimento, ele não pode ser cortado.
- Drágea: possui revestimento que protege e tira o sabor.
- Cápsula: protege o medicamento dos ácidos do estômago e é liberada no intestino
delgado.
- Supositório:
- Pó: dissolvido em água e perde sua estabilidade.
- Gota: Estável em solução aquosa.
- Xarope: dissolve em água e é adoçado para disfarçar o sabor, ele possui apenas 1 fase,
sendo formado por um líquido translúcido.
OBS:Existem medicamentos em suspensão, os quais separam as fases e são solúveis em água,
mas antes de tomar, eles precisam mexer.
- Elicher: solução alcoólica, pouco usada.
- Ampola: Solubilidade completa e usa-se intravenoso.
- Uso tópico: aplicado onde deseja os efeitos, sendo os cremes (base de água, absorvido
rápido e saí com a passagem de água), pomadas (preparadas com óleo, com retirada
mais difícil) e inalados (usados por exemplo na asma).
- Distribuição: medicamentos vai para sítios onde é armazenado e vai para o
organismo. Nele existe a parte plasmática que pode ser livre ou ligada a proteínas, ou
uma parte tecidual que pode ser distribuída pelos os tecidos. Assim, quando aumenta o
volume de distribuição, o medicamento vai para diversos tecidos e assim, o efeito é pouco
intenso e lento. Já quando diminui o volume de distribuição, aumenta a quantidade de
medicamento no plasma e assim, o efeito é intenso e curto.
- Biotransformação: Ocorre principalmente no fígado e pode gerar metabólitos ativos,
o qual o fígado transforma eles em:
- Tóxicos:
- Terapêuticos:
- Indeterminado: diminui a atividade de metabólitos inativos e o fígado ativo.
- Eliminação: ocorre principalmente pelo o rim.
OBS:Tempo de meia vida: é o tempo para metade da concentração da droga deixar o
organismo.

❖ Farmacodinâmica:
Efeitos que a droga faz no organismo.
Ocorrem nos sítios de ação e assim, os mensageiros atingem os receptores.Pode haver o
efeito desejado, que é o terapêutico, e o efeito colateral, o qual existe em qualquer
medicamento, variando a sua intensidade. Ex: uso de anti histamínico em pcts que ficam com
um espirro alérgico, pode gerar efeito adverso à sonolência. Existe também o efeito placebo,
o qual não está relacionado com a ação farmacológica, podendo ser benéfico ou não, como
água, chá….

● Aspectos associados:
- Índice terapêutico: variação entre a dose terapêutica, tóxica/letal. Quanto maior o
índice, mais seguro, como a dipirona.
- Janela terapêutica: variação da dose.
- Dose: Quantidade de medicamento que utiliza de cada vez.
- Posologia: n° de vezes que usa o medicamento. Ex 8 hrs/8 hrs.
- Interação medicamentosa:

❖ Toxicidade farmacológica:

Existem variações individuais, como alergias. Mas, existem a toxicidade xenobiotica, que é
quando qualquer medicamento pode gerar um efeito adverso de forma imprevisível. Costuma
estar relacionada com toxicidade pulmonar,Hepatotoxicidade, Nefrotoxicidade,
Neurotoxicidade, Imunotoxicidade e Genotoxicidade. Assim, pode gerar fibrose pulmonar,
cardiomegalia (como no tratamento de câncer),malformações, pápulas eritematosas, edema
de lábio, e alterações na pele, como a síndrome de stevens johnson durante o uso de
anticonvulsivantes e antibióticos grave evolução. A Síndrome de Dress também pode ser
gerada, a qual pode haver erupção cutânea, danos renais e hepáticos.

● Diagnóstico: Quando há suspeita de toxicidade medicamentosa quando surge de


forma inesperada:
- Lesões cutâneas;
- Coma imotivado;
- Convulsão, sem história pregressa;
- Alterações do comportamento;
- Confusão mental;
- Depressão Respiratória;
- Ataxia;
- Manifestações clínicas atípicas;
- Distúrbios autonômicos;
- Síndromes simpaticomimética e simpaticolítica;
- Síndromes colinérgica e anticolinérgica;
- Todo caso de síndrome barbitúrica: Pct entra em coma profundo, depressão
respiratória, midríase, diminuição de PA, parecendo morte cerebral. Comum no uso
de gardenal em grandes dosagens.
- Usuários de medicamentos.
OBS: Essa intoxicação pode ocorrer em doses baixas, idosos e em medicamentos em que o
paciente já faz uso há algum tempo.

❖ Receituário e prescrição:

● Regras: É necessário da identificação do pct, do emitente (médico), o qual o médico


pode usar o receituário com o carimbo ou o formulário com a assinatura e o CRM do
médico. A data é obrigatória, assim como a assinatura.
● Forma de uso: Nome do medicamento, quantidade, dose, via, duração do tratamento,
posologia e as recomendações especiais, caso haja. (Ex: 4 comprimidos, 10 mg, via
oral, em 12 hr/ 12 h durante 4 dias, uso antes da alimentação ).
OBS: Os nomes dos medicamentos devem ser genéricos (o princípio ativo) quando receitados
nos SUS e no particular o nome do remédio que o médico quiser, permitindo ao médico
escolher o laboratório. Ex: Frontal (Particular - o médico escolheu a Pfizer como laboratório)
x Alprazolam (nome do princípio ativo, podendo ser qualquer laboratório).
● Tipos de receituário:
- Branco comum: usado para prescrever medicamentos de forma geral, exceto aqueles
psicoterápicos, ou seja, que bloqueiam o SNC.
- Branco carbonado: 2 vias, sendo que uma fica com o pct e outra arquivada na
farmácia, sendo indicada para psicoterápicos que não geram dependência, como
antidepressivos, anticonvulsivantes e anti parkinson.
- Azul (tipo B): receituários para medicamentos que podem gerar dependência, sendo
os receituários do tipo B1, que são os tranquilizantes e do tipo B2, que são para a
sibutramina.
- Amarelo: Receituário para ritalina e derivados (psicoterápicos de efeitos
entorpecentes), assim como morfina e oxicodona. Sendo que esse tipo é pego no
estado.
OBS:Muitas vezes o pct precisa de assinar o termo de consentimento e a prescrição
hospitalar é realizada em formulários, com detalhamento de Dieta e Cuidados, Medicação
Geral e Sintomática, Medicação Específica, Fluidoterapia Parenteral e Correlatos,
Terminologia – Prática do Local, Procedimentos Especiais - Vias e Equipamentos e Ordens
Verbais – Prescrições de Terceiros.

● Principais erros:
- Letra Ilegível
- Orientação Não Escrita, como exemplo, não colocar que o medicamento deve ser
ingerido em jejum.
- Falta de Identificação Adequada
- Desconhecimento das Características dos Fármacos (Ex: tomar meia cápsula, via
errada…)
- Erros Técnicos; medicamento não adequado ao pct ou aquela doença. Ex: Uso de
antibiótico quando não há infecção.

● Responsabilidade:
- Do Médico Assistente:
- Do Plantonista:
- Do Residente: pode existir uma co-responsabilidade junto com o orientador.
- Do Estudante de Medicina: Não há responsabilidade, por isso ele não receita
medicamentos.
- Da Enfermagem: aplicação deve ser conforme a prescrição médica.
- Do Fabricante: processo de produção, o qual deve estar na bula.
- Do Comerciante: o medicamento deve ser colocado em local adequado.

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