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Licenciatura em Farmácia
Estudante
Medi
Docente:
1.1.Objectivos
1.1.1.Objecivo Geral
1.1.2.Objectivos específicos
2.1.Insuficiência hepática
A Insuficiência Hepática consiste na consequência clínica mais grave da doença hepática. Ela
pode ser o resultado da necrose hepática súbita e maciça (insuficiência hepática fulminante), ou,
mais frequentemente, representa o estágio final de uma lesão crônica progressiva do fígado. A
doença hepática em estágio terminal pode ocorrer por destruição insidiosa dos hepatócitos ou por
ondas distintas e repetitivas de lesão parenquimatosa. Qualquer que seja a sequência, 80% a 90%
da capacidade funcional hepática deve ser perdida antes que a insuficiência hepática ocorra.
1. Insuficiência hepática aguda – definida como uma doença hepática aguda que está
associada a encefalopatia dentro de 6 meses após o diagnóstico inicial. A condição é
conhecida como insuficiência hepática fulminante quando a encefalopatia se desenvolve
dentro de 2 semanas após o início de icterícia; e como insuficiência hepática
subfulminante, quando a encefalopatia se desenvolve dentro de 3 meses após o início de
icterícia. A insuficiência hepática aguda é causada por necrose hepática maciça, na
maioria das vezes induzida por drogas ou toxinas. A exposição ao halotano,
medicamentos antimicobacterianos (rifampicina, isoniazida), antidepressivos inibidores
da enzima monoamina oxidase, agentes químicos industriais como o tetracloreto de
carbono e o envenenamento por cogumelos (Amanita phalloides) coletivamente são
responsáveis por outros 14% dos casos. A infecção pelo vírus da hepatite A representa
um adicional de 4% dos casos, e a infecção pelo vírus da hepatite B de 8%. Hepatite
autoimune e causas desconhecidas (15% dos casos) explicam os casos restantes. A
infecção pelo vírus da hepatite C apenas raramente causa necrose hepática maciça. O
mecanismo da necrose hepatocelular pode consistir em dano tóxico direto (p. ex.,
acetaminofeno, toxinas de cogumelos); porém, na maioria das vezes, consiste em uma
combinação variável de toxicidade e destruição de hepatócitos mediada
imunologicamente (p. ex., infecção viral).
2. Doença hepática crônica – é a via mais comum para a insuficiência hepática e constitui
o ponto final de uma hepatite crônica inexorável culminando com cirrose.
3. Disfunção hepática sem necrose evidente (situação muito mais rara) – embora os
hepatócitos sejam viáveis, encontram-se incapazes de desempenhar sua função
metabólica normal; p.ex. fígado gorduroso agudo da gravidez, toxicidade pela
tetraciclina.
2.2.Ascite
Denomina-se ascite ao acúmulo de líquido livre na cavidade peritoneal - não representa uma
doença, mas uma manifestação comum a várias patologias. O termo tem origem na palavra grega
“askites”, derivada de “askos” que significa saco ou conteúdo de um saco.
2.2.1.Etiologia e fisiopatologia
Didaticamente, podemos classificar a ascite em causadas por hipertensão portal e não causadas
por hipertensão portal.
A causa mais comum de ascite é hipertensão portal secundária a cirrose, correspondendo a 80%
dos casos. Outras causas de ascite por hipertensão portal são insuficiência cardíaca, síndrome de
Budd-Chiari (trombose da veia hepática), trombose de veia esplênica ou porta e
esquistossomose.
As causas de ascite não relacionadas a hipertensão portal incluem peritonites (p.ex., rotura de
víscera, tuberculose), carcinomatose peritoneal, pancreatite, vasculites, abdome agudo obstrutivo
ou vascular e estados hipoalbuminêmicos (p.ex., síndrome nefrótica, enteropatia perdedora de
proteínas).
O aumento na resistência ao fluxo hepático leva à hipertensão portal. Os vasos esplâncnicos têm
como resposta a produção de óxido nítrico que causa a vasodilatação das artérias esplâncnicas.
Esta vasodilatação provoca a diminuição do volume circulante efetivo levando ao acúmulo de
sódio e água, que se concentram na cavidade peritoneal devido ao aumento da permeabilidade
capilar.
Laboratorialmente, as causas de ascite causadas por hipertensão portal se caracterizam por
gradiente soro-ascite de albumina (GSAA) > ou = 1,1 g/dL. As causas podem ser classificadas
em sinusoidais, pré-sinusoidais e pós-sinusoidais.
Sinusoidais
Pré-sinusoidais
Pós-sinusoidais
Peritônio Doente/inflamatório
Peritônio Normal
Anamnese
Visto que a principal causa de ascite é a hipertensão portal causada por cirrose, a história deve
focar em fatores de risco para doença hepática, com pesquisa de etilismo (cirrose por álcool),
histórico de transfusões, vida sexual, uso de drogas ilícitas (hepatites B e C) e histórico familiar
de doença hepática. Histórico de diabetes, obesidade e hiperlipidemia podem sugerir esteato-
hepatite não alcoólica.
É importante também avaliar outras doenças ou sintomas que possam sugerir a causa da ascite,
como insuficiência cardíaca, câncer (principalmente de trato gastrintestinal e ovário),
tuberculose, doença pancreática, insuficiência renal ou síndrome nefrótica.
Exame Físico
O exame físico é pouco sensível para detectar ascite. Geralmente, os pacientes precisam ter
aproximadamente 1.500 mL de líquido para que o exame possa detectar ascite com acurácia.
Pode-se observar macicez nos flancos, macicez móvel, semicírculos de Skoda e sinal do
piparote. Outros sinais de doença hepática devem ser pesquisados, como icterícia, circulação
colateral, telangiectasias, ginecomastia, eritema palmar e pelos escassos.
Sinais de outras doenças que possam levar a ascite também devem ser pesquisados,
principalmente sinais de insuficiência cardíaca, câncer, tuberculose, insuficiência renal e doença
pancreática, que são as causas mais comuns de ascite após a cirrose.
Avaliação
Paracentese
Fundamental para o diagnóstico etiológico da ascite e necessária nos casos de ascite de início
recente.
É importante ressaltar também que todo paciente cirrótico tem indicação de paracentese por
ocasião de admissão hospitalar, ou se houver deterioração do quadro clínico e laboratorial, pois
muitos têm peritonite bacteriana espontânea e são oligossintomáticos, sem os sintomas
característicos de febre e dor abdominal.
1. Inspeção
A análise macroscópica pode fornecer pistas para o diagnóstico. Líquido amarelo citrino é o
aspecto da ascite na cirrose sem complicações; líquido turvo pode ser encontrado em infecções;
líquido leitoso pode ser encontrado em ascite quilosa; líquido marrom pode ser encontrado em
pacientes profundamente ictéricos ou em perfuração de alça e vesícula biliar; e líquido
hemorrágico pode ser encontrado em ascites neoplásicas, pós-operatórios e punção traumática.
Ao contrário do que frequentemente é dito, ascite por tuberculose raramente é hemorrágica. No
caso de líquido hemorrágico e suspeita de peritonite bacteriana espontânea, subtrair um
neutrófilo para cada 250 hemácias para ajustar a contagem.
2. Exames principais
Proteínas totais e frações: exame fundamental para se calcular o gradiente soro-ascite de
albumina (GSAA = albumina sérica – albumina na ascite), e deve ser feito concomitantemente
com dosagem de albumina sérica. Como visto anteriormente, quando o GSAA > ou = 1,1 g/dL
sugere hipertensão portal e GSAA < 1 g/dL sugere outras etiologias. Quando o GSAA é > 1,1
g/dL, as proteínas totais podem ajudar a diferenciar ascite por causas cardíacas ou pós-
sinusoidais (p.ex., Budd Chiari) (> 2,5 g/dL) de ascite por cirrose (< 2,5 g/dL). Quando o GSAA
é < 1 g/dL, as proteínas totais podem ajudar a diferenciar ascite causada por peritônio
doente/inflamatório (> 2,5 g/dL) de estados hipoalbuminêmicos (< 2,5 g/dL). Devemos lembrar,
no entanto, que as proteínas totais no líquido ascítico são apenas um dado complementar que
pode ajudar no diagnóstico diferencial em alguns casos, mas este é um dado de baixa
especificidade.
Celularidade com diferencial: necessária para afastar infecção. O líquido está infectado se
> 500 leucócitos/mm3 ou 250 polimorfonucleares/mm3 (mais detalhes no tópico causas
importantes). Aumento de celularidade com predomínio linfocítico (< 50% polimorfonucleares)
deve levar à suspeita de ascite neoplásica ou por tuberculose.
Cultura no líquido ascítico: inocular em frascos de hemocultura à beira do leito, pois
aumenta a sensibilidade do exame em comparação com as culturas habituais.
3. Outros exames
Triglicérides: se houver suspeita de ascite quilosa, que pode ser causada por neoplasia
ou por cirrose e hipertensão portal.
Glicose e DHL: achados de glicose < 50 mg/dL e DHL superior aos níveis séricos
normais podem sugerir peritonite bacteriana secundária. Outros achados que podem
sugerir peritonite bacteriana secundária são proteínas totais no líquido ascítico > 1 g/dL e
flora polimicrobiana.
Como já relatado, o exame físico é acurado na detecção de ascite em volumes acima de 1.500
mL, e a ultrassonografia de abdome pode ser útil para confirmar o diagnóstico e para guiar a
punção em ascites de menor volume. Além disso, pode trazer informações sobre a causa
subjacente, avaliando o parênquima hepático, sinais de esplenomegalia ou hipertensão portal,
podendo ainda revelar achados como tumores, carcinomatose e linfonodomegalia retroperitoneal.
Tomografia de Abdome
2.2.4.Sintomas da ascite
O abdômen inchado pressiona o estômago, causando algumas vezes perda de apetite, pressão
nos pulmões, podendo levar à falta de ar.
Em algumas pessoas com ascite, os tornozelos incham, pois acumulam muito líquido
(provocando edema).
2.2.5.Complicações da ascite
Por vezes ocorre uma peritonite bacteriana espontânea (infecção do líquido ascítico que se
desenvolve sem qualquer razão aparente). Esta infecção é comum em pessoas com ascite
e cirrose, especialmente pessoas alcoólatras que bebem grandes quantidades de álcool.
Se uma peritonite bacteriana espontânea se desenvolver, as pessoas geralmente sentem
desconforto abdominal e o abdômen pode ficar doloroso. As pessoas podem ter febre e sentir
mal-estar geral. Elas ainda podem ficar confusas, desorientadas e sonolentas. Se não tratada,
esta infecção pode ser fatal. A sobrevivência depende da aplicação precoce de um tratamento
com antibióticos apropriados.
2.2.6.Tratamento da ascite
O tratamento básico da ascite consiste em uma dieta com pouco sal, com no máximo 2.000 mg
de sódio por dia.
Se a dieta não for eficaz, em geral as pessoas também recebem medicamentos denominados
diuréticos (como espironolactona ou furosemida). Os diuréticos fazem com que os rins
eliminem mais sódio e água na urina, então as pessoas urinam mais.
3.Conclusão
Chegado ao fim do trabalho, durante a elaboração do mesmo conluí que a ascite podes ser uma
patologia assim como uma sintoma, o seu maseamento deve ser feito com muita atenção
analisando-se desde a anamnesia, exames, avaliações para se poder denterinar a etiologia.
4.Referências bibliográficas
Robbins & Cotran, PATOLOGIA – Bases Patológicas das Doenças, 8ª ed., Editora Elsevier,
2010, 1458 p;
Andrade Jr DR, Galvão HFG, Santos AS, et al. Ascite: estado da arte baseado em evidências.
Rev Assoc Med Bras. 2009;55:489-96.
Goldman L, Ausiello D. Cecil: tratado de medicina interna. Rio de Janeiro: Elsevier; 2009.