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Esteatose hepática não alcoólica (EHNA)

A EHNA inclui a doença benigna por infiltração gordurosa, chamada esteatose hepá- de classificação de fibrose EHNA ou o ENA FibroSure® laboratorial podem
tica, e a esteatohepatite não alcoólica (ENA). identificar pacientes com risco de fibrose e, portanto, aqueles com maior probabi-
A ENA (frequentemente chamada de estatonecrose) é diagnosticada, na maioria das lidade de apresentar ENA e ter risco de progressão para cirrose.
vezes, em pacientes entre 40 e 60 anos de idade, mas pode ocorrer em qualquer faixa Quando as enzimas hepáticas estão elevadas, as anormalidades laboratoriais mais
etária. comuns são elevações nos níveis de aminotransferase. Ao contrário da doença he-
Muitos pacientes afetados têm obesidade, diabetes mellitus tipo 2 (ou intolerância à pática alcoólica, a razão aspartato aminotransferase (AST)/alanina aminotransfe-
glicose), dislipidemia e/ou síndrome metabólica. rase (ALT) na esteatose hepática não alcoólica costuma ser < 1. A fosfatase alca-
lina e a gama-glutamiltransferase (GGT) ocasionalmente estão elevadas. Hiperbi-
Fisiopatologia lirrubinemia, prolongamento do tempo de protrombina (TP) e hipoalbuminemia
A fisiopatologia está relacionada com acúmulo de gordura (esteatose), inflamação e são incomuns.
fibrose em grau variado. A esteatose é resultado do acúmulo de triglicerídios no fíga- Testes sorológicos que descartam hepatites B e C
do. Para o diagnóstico, evidências fortes (como história corroborada por amigos e pa-
A inflamação pode resultar de lesão peroxidativa lipídica às membranas celulares. rentes) de que o consumo de álcool não é excessivo (p. ex., é < 20 g/dia) são ne-
Essas alterações podem estimular as células estreladas hepáticas, levando à fibrose. cessárias, e testes sorológicos devem mostrar a ausência de hepatite B e C (o anti-
Quando em estágios avançados, a esteatose hepática não alcoólica pode provocar cir- gênio de superfície da hepatite B e anticorpos do vírus da hepatite C devem ser
rose e hipertensão portal. negativos).
Evidências ultrassônicas de esteatose ou elastografia por RM com fração de gordura
Sinais e sintomas Exames de imagem hepáticos, como ultrassonografia, TC e, principalmente, RM,
A maioria dos pacientes é assintomática. podem identificar a esteatose hepática.
Entretanto, alguns se apresentam com fadiga, mal-estar, ou desconforto no hipocôn- Medidas não invasivas da fibrose, como elastografia transitória (um teste que uti-
drio direito. liza tanto ultrassom como ondas elásticas de baixa frequência), elastografia por
Hepatomegalia pode estar presente em até 75% dos casos. ultrassom, ou elastografia por RM podem avaliar a gravidade da esteatose, bem
Esplenomegalia pode ocorrer em casos em que há fibrose hepática avançada e geral- como estimar a fibrose, evitando assim a necessidade de biópsia hepática em
mente é o primeiro sinal de que a hipertensão portal está estabelecida. muitos casos.
Pacientes com cirrose por esteatose hepática não alcoólica são, na maioria das vezes, Elastografia transitória e elastografia por ultrassom podem ser limitadas pela es-
assintomáticos e podem não apresentar os sinais mais comuns de doença hepática trutura corporal (muito grande/muita gordura para que as ondas de ultrassom pos-
crônica. sam penetrar adequadamente), o que não ocorre na elastografia por RM. Entre-
tanto, esses exames de imagem não podem identificar a inflamação típica da es-
Diagnóstico teatose hepática não alcoólica e não podem diferenciar a esteatose hepática não
História (presença de fatores de risco, ausência de consumo excessivo de álcool) alcoólica de outras causas de esteatose hepática.
Deve-se suspeitar do diagnóstico de ENA em pacientes com síndrome metabóli- Biópsia hepática
ca (obesidade, diabetes melito tipo 2, hipertensão arterial ou dislipidemia) e em Biópsia hepática revela dano semelhante ao observado na hepatite alcoólica, ge-
pacientes com anormalidades laboratoriais inexplicáveis que sugerem doença he- ralmente incluindo grandes gotas de gordura (infiltração gordurosa macrovesicu-
pática. lar), bem como fibrose pericelular ou em "tela de galinheiro". Indicações para re-
Diferenciar esteatose simples de ENA pode ser difícil e enzimas hepáticas eleva- alização de biópsia hepática incluem sinais de hipertensão portal sem explicação
das não são um preditor sensível para identificar ENA. A presença de síndrome etiológica evidente (p. ex., esplenomegalia, citopenia) e elevações sem causa evi-
metabólica, bem como elevação da ferritina, aumenta a probabilidade de um paci- dente de aminotransferases por > 6 meses em pacientes com diabetes, obesidade
ente ter ENA em vez de esteatose simples. ou hiperlipidemia.
Além disso, sistemas de classificação clínica, como o escore FIB4, a calculadora
Prognóstico bém à reversão da fibrose preexistente. Estudos adicionais, incluindo vários ensaios
Determina-se o prognóstico pelo grau de fibrose, que é a única medida que se corre- clínicos de fase 3, estão em andamento.
laciona com a mortalidade hepática e com necessidade de transplante de fígado.
Estima-se que 10% dos pacientes com EHNA progridem para cirrose ao longo de um Pontos-chave
período de 20 anos . Entretanto, alguns fármacos (p. ex., fármacos citotóxicos) e dis- EHNA inclui uma condição benigna chamada esteatose hepática, bem como estea-
túrbios metabólicos estão associados à aceleração da esteatose hepática não alcoólica toepatite não alcoólica (ENA).
(ENA). ENA causa danos hepáticos histológicos semelhantes àqueles da hepatite alcoólica,
Como resultado, deve-se evitar mesmo o consumo moderado de álcool dado o risco mas ocorre em pacientes que não são alcoólatras e que muitas vezes são obesos ou
de progressão acelerada para fibrose. têm diabetes mellitus tipo 2 ou dislipidemia.
O prognóstico é geralmente bom, a não ser que complicações (p. ex., varizes hemor- Os sintomas geralmente estão ausentes, mas alguns pacientes têm desconforto no
rágicas) ocorram. quadrante direito superior, fadiga e/ou mal-estar.
Sinais de hipertensão portal e cirrose podem essencialmente ocorrer e podem ser as
Tratamento primeiras manifestações.
Eliminação das causas e controle dos fatores de risco. Excluir alcoolismo (com base na história corroborada) e hepatite B e C (com testes
A única intervenção terapêutica universalmente aceita é eliminar causas em po- sorológicos) e fazer biópsia do fígado.
tencial e fatores de risco. Eliminar as causas e controlar os fatores de risco quando possível.
Deve-se interromper o uso de fármacos ou toxinas, encorajar a perda ponderal
e tratar a hiperglicemia ou tratar hiperlipidemia.
Evidências preliminares sugerem que tiazolidinedionas e vitamina E podem aju-
dar a corrigir anormalidades bioquímicas e histológicas da ENA, mas não melho-
ram a fibrose.
Muitos outros tratamentos (p. ex., ácido ursodesoxicólico, metronidazol, metfor-
mina, betaína, glucagon, infusão de glutamina) não tiveram sua eficácia definiti-
vamente comprovada.
Atualmente, existem muitas terapias emergentes para ENA direcionadas a várias
vias moleculares diferentes, incluindo PPAR-alfa ativado pelo proliferador de pe-
roxissomos, moduladores do peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1) e ligan-
tes do receptor farnesoide X (FXR).
Essas novas terapias mostram-se promissoras em relação à resolução da ENA e tam-

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