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Buscando informações
Muita coisa para descobrir, para ler, para assistir. Buscar informações é
essencial para tranquilizar (ou não) um paciente de esclerose múltipla. Deixo
aqui sites com informações que eu considero confiáveis sobre a doença e
sobre o Protocolo Coimbra.
https://vitaminadporumaoutraterapia.wordpress.com/faq/:site que disponibiliza
a lista dos médicos que praticam o protocolo, lista das doenças que o
tratamento abrange e outras informações.
https://www.youtube.com/channel/UCy_dFY4ihYo9VcqcDbcHtTw: canal do
Youtube de uma comunicadora cujo marido é portador de EM e faz o
Protocolo Coimbra.
http://abem.org.br/ : site da Associação Brasileira de Esclerose Múltipla.
Protocolo Coimbra
A falta da vitamina D tem sido associada a doenças autoimunes, por isso é
sempre importante manter um bom nível dela no organismo. Porém, nossa
cultura atual coloca a exposição ao sol (fonte natural de vitamina D) como
nociva, e a vida urbana nos leva cada vez mais a salas fechadas durante
praticamente o dia todo, junto com nossa pele protegida por protetores
solares, nosso nível dessa vitamina é baixo. Meu neurologista receitou, junto
com o desmame dos corticoides, a ingestão de 5 gotas de vitamina D diárias,
o que são cócegas perto da quantidade prescrita para quem faz o Protocolo
Coimbra.
O Protocolo Coimbra foi desenvolvido pelo Dr. Cícero Galli Coimbra, médico
neurologista e pesquisador. Ele prescreve o uso da vitamina D, que na
verdade é um hormônio chamado colecalciferol, como monoterapia. A dose
desse hormônio é indicada a depender dos exames de cada paciente, peso e
altura, cor de pele e outros fatores individuais que o médico vai perceber. O
princípio desse tratamento é que a vitamina D, em altas doses, seria capaz
de diminuir a inflamação das células nervosas, já que a mesma é um
regulador natural do sistema imunológico.
Esse procedimento não é reconhecido pelo conselho de medicina; a grande
maioria dos neurologistas se posicionam contra o tratamento por não ter sido
comprovada a eficácia do mesmo. Para conseguir essa eficácia é necessário
um estudo chamado duplo-cego randomizado. Precisaríamos submeter uma
quantidade de pessoas ao placebo, e outro grupo à vitamina D, para assim
determinar se o medicamento é eficaz no controle da doença.
Juntamente com a ingestão da vitamina D, é receitado aos pacientes do
protocolo, comprimidos diários de ômega 3, magnésio dimalato e um
polivitamínico. Não há efeitos colaterais como os dos medicamentos
convencionais, porém os pacientes precisam seguir dieta rigorosa para o
controle de cálcio, beber bastante água (2,5 litros de água por dia
inegociáveis), pois a vitamina D em quantidade elevada é considerada tóxica
para o organismo, e praticar exercícios físicos com regularidade.
Apesar dessa restrição alimentar e da contraindicação dos neurologistas, é
um tratamento que vem sendo aprovado pelos portadores de esclerose
múltipla, principalmente por trazer à vida uma sensação de normalidade, que
os remédios tradicionais não proporcionam. Em entrevistas, o Dr. Cícero,
pesquisador de doenças autoimunes, disse que o tratamento apresentou
melhora em cerca de 95% dos pacientes quanto ao controle dos surtos e a
progressão da doença.
Exames de controle
No meu caso, os exames para controle são realizados de 2 em 2 meses.
Faço o PTH e calciúria 24h.
PTH é a sigla para paratormônio, hormônio este produzido pelas glândulas
paratireoides, que possuem a função de regular a quantidade de fosfato e
cálcio no sangue. Trabalha também a nível dos rins e intestino (aumenta a
absorção de VD pelo intestino), com a função de evitar uma hipocalcemia. No
protocolo, usado como medida de segurança, a relação PTH x vitamina D, se
dá que quanto menor o PTH (o ideal é que fique abaixo do mínimo do
laboratório, mas não indetectável), maior a eficácia da ação da vitamina D. É
um exame de sangue, e , pelo menos no laboratório onde eu faço, pede
jejum de pelo menos 4 horas. .
É isso que torna o protocolo tão individual, pois uma pessoa pode tomar,
como disse o Dr. Cícero em uma entrevista, 30.000 ui e o PTH já chegar no
valor mínimo e outros com 100.000ui e apresentarem resistência. São com
esses parâmetros que são feitos os ajustes das doses. Eu, por exemplo, já
há 1 ano e 3 meses de protocolo, tomo 120.000 ui e o PTH agora em 12, o
valor mínimo de referência do laboratório onde eu faço é 15.
O outro exame, calciúria 24h, mede a quantidade de cálcio excretado na
urina durante 24h e serve para verificar o funcionamento dos rins. Tem
laboratórios que oferecem frascos com conservante, desse modo não é
necessário ficar na geladeira durante a coleta, e outros que oferecem os
frascos sem conservantes, necessitando ficar refrigerado. É importante colher
toda a urina, até mesmo a noturna, toda gota vale, se acontecer de cair fora
do frasco ou perder alguma urina no banho ou no momento de evacuar,
melhor jogar fora o que já coletou e começar novamente no dia seguinte. As
orientações do laboratório onde realizo meus exames, indicam desprezar a
primeira urina do dia e ir coletando toda produção urinária das 24 horas
seguintes, e finalizar com a primeira urina da manhã no mesmo horário do dia
anterior.
Para saber se a quantidade de cálcio está dentro do normal para o protocolo,
é só dividir o valor de cálcio que o laboratório encontrou na urina (exemplo
256) pelo volume urinário(por exemplo 2,750 l). Fazendo a conta 256/2,750
dá um valor de 93,09 de cálcio por um litro de urina, ou seja, dentro do
padrão, que de acordo com as orientações dadas tem que ficar abaixo de
250.
Outros exames serão pedidos de 6 em 6 meses, como pesquisa de
anticorpos, e alguns dos iniciais serão repetidos a fim de estabelecer controle
e parâmetros de como seu organismo está reagindo à vitamina D em altas
doses.
A vitamina D
Chamada de vitamina de forma equivocada, a VD na verdade é um pré -
hormônio (colecalciferol) que gera uma ampla gama de respostas biológicas
(FINAMOR et al., 2013) e é sintetizada pela pele através da exposição solar,
porém o cotidiano atual faz com que as pessoas tenham cada vez menos
contato com o sol; o uso de protetor solar fator 30, por exemplo, já inibe a
síntese do hormônio. Segundo Reis e Guimarães (2016), estima-se que 1
bilhão de pessoas têm deficiência da vitamina D. De acordo com Bastos at al.
(2013), evidências correlacionam níveis insuficientes de vitamina D com
maior risco no desenvolvimento de patologias não ósseas como: neoplasias,
diabetes, esclerose múltipla, demência, dentre outras.
Nosso corpo produz, de forma natural, em exposição de 10 a 20 minutos ao
sol, cerca de 20.000 ui de VD no sangue, mas essa quantidade vai se
perdendo ao longo do dia e para doenças autoimunes é necessário manter
níveis elevados constantes do hormônio no corpo. De forma geral, o doutor
Cícero Coimbra considera 10.000 ui como doses fisiológicas seguras,
podendo qualquer pessoa fazer o uso diário dessa quantidade de vitamina D.
O maior desafio do uso do colecalciferol como monoterapia para tratamento
de doenças autoimunes está na dosagem. Ainda não há consenso entre as
várias sociedades científicas sobre os níveis de vitamina D ideais para as
necessidades do metabolismo humano (BRUMM, 2014).
A vitamina D possui importância para o organismo não só no metabolismo do
cálcio, mas também na regulação de magnésio, liberação de insulina pelo
pâncreas, secreção de prolactina pela hipófise, e outras funções (REIS e
GUIMARÃES., 2016). A VD, juntamente com o paratormônio (PTH), atuam
como importantes reguladores da homeostase do cálcio e do metabolismo
ósseo (COSTA et al., 2017).
Uma importante questão é a preocupação com a intoxicação por vitamina D,
pois a hipervitaminose D pode resultar em calcificação irreversível dos
tecidos moles, (BARRIOS et al., 2016). Para evitar essa possível lesão renal,
é importante seguir a dieta de restrição de cálcio, pois, de acordo com o
material contido nas orientações ao paciente os alimentos ricos em
cálcio :“não podem estar presentes no intestino quando “a porta” para a
passagem de cálcio para o sangue for completamente aberta pela vitamina D
em doses elevadas” (COIMBRA, 2012)
Mesmo a utilização das megadoses sendo ampliada no Brasil e até em
outros países, até o momento deste material, seu uso não foi ainda
introduzida como tratamento para a EM, nem mesmo como coadjuvante fora
citado pelo Ministério da Saúde (COIMBRA ,2019).
Início do tratamento
Logo no primeiro dia do tratamento já é iniciada a dieta e a ingestão de água.
Eu continuei com as aplicações das injeções, pois não é obrigatório finalizar o
tratamento convencional ao iniciar as altas doses de vitamina D; o que ocorre
é um abandono natural, como foi meu caso, parei com o Rebif um mês e
meio após começar com a D.
Senti a disposição melhorar logo na primeira semana, mas o efeito da
vitamina D é diferente em cada organismo, dependendo da doença que a
pessoa é portadora, das sequelas, dos hábitos que a pessoa tem, enfim,
muitos fatores. Não fique ansioso sem necessidade, isso só retarda os
benefícios do tratamento.
No meu caso, no início emagreci bastante, pois tive diarreias todos os dias
até meu corpo acostumar com o magnésio. Isso durou cerca de um mês ou
menos. O bom é que agora tenho um intestino que funciona de forma regular.
Outra mudança inicial foi a coloração da urina, que fica bem mais amarelada,
mas isso é pelo polivitaminico, logo a gente se acostuma com a nova cor!
No início, minha vitamina D era em óleo, então no começo o gosto de óleo
pode incomodar, mas para mim foi bem tranquilo. Tem que ser armazenada
em geladeira, agitar antes de tomar e tirar da geladeira 30 minutos antes de
tomar. Pelo menos essas são as indicações do laboratório onde eu
manipulava meus medicamentos. O que eu senti com a vitamina em óleo foi
um aumento nas espinhas; assim que passei para a vitamina D em cápsulas
a pele melhorou.
Minha médica retirou o glúten, e isso foi uma grande mudança alimentar.
Ainda não o retirei totalmente, mas diminuí bastante. Troquei o pão pela
tapioca, busco por alimentos sem glúten, tirei biscoitos “água e sal” da
alimentação. A ingestão do glúten ocorre às vezes em aniversários, lanches
em shoppings, enfim, eventualmente.
Você irá receber um material com as orientações aos pacientes em
tratamento com a Vitamina D, é bom ler com cuidado cada item.
Alimentação
Para evitar a calcificação dos rins devido às altas doses de vitamina D, é
repassada uma dieta com restrição de cálcio, dieta essa que deve ser
iniciada junto com o tratamento. Dentre os alimentos proibidos estão leite e
derivados, e alimentos com grande composição láctea, como sorvetes,
iogurtes, pudins, leite condensado... É importante enfatizar que a proibição é
do cálcio contido nesses alimentos, e não a lactose, o açúcar presente no
leite. Há grande chance de confusão aí.
É sempre bom lembrar que a dieta é de restrição de cálcio, não supressão
deste, tanto que é indicado a ingestão diária de folhas verdes cruas e grande
parte dos alimentos tem percentagens de cálcio, até mesmo a água mineral
tem cálcio.
No começo fica aquela sensação:“o que eu vou comer?”, mas tudo na vida é
hábito e com o tempo a gente se acostuma. Há alimentos de consumo
moderado, como castanhas, manteiga, carnes, e os de consumo liberado
como verduras, ovos e outros. Pães, bolos (sem cobertura), bolachas (sem
recheio), mesmo tendo leite na composição são liberados, mas claro, tudo
sem exageros.
Sobre as carnes, há uma observação pedindo para diminuir o seu consumo,
tanto das bovinas e suínas, quanto das aves. A intenção é tentar diminuir a
quantidade de aminas heterocíclicas, compostos relacionados com
surgimento de cânceres. De acordo com Carvalho (2017):
“o alto consumo de carne, principalmente vermelha e processada, tem sido
relacionado com aumento de risco de doenças crônicas, especialmente o
câncer. Uma das explicações possíveis são os métodos de preparo culinário a
altas temperaturas, que acarretam na formação aminas heterocíclicas. Estes
compostos são detoxificados no nosso organismo, passando por um processo,
no qual podem ser geradas espécies reativas, relacionadas ao estresse
oxidativo e ao dano ao DNA”
Aconselhamento Nutricional, segundo Dr. Cícero Coimbra:
“A dieta aconselhada pode ser otimizada pela restrição de carnes de aves,
bovinas e suínas (para redução da quantidade de aminas heterocíclicas na
dieta). Deve ser observada RESTRIÇÃO COMPLETA do consumo de
laticínios (leite, queijo, iogurte, qualhada, creme de leite, leite condensado,
pudim de leite, doce de leite, requeijão, queijo tipo “Catupiry” ou qualquer
queijo cremoso, etc) e de “leite” de soja, “leite” de aveia, “leite” de
amêndoas, “leite” de arroz e “suco verde” ( para redução da quantidade de
cálcio ingerida devido ao uso de doses elevadas de vitamina D em seu
tratamento). Deve-se enfatizar que o problema não é a lactose, mas sim a
quantidade de cálcio presente nos alimentos lácteos. Deve-se também abolir
alimentos do tipo castanhas (do Pará ou de caju), amêndoas, nozes,
amendoim, pistache, granola, sementes de gergelim, macadâmia, quinoa,
pipoca em excesso, etc., além de frutas secas contendo sementes. Evitar
excesso de açaí. Abolir também alimentos típicos da dieta libanesa que
contenham pasta de gergelim (tahine), tais como homus (Hummus) e
babaganoush. Não consumir sardinhas ou anchovas com osso. Não
consumir bebidas gaseificadas (especialmente refrigerantes de Cola, nem
café em excesso). Não ingerir “Mugicha” (chá gelado japonês feito de
cevada). Não ingerir suplementos de vitamina C (a vitamina C da fruta ou
suco pode ser ingerida). Consumir suco de laranja com moderação.
Alimentos que levam leite na preparação (purê de batata, pães, bolos,
biscoitos, etc.) estão liberados. Manteiga está liberada. Aconselha-se a fazer
uma dieta ovo-vegetariana com peixes, utilizando (como fontes de proteína) a
proteína texturizada da soja, tofu, clara de ovo, verduras em geral. Deve-se
evitar o consumo de carambola e anonáceas, tais como fruta do conde
(também conhecida de pinha ou ata), graviola e atemoia. Ingerir líquidos em
abundância (pelo menos 2,5 litros de líquidos por dia, incluindo água, sucos,
chás, etc.) Consumir folhas verdes cruas diariamente.”
Hidratação
Assim como a dieta de restrição de cálcio a hidratação também é de suma
importância, sendo necessária a ingestão de no mínimo 2,5 litros de água,
sucos e chás por dia. O intuito é evitar a hipercalcimia - excesso de cálcio no
sangue.
Exercícios Físicos
A prática regular de exercícios físicos é sempre benéfica para a saúde em
geral e no caso de quem faz o tratamento torna-se ainda mais importante ,
pois a prática de exercícios, principalmente os de alto impacto como
musculação, corrida, pular corda, ajuda a fixar o cálcio nos ossos, evitando
assim uma osteopenia (diminuição da densidade mineral dos ossos) e
osteoporose (perda significativa de massa óssea).
Valores
Como não entra nos tratamentos subsidiados pelo governo como os
convencionais, toda despesa fica a cargo do paciente. Os valores da consulta
não são fixos, mas em um grupo no Facebook há relatos de consultas de
R$400,00 a R$1.200,00. As consultas, num período de 2 anos, são feitas de
6 em 6 meses. Após esse período é realizada uma consulta anual.
A vitamina D líquida, no laboratório em que eu fazia a manipulação, um
frasco de 200 ml na concentração de 20.000 UI por ml, custava R$63,00.
Atualmente tomo em cápsulas, da marca “Health Origens”, um frasco com
360 cápsulas custa, hoje, R$74,00 reais. Até a data desse material tomo
120.000ui por dia, ou seja, 12 cápsulas de vitamina D.
A última manipulação do meu polivitamínico (seu composto pode ser
diferente e isso alterar consideravelmente o valor) foi R$257,00, o ômega
custou R$95,00 e o magnésio dimalato R$113,00. A receita dura um pouco
mais de dois meses.
Referências Bibliográficas
https://vitaminadporumaoutraterapia.wordpress.com/faq/
https://www.vitalatman.com.br/blog/por-que-o-cerebro-precisa-de-omega-3/
https://www.minhavida.com.br/alimentacao/tudo-sobre/18341-colina
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6138/tde-04012017-104250/pt-
br.php
ABEM. Associação Brasileira de Esclerose Múltipla. Disponível em
<http://abem.org.br/>