Fígado
Patologia
Antes de dis cutir processos específicos de doença, três aspectos gerais d e doença hepática
são principais:
Necrose frequentemente exibe uma dist ribuição zonal. A mais óbvia é a necrose dos
hepatócitos imediatamente em torno da veia he pática terminal (chamada necrose centro
-lobular, usando a terminolo gia hist órica), que é característica de lesão isqu êmica e d e
vári as reações a drogas e tóxicos. Necrose de zona média e peri- portal puras são raras;
a últim a pode ser vista n a eclâmpsia. Como a maioria das outras causas de lesão hepática,
encontra-se uma mistura variável de morte hepato-celular através do parênquima. A necrose
d e hepatócitos p ode ser limitada a células esparsas dentro dos lóbulos hepáticos (necrose
focal ou pontilhada) ou á interface entre o parênquima peri-portal e os tratos portais
inflamados (hepatite de int erface). No caso de lesão inflamatória mais grave, a necrose
de hepatócitos contíguos pode abran ger lóbulos adjacentes de uma maneira portal a
portal, portal a central, ou central a central (necrose confluente). Necrose de lóbulos
inteiros (necrose sub -maciça) ou da maior parte do fígado (n ecrose maciça) é usualmente
acompanhada d e insuficiência hepática. No caso de infe cção disseminada candidal ou
bacteriana, podem ocorrer abscessos macroscópicos.
Inflamação.
Uma vez mortos, hepatócitos apoptóticos não incitam a uma reação inflamatória por si
próprios. Entretanto, macrófagos varredores (células de Kupffer e monócitos circulantes
recrutados para o fí gado) engolfam os fragmentos das células apoptóticas dentro de poucas
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horas, gerando a gregados de células inflamatórias. Por isso, a identificação de hepatócitos
apoptóticos é um sinal de destruição muito recente de hepatócitos. Corpos estranhos,
organismos e uma variedade de drogas podem incitar a uma reação granulomatosa.
Regeneração.
Fibrose.
O fluxo e reflux o da lesão hepática podem ser imperceptíveis ao paciente e dete ctáveis
apenas por testes laboratoriais anormais. Alternativamente, a função hepática pode ser
tão comprometida a ponto de haver ameaça á vida . As principais consequências clínicas
d a doença hepática são, por disfunção hepática, Icterícia e Colestase, Hipo -albuminemia,
Hiper-amoniemia, Hipo-glicemia, Fetor Hepaticus, Eritema palmar, Angiomas araneiformes,
Hipo -gonadismo, Ginecomastia, Perda de Peso e Atrofi a muscular. Por hiper-tensão po rtal
causada por cirrose, têm -se Ascite, Espleno-megalia, Hemorroidas e Cabeça de medusa na pele
abdominal.
Doenças infecciosas
A hepatite auto-imune é uma hepatite crônica com características histológicas que podem ser
indistinguíveis daquelas da hepatite viral crônica. Essa doença pode percorrer uma
evolução indolente ou grave; os aspectos salientes incluem os seguintes: Predominância
feminina (78%), p articularmente em mulheres jovens e pré -menopáusicas. A incidência
anual é mais alta em norte-eu ropeus brancos a 1,9 por 100.000, mas todos os grupos
étnicos são suscetíveis. A ausência de marcadores sorológicos virais. Concentrações elevadas
de IgG e gama- globulina séricas ( a partir de 1,5 v ezes maior qu e o normal). Altos tí
tulos séricos de auto-anticorpos em 80% dos casos, incluindo anticorpos anti-nucleares
(ANA), anti- músculo liso (SMA) e/ou anti-microssomos do fígado/rim (anti -LKM1).
Outras formas de doença auto-imune estão presentes em até 60% dos pacientes com
hepatite auto-imune, incluindo artrite reumatoide, tiroidite, síndrome de Sjögren e colite
ulcerativa. Sub -grupos de hepatite auto-imune foram notados, sendo o mais comum o
tipo 1, exibindo marcadores séricos ANA e/ou SMA. O sub -grupo tipo 2 de pacientes mais
jovens exibe anticorpos aos microssomos do fígado/rim (anti-LKM1). Essa sub-classificação é
atualme nte de valor incerto, uma vez que não há etiologias distintivas ou diferenças nas
respostas ao tratamento.
O espectro hist ológico inteiro da hepatite crônic a pode s er visto na hep atite auto -
imune, marcada por infilt rados inflamatórios proeminentes de linfócitos e células
plasmáticas (infiltrados proeminentes de células plasmáticas geralmente não são vist os
em out ras formas de hepatite crônica). A apresentação clínica é muitas vezes semelhante
a outras formas de hepatite c ronica, e a hepatite auto-imune pode até mesmo progredir
para cirrose sem dia gnóstico clínico. Entretanto, os paciente sintomáticos tendem a ex ibir
subst ancial destruição e cicatrização do fígado no mom ento do diagnóstico.
Na doença grave não tratada, até 40% dos pacientes morrem dentro de seis meses depois
de firmado o diagnóstico, e a cirrose desenvolve-se em pelo menos 40% dos sobreviventes.
Os pacientes com doença menos grave evoluem melhor. Essa doença responde á terapia
imuno -supressora, e o transplante de fígado oferece excelente perspectivas de tratamento
dos pacientes com doença grave.
Aqui é suficiente lembrar que as reações a drogas podem ser previsíveis (intrínsecas) ou
imprevisíveis (idiossincrásicas). Reações previsíveis a drogas podem ocorrer em qualquer
um que acumule uma dose suficiente. As reações imprevisíveis dependem de idiossincrasias
do hospedeiro, particularmente a velocidade com a qual o hospedeiro metaboliza o agente
e a propensão do hospedeiro de armar uma resposta imune ao estímulo antigênico.
Exemplos importantes incluem a clorpromazina, um agente que causa colestase em
pacientes que são lentos para metabolizá -la até um produto inócuo, e o halotano, que
pode causar uma hepatite imuno -mediada fatal em alguns paciente que são expostos a
esses anestésico em múltiplas ocasiões. Deve ser assinalado que: A lesão pode se r imediata
ou levar semanas a m eses para des envolver-se, apresentando-se apenas depois que tenha
se desenvolvido uma lesão hepática grave. A lesão pode tomar a forma de necrose de
hepatócitos, colestase ou início insidioso de disfunção hepática. Hepatite crônica induzida
por droga é clínica e histologicamente indistinguível de hepatite viral; por isso, os mar
cadores sorológicos de infecção vir al são críticos para se fazer a distinção. Na doença
hepática ind uzida pelo álcool, a esteatose micro-vesicular e a macro -vesicular originam-
se da mesma etiologia: a produção de um excesso de equivalentes redutores (NADH+ H+)
devido a o metabolismo do etanol. Como algumas hepato-toxinas, como o ácido volproico,
a esteatose micro-vesicular é o resultado de lesão mitocondrial direta e metabolismo
oxidativo prejudicado. Essa última forma de lesão é um pr ecursor nefasto de insuficiência
hepática. A lesão hepática é considerável pr evisível a partir de super-doses de acetaminofeno
(também chamado fenacetina ou paracetamol) e exposição a toxina de Amanita phalloides,
tetracloreto de carbono e, em certa extensão, o álcool. Entretanto, diferenças genéticas in
dividuais no metabolismo hepático dos xenobióticos através das vias de ativação e destox
ifi cação desempenham um papel importante na suscetibilidade a hepato -toxinas
“previsíveis”. Muitos outros x enobióticos, como sulfas, alfa-metildopla e alopurinol, causam
reações idiossincrásicas. A síndrome de Re ye, uma síndrome potencialmente fatal de
disfun ção mitocondrial no fígado, cérebro e outros locais, ocorre predominantemente em
crianças que recebem ácido acetilsalicílico (aspirina) para aliviar feb re induzida por vírus.
Essa doença, que apresenta acumulação extensa de gotículas de gordura dentro dos
hepatócitos (esteatose micro-vesicular), é extremamente rara. Uma relação causal com
uso de salicilatos nunca foi estabelecida, mas uma campanha nacional nos anos de 1970
e 1980 advertindo contra o uso de aspirina em crianças com doença febril poderia ter
servido para quebrar a epidemia de síndrome de Reye.
Doença hepática induz ida por droga é em geral seguida pela recuperação com a remoção
da droga. Exposição a uma toxina ou a um agente terapêutico deve sempre s er inclusa
no diagnóstico diferencial de doença do fígado.
O uso cada vez maior da transplantação para transtornos da medula óssea, renais,
hepáticos e de outros órgãos tem gerado um grupo des afiador de complicações hepáticas.
Nos pacientes submetidos a transplante de medula óssea, o fígado pode ser danificado
por drogas tóxicas ou doença enxerto-versus-hospedeiro, enquanto os pacientes que
recebem um transplante de fí gado podem encontrar falha do enxerto ou rejeição do
enxerto. Embora os contextos clínicos sejam obviamente diferentes para cada população
de pacientes, os temas comuns do dano hepático mediada tóxica ou im unologicamente,
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infecção de hospedeiros imuno -suprimidos, doença recorrente e doença linfo-proliferativa
pós-transplante são facilmente aparentes.
Nódulos e tumores
Massas hepáticas poem chamar a aten ção po r uma variedade de razões. Elas podem
gerar enchimento e desconforto gástrico ou ser detectadas por exame físico de torina ou
estudos radiográficos com outras indicações. Hiper-plasias nodulares não são ne oplasmas,
nem o são os cistos de origem biliar. As lesões restantes são neoplasmas verdadeiros. O
trato biliar As doenças do trato biliar afetam uma parte im portante da população do
mundo. Mais de 95% das doenças do trato biliar são atribuíveis á colelitíase (cálculos
biliares). Nos Estados Unidos , o custo anual da colelitíase e suas complicações foi entre 6
e 8 bilhões de dólares em 1998, representando 1% do orçamento nacional de assistência á
saúde.
Patologia
Anomalias congênitas
Tumores